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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Pela preservação da orla do Guaíba

Na próxima quarta-feira haverá uma manifestação silenciosa na Câmara de Vereadores de entidades que se posicionam contra o projeto privado "Pontal do Estaleiro" (área do antigo Estaleiro Só, na Ponta do Melo).

Participe!
É dia 17 de setembro (quarta-feira), 14h, nas galerias do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Clique no cartaz para ampliá-lo.

14 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Os conservadores que foram contra a inauguração da Av. Beira Rio estão de volta. E eles querem enganar o povo. Dizem que o projeto é privado. É claro que é privado, porque está localizado em área privada. Mas o que eles não dizem é que o projeto privado vai facilitar o acesso a orla que é pública, via construção de calçadão e avenida. É por causa de movimentos retrógrados como esse que faz Porto Alegre patinar. Ao invés de se executar a obra para melhorar a qualidade de vida do povo da cidade, as minorias participativas -- que acham que entendem de tudo -- tentam minar, reduzir, ideologizar e burocratizar essa discussão que é apenas urbanística.

Guilherme Mallet disse...

Acho muito nobres vossas preocupações, entretanto os argumentos são muito fracos.

"Aumento da produção de esgoto cloacal"? Ora, então não se pode mais construir nada em Porto Alegre? Afinal, esgoto cloacal é gerado em qualquer construção onde tenha pessoas.

Da mesma forma, QUALQUER CONSTRUÇÃO impede a passagem de ventos. Além disso, "sobre para a vizinhança"? Qual vizinhança? O Museu Iberê?

TRANSITO. Primeiro não será tanto transito gerado, segundo, pelo último projeto, haverá inclusive uma avenida nova, JUNTO A ORLA!

PARQUE NA ORLA (Mais um abandonado?). Primeiro o Município de Porto Alegre deve priorizar gastos sociais, como construção de creches, habitação, urbanização de bairros degradados, postos de saúde, etc. QUEM DEFENDE QUE O MUNICÍPIO GASTE SEUS RECURSOS (MILHÕES) COM REURBANIZAÇÃO DA ORLA, pode até ser bem intencionado, mas é indiferente com a miséria alheia. É macabro. Segundo, a região sul do Parque Marinha é abandonada, assim como toda a Orla da Av. Edvaldo Pereira Paiva, inclusive em frente ao Museu Iberê, de onde foram removidas diversas casas, HOUVE investimento público, mas ninguém freqüentou e hoje está ABANDONADO e sujo. Além disso, e mais importante, O PROJETO ATENDE A VOCAÇÃO DA ORLA. AS TORRES FICARIAM ATRÁS DE UM GRANDE CALÇADÃO. Tal panfleto, usa-se dessa MENTIRA.

Quanto a QUESTÃO ÉTICA, eu concordo que os empreendedores adquiriam por preço compatível com as atuais limitações, entretanto isso pode ser usado para o Município fazer mais exigências de investimentos. Quem sabe maior ampliação das Avenidas, construção de uma escola em algum bairro carente? Não é necessário impedir todo o investimento, pode-se negociar.

Se não podemos alterar leis, estamos diante de um argumento conservador. Ora, quantas leis nós precisamos alterar em nosso país?

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Prezados, gostaria de ler seus argumentos, mas SEM ATAQUES PESSOAIS. Vamos manter o bom nível!

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Sou morador de Ipanema e sempre convivi com as margens do Guaíba. Sei bem o que é aquele monte de saco plástico dentro da água. E acredito que revitalizar a Orla, sem tirar dinheiro público de obras sociais mais urgentes, é um excelente meio de APROXIMAR a população do nosso Rio-Lago e VALORIZÁ-LO.

Pensem bem se querem manter o Estaleiro Só como está (a Prefeitura não investirá ali) ou modernizar a valorizar a Orla para uso de todos.

Respeitosamente,
Guilherme.

Anônimo disse...

Há interesses em conflito nos "projetos" construtivos da orla do Guaíba.

Em primeiro lugar, trata-se de beira de curso dágua, que não pode ser ocupada legalmente, haja visto as várias legislações federais e estaduais a respeito da proteção das margens hídricas.

Em segundo, trata-se de área de preservação permanente, que a Câmara está tentando "flexibilizar" para facilitar o manejo de áreas de interesse social e cultural para benefício de alguns plutocratas.

A orla está abandonada, porque o programa de recuperação do Guaíba foi paralisado, o qual compreendia seu saneamento e balneabilidade, e não mais coleta de esgotos cloacais.
Atualmente, é considerado um vasto lixão, tanto que as bocas-de-lobo modernas foram planejadas e construídas para facilitarem o despejo do lixo da rua, dispensando os garis, conforme foi assegurado por alto funcionário do Departamento de Esgotos Pluviais em cerimônia de inauguração do Conduto Álvaro Chaves, em fevereiro último.

Também se sabe que o aterro hidráulico da orla não suporta compressão (peso) excessiva, e brincadeira com a natureza
sempre acaba mal e em mais obras e custos, como o Internacional está comprovou com suas obras de estabilização no estádio que estava afundando (palavra de sua direção em reunião da R1)- e voltará a afundar com o tempo.

Espigões são mais leves, mas não tanto (olhem o que vem acontecendo em matéria de afundamento de terrenos e inundações por problemas geotécnicos na área do Iguatemi), que era várzea e bacia natural de contenção de águas.

Finalmente, porque há esplêndidas possibilidades de usar o Guaíba como área de educação ambiental, e promoção social para a população jovem de baixa renda, e daí, partir para uma política de adequamento habitacional articulado com preservação e consciência ambiental, talvez até com a reintrodução de espécies nativas vegetais e animais (peixes de novo no Guaíba, que tal?)

O problema é que há muito dinheiro grosso envolvido, e Porto Alegre vem-se revelando uma das cidades mais racistas e preconceituosas do Brasil -não suporta vista de pobre, e nada faz em benefício de sua ascenção social.

Tania Jamardo Faillace - escritora, jornalista, delegada da RP1

Anônimo disse...

Chega dessa gente que há decadas atrasa a cidade. Que se aprove o projeto para termos, em poucos anos, uma área decente para passeio às margens do rio.

Anônimo disse...

Manifestação silenciosa se faz no Vaticano.

Anônimo disse...

Anônimo das 16:28, queres então passear por lá?

Não vai, jamais. Aquilo é área privativa dos proprietários, será cercada e fechada, com portões altos e identificadores de pessoas e veículos e armários humanos para espancar quem insistir em achar que aquilo é área pública.

Se quiser passear na orla vai pra outro lugar, pobretão. Vai pra Quintão ou Magistério.

Anônimo disse...

Parece que o Maia desconhece o assunto.
E parece também que ele apóia ilegalidades. Pois protestar não é ILEGAL ao contrário do tal projeto.
Compraram em leilão uma área onde não poderiam construir prédios residenciais, está na lei, fizeram um mega projeto e agora querem mudar a lei! Em benefício de quem? Deles mesmos...
A tal avenida projetada leva nada a lugar nenhum, vejam o projeto!
Claro que a discussão é urbanística, mas não se restringe a isso.
Quem mora na zona sul sabe o que significará o estrangulamento no trânsito, ainda mais que o Barrashopping está para ser inaugurado. Quem passou na região quando inauguraram o Iberê Camargo, sabe o que vai acontecer ali. Melhorar a qualidade de vida do POVO? Brincadeira tem hora... Querem apenas melhorar seus lucros em detrimento da grande maioria da população, especialmente a futura.
Ideologizar a discussão? Parece que o Maia nunca participou de alguma Associação ou Movimentos de Moradores. Lá tem pessoas de todas as classes sociais e de todas as ideologias partidárias.
Vejam a lista de entidades que assinam o cartazete.

Unknown disse...

Paz e bem!

Que me consta
tem um vereador petista
que apóia a privatização,
sabem se isto é verdade?
Quem seria este vereador?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Eu não voto no PT exatamente por isso. O PT ficou 16 anos na prefeitura de POA e não fez NENHUM PROJETO na orla do Guaíba. E agora quando o poder público não vai gastar um centavo para que a população tenha acesso ao lago Guaíba no Estaleiro, os mesmos conservadores de sempre vem protestar alegando os argumentos mais furados. É exatamente por causa desse preconceito, essa ideologia barata de certos petistas, que sua candidata pode ficar fora do segundo turno em POA. Vou torcer para que isso ocorra.

Carlos Eduardo da Maia disse...

César, a área foi adquirida em leilão judicial. Venceu o melhor preço. O risco do negócio é exatamente esse. Se colocou milhões no negócio e o empreendedor quer ter lucro. Qual o problema de ter lucro? IMpressionante como a mentalidade franciscana decadente ainda impera por aqui. A prefeitura não vai gastar nada com a avenida projetada e o calçadão que vão circundar o local. Mas deve o poder público exigir do empreendedor responsabilidade ambiental, sobretudo em relação ao esgoto. Isso não é problema, as novas tecnologias estão ai para ajudar. O local pode ficar muito interessante e a população, finalmente, vai ter acesso ao local público e que hoje está impedida.

Anônimo disse...

Tenho dúvidas se o Maia não entendeu ou não quer entender.
Primeiro, VEJA o projeto, não as ilustrações em 3D.
A tal avenida, só servirá para aquele local. Não desafogará trânsito nenhum.
Achamos que não é para deixar como está! Mas não significa que seja isso ou nada.
Foi arrematado em leilão público, pela melhor oferta, mas NÃO para construir projetos desse tipo, pois a LEI não permite. Mesmo assim fizeram um projeto residencial...
Como o valor foi inferior ao que se devia aos trabalhadores da massa falida, eles "micaram". A explicação, acredito, foi que não ocorreu melhor lance por não ser possível construir um grande empreendimento residencial.
Isso é incrível, compraram por preço baixo pois não poderiam construir algo assim, querem que se mude a LEI por causa de UM empreendedor e ainda tem gente que BATE PALMAS???!!!

Unknown disse...

A AMA/Associa�o dos Moradores e Amigos da Auxiliadora apoia a a�o CONTRA o projeto Pontal do Estaleiro.

� um absurdo admitir um projeto que prev� a constru�o de 4 pr�dios (volumetria similar ao HOSPITAL DAS CL�NICAS) junto a Orla do Gua�ba, para finalidade privada - mesmo sob alega�o de benfeitorias p�blicas, pois um cal�ad�o ou acesso � Orla n�o minimizam o brutal impacto visual e ambiental desse empreendimento.

Sidney (Austr�lia), mesmo Buenos Aires, Londres ou Dublin, para ficar nesses exemplos mais conhecidos, representam projetos cujo interesse p�blico prevaleceu sobre os interesses privados: sobretudo em respeito �s leis e diretrizes para desenvolvimento sustent�vel da economia e turismo da Orla dessas cidades.

Resistir � preciso! � o vatic�nio contra o poderoso lobby do SINDUSCON - que coopta diversos vereadores e vereadoras de todos os partidos (principalmente atrav�s de financiamento de campanha em ano eleitoral), al�m de contratar CLAQUE (torcida) para aprova�o da altera�o do Plano Diretor na C�mara, em favor de projetos dessa (des)natureza, que abrem perigoso precedente para privatiza�o completa da Orla da nossa cidade.

Significa assumir que o poder p�blico se omite da responsabilidade de revitaliza�o da Orla do Gua�ba - que por lei deve ser mantida para utilidade p�blica, afim de que todos os mun�cipes tenham direito ao usufruto da paisagem maravilhosa que nos � oferecida pela natureza.

Significa dizer, tamb�m, que interesses privados (grandes empreendimentos) passam a assumir a comercializa�o do solo com finalidade especulativa, cujo impacto negativo no ecossistema coloca em risco o equil�brio daquele bioma e a qualidade de vida de todos os porto-alegrenses.

A justificativa de propriedade privada - cujo leil�o ainda � alvo de processos na justi�a por ter apresentado, � �poca, uma s�rie de irregularidades - n�o pode desprezar o PDDU de Porto Alegre, tampouco o Estatuto das Cidades, que prev� uma s�rie de restri�es para empreendimentos desse porte junto a Orla da capital ga�cha.

N�o podemos ficar passivos diante dessa situa�o. N�o podemos simplesmente admitir a "lei do mais forte", pois a comunidade deve assumir sua for�a e protagonismo, desde que se mobilize, desde que aja em defesa do direito p�blico.

� todos que l�em essa mensagem: mobilizemo-nos! H� um l�der dentro de cada um de n�s!

Basta um passo para iniciar a caminhada! Basta uma voz para iniciar a cantoria! Basta um gesto para iniciar o movimento!

E a caminhada, a cantoria e o movimento est�o em marcha!

Jo�o Volino Corr�a
Presidente da AMA

Anônimo disse...

A Discussão sobre o Projeto Pontal do Estaleiro

Mais uma vez, a história convoca a cidadania. Nunca, antes, tão poucos significaram tanto para a cidade.

Porto Alegre passa por um momento histórico importante, que poderá ser decisivo para dar um rumo e um sentido ao desenvolvimento urbano e, portanto, vital para a cidade.
O projeto de Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, encaminhado à Câmara pelo Executivo Municipal não observa decisões importantes da Conferência Municipal de 2003, que deveria orientar a presente revisão.
A maior parte da revisão, tanto se considerarmos o projeto do executivo, como o substitutivo oferecido pelo relator Luiz Braz, não referendam, por exemplo, o estudo realizado pela Secretaria Municipal de Cultura e a Faculdade Ritter dos Reis, encaminhado pela conferência municipal, e que vige por decreto do executivo, na proteção das Áreas de Interesse Cultural(AIC's).
Neste estudo, estão gravadas como AIC's todas as áreas da orla, desde a Usina do Gasômetro até o Hipódromo do Cristal, de forma contínua. No entanto, até mesmo isto poderá ser desrespeitado pela Câmara, mediante uma votação com maioria de dois terços.
Nada é perpétuo, é preciso permanecer vigilante.
Está sendo proposta a permissão de construções com até 52 metros de altura ao longo das Av's. Borges de Medeiros e Praia de Belas. Os danos que isto poderá trazer ao ambiente local não estão sendo considerados. A contensão dos ventos, o sombreamento, a impermeabilização do solo, o paisagismo, a saturação viária, com prejuízos ao deslocamento no sentido sul da cidade, o sistema de esgoto sanitário da região, que é ligado à rede pluvial. Nada disto é considerado.
O adensamento proposto determinará uma tensão tão forte sobre os equipamentos públicos da orla, que acarretará sério risco de comprometer a utilização pública e universalizada daquele espaço, a partir da segregação de sua utilização.
Tal proposição da conta da lógica de desenvolvimento urbano que prevalece na revisão e dos compromissos dela decorrentes. Nem a Lei Orgânica consegue força suficiente para sustentar a defesa da orla do Guaíba.
Existe no Plano Diretor vigente um instrumento urbanístico denominado "Projeto Especial" que permite a alteração de uso do solo, do direito de construir, do regime de atividades, enfim, pode tudo, desde que o gestor público concorde e que os órgãos colegiados de participação popular permitam. Os "órgãos colegiados", por sua vez, eivados de vícios, permitem a hegemonia dos interesses do setor imobiliário e da parcela monopolista do comércio, que, aliás, andam juntos. Um precisa do outro, numa relação "simbiótica".
A proposta do Executivo substitui este instrumento pelos Projetos Especiais de Impacto Urbano, o que é acolhido pelo relator em seu substitutivo. Isto definitivamente instala a possibilidade de uma flexibilização desmesurada das normas urbanísticas, desde que, seja feito de acordo entre poder público e empreendedores e que passe pelo crivo da participação popular. Daquele jeito...
A Lei Federal 10.257 - Estatuto da Cidade - não é atendida e são criados subterfúgios legais para tangenciar suas exigências. Esta Lei é que regulamenta a aplicação destes novos instrumentos urbanísticos e ainda não foi recepcionada pelo Plano Diretor. Parece que um grupo de empreendedores sem compromisso com a cidade quer forçar a aprovação de uma série de projetos, lesivos ao ambiente natural, antes que esta adequação seja realizada.
A sociedade civil, por sua vez, não conhece os detalhes do procedimento legislativo e nem possui completo domínio sobre a estrutura legal disponível. Não dispõe de um espaço de encontro e discussão plural, onde possa equacionar todas estas questões e articular a ação cidadã.
O Pontal do Estaleiro é um empreendimento autorizado pelo Poder Público, mediante a Lei Complementar 470 que permite a utilização do espaço da antiga estrutura do Estaleiro Só, para uso privado, mas em atividades de interesse cultural, turístico e paisagístico, mantendo a classificação de Área Especial de Interesse Cultural. É vedada a utilização para habitação, comércio atacadista e indústria e a volumetria permitida é de quatro pisos.
O grupo de empreendedores adquirente, no entanto, alega que o uso permitido não trará o retorno necessário ao investimento. Devido a isto foi solicitada a alteração da Lei Complementar 470, buscando viabilizar a construção de prédios residenciais. No projeto do arquiteto Debiagi são seis blocos residenciais, contanto com espaços comerciais, com 42 metros de altura, dispostos em alinhamento sinuoso, ao longo da Ponta do Melo. Não dispomos de muitos detalhes sobre o projeto, mas sabemos que serão destinados 10.620 m² a atividades de comércio e serviço e 52.665 m² ao uso residencial. Ao estacionamento serão destinados 18.675 m², contando com 967 vagas cobertas e 100 vagas descobertas. Ao todo, são 81.960 m² de área construída.
A prefeitura não encaminhou o projeto de lei à Câmara para atender aos empreendedores, mas o Vereador Alceu Brazinha assim o fez e foi secundado por outros dezessete vereadores que assinaram conjuntamente o Projeto de Lei. Mesmo com vício de origem o projeto tramita com parecer favorável do setor técnico da casa e não há santo que o faça parar.
O "Gigante para $empre" é outro projeto que está sendo pensado para a orla. Tem a força de ser constitutivo de "condições" para a realização da Copa do Mundo em Porto Alegre, sem contar que mexe com uma das maiores paixões populares, o futebol. O empreendimento exerce forte pressão sobre o meio político. È como se não realizá-lo fosse uma forma de impedir que a cidade venha a ser uma das sedes da Copa do Mundo, ou maneira de opor-se aos interesses do S.C. Internacional.
O projeto pretende ali colocar uma metragem total de área construída equivalente ao acréscimo de 5 (cinco) estádios com a mesma metragem quadrada do Gigante da Beira Rio. Planeja-se um Centro de Excelência Desportiva, com 4 (quatro) pisos de altura, que terá em sua cobertura três campos de futebol com grama sintética; Um centro de eventos com mais de trezentos metros de extensão e 4 (quatro) pisos de altura, que se pretende para sedear eventos hoje realizados na FIERGS; Duas torres comerciais com 58 metros de altura e mais o Centro Cultural do Samba, um Shopping Center, edifício garagem e estacionamentos descobertos. O total é de 360.000 m² de área construída.
Para a execução do projeto, serão cedidos terrenos públicos para serem incorporados à base territorial do mesmo, permitindo a transferência interna de potencial construtivo e a construção de alturas superiores às permitidas, sem a utilização da outorga onerosa. Segundo Estatuto da Cidade, os recursos auferidos pela outorga onerosa devem ser contrapartida social à alteração de uso do solo e do direito de construir.
O procedimento, que tem por base a cessão de áreas públicas, de maneira habilidosa, concentra mais valia urbana, na forma de índices construtivos, à disposição do "projeto". Com isto, os proponentes buscarão "parceiros" na iniciativa privada, dispostos a "investirem" no projeto Gigante para $empre, em troca da exploração privada dos espaços, antes públicos.
As contrapartidas, por certo, os hábeis negociadores da bancada gaúcha na Câmara Federal saberão negociar com o Governo Lula os investimentos do PAC.
A implantação destes projetos deve ser pensada de maneira articulada a outros tantos que estão projetados, desde a Usina do Gasômetro até o Hipódromo do Cristal: OSPA, Tribunal, ampliação do Shopping Praia de Belas, ainda, Iberê Camargo, Big Center, Barra Shopping, Cristal Tower e mais empreendimentos residenciais da Maiojama e da Goldstein, constituídos de inúmeras torres, além dos já mencionados, Gigante para Sempre e Pontal do Estaleiro. A orla do Guaíba terá 19 edifícios novos.
Novamente a pergunta que não quer calar: O fluxo sistêmico gerado pelo funcionamento articulado dos diversos empreendimentos projetados sobre o gargalo viário da Ponta do Melo, não trará no futuro prejuízos irreparáveis ao ambiente natural, como medida necessária para suprir deficiências da estrutura viária provocadas pela implantação dos projetos?
Isto, ao fim, não será um fator de acúmulo de mais valia urbana nas mãos de um reduzido grupo de empreendedores? Estes auferirão enormes lucros, deixando a conta, de exclusão social, de reparação dos danos ambientais, de adequação da infra-estrutura urbana para os cofres públicos, e, portanto, às custas da municipalidade.
A possibilidade de realização de um grande evento, padrão FIERGS, que dure cerca de quinze dias e, portanto, coincidindo em três fins de semanas e duas quartas-feiras com jogos do campeonato nacional, ou da Copa. Somente os dois eventos concomitantes possuem um potencial de Atração de até 50.000 veículos. Junte-se a isto a clientela dos três Shoppings Centers, Museu Iberê Camargo, Central Cultural do Samba e ainda a circulação dos moradores das mais de doze torres projetadas.
Ainda tem o Porto, que é um capítulo à parte. Mas o importante é perceber que "o filé" para a especulação imobiliária e comercial monopolista, é a área que vai do porto (inclusive) até a Serraria. Toda a orla do território mais densamente ocupado.
O mais nefasto, no entanto, é que vige no Brasil a Lei Federal 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, ao qual, a legislação local ainda não se encontra adequada.
Esta Lei cria uma série de critérios condicionantes à realização de Projetos Especiais de Impacto Urbano. Ao mesmo tempo em que autoriza a flexibilização de critérios urbanísticos, os condiciona à outorga onerosa, possibilitando a constituição de um fundo com os recursos auferidos, a fim de atender a necessidade de habitação de interesse social da cidade.
São modificações urbanas estruturais, que favorecem a implantação de empreendimentos, mas que, ao mesmo tempo, garantem a inclusão da cidade informal.
A autorização dos empreendimentos utilizados como exemplo, tal como estão propostos, acarretarão sérios prejuízos à aplicação destes instrumentos na cidade, pois o novo PDDUA será discutido a partir desta lógica de ocupação da orla, onde a presente exceção será a regra.
Ao entregarmos o “filé” da cidade à especulação imobiliária e ao monopólio comercial, tiraremos toda a potência das outorgas onerosas, tão importantes para a regularização das vilas, condenando estas populações à permanência por mais tempo em soluções de moradia na condição informal.
Por outro lado, permitiremos que um pequeno grupo de empresários extraiam dali grandes lucros, concentrando ainda mais a riqueza. Provavelmente, as empresas contratadas para a execução das obras nem sejam as locais, e sim as do centro do país, mais “preparadas” e “equipadas” para construções deste porte.
De qualquer forma, o "atropelo" é possível. A tramitação dos projetos do Executivo, do PDDUA, do Projeto Pontal do Estaleiro, nos permite assegurar, que tudo pode acontecer.
O importante é acompanhar os diversos atores políticos ligados à gestão pública, tanto no executivo quanto no parlamento, a fim de perceber a lógica de desenvolvimento que move suas intenções e ações.
Voltando ao projeto Pontal do Estaleiro podemos afirmar que o mesmo não foi votado ainda, porque não existe acordo entre a maioria. A pressão realizada pelas organizações populares, a manifestação das entidades na audiência Pública promovida na Câmara, sem dúvida criou o constrangimento necessário para o recuo.
A Vereadora Margarete Moraes elaborou um pedido de diligência, em função das preocupações manifestadas pelas entidades, no entanto, o Vereador Eloi Guimarães negou o procedimento e o vereador Nereu Dávila negou acolhimento ao recurso. A medida obrigaria o executivo a responder com argumentos técnicos todas as dúvidas levantadas, para, com este esclarecimento permitir o voto responsável do parlamento.
O Presidente, Sebastião Melo, encaminhou a decisão para a discussão de plenário. O requerimento foi rejeitado por 19 votos, contra 10.
Mesmo com estas condições, a maioria recuou e acordou em decidir somente após as eleições, sem retirar, no entanto, o pedido de urgência na votação.
O que, até agora, sempre funcionou foi à pressão política da cidadania. Estamos mais uma vez sendo convocados pela história.
A presença de entidades e movimentos nas galerias, com faixas, cartazes (que não podem conter apoio de madeira, metal ou PVC rígido) e panfletos é salutar, para a cidadania, para a política e para o ambiente natural.
Precisamos também manter um espaço de reunião para discussões e planejamento de ações, por favor, convidem a quem puderem.


Paulo Guarnieri
Comunicação nº2 – Fórum Municipal de Entidades
Setembro 2008

Anônimo disse...

Primeiro o cara vai lá e compra um terreno que sabe que tem limitações de uso pela lei.

Depois ele quer mudar a lei para fazer o que ele tem interesse, e não pelo interesse da população.

Quando ele comprou ele já sabia o que queria e confrontava a lei. Como é um "espertalhão" achava que podia enganar todo mundo, e com algumas moedas o PIG ajuda e mais uma certa direita, esfomeada que tem por aí...

Claudio Dode

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