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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 28 de março de 2009

O Brasil vai às ruas


É na proxima segunda-feira, dia 30 de março

O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela Reforma Agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.

A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora - e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.

No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.

O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo "deus mercado". Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!

A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres; nas favelas e periferias, É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.

Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.

O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política terrorista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.

Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!

NÃO ÀS DEMISSÕES!

REDUÇÃO DOS JUROS!

REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!

REFORMA AGRÁRIA JÁ!

POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!

EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS! SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO.

Organizadores:

ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM-FDIM, UGT, UNE, UNEGRO, VIA CAMPESINA

sexta-feira, 27 de março de 2009

Abelhinha de ZH diz que Dilma segue orientação de Yeda


Insana (e maldosa) inversão

A política lulo-dilmista de fazer pesados investimentos públicos para evitar os efeitos deletérios da crise internacional do capitalismo segue o velho (e atual) receituário da teoria macroeconômica do professor Lord John Maynard Keynes. Isso é mais consensual do que a pele do papa Bento 16 é branca.

Mas Rosane de Oliveira, jornalista e abelhinha, não está convencida disto. Para a colunista de Zero Hora, essa política foi concebida pela ex-professora Yeda Rorato Crusius – a mesma que não tem nenhum trabalho acadêmico publicado em parte alguma. E Dilma está apenas fazendo "discurso".

Estou exagerando? Então, leiam o fac-símile parcial da coluna de hoje da vespinha, acima.

Esse pessoal já não sabe mais o que fazer para salvar a reputação da governadora Yeda.

Lançamento do Dicionário Internacional da Outra Economia


É hoje!

Palavraria – Rua Vasco da Gama, 165, Bom Fim – Porto Alegre
Dia 27 de março de 2009, sexta-feira, às 18h30
Estarão presentes os dois coordenadores brasileiros da obra: Antonio David Cattani e Luiz Inácio Gaiger

O “Dicionário Internacional da Outra Economia” é uma edição publicada em Coimbra, Portugal, e representa o ponto culminante de trabalho em progresso que gerou quatro outros livros sobre alternativas para uma nova economia que não a capitalista.

Publicado pela Editora Almedina, o livro apresenta 58 verbetes conceituais e analíticos produzidos por 52 autores oriundos de três continentes. A coordenação é dos brasileiros Antonio David Cattani e Luiz Inácio Gaiger; do francês Jean-Louis Laville e do português Pedro Hespanha.

A idéia original foi concebida em 2002, durante o II Fórum Social Mundial, e devido à importância crescente do tema, o estudo se ampliou e ganhou novos colaboradores ao redor do mundo. As edições anteriores A Outra Economia (2003), La Outra Economia (2004), Dictionnaire de l'autre économie (2005) e Dizionario dell'altra economia (2006) tiveram suas cópias esgotadas no Brasil, Espanha, França e Itália, respectivamente.

O Dicionário Internacional é uma obra interdisciplinar considerada a mais atual na análise das novas experiências materializadas no cooperativismo, nas empresas autogestionárias e nas redes de colaboração solidária. Estas temáticas dizem respeito aos campos das Ciências Sociais, da Economia e da Administração.

O conjunto de verbetes insiste na importância de mudar a lógica dominante de viver e trabalhar apenas para produzir. Segundo as palavras do sociólogo Boaventura Souza Santos, uma “outra economia” deve servir para a realização plena do ser humano.

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Parabéns e sucesso, amigo Cattani!

Filha de FHC é funcionária fantasma do Senado


Luciana Cardoso: "Eu não nasci ontem"

Funcionária do Senado para cuidar "dos arquivos" do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) [o senador que parece ter o saco escrotal dentro da boca, é o líder da "bancada" daniel-dantista no Congresso], Luciana Cardoso (foto), filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que prefere trabalhar em casa já que o Senado "é uma bagunça". A coluna [da jornalista Mônica Bergamo] telefonou por três dias para o gabinete, mas não a encontrou. Na última tentativa, anteontem, a ligação foi transferida para a casa de Luciana, que ocupa o cargo de secretária parlamentar. A entrevista está publicada na Folha de hoje, coluna da jornalista Mônica Bergamo. Abaixo, um resumo da conversa:

Mônica Bergamo - Quais são suas atribuições no Senado?
Luciana Cardoso - Eu cuido de umas coisas pessoais do senador. Coisas de campanha, organizar tudo para ele.

Em 2006, você estava organizando os arquivos dele.
É, então, faz parte dessas coisas. Esse projeto não termina nunca. Enquanto uma pessoa dessa é política, é política. O arquivo é inacabável. É um serviço que eternamente continuará, a não ser que eu saia de lá.

Recebeu horas extras em janeiro, durante o recesso?
Não sei te dizer se eu recebi em janeiro, se não recebi em janeiro. Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu. Se o senador mandar, devolvo [o dinheiro]. Quem manda pra mim é o senador.

E qual é o seu salário?
Salário de secretária parlamentar, amor! Descobre aí. Sou uma pessoa como todo mundo. Por acaso, sou filha do meu pai, não é? Talvez só tenha o sobrenome errado.

Cumpre horário?
Trabalho mais em casa, na casa do senador. Como faço coisas particulares e aquele Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo, eu vou lá de vez em quando. Você já entrou no gabinete do senador? Cabe não, meu filho! É um trem mínimo e a bagunça, eterna. Trabalham lá milhões de pessoas. Mas se o senador ligar agora e falar "vem aqui", eu vou lá.

E o que ele te pediu nesta semana?
”Cê" não acha que eu vou te contar o que eu tô fazendo pro senador! Pensa bem, que eu não nasci ontem! Preste bem atenção: se eu estou te dizendo que são coisas particulares, que eu nem faço lá porque não é pra ficar na boca de todo mundo, eu vou te contar?

Deputados receberam doações de Daniel Dantas

Doações ilegais somam mais de 30 milhões de reais

A Polícia Federal investiga supostas doações do banqueiro Daniel Dantas às campanhas eleitorais dos deputados Raul Jungmann, do PPS de Pernambuco, e Marcelo Itagiba, do PMDB do Rio de Janeiro.

Oficial e legalmente, o Banco Opportunity de Dantas não realizou doações eleitorais desde 2002. As doações somam 30,4 milhões de reais. As doações ilegais, o chamado caixa dois dos candidatos, está sendo investigado pela Operação Satiagraha da Polícia Federal. A informação é da Agência Chasque.

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Esse deputado Itagiba foi delegado da PF, no Rio, hoje veste pijama, mas não usa touca, como se vê pelo montante de dinheiro que teria recebido ilegalmente. O tipo é presidente da desmoralizada CPI dos Grampos, e desafeto declarado do delegado Paulo Lacerda, uma pessoa decente, que foi para um exílio forçado em Portugal, tendo sido afastado pelo ministério da Justiça e por Lula (certamente por ordem do presidente Gilmar Mendes) porque ousou realizar diligências combinadas (e legais) entre a Polícia Federal e a Abin com o objetivo de apertar o cerco ao banqueiro Daniel Dantas.

Coisas do lulismo de resultados.

Aliás, esses esqueletos (Daniel Dantas, BrOi, etc.) estão migrando a passo para o armário da pré-candidata Dilma Rousseff. Se não forem defenestrados à luz do meio-dia, mais cedo ou mais tarde, os magrinhos vão apresentar a continha gorda.

Classe AAA, Ética XYZ


Meu estilo
Sophia Alckmin – a nova gerente da boutique Daslu


Publicado na Vejinha São Paulo (Maio de 2005)

Filha mais velha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a primeira-daminha do estado [as revistas do grupo Abril usam conceitualmente letra minúscula para grafar “Estado”, por motivos ideológicos óbvios, nota do blogueiro], agora é gerente de novos negócios da Daslu.

Aos 25 anos, a jovem advogada Sophia Alckmin tem a missão de cuidar dos interesses da butique mais chique do Brasil. Ou seja, respira luxo quase 24 horas por dia.

Como você define seu estilo?
Sou superbásica. Eu gosto de jeans, camiseta e sandálias.

E para ir a uma festa?
Quando é um casamento e sou madrinha, vou de vestido longo, bordado. Mas estou na fase de vestido curto, na altura do joelho. E também gosto de um decote.

Qual o tamanho ideal do salto?
Gosto de um salto 7 (ela tem 1,56 metro).

E a marca de sapato que mais tem em seu guarda-roupa?
A de que mais gosto é Manolo Blahnik (badaladíssimo designer italiano que cobra no mínimo 170 dólares por um par de sapatos).

Um perfume...
Petite Cherie, da Annick Goutal.

Você tem um ritual de beleza?
Tenho. Minha mãe é supervaidosa e eu aprendi com ela. Desde os 15 anos eu lavo o rosto de manhã e à noite. Nunca durmo de maquiagem e sempre passo creme hidratante e protetor solar.

Aliás, você usa roupa da dona Lu ou vice-versa?
Ela é mais alta do que eu, não serve. Para não ser injusta, às vezes trocamos malhas. E, é claro, os acessórios: bolsas, brincos, pulseiras...

E maquiagem?
Passo um pozinho terracota da Guerlain para dar um ar de bronzeadinha e rímel da Chanel para alongar os cílios.

Um sonho...
Conhecer o Egito. Adoro essas viagens exóticas.

Você está namorando?
Sim, há nove meses (o empresário carioca Mario Ribeiro).

E qual o último presente que você ganhou dele?
Um iPod que carrego na minha bolsa.

Você começou a freqüentar a Daslu como compradora ou vendedora?
Nas primeiras vezes em que eu vim, estava com a minha mãe. Ela fazia compras, eu assistia. Aí virei vendedora e tudo começou.

Que tal ser chamada de dasluzete?
Acho que as pessoas gostam de rotular, mas não dou a mínima.

Tem saudade do tempo de vendedora?
Adorava, fiz várias amigas. Depois passei a trabalhar no setor de importados [alô PF, alô Ministério Público, a moça está entregando o serviço...], nas compras de marcas nacionais e agora sou gerente de novos negócios.

Como é ter um salário maior que o do seu pai?
Desculpe, não falo sobre isso.

Qual o preço máximo que você paga, por exemplo, num jeans?
Depende. Acho que não existe um valor máximo para nada [eis a expressão viva da mentalidade XYZ, a ética da nossa lúmpen-burguesia brasuca, que a Veja chama de "Classe AAA"].

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A “Gerente de Novos Negócios” da Daslu não foi presa, ontem, apesar de ter trabalhado no setor de importados (ou de contrabando) da loja de dona Eliana Tranchesi, agora correcional no Carandiru.
Em pensar que nós estivemos à beira de ter essa gente vazia e rasteira governando o Brasil...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Dedicamos essa página musical à dona da Daslu



Ela quis comprar a escadaria para o paraíso, mas...

A banda Led Zeppelin diz mais ou menos o seguinte:

Há uma senhora que acredita
Que tudo o que brilha é ouro
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso
Quando ela chega lá ela descobre
Que se as lojas estiverem todas fechadas
Com apenas uma palavra ela consegue o que veio buscar
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso
[...]

Arapongagem na Casa de Orates

Kayser

Quem diria, a dona da Daslu acabou no Carandiru


Empresária dona de grife de luxo foi condenada e vai cumprir pena em penitenciária feminina infecta

A empresária Eliana Tranchesi (foto), dona da loja de produtos de luxo Daslu, uma das mais famosas do país, em São Paulo, foi presa pela Polícia Federal na manhã de hoje (26). A PF, segundo a assessoria imprensa de órgão, cumpriu mandato de prisão em razão da empresária ter sido condenada pela 2ª Vara Criminal de Guarulhos. Eliana foi levada para a Penitenciária Feminina do Carandiru, na zona norte da capital paulista. A informação é da Agência Brasil.

Além da empresária, mais três pessoas foram presas pela PF em conseqüência da Operação Narciso: o irmão da dona da Daslu, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, o contador Celso de Lima – acusado de ser o laranja no esquema de fraudes – e um terceiro nome ainda não confirmado pelo Ministério Público Federal de São Paulo. Eles foram levados para o Cadeião de Pinheiros.

Tigre céltico virou gatinho banguela


Irlanda resvala para o abismo econômico em 2009

O gráfico acima foi publicado pelo jornal francês “Le Monde”, de alguns dias atrás. Mostra a previsão da Comissão Européia de desempenho econômico de vários países da zona do euro-moeda. Chama a atenção a bancarrota anunciada da República da Irlanda, com crescimento negativo de 11% para o corrente ano.

Em pensar que a Irlanda já foi proclamada pela imprensa neoliberal como o “Tigre Céltico”, quando logrou crescer cerca de 9% ao ano, no período de 1995 a 2001.

Evidentemente um crescimento insustentável, episódico, artificial, porque baseado no receituário clássico do neoliberalismo mais ortodoxo: desregulação selvagem, radical encolhimento do Estado, liberação à entrada de capitais predadores, flexibilização total das leis trabalhistas, privatização de setores estratégicos, altas taxas de endividamento interno, hipertrofia no consumo de supérfluos, financeirização da economia produtiva, etc. Só um elemento dinâmico pode salvar a Irlanda, o fato de ter estimulado a alta tecnologia, em detrimento das indústrias de tecnologia obsoleta. Essa talvez seja a saída do velho tigre agora desdentado.

A propósito: gostaríamos muito de ouvir a voz doutoral do “comunicador” Lasier Martins, que ainda recentemente cantava a Irlanda em prosa e verso em suas “inteligentes” locuções no rádio e na tevê da RBS.

45 anos do golpe civil-militar de 1964

Clique na imagem para ampliá-la.

Os promotores do oportuno evento quiseram escrever um manifesto no folder promocional. Resultado: poluição visual, perda de objetividade e desinformação. De qualquer forma, o ciclo de palestras e debates é muito importante e merece ser prestigiado por todos. Compareçam, debatam!

Dilma Rousseff é competitiva eleitoralmente?


Recebo nota do economista Calino Pacheco Filho:

“A pesquisa Datafolha divulgada no dia 20 de março último pelo jornal Folha de S. Paulo investigou a popularidade do presidente Lula e a intenção de voto do eleitorado para as eleições presidenciais de 2010. O PIG usou e abusou dos dados, como sempre, em favor dos setores dominantes e contra os interesses da maioria da população brasileira.

A Folha abordou os dois pontos, popularidade do presidente e eleições 2010, de acordo com seus interesses.

Naturalmente, no primeiro ponto enfatizou a queda da popularidade do presidente, afirmando que se iniciou uma tendência de desaprovação ao governo Lula; no que foi acompanhada, com alarde, por toda a bancada do PIG (Rede Globo, Estadão, ZH, etc.).

Já, no segundo ponto, abordado pela Folha (“Aumenta a preferência por Dilma Rousseff”), na maioria dos jornalões e a Rede Globo fez-se um silêncio sepulcral.
O objetivo da Folha não era apontar o crescimento de Dilma. O seu alvo era outro: Aécio Neves, que está disputando no ninho tucano a indicação como candidato a presidência da República afrontando o candidato da família Frias, o já eleito (por eles) José Serra. A pesquisa estimulada, em um de seus cenários, mostra o favoritismo absoluto de Serra, com Aécio, bem mais abaixo, em segundo lugar e, ainda por cima, empatado tecnicamente com Ciro Gomes, Heloisa Helena e Dilma Rousseff, a única que cresceu, conforme constamos no quadro abaixo.
Ciro Gomes tem algum café no bule, mas Heloisa Helena, por enquanto, pelo menos, é um mero eco das eleições de 2002 e provavelmente, venha a perder espaço para a candidata do PT.

Os dados mais interessantes do levantamento do Datafolha está na resposta espontânea quanto à preferência nas eleições presidenciais de 2010. Neste caso, o mais citado é Lula com 25%, Serra com 6% e Aécio com 3%. Aí, o surpreendente é que Vanda, codinome de Dilma quando era dirigente da VAR-Palmares, aparece rigorosamente empatada com Aécio Neves (3%) e acima de Ciro Gomes e Heloisa Helena, ambos com 1%.

O perfil dos admiradores de Dilma Rousseff, na pesquisa espontânea, é composto por um eleitorado masculino, com mais de 45 anos, nível de escolaridade superior e com renda familiar de 5 a 10 salários mínimos.

Outra nota importante, na resposta espontânea, é quando a pesquisa é dividida por regiões. A “Vilma do Chefe” ou “Vilma do Lula”, como já é conhecida no Nordeste, tem os seus maiores percentuais nas regiões Norte/Centro-Oeste e Nordeste. Aqui, pode haver indícios da transferência de votos de Lula para Dilma. Porém, neste caso, não se pode falar em tendência; para tal, precisaríamos analisar uma série mais longa de pesquisas.

No Sudeste, Dilma tem o seu menor percentual e na região Sul, onde Lula tem o seu menor índice de popularidade, a candidata petista mantém a média de 3%, talvez (os dados da pesquisa não são abertos por Estados) amparada por uma maior preferência no Rio Grande do Sul.

A performance de Dilma Rousseff de março de 2008 quando tinha 3% até março 2009, quando alcançou 11/12% é notoriamente de ascenso. Com apoio do presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores, que ainda não entrou em campo, é possível que a ministra-chefe da Casa Civil se aproxime até o final do ano da faixa dos 20%. Se chegar a este patamar estará no páreo. Para isso, porém, terá que acontecer uma metamorfose entre a Ministra Dilma Rousseff, a Vilma do Chefe e a militante Vanda”.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Baronato do concreto começa a ser investigado pela PF


Operação Castelo de Areia investiga e prende quatro diretores de empreiteira

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira dez pessoas suspeitas de cometerem crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Entre os presos estão quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa. A informação é do portal UOL.

De acordo com a PF, a operação, batizada de Castelo de Areia, foi deflagrada para desarticular uma suposta quadrilha inserida na construtora. Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em diversos locais do país.

Os principais crimes investigados pela Polícia Federal na operação são evasão de divisas, operação de instituição financeira sem a competente autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude a licitações. Segundo a Polícia Federal, a quadrilha movimentava dinheiro sem origem lícita aparente através de empresas de fachada e operações conhecidas como dólar-cabo - sem registro no Banco Central.

A PF investiga nessa Operação Castelo de Areia doações da empreiteira Camargo Corrêa, uma das maiores do país, a diversos partidos políticos.

A jornalista Monica Bergamo da Folha apurou que, de acordo com fonte que participou das investigações, a operação revela contribuições para partidos políticos "por dentro e por fora" com a participação de "uma pessoa muito influente em São Paulo".
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A notícia é boa, resta saber se o superintendente da PF, delegado Luis Fernando Correa dará todas as condições para que os agentes federais possam apurar em profundidade o caso que envolve uma pequena ponta do baronato do concreto no Brasil.

O baronato do concreto, assim como o baronato midiático e o baronato financeiro, constituem o tripé onde se assenta o poder real no Brasil. Eles são hegemônicos desde o dia primeiro de abril de 1964.

Pessoalmente, eu duvido que a Operação Castelo de Areia vá muito além de prender alguns bagrinhos, ainda que gordos. Em especial agora que o PAC vai investir cerca de 34 bilhões de reais na construção de habitações populares no País inteiro.

Quero estar errado, contudo.

P.S: Observemos a reação do presidente Gilmar Mendes, ministro do STF. A ver.

Manifestação de massa contra os torturadores da ditadura



Calma, não é no Brasil, é na Argentina

Ontem houve uma grande manifestação de massa na Argentina pela punição dos torturadores da ditadura que fazia 33 anos do fim. Hoje, estão sendo julgados cerca de 1.254 torturadores, sendo que 526 já estão condenados pela Justiça argentina.

Enquanto isso, aqui no Brasil não há nenhum torturador sendo julgado e também nenhum deles até agora foi condenado pela douta Justiça nacional. E também não existem manifestações de massa para tal objetivo.

O vídeo é da Globo News, acredite, provando que quando quer a Globo põe no ar material jornalístico de qualidade e relevância. A correta reportagem é do jornalista Ariel Palácios, direto de Buenos Aires. Foi ao ar ontem à noite na tevê a cabo (talvez por isso), por volta das 20 horas.

A mentalidade escrota dos Bobby Brown da vida



Essa é do velho e bom Frank Vincent Zappa, que nos deixou em dezembro de 1993. Nos anos 70, Zappa e a sua banda Mothers of Invention, lançaram premonitoriamente essa canção “Bobby Brown”, para falar dos caras escrotos que a sociedade de consumo já estava produzindo em suas linhas de montagem. Hoje, o mundo da vida é praticamente dos Bobby Brown, os filhinhos de papai classe-média que pensam que podem tudo.

Canta Zappa:

E aí, pessoal, eu sou o Bobby Brown
Dizem que eu sou o cara mais bonito da cidade
Meu carro é veloz, meus dentes são brilhantes
Eu digo a todas as garotas que elas podem beijar o meu pau
Aqui estou eu, numa escola famosa
Eu estou bem vestido e estou
Sendo muito legal
Eu tenho uma líder de torcida aqui que quer me ajudar com meus trabalhos de escola
Vou deixar ela fazer todo o trabalho e talvez depois eu a coma

Oh, Deus, eu sou o sonho americano!
Eu não acho que sou exagerado
E eu sou um filho da puta gostoso
Eu vou arranjar um bom emprego e ser bem rico
Arranjar um bom, arranjar um bom, arranjar um bom, arranjar um bom emprego
[…]

E por aí vai, mais adiante ele (BB) ainda debocha da revolução feminista, etc.

Yeda fica em último lugar no ranking de governadores da Datafolha


Tucana se desmonta sozinha com nota 4,3

Deu na Folha, de hoje:

“Em seu segundo mandato à frente do governo de Minas, o tucano Aécio Neves se mantém na liderança do ranking de avaliação dos governadores elaborada pelo instituto Datafolha. Aécio - que, no PSDB, disputa com o governador de São Paulo, José Serra, o direito de concorrer à Presidência em 2010 - tem nota 7,6 numa escala de zero a dez. Hoje líder na corrida pela Presidência, Serra obteve média 6,6 na pesquisa, realizada entre os dias 16 e 19 de março.

E, apesar de um aumento do índice de aprovação de seu governo - de 49% para 54% -, Serra caiu dois degraus em comparação ao ranking elaborado em novembro de 2007. Há um ano e quatro meses, Serra era o terceiro colocado, com nota 6,5. Hoje, ocupa a quinta colocação. Assim como Serra, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), tem nota média de 6,6. Requião, no entanto, ganha no índice de popularidade, adotado como critério de desempate. Para cálculo do índice de popularidade, criado pelo Datafolha, subtrai-se a avaliação negativa (ruim e péssimo) da positiva (ótimo e bom).O resultado é Somado a 100. [...]

A tucana Yeda Crusius ainda amarga a última colocação. Apesar da confortável liderança - e um índice de aprovação de 77% - Aécio teria hoje dificuldades de eleger um sucessor. Segundo o Datafolha, o vice-governador e potencial candidato do PSDB em Minas, Antonio Anastasia, tem 5% das intenções de voto e está em terceiro lugar. Até a divulgação do último Datafolha, a popularidade de Aécio em Minas era encarada como ameaça para os defensores da candidatura Serra. Aliados de Serra temiam que sua candidatura fosse objeto de boicote em Minas. Os números do Datafolha - segundo os quais, sem Aécio, Serra tem 40% em Minas – tranquilizaram os serristas. [...]

Preocupados com o desempenho de Yeda, os serristas comemoram o cenário do Rio”. [...]
......................

Como escreve o leitor Juarez Prieb nos comentários deste post, essa pesquisa deixa muito mal a reputação política da governadora Yeda, mas também deixa mal a reputação jornalística do grupo RBS, com sede no RS. Precisa um órgão de imprensa de São Paulo vir fazer pesquisa de opinião no RS e publicar que a governadora local está abaixo da crítica frente a sua população. A imprensa "livre" do Rio Grande do Sul é incapaz de informar sobre o grau de popularidade que gozam (ou sofrem) os seus governantes.

Ora, uma imprensa assim deve ficar em permanente suspeição por parte da cidadania. Uma imprensa assim não pode ser confiável.
Ilustração lá do alto da página: satiro.hupper.blogspot.com

“Não existe mais respeito pelos professores”


O dente cariado e a hegemonia

Sinto dizer que o senhor Paulo Sant’Ana, jornalista e caduco, tem razão, “não existe mais respeito pelos professores”, conforme ele constata candidamente em seu blog (fac-símile acima) e na coluna que assina em ZH, de hoje.

O respeito e a reverência (que refere ao “sagrado”, vejam só!), como quer o blogueiro fake, destinatário de cartinhas da governadora Yeda, aos professores são artigos que escasseiam cada vez mais, não só entre os alunos, mas entre a população em geral.

Pudera, depois de uma campanha oficial de diferentes governos mas com os mesmos propósitos no sentido de desqualificar e desprezar o professorado da rede pública estadual, verifica-se que os jovens alunos de fato estão de cabeça feita pelo Estado.

Professor é um ser abjeto, tem que tratar na porrada. Foi assim que ao longo dos anos lhes foi sendo incutido subliminarmente pelas autoridades do Estado do Rio Grande do Sul. Na rua, o senso comum, na Assembléia, os deputados da bancada conservadora, na imprensa, os jornalistas amigos, no rádio, na TV, os comunicadores amestrados, todos dizendo a mesma coisa, por anos a fio: os professores só querem fazer greve pela greve, ninguém quer trabalhar, querem apito e sineta para derrubar os governos probos, honestos, de bons propósitos, que estão fazendo o dever de casa para que o Estado saia do buraco histórico no qual está metido, blablablablá.

A adolescente que espancou gravemente uma professora da rede pública estadual, dias atrás, está sendo apenas o longo braço feitor do inconsciente coletivo envenenado pelas autoridades e a mídia amiga contra o professorado estadual. Fulanizar o conflito é reduzí-lo às relações interpessoais, é embaralhar e diluir a responsabilidade das autoridades públicas sobre o que acontece nas salas de aula da rede pública. É necessário, ao contrário disso, politizar todas as questões subjetivas e objetivas que ocorrem no âmbito da escola, nas relações aluno-professor e nas relações professor-autoridade pública.

É necessário, igualmente, que o sindicato dos professores vá além das suas lutas econômico-salariais e passe também a politizar o entendimento sobre as relações subjetivas nas escolas, sempre informadas e mediadas pelo conflito professor versus autoridades, no qual o professor historicamente tem saído perdendo.

A hegemonia do discurso oficial – que acaba prevalecendo no imaginário social – não é o do sindicato, é o do Estado conservador e o da mídia oligárquica. Quando concordarmos com essa assertiva de constatação empírica, estaremos aptos a nos impor tarefas que dizem respeito a lutas para bem além do economicismo e que abordem com mais ânimo e vontade a grande questão da hegemonia – no qual o senhor Paulo Sant’Ana é apenas um dente (cariado) dessa complexa engrenagem de poder.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ainda gosto dela



A banda Skank com a deliciosa Negra Li, em autêntico estilo afro. Se a Li fosse norte-americana estaria direto no circuito internacional como grande cantora pop do momento.

Governo Yeda é um sorvete ao sol

O governo tucano de Yeda Rorato Crusius derrete como um sorvete ao sol. Ou, se vocês preferirem, a batata de Yeda está assando, assando. Lenta e inexoravelmente.

Involuntariamente, ela já pede que a esqueçam (está hoje nos jornais).

É o seu inconsciente que aflora, rompendo a blindagem diazepínica e fala.

Yeda negocia secretamente com a GM


Elite guasca quer divinizar novamente o obsoleto automóvel particular

Digam o que disserem os moedeiros falsos, mas a ampliação da montadora GM em Gravataí é uma mostra do atraso no qual estamos enterrados. Trata-se de um setor produtivo obsoleto, não dinâmico, próprio do capitalismo do século 19, uma indústria que não se sustenta por si, um meio de transporte caro, não-solidário e excludente.

Senão vejamos: a GM Gravataí não aporta um centavo de ICMS ao Estado do Rio Grande do Sul, portanto é um parasita que os sul-rio-grandenses carregam nas costas há mais de oito longos anos. Agora, com pressões e contrapressões que beiram à chantagem, a General Motors acena com investimentos (que não são bem assim) da ordem de 1 bilhão de dólares. Mas, se formos examinar detidamente a composição desses 1 bi, chegamos à conclusão que não é o que parece.
Achamos um falso brilhante, um caco de vidro opaco.
A montadora projeta apanhar 350 milhões de reais no BNDES (banco de fomento federal), cerca de 150 milhões de reais junto ao Banrisul (banco estadual), mais a poupança de ICMS não-pago sobre uma produção continuada de oito anos (que se estima em centenas de milhares de reais), acrescido da infraestrutura que também “ganhou” do Estado, mais os investimentos privados dos seus sistemistas, vê-se que a GM não deve aportar absolutamente nada do seu próprio caixa. Fará investimentos nominais de 1 bi de dólares, com recursos estatais, créditos de impostos não-pagos, incentivos outros, investimentos de terceirizados/sistemistas e custos infraestruturais zero. A GM gerencia e investe dinheiro dos outros – os nossos, os vossos, menos o próprio.

Esse é o exemplo típico do capitalismo de ficção de que falam muitos autores, onde tudo é teatralidade e espetáculo.

E que produto oferece a GM, mesmo? O automóvel, a mercadoria que se obsoletiza a cada quilômetro que roda, um bem ambientalmente insustentável, que exige o sacrifício de milhares de vidas a cada ano, exige estradas que já não temos mais, exige cidades que estão entupidas, sobretudo, exige um modo de vida social que dá mostras de exaustão existencial.

Pois, apesar de tudo isso que se sabe e se sente no cotidiano de todos nós, o governo Yeda Crusius desde meados do ano passado promove negociações secretas com a direção da General Motors do Brasil para que o sujeito do nosso pesadelo urbano prossiga e tenha prosperidade em solo guasca.

O projeto de ampliação – insana – da GM no RS deve passar pelo crivo da Assembléia estadual. Quanto a isso, não tenho dúvida de que será aprovado por unanimidade e louvor cívico. A nossa elite política reza pelo gibi seboso do senso mais comum e rasteiro. Incapaz de indicar novos caminhos e horizontes, prefere seguir passivamente pelos becos de servidão de sempre, onde só as ruínas e os buracos são novos.

Enquanto em outros rincões do mundo se discutem e se implantam indústrias autossustentáveis, dinâmicas, solidárias, inclusivas e que apontam tecnologicamente para o futuro, nós, os guascas de periferia, estamos aprovando projetos que representam a vanguarda do atraso, insustentáveis, verdadeiras sucatas tecnológicas, que paralisam a vida urbana, e nos reservam um retorno estúpido e nostálgico ao século 19.

Júlio de Castilhos deve estar revirando os ossos. Coisas da vida.

Embraer também pagou bônus gordo a diretores


Um retrato do sistemão velho de guerra: “vencedores” e “perdedores”

Apesar ter demitido 4.200 trabalhadores alegando as razões da crise financeira internacional, a Embraer pagou 50 milhões de reais em bônus para doze diretores da empresa construtora de aviões bélicos e de passageiros. A denúncia é do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Segundo o sindicato, os bônus pagos aos diretores seriam suficientes para pagar o salário de mil trabalhadores por um ano. A informação é da Agência Chasque.

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Significa dizer que cada um dos doze felizardos diretores da Embraer – ex-estatal, hoje uma próspera empresa "privada", apesar de contar com fartos e constantes recursos do banco estatal de fomento, BNDES – amealhou cerca de 4,16 milhões de reais.

Se deduz o seguinte: como os bônus são pagos somente quando a empresa gera superavits, logo a demissão de mais de quatro mil empregados pode ser considerado como uma manobra para diminuir custos operacionais e assim permitir lucratividades passíveis de gerarem bônus aos executivos da empresa.

Eis, pois, um retrato perfeito e acabado do sistemão, enquanto 4.200 “perdedores” vão para o sacrifício, doze eleitos, doze “vencedores” gozam as delícias do modelo produtor de mercadorias.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vida louca vida


Kayser

300 milhões em ação...


Salve a seleção de Simon!

Um inquérito que tramita sob segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) mostra o envolvimento do ex-ministro dos Transportes e deputado Eliseu Padilha (PMDBRS) em crimes de tráfico de influência e fraudes em licitação. A Polícia Federal chegou ao nome do deputado peemedebista a partir da Operação Solidária, no Rio Grande do Sul, em 2007, que apontou irregularidades em contratos da merenda escolar em municípios gaúchos e indícios de fraude de R$ 300 milhões em obras públicas. [...]

Assim começa uma longa reportagem da revista semanal IstoÉ (leia na íntegra aqui) sobre o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS).

Eu gostaria de ouvir a opinião de três pessoas sobre o imbróglio no qual está involucrado o deputado Padilha:

1) O ministro Nelson Jobim, seu companheiro de PMDB/RS e ex-sócio de Padilha em um escritório (de advocacia) em Brasília. Especialmente agora que Jobim acaba de ter recebido o deputado Padilha em seu gabinete na Esplanada. Motivo da visitinha padilhesca: o parlamentar guasca foi acompanhar o lobby de empresários do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS). O lobby do concreto mais Padilha luta para que o Governo Federal permita a construção de novos prédios junto à cabeceira do aeroporto Salgado Filho. O Sinduscon e Padilha estimam que aquela região de Porto Alegre poderia abrigar cerca de trezentas novas torres prediais, sejam de condomínios residenciais, sejam de comércio e serviços. O ministro Jobim mandou fazer estudos sobre o tema proposto pelo lobby do concreto e seu ex-sócio.

2) O senhor Pedro Simon, senador da República e dedo-podre, padrinho político de especialidades como Antonio Britto, José Fogaça, Germano Rigotto e Yeda Rorato Crusius – uma verdadeira seleção de craques da bola guasca.

3) O prefeito de Porto Alegre, senhor José Fogaça, recentemente indicado candidato preferencial do PMDB/RS pelo senador Pedro Simon, ao Piratini em 2010.

Esses três personagens ilustres são camaradas de partido e de grandes feitos político-administrativos do ex-ministro dos Transportes de FHC, deputado Eliseu Padilha, por isso, certamente têm muito a ilustrar sobre o mesmo.

Estamos aguardando. Sentados. Já pedimos a pipoca.

Como caiu a aprovação à Lula

Recebo nota do economista Calino Pacheco Filho:

"A Folha de S. Paulo de sexta-feira, 20/3, teve como manchete o resultado da pesquisa Datafolha sobre a avaliação sobre o governo Lula (“Com crise, cai aprovação de Lula”) e a intenção de voto para Presidente em 2010 (Serra lidera com folga; Dilma volta a subir”).

A Folha bem acompanhada pelo seus bravos parceiros do PIG – Globo, ZH, Rede Globo, etc. – numa leitura apressada e interesseira dos dados da pesquisa vaticinou que a popularidade do Governo Lula finalmente começou a cair, e isto seria consequência da crise econômica internacional provocada por Luiz Inácio e seu governo.

Agora, falando sério, vamos aos percentuais:

A taxa de aprovação no quesito “ótimo/bom” caiu? Certamente que houve uma queda de 5 pontos. A questão é como esses pontos se distribuíram no “regular” e no “ruim/péssimo”.

O percentual dos que achavam o governo “regular” aumentou de 23% em novembro de 2008 para 27% em março de 2009. Da queda dos 5 pontos no “ótimo/bom”, 4 pontos migraram para o “regular”.

Já para aqueles que achavam o governo “ruim/péssimo” ocorreu um acréscimo de 1 ponto, o que em estatística se considera estabilidade, na medida em que a margem de erro dessa pesquisa é de 2 pontos para mais ou para menos. Portanto, os dados demonstram que a avaliação do Governo Lula não foi afetada de forma significativa, se comparados com novembro do ano passado.

Apesar de todos os ataques o que o governo sofreu de novembro para cá, a sua aprovação por parte da população praticamente não foi abalada e continua num nível recorde desde que esse tipo de sondagem começou a ser realizado em 1990".

Palestra de Yeda surpreende a todos no Rio



Governadora diz que fantasmas a impedem de trabalhar

Como dizem os irmãos lusitanos, essa é de cabo-de-esquadra.

Sexta-feira passada, no final da tarde, eu tinha fechado o boteco e já estava longe de Porto Alegre, toca o telefone, atendo. Era um amigo do Rio, ex-publicitário, que acabava de participar de um meeting promovido pela Fundação Konrad Adenauer no hotel Sofitel, em Copacabana. Daqueles encontros para trocar cartãozinho e marcar business na sequência. Palestras chatas com títulos sugestivos e resultado oco. A rigor, uma iniciativa dessa fundação do partido democrata cristão da Alemanha (orçamento anual de 100 milhões de euros) e um centro de estudos do tucanato, chamado Cebri – metidos a think tanks de cuecas.

A governadora Yeda Rorato Crusius foi palestrante convidada, certamente mais um esforço dos caciques tucanos para tirar a sua estrela-pop sulina da depressão mais cava.

Tudo inútil. A governadora surpreendeu a todos, especialmente o meu amigo que não conhecia a crônica de suas muitas façanhas.

Foi dado a ela o tempo de quinze germânicos minutos para falar sobre “A democracia do Brasil” (ver fac-símile acima).

A governadora dividiu seu tempo em três partes: na primeira, depois de desfraldar uma bandeira do Estado do Rio Grande do Sul, tratou de explicar aos presentes sobre o significado das expressões – Liberdade, Igualdade, Humanidade – que a ilustram; na segunda parte, dona Yeda comentou longa e minuciosamente sobre as cores da nossa bandeira estadual, e no terço final de sua oração, Sua Excelência discorreu sobre os fantasmas que habitam o Palácio Piratini e “que a impedem de trabalhar lá”, chegando a jurar que em hipótese alguma permanece no local depois das 18 horas. Encerrou a sua fala sem mencionar o vocábulo “democracia”.

Ninguém entendeu lhufas.



IPEA alerta para risco em empréstimos com o Banco Mundial


Governo Yeda contraiu dívida em dólar e descumpre com os compromissos sociais do Estado

Economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alertam para o risco de endividamento externo que correm os Estados que aderiram a empréstimos com o Banco Mundial. No comunicado divulgado recentemente pelo Ipea, são citados Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, que já pediram dinheiro emprestado, e o Estado de Alagoas, que aguarda a aprovação. A informação é da jornalista Raquel Casiraghi da Agência de Notícias Chasque.

O pesquisador Marcelo Piancastelli integrou o grupo que elaborou o comunicado. Ele explica que o empréstimo com o Banco Mundial pode ser atrativo no início, mas acarreta um risco financeiro bastante grande para os Estados. O principal motivo é o câmbio.

“O Rio Grande do Sul contratou um empréstimo a uma taxa de câmbio em torno de R$ 1,60 por dólar e hoje essa taxa de câmbio já está a R$ 2,38, chegou a R$ 2,40. Isso é um ônus adicional para o Estado”, diz.

Quando contratou o empréstimo de US$ 1,1 bi na metade do ano passado, o governo gaúcho afirmou que os benefícios viriam com a redução nos juros das dívidas que seriam pagas. No entanto, Piancastelli questiona que isso esteja ocorrendo hoje. Desde 2008, o real teve uma desvalorização média de 36% em relação ao dólar. Além da variação cambial, o governo tem que pagar 4,5% de encargos ao Banco Mundial.

O pesquisador defende que empréstimos externos devem ser tomados pelos Estados a fim de investir em infra-estrutura, como estradas e portos, o que gera retorno financeiro. Contratar empréstimo em dólar para pagar dívida em real, diz Piancastelli, significa apenas trocar de credor, com o ônus ainda da variação cambial.

“Era de direcionar esse empréstimo para áreas críticas do Estado que precisam de investimento, sobretudo na área de infra-estrutura com pagamentos a longo prazo, que vão gerar retornos econômicos para o estado. Simplesmente para rolar a dívida, o Estado está assumindo o ônus para agora e para o futuro; o Banco Mundial não tem risco nenhum porque simplesmente está trocando uma dívida por outra, ainda com aval do Tesouro Nacional”, afirma.
...............

Só os tolos e os mal intencionados desconhecem que os organismos internacionais de fomento, como Banco Mundial e outros, cumprem um papel para bem além do incentivo econômico-financeiro. Uma instituição como o Banco Mundial promove abertamente políticas públicas agregadas a empréstimos e fomentos, políticas essas de natureza liberalizante, desregulatórias e privatistas.

O economista Reinaldo Gonçalves, professor titular de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), escreveu um ensaio de 22 páginas sobre esse tema, cujo título é “O Banco Mundial no Brasil: da Guerra de Movimento à Guerra de Posição”. Ele analisa exatamente essas políticas compensatórias do banco que empresta recursos a entes públicos, mas exige contrapartidas pautadas pela agenda neoliberal. Leia a íntegra do ensaio do professor Reinaldo Gonçalves aqui.

No RS, esse processo de reformas liberalizantes está em pleno andamento e só não é mais exitoso e acelerado porque esbarra a cada semana nas trapalhadas político-administrativas do governo estadual tucano.

A obsessão da governadora Yeda Crusius pela política do déficit zero e todas as suas repercussões deletérias no completo descumprimento do papel social do Estado estão na raiz do contrato de empréstimo com o Banco Mundial. E – diga-se de passagem – contou com o auxílio inestimável e tácito do Partido dos Trabalhadores, tanto no Estado quanto em Brasília, já que tem o aval da Secretaria do Tesouro do Ministério da Fazenda.

Em 26 de março de 2008, a Assembléia Legislativa/RS aprovou por unanimidade o projeto de lei que autorizava o governo do Estado a contrair empréstimo no Banco Mundial para alongar a dívida pública do RS. A bancada petista na AL fez duas exigências apenas: a publicação integral do documento no Diário Oficial, e uma outra que estabelecia que os recursos advindos da operação financeira devessem ser aplicados, de fato, no alongamento da dívida.

Naquela data, o deputado petista Ronaldo Zulke afirmou em plenário (está na ata da sessão) que o voto favorável não poderia ser confundido com apoio a qualquer tipo de ajuste fiscal que se traduza na redução dos serviços públicos, paralisação de programas ou transferência de responsabilidade do Estado para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips).

Precisamente tudo o que o governo Yeda acabou por perpetrar contra a população, especialmente aquela que necessita de escola, saúde e segurança públicas – hoje completamente esgualepadas.

Ingenuidade tem um limite, depois deste limite, passa a ter outra denominação.

Foto: Governadora Yeda Crusius e comitiva reverente durante encontro-relâmpago de corredor com o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick (o famoso "sub do sub do sub"), em março de 2008.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Cuidado! Área contaminada


Ique

ZH faz ataque especulativo ao solo urbano


RBS tem concretos interesses no setor imobiliário

Dizem que de boas intenções o inferno está lotado. O jornal Zero Hora trata hoje da ociosidade e abandono de prédios públicos estaduais, sendo o mais relevante deles, as instalações de uma velha estatal de lacticínios – Corlac – situada em área muito valorizada de Porto Alegre.

Por melhores que sejam os propósitos da pauta de ZH, fica sempre uma suspeição, o grupo midiático RBS ao qual o jornal pertence também tem concretos interesses no setor imobiliário, mais precisamente através de uma incorporadora denominada Maiojama Participações.

Já tratamos deste tema aqui no blog DG, mas sempre é bom lembrar que Porto Alegre está sofrendo um ataque especulativo sobre o seu solo urbano, reforçado com a reeleição de José Fogaça (PMDB) para o Paço Municipal. Os motivos são justificados e definidos:

1) Preparação e organização da cidade para sediar parcialmente a copa mundial de futebol de 2014, com o planejamento da construção do metrô que promoverá um reposicionamento radical e extensivo na valorização dos imóveis urbanos e rurais da Capital;

2) Investimentos federais do PAC, com a previsão do próprio trem urbano e dezenas de milhares de moradias populares e classe média, mas que repercutirá também no segmento dos imóveis mais caros;

3) Investimentos privados, que já vinham ocorrendo, especialmente na Zona Sul e rural da cidade, agora serão vitaminados pelo novo boom imobiliário induzido pelo setor público federal.

4) Efeito-demonstração do caso Ponta do Melo, onde o Executivo e o Legislativo local sinalizaram que em Porto Alegre não existe obstáculo (leia-se Plano Diretor e cuidados ambientais) à vontade privilegiada de investidores e incorporadores, especialmente nos 72 quilômetros da orla do Guaíba, o novíssimo objeto do desejo de dez entre dez coronéis do concreto.

Assim, o jornal ZH – que internamente trata o leitor como cliente-consumidor, numa alusão fria à mentalidade puramente comercial que orienta o seu business midiático – comporta-se como editor de um catálogo atualizado sobre as atuais fronteiras imobiliárias e as novas oportunidades negociais no setor, chegando ao requinte de cotar valor para o prédio da Corlac (um quarteirão inteiro da av. Dom Pedro II e rua Carlos Von Koseritz), quando diz que o imóvel só vale pelo terreno.

E o bom jornalismo e a comunicação social, a missão precípua de um jornal? Ora, isso é coisa para pobre e perdedor (loser, como eles fazem questão de dizer).

quinta-feira, 19 de março de 2009

França faz hoje a segunda greve geral em sessenta dias

Quando a França se levanta, o mundo – mais cedo ou mais tarde – se agita

Nesta quinta-feira tem lugar na França a segunda greve geral em menos de dois meses. Os sindicatos reivindicam mais apoio ao emprego e ao poder de compra da população e as pesquisas de opinião indicam o apoio maciço do país aos grevistas. As mais de 200 manifestações previstas vão juntar milhões de trabalhadores nas ruas, mas o governo avisa que não aumentará o pacote de ajudas às vítimas da crise e do desemprego. As informações são do portal português Esquerda.net.

Ao início do dia, as complicações já afetavam o sistema de transportes com o aeroporto de Orly, anulando um terço dos voos e os ferroviários anunciaram adesão como da greve anterior. Os atrasos nos transportes estendem-se às principais cidades do país.

A grande mudança em relação a protestos anteriores é o clima de apoio que contamina a sociedade. Numa sondagem publicada pelo jornal Libération, 62% dos inquiridos (e 42% dos eleitores de Sarkozy) dizem-se "solidários" com a greve. Quando a pergunta é se os motivos justificam a greve, o apoio sobe para 78% (53% dos apoiantes do partido do governo).

A crise e o desemprego que afetou mais 90 mil franceses só em janeiro - o dobro do mês anterior - estão fazendo soar as campainhas de alarme na sociedade francesa. Depois da greve geral de 29 de janeiro, que juntou mais de um milhão nas manifestações de protesto, o governo Sarkozy apresentou um pacote de ajuda de 2,6 mil milhões de euros, entre benefícios fiscais e medidas pontuais de apoio ao emprego.

Mas na véspera do novo protesto, o governo de direita fez questão de dizer que não irá ampliar a ajuda às vítimas da crise. Apesar disso, o pacote é insuficiente para estabilizar a economia e o emprego, pelo que os sindicatos insistem em que não devem ser os trabalhadores a pagar a crise.

Nas últimas semanas, a notícia do desemprego de 555 trabalhadores da petrolífera Total, pouco depois da empresa ter apresentado lucros de 13,9 mil milhões de euros, incendiou ainda mais os ânimos dos franceses e fez aumentar o apoio aos grevistas.

O protesto social não é exclusivo dos trabalhadores e mesmo entre estes, a novidade é a forte adesão do setor privado, tradicionalmente avesso às greves nacionais convocadas pelos sindicatos. Desta vez, os trabalhadores do setor automotivo e de outras grandes empresas privadas vão engrossar ainda mais as manifestações. Também as Universidades francesas estão há meses em protesto contra a reforma do ensino superior, com metade das Universidades do país em greve nos últimos dias.

Os líderes da oposição de esquerda estarão presentes na manifestação de Paris, hoje, com o PS representado pelo presidente da Câmara, Bertrand Delanoe. Também Olivier Besancenot, do Novo Partido Anticapitalista, desfilará junto dos carteiros de Hauts-de-Seine antes de se juntar ao cortejo do partido. A secretária-geral do PCF Marie-George Buffet e o líder do Partido de Esquerda Jean-Luc Mélenchon, estarão juntos na manifestação. A lista eleitoral Europe-Ecologie, que junta Daniel Cohn-Bendit a José Bové, também integram os protestos desta quinta-feira.

Quando a França se levanta, o mundo – mais cedo ou mais tarde – se agita.

Foto de Robert Pratta/Reuters/Libération: Manifestante francesa levava cartaz hoje cedo, onde diz que "a crise são eles", referindo-se aos especuladores, financistas e rentistas, no alto do post.

E o povo vota contra seus próprios interesses


Na medida em que a decadência cresce nas sociedades, a linguagem cai também na decadência. As palavras são utilizadas para distinguir, não para iluminar as ações: ‘destrói-se uma cidade em nome de sua libertação’. Usam-se as palavras para confundir; e então, em tempo de eleições, o povo solenemente vota contra os seus próprios interesses”.

Gore Vidal no seu livro, editado em 2004,“Imperial America: Reflections on the United States of Amnesia”.

A propósito de: Fogaças, Yedas, reeleição de Fogaças, Fogaças para governador, bancadas do concreto, Ponta do Melo, torres + torres, orlas invadidas, falta de merenda escolar, viatura policial sem rádio, policial sem colete, parceiros que proferem "ela é sem-vergonha!", gravações autorizadas pela Justiça onde se ouve "ela é sem-vergonha" (e tudo fica por isso mesmo, e ela nem pisca, nem retoca a maquiagem), saúde pública abandonada, desejo irreprimível de comprar objeto voador, grosseria, mau humor, burrice, dengue, febre amarela, dívida em dólar, capitulação ao Banco Mundial (com auxílio do PT), anomia administrativa, roubo de 44 milhões de reais, secretário da Casa Civil admitindo que o financiamento dos partidos aliados é por via das estatais (e nada acontece, judicialmente), pedágio mais caro do País, bebê japonês, educação enlatada em conteiners, arrogância, cartinhas bregas a jornalistas amestrados, casa nova e nos devendo explicações convincentes, mais mau humor, mais burrice, chinelo de dedo, blusa de oncinha, imprensa bombachuda a soldo da especulação imobiliária mais desavergonhada, gente que não levanta o traseiro gordo da cadeira por menos de cem mil reais, e as práticas das maiores bandalheiras em nome da democracia e do progresso.

Progresso e democracia para quem, cara pálida?

Professora aloprada

Kayser

Historinha com moral no fim


O bom burguês

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa em sua limousine negra quando viu dois homens, à beira da estrada, comendo grama. Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:

- Porque vocês estão comendo grama?

Não temos dinheiro para comida - disse o pobre homem. - Por isso temos que comer grama.

- Bem, então venham a minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.

- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.

- Que venham também - disse novamente o banqueiro.

E, voltando-se para o outro homem, disse-lhe:

- Você também pode vir.

O homem, com uma voz muito sumida, disse:

- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!

- Pois que venham, também - insistiu o banqueiro.

E entraram todos na enorme e luxuosa limousine.

Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:

- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!

O banqueiro respondeu:

- Meu nobre faminto, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A grama está com mais de vinte centímetros de altura!

Moral da história:

Quando você achar que um banqueiro está lhe ajudando, não se iluda.

Presidente Gilmar Mendes adverte jornalista para tomar cuidado


“Aquele jornalista é muito perigoso!”

Fui desrespeitoso e cometi um erro hoje contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes (foto), que está em visita ao Acre para uma palestra sobre drogas para jovens da rede pública estadual.

Ao fazer a primeira pergunta de uma entrevista coletiva, indaguei:

- Ministro, o senhor tem se manifestado constantemente em defesa da propriedade, contra as invasões, mas em nenhum momento o senhor se manifestou contra dezenas, centenas de assassinatos de lideranças de trabalhadores rurais . [Até aqui, a pergunta é pertinente e correta do ponto de vista jornalístico, o exagero se deu na seqüência] Isso decorre do fato de o senhor ser ministro ou pecuarista?

A resposta do ministro veio à altura:

- Devo lhe dizer o seguinte: eu tenho me manifestado contra qualquer violação de direitos, qualquer violação de direitos. Eu não quero que haja assassinatos, independentemente de… Que não haja violência. Pode-se protestar, pode-se fazer qualquer consideração, mas tem que ser respeitado o direito de outrem. A pergunta de qualquer forma é desrespeitosa. O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta. Eu não sou pecuarista.

Ao formular de improviso a pergunta, tomei como base o manifesto distribuído no dia 6 de março pela Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, onde está afirmado (e até hoje não contestado publicamente), que o ministro Gilmar Mendes “não esconde sua parcialidade e de que lado está” e que é “grande proprietário de terra no Mato Grosso”.

Exagero também veio da parte de quem tanto critica a existência de um Estado policialesco no país.

Orientado pelo ministro, um assessor dele telefonou para a Polícia Federal, logo após a entrevista, e pediu aos agentes:

- Fiquem de olho naquele moço, pois ele é muito perigoso.

Pescado integralmente do blog do jornalista Altino Machado, aqui.

..................

Esse fato, narrado pelo jornalista Altino Machado, aconteceu no último 13 de março. Até o presente momento não se leu, escutou ou viu nenhuma dessas entidades patronais do baronato midiático - os zeladores da proclamada "liberdade de imprensa" - se manifestarem sobre a grave ameaça do presidente do STF – o saliente Farol de Diamantino (MT).

Se fosse o presidente Lula o autor da frase “o senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”, as emissoras de rádio/tevê, e os jornalões fariam um carnaval que duraria semanas, meses, a exemplo da expressão “marolinha” dita meses atrás.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Falta merenda escolar, denuncia CPERS


Yeda simplesmente não se habilitou aos recursos federais destinados à merenda

Os estoques de merenda escolar no Estado estão prestes a terminar e não há perspectivas de garantir alimentação dos alunos da rede pública estadual. A denúncia é do CPERS, sindicato dos professores da rede pública estadual de ensino.

Segundo o sindicato, o Rio Grande do Sul está com doze milhões de reais retidos para merenda escolar porque o Governo do Estado não cumpriu as exigências do Programa Nacional de Alimentação Escolar, do MEC.

O sindicato cita o caso de uma escola em Gravataí, na Grande Porto Alegre, onde existem apenas dois quilos de feijão e um pacote de arroz para alimentar todos os 373 alunos nos próximos dias. A informação é da Agência Chasque.

FHC diz que Daniel Dantas “é brilhante”


O aval de cima

No final da entrevista dada a Kennedy Alencar, na RedeTV! [dia 15/03/2009], Fernando Henrique, de fato, se refere assim a três personagens polêmicos:

Gilmar Mendes: corajoso.

Protógenes: amalucado.

Daniel Dantas: “não conheço bem, mas dizem que é brilhante”.

Nada mais disse, nem seria necessário.

Clique aqui para ir na página da entrevista. As declarações estão no 23o. minuto em diante da terceira parte da entrevista.

O elogio a Dantas, a não menção a nenhuma das acusações contra o banqueiro, comprovam que, a partir de um certo momento, na história do Brasil, política e crime organizado passaram a caminhar juntos.

E não se está falando dos cabeças-de-bagre do governo Collor, nem do clube dos amigos do Sarney. Os esquemas anteriores - apesar de personagens notórios, como os irmãos Martinez e Canhedo (caso Collor), Machline e Saulo Ramos (Sarney) - eram esquemas individuais, pouco articulados, valendo-se mais do compadrio com autoridades de outros poderes e da falta de institucionalidade dos sistemas de controle do Estado.

Depois, ganhou escala. Essas alianças criminosas tornaram-se parte efetiva do jogo de controle do Estado, com relações muito mais orgânicas do crime organizado com mídia, bancadas políticas, Judiciário e Executivo .

Esbocei alguns desses processos no meu “Os Cabeças de Planilha”.

Um dia, a história ainda cobrará de FHC a responsabilidade pela montagem desse modelo.

Pescado integralmente do blog do jornalista Luis Nassif, publicado ontem pela manhã.
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Ontem ainda, no finalzinho da tarde, eu publiquei aqui (abaixo) a continuação deste pequeno post do correto Nassif, cujo título é "O Sistema Brasileiro de Inteligência e o jogo político".

Vale a pena lê-lo na íntegra. É estarrecedor.

Governo de Serra edita e distribui livro com mapa incorreto da América Latina


Segundo os tucanos, existem dois Paraguais na AL

Um livro de geografia distribuído pelo governo de São Paulo como material de apoio para os alunos da 6ª série do ensino fundamental da rede pública estadual continha erros no mapa da América do Sul (ver acima). No mapa incorreto, Bolívia e Paraguai são um país só e existem dois Paraguais - inclusive um deles aparece embaixo do Rio Grande do Sul, onde deveria constar o Uruguai. As informações foram confirmadas ontem, terça-feira, pela Secretaria de Estado da Educação.

Em nota, a secretaria informou que determinou a troca dos livros aos responsáveis pela elaboração da obra didática.

No comunicado, a secretaria também explicou que as escolas foram alertadas sobre os erros na semana passada, com o objetivo de orientar professores e estudantes.

O governador de São Paulo chama-se José Serra e é filiado ao PSDB.

terça-feira, 17 de março de 2009

O Sistema Brasileiro de Inteligência e o jogo político


A história ainda cobrará caro de FHC por ter institucionalizado o crime organizado no centro do jogo político brasileiro

Quando FHC saiu do governo, escrevi o artigo “Uma obra de arte política”, descrevendo a habilidade da sua estratégia de governabilidade - e o desperdício de não ter sido utilizada para um plano de desenvolvimento amplo.

A estratégia consistia em cooptar chefes regionais com migalhas do poder, mantendo incólumes os pilares centrais do governo.

Mas esta era apenas a perna conhecida do modelo criado por FHC.

A peça central, obscura, era o controle estrito sobre o Ministério da Fazenda e toda a estrutura debaixo dele - Banco Central, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Secretaria da Receita Federal (SRF).

Não se tratava apenas de manter o controle técnico sobre a economia. Era nesses ambientes que se fortalecia a perna oculta do sistema de poder que estava sendo montado: a criação de um modelo sistêmico de aliança com o crime organizado (de colarinho branco), que se expandia na indústria de offshores, de bancos de investimentos, de gestores de recursos.

A maneira como Gustavo Franco autorizou as operações do Banco Araucária, os leilões da dívida pública (sempre com dúvidas sobre sua transparência), o caso emblemático do Banco Santos - desde 1994, um banco quebrado que, mesmo assim, enviava centenas de milhões de dólares para o exterior, com autorização do Banco Central - e, especialmente, o caso Opportunity, demonstravam uma ampla cumplicidade entre autoridades e transgressores. A estrutura de fiscalização do Estado ficou totalmente imobilizada pelas ordens que emanavam do centro do comando financeiro do governo.

O controle do Estado

Em entrevista que concedeu ao Terra Magazine, FHC definiu a Satiagraha como uma luta pelo controle do Estado. Estava completamente certo.

Quando o PT assumiu o poder, seguiu ao pé da letra a receita de FHC - tanto nos acordos fisiológicos inevitáveis, quanto na tentativa de cooptação desses grupos barras-pesadas.

Esse trabalho foi conduzido por dois estrategistas políticos de Lula, José Dirceu e Antonio Palocci. Palocci atuava especialmente através do Conselhinho (o Conselho que julga os recursos dos agentes financeiros) e da CVM - nas gestões Marcelo Trindade e Cantidiano. Livra-se o Banco Pactual de autuações severas por crimes fiscais, livra-se Dantas por crimes de lavagem de dinheiro e de desobediência às regras cambiais brasileiras, permite-se que o Banco Santos se torne o maior repassador de recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) em uma leniência sistemática.

O Opportunity passa a financiar Delúbio Soares, através da Telemig Celular e Amazonia Celular. Palocci tornou-se próximo de André Esteves, do Banco Pactual. E o BC mantinha olhos fechados para os crimes de lavagem de dinheiro.

O Sistema Brasileiro de Inteligência

Esse esquema começa a esboroar não apenas com o chamado escândalo do “mensalão”, mas pela iniciativa histórica do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de montar o Sistema Brasileiro de Inteligência, de forma paralela com o que ocorre em outros países, quando os Estados nacionais se organizam para enfrentar a internacionalização do crime organizado.

Nesse momento, começa a ruir o modelo de governabilidade baseado na aliança com o crime organizado. Com o Sisbin, o funcionário do BC não responde mais à sua diretoria mas a uma estrutura superior e interdepartamental. O mesmo ocorre com outros funcionários da área econômica. O controle imobilizador acaba.

Sentindo que o processo era inevitável, e escaldado pelo “mensalão”, Lula dá ampla liberdade para o aparato do Estado se organizar.

Pela primeira vez, o Estado começa a cumprir suas funções e os funcionários públicos a se libertar das amarras impostas por esse pacto espúrio. Aumenta a colaboração com as forças internacionais anti-crime, surgem as grandes operações combinadas de combate ao crime organizado. Fiscais da Receita passam a conversar com a Polícia Federal, a Coaf troca informações com o Ministério Público, a ABIN é acionada. E dessa integração começa a nascer a esperança de uma mudança estrutural não apenas no combate ao crime organizado, como na redemocratização do Estado e no aprimoramento do jogo político.

Era inevitável o choque com a estrutura de poder montada. O ovo da serpente já estava incubado, eram muito profundas as ligações entre o crime organizado, estruturas de mídia, instâncias do Judiciário, Congresso Nacional, Executivo. O país havia se criminalizado.

Pior, criminalizou-se com status. Chefes de quadrilha passam a ser tratados como brilhantes executivos, aproximam-se de grupos de mídia, ajudam na capitalização de alguns deles.

Um dos fatores que leva à inibição do crime é a condenação social do criminoso, a não aceitação de sua presença nos círculos sociais. Por aqui, Daniel Dantas continuou a ser aceito por praticamente todas as lideranças políticas. O ato comprovado de tentar subornar um delegado não mereceu a condenação explícita de ninguém. Pelo contrário, Dantas é elogiado pelo mentor máximo da oposição, FHC, e defendido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.

É essa lógica vergonhosa, para nós brasileiros, que explica toda a ofensiva para desmontar o Sistema Brasileiro de Inteligência.

Mudanças irreversíveis

A questão é que o mundo mudou. O crime organizado de colarinho branco tornou-se ameaça mundial, combatido por todos os países civilizados. A Internet rompeu com a barreira da informação. Pode custar mais ou menos, mas será impossível ao país não se curvar à grande onda anti-crime que se seguirá à queda da economia global.

Algumas vezes critiquei a superficialidade de FHC, sua incapacidade de perceber os ventos, os grandes fatores de transformação que permitissem lançar o país rumo ao desenvolvimento. Bobagem minha! Seu foco era outro.

É por isso quem para ele, Protógenes é amalucado e Dantas é brilhante.

A história ainda cobrará caro de FHC por ter institucionalizado o crime organizado no centro do jogo político brasileiro.

Pescado integralmente do blog do jornalista Luis Nassif, publicado às 15h de hoje.

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