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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Artigo
Brasil: país de futuro, sim!
Todos nós, em maior ou menor medida, temos acompanhado as notícias sobre as recentes descobertas de petróleo localizadas na camada pré-sal, bem como todas as possibilidades que delas poderão advir. A excitação é grande e o jorro do “sêmen negro” será tão forte que engravidará as necessárias consciências que azeitarão as engrenagens do país rumo ao futuro. Fala-se em investimentos de bilhões. Fala-se em bilhões de barris de petróleo. Fala-se que teremos tanto ou mais petróleo que a Arábia Saudita. Fala-se que poderá ser a redenção social e educacional do país. Tudo é possível e tomara que assim seja. Mais uma vez – e não poderia ser diferente – o meio ambiente será arrimo do desenvolvimento. O mundo “é o que é” por causa de suas escolhas. Muitas sociedades já pereceram por causa das escolhas erradas que fizeram. Invariavelmente, como pano de fundo, os conflitos socioambientais sempre estiveram presentes (terra, recursos minerais, água). O desenvolvimento sempre será bem-vindo e necessário, desde que escorado na sustentabilidade desde o nascedouro até a satisfação das necessidades exigidas a partir das possibilidades que a natureza oferece. Portanto, extrair o petróleo do subsolo marítimo, além de ser “coisa de gente grande”, pode significar apenas crescimento econômico, sem necessariamente ter algo a ver com desenvolvimento pleno de sustentabilidade, respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, cultura, etnias e relação harmônica entre as diversas formas de vida. O planeta não suporta o sonho do “orgasmo múltiplo” – crescer a taxas chinesas de 10% ao ano. O setor econômico precisa ter, no mínimo, uma relação de empate com a natureza. Chegar, precocemente à frente seria a continuidade de um modelo desastroso que desde a muito está em curso. Inverter a lógica, mudar o paradigma, incluir, preservar, consumir com consciência e tocar com cuidado o mundo. Essa é a tarefa que se impõe à geração de plantão. Aproximar o passado do futuro a partir de prudentes decisões do presente é entender a natureza em toda a sua sabedoria. É perceber que as demais formas de vida têm direito à existência não por que “servirão às gerações futuras”, mas sim pelo simples e singelo direito à vida. Que o Brasil possa investir boa parte dos recursos do petróleo em educação, saúde, meio ambiente, cultura, fortalecimento e reconhecimento das etnias. Que o Brasil possa investir os futuros recursos em tecnologias limpas, não só para o transporte, mas também para todas as engrenagens da economia. Que a democracia, como plataforma para a tomada de decisões, saia fortalecida cada vez mais, servindo como instrumento integrador na América Latina. Acho que aqui cabe a magnífica poesia do saudoso Raul Seixas, em “Banquete de Lixo”: O hoje é apenas um furo no futuro, por onde o passado começa a jorrar. E aqui isolado, onde nada é perdoado, vi o fim chamando o princípio para poderem se encontrar. Por fim, em relação à sustentabilidade, temos somente duas opções: começar a construí-la agora ou delegar aos nossos filhos e netos essa tarefa. Uma escolha requer consciência e coragem. A outra é pura covardia. A escolha é nossa.
Artigo de Ary da Silva Martini, consultor socioambiental, autor do site www.agenda21empresarial.com.br
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5 comentários:
Interessante o artigo do Ary. Eu também sou daqueles que acha que o dinheiro do petróleo pode sim ser investido na educação. Se jorrar dinheiro nesse sentido o Brasil tem que fazer o melhor investimento do mundo: educação. Mas uma educação plural, diversificada e democrática e que inclua as pessoas na cidadania e também no mercado de trabalho.
Se não fosse triste seria hilário:
"o Brasil tem que fazer o melhor investimento do mundo: educação."
A tristeza é que a Chefeta do Busatto, Culau & caterva, fechou salas de aulas e ele não só justificou como defendeu.
Agora vem posar de defensor da educação. Cara de pau!
Claudio Dode
Dode, o dinheiro da educação não pode ir para o ralo da incompetência e ineficiência. Acho absurdo uma sala de aula ter apenas 6 alunos. Defendi sim a reenturmação que atingiu um número ínfimo de classes e um universo pequeníssimo de alunos.
Acho absurdo 6 alunos sem uma sala de aula.
Maia,
Imcopetência é tratar a educação com o desprezo que a Yeda et caterva trata.
Uma sala de aula não pode nunca estar sendo fechada.
A unica "enturmação" que deu certo neste governicho que defendes foi a do Busatto, com o Culau, com o Fernandes, com o Lair, e toda esta turma de competentes e eficientes que com ela colaboraram ou colaboram.
Para esta gente a unica sala que não devia estar aberta é sala do cofre.
Claudio Dode
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