Ontem, recebi esta mensagem do nosso leitor Callado, de São Paulo:
Prezado Feil, a propósito do post “Mapa do entreguismo da era tucano/FHC” publicado hoje no teu blog Diário Gauche quero me solidarizar com o mesmo.
Considero importante que se faça uma campanha nacional e de massas para defender a nossa soberania sobre as novas bacias petrolíferas do litoral brasileiro.
Mas, veja, Feil, essa tarefa estratégica seria própria de um partido de massas combativo e mobilizado. Abaixo-assinados, mobilizações de sindicatos, de cadeias de blogs, e mesmo de movimentos sociais combinados têm historicamente pouca capacidade de mobilização massiva. Repito, isso é tarefa de um grande partido de massas, que nós não temos mais. O PT já foi esse grande partido com implantação nacional e que mobilizou massas para a conquista de direitos e defesa de inúmeras bandeiras importantes para o país.
Onde está esse partido hoje, Feil? O nosso ex-PT agora está de quatro, babando na gravata de tão obsoleto como instrumento de transformação, mal pode disputar as eleições e em muitas cidades, como a sua Porto Alegre, nem vai para o segundo turno. O PT se dedicou a cuidar exclusivamente de eleições e nem disso está dando conta.
Sinto em dizer a você que não acredito em nenhuma campanha nacional que não seja vanguardeada por um grande partido de massas e de quadros. Como essa ferramenta coletiva já não temos mais, lamento em dizer que a intenção de discutir em grandes debates democráticos a questão da soberania e energia será uma intenção que se esgotará em si própria, por falta de um veículo popular que lidere essa luta. [...]
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Sem comentários.
19 comentários:
Em parte. O partido, como a própria palavra significa, é parte. As outras partes são os movimentos sociais, como o MST, as escolas e universidades públicas, a sociedade civil, através de um ou outro órgão mais à esquerda (não a OAB de hoje, é verdade), etc. Lembremos que saimos da ditadura através da luta e da soma de várias "partes", inclusive de partidos, extremamente divididos. Basta lembrar que o MDB era um saco de gatos e de organizado tínhamos o PCB, mas extremamente atuante e influente nas condições de luta ilegal.
Portanto, noves fora, essa questão de primeiro termos um grande partido para depois mobilizarmos a sociedade, parece irreal. A luta está se dando nos nossos narizes.
Por outro lado, a direita está em plena guerra de movimentos e, principalmente, avançando para posições mais fortes. Vide o blefe dado por Veja e Gilmar Mendes. E sem um grande partido. Lutam a partir da Fiesp, Ciesp, Ministérios Econômicos, banqueiros, bandidos, etc. E nós precisamos de um grande partido para avançar a luta? Apenas uma reflexão sobre o tema.
armando
Armando, o grande partido da direita, sem desmerecer os que vc. cita, é o PIG. Este é o militante número 1, número 2,3,4,5... mil da direita. Os demos, tucanos, pp's, ptb's,... são apenas expressões eleitorais da direita. O combate mesmo é feito pelo PIG e por novas lideranças como Gilmar Mendes, Nelson Jobim, postados em pontos estratégicos do Estado, mas dentro dele, dando as cartas e jogando de mão como frisou o Feil esta semana.
O PT nunca (em tempo algum) foi um partido de massas. Discordo da análise do amigo Callado. O movimento operário foi derrotado no mundo todo. A esquerda teve boa parcela de responsabilidade nisso ao apoiar a rebeldia no Leste Europeu imaginando que os trabalhadores seriam os senhores de seu destino. A esquerda, numa análise equivocada, apoiou o Solidariedade - sindicato articulado pela direita internacional (junto com a Santa Madre). Vou esperar, o tempo que for preciso, para que indiquem aqui neste blog, exemplos de partidos (em qualquer parte do mundo) que preencham as características exigidas do PT atual: partidos revolucionários, de massas, que não estejam "de quatro". Por favor: nome do partido, país, forma de luta e resultados obtidos.
Ary, sua peneira é muito furada para tapar o sol.
Não force a barra, rapaz. Vc vai pagar um mico tamanho do king kong.
Não se pode comparar o PT com nenhum outro partido do mundo, seria um erro imperdoável. Temos que comparar o PT com o próprio PT e aí vamos convir que há uma decadência espantosa.
E, depois, quem disse a vc que o PT não foi um partido de massas? Foi o quê, meu caro Ary? Foi um partido leninista?
E não venha dizer que o PT É um partido revolucionário. Não diga isso, em nome da sua boa sanidade mental.
Agora eu quero que vc me explique o fenômeno atual de Porto Alegre e de Belém, onde para quem não sabe, a governadora Ana Júlia da DS fez aliança com o PMDB de Jáder Barbalho e...... vai perder as eleições.
Me explique isso, Ary.
Calma, Callado! Quando você fala, não precisa ser dessa forma. Só ousei discordar. Veja a diferença de tons entre as nossas intervenções... Acho que você precisa enviar essa correspondência com "ARMP". Caso contrário ela ficará debaixo da porta. Eu entrei para o PT em 79 (antes de ele ser construído, se é que me entende). Sempre na DS. No início, ORMDS. Você entendeu errado: não estou comparando o PT com "nenhum outro partido no mundo". O que eu quis dizer é que essa correspondência poderia ser entregue a todos os partidos de esquerda, em qualquer parte do mundo. Pedi, apenas, que me fossem indicadas algumas exceções. Você confunde "governo, partido e poder", daí seus questionamentos em relação aos processos eleitorais em Belém e Porto Alegre. Você confunde, também, "partido, fração e tendência", daí seus questionamentos em relação ao PT de massas, de quadro, etc. O PT até pode ser comparado com ele mesmo (e nisso houve avanço sim). Não vou me alongar muito para não provocar mais furos na minha peneira e nem passar por insano.
A esquerda está enfraquecida não exatamente por causa da "mídia má, feia e bobona" mas, sim, porque tem asco das tecnologias da informação e da comunicação (TICs).
Os partidos e os sindicatos perderam valor porque todos os primeiros, sem exceção, são clientelistas; já os sindicatos não representam mais uma "classe" que, além de não ser a mais excluída nem a melhor preparada, também não é a única, nem a maior e tampouco a melhor representante da parte mais carente e excluída da sociedade.
Escrevi em um post recente que a união em torno de um objetivo não pode depender de partidos nem de sindicatos. Não é preciso ser militante partidário nem dirigente sindical pra ser de esquerda.
Quem ainda não percebeu que não se pode esperar nada de quem não cumpre o papel de representar parcelas minoritárias da sociedade com capacidade suficiente de debate a fim de vencer o ideário neoliberal sem querer tomar o poder e arregimentar pequenas iniciativas em rede a partir da classe média urbana não vai conseguir nada.
[]'s,
Hélio
A mídia é a vilã. Acontece que a mídia gaúcha era acomodada até o Olívio ser governador. Já que ela era solidária com tudo que o Brito fez. Foi, então, que ela sentiu-se ameaçada por um governo de esquerda e resolveu sair dos bastidores, já que seus interesses estavam sendo atingidos.
É o que temos hoje. Uma mídia totalmente parcial, seja a RBS, Record gaúcha ou Pampa. Começam a bater pela manhã nos telejornais, continuam ao meio dia e terminam à meia noite em um programa "mesa redonda", sem falar na mídia escrita e virtual, onde neste, existe um dos portais mais acessados do estado.
Com isso, já conseguiram elejer dois governadores e, a tira colo, vão manter um prefeito numa das capitais mais importantes do país.
Antes, era a igreja que mandava e desmandava no povo, agora temos a mídia inescrupulosa, custeada por grandes multinacionais.
Agora me digam como reverter esse quadro, porque eu não sei, se até o PT tá virando a casaca.
Eu tento fazer minha parte me mantendo atualizado através de blogs como este e,com isso, passando a notíca pra frente, seja em rodas de amigos, e-mail, etc.
Como acalenta a alma ler comentarios de guerreiros como vcs meus amigos.
Nao nos conhecemos, viemos das mais diversas paragens, dos mais diversos campos de batalha, o q nos une é lutar a mesma guerra.
Como anima a alma do vivente ver q outros, como ele, veem a realidade, a compreendem e questionam.
Enquanto um gaucho, for visto no Pampa, enquanto essa raça, teimar em viver, o grito dos Livres ecoara nesses montes, buscando horizontes libertos na paz!!!
Amor à querencia livre, dos Pampas!!!
http://www.youtube.com/watch?v=3h38NZYSZ7U
Não defendo, de forma alguma, a mídia corporativa. Todavia, ela não é a principal vilã e nem tampouco a única vilã: é preciso ter em mente que ela faz parte de um SISTEMA em REDE, na qual as MEGACORPORAÇÕES GLOBAIS são quem dá as cartas em quase todos os lugares do mundo. O estado-nação perdeu força em todo o planeta.
A mídia corporativa é, sim, um instrumento de comunicação orquestrado pelas oligarquias. O problema dessa "Grande Mídia" é que ela sobrevive através de um modelo econômico puramente mercantilista: se eu pago, posso cobrar que as matérias a respeito do meu negócio sejam positivas e que se omita as virtudes do meu concorrente. Se eu quero exclusividade na transmissão de uma Copa do Mundo, não posso falar mal do Ricardo Teixeira nem do Blatter.
Ao mesmo tempo, uma mídia verdadeiramente PÚBLICA não pode, de forma alguma, ser uma mídia ESTATAL. Senão, ela será essencialmente chapa-branca. Quando um governo acabar, pode mudar a política do próximo a assumir e ou terminar com ela, ou ser administrada como um ordinário ente comercial igual às suas concorrentes.
Também não dá pra cobrar que, para se democratizar os meios de comunicação no Brasil, seja imposta uma lei que obrigue a existência de uma mídia "de esquerda" e outra "de direita" em igual proporção: primeiro, porque o consumidor de notícias vai auto-organizar esse mercado, comprando mais alguns veículos e menos outros.
Finalmente, o modelo de excelência técnica, informação predominantemente relevante e menor distorção deveria ser muito parecido com o que a BBC oferece: o estado é dono de 50% + 1 das ações e a iniciativa privada não pode concentrar ações em poucas empresas do mesmo ramo ou dos mesmos donos (se possível).
Isenção, imparcialidade, totalidade de espectros de visões diferentes com o mesmo espaço disponível e complexidade não são atributos verdadeiros da mídia, seja ela hegemônica ou não, pública ou privada.
O importante é que exista a publicização da mídia não-hegemônica a fim de que as pessoas vão atrás dela caso queiram informar-se melhor.
No caso específico do RS, a mídia corporativa criminaliza os movimentos sociais, defende o agronegócio e a privataria porque escreve predominantemente para donas-de-casa de classe média e profissionais liberais. Como se sabe, o RS é um dos estados cuja população mais abastada é mais racista, simplista, revanchista, preconceituosa e puxa-saco dos ricos.
Ora, como grande parte dos jornalistas que gostam de trabalhar na Grande Mídia também vêm dessas classes, as subjetividades produzidas por eles vão além do medo, da notoriedade ou das ordens do editor ou do patrocinador: elas já estão naturalizadas na sua própria visão de mundo.
A mídia não cria fatos, factóides e nem uma visão mais honesta ou menos honesta sobre qualquer coisa de maneira meramente impositiva para que o público acredite nela. E ela nunca esteve sozinha nesse negócio. Ela REVERBERA aquilo que a parcela da população que a consome diz e pensa de acordo com a sua realidade.
Portanto, se quisermos uma mídia melhor, precisamos investir pesadamente em sociologia, psicologia e em um reforço substancial em línguas.
Afinal de contas, enquanto vigir esse modelo mercantilista, nada irá mudar.
Por outro lado, se serve de alento, a tiragem dos jornalões e o seu número de assinantes tem caído vertiginosamente desde o final da década de 1980 no mundo inteiro. A internet gratuita tem parte nisso, apesar de que os blogs são lidos por uma minúscula minoria e que os portais de conteúdo pertencem às mesmas organizações midiáticas.
Porém, o positivo é que, na internet, um portal não possui normas fixas nem tempo suficiente para que alguém filtre todos os comentários "de esquerda" sobre as notícias desses portais.
Dessa forma, comentar ostensivamente nas notícias de política e economia dos portais surte um efeito maior do que as nossas discussões na blogosfera.
[]'s,
Hélio
Parte do texto de Nassif de hoje:
“É extraordinário o que estamos testemunhando nesses tempos de Satiagraha: é o parto de uma Nação. Haverá ainda muita frustração pela frente, muita sensação de impotência, muito ceticismo se o país conseguirá ser alçado à condição de Nação civilizada. Mas a marcha da história é inevitável. Está-se em plena batalha da legalidade contra o crime organizado. Os jovens juízes, procuradores, policiais que ousaram arrostar décadas de promiscuidade estão no jogo. Se eventualmente forem calados agora, a decepção geral será o combustível para a reação de amanhã.O país está submetido a duas forças que caminharam em paralelo mas, agora, começam a colidir”
armando
Hélio,
Não concordo neste trecho com teu raciocínio: "A mídia não cria fatos, factóides e nem uma visão mais honesta ou menos honesta sobre qualquer coisa de maneira meramente impositiva para que o público acredite nela. E ela nunca esteve sozinha nesse negócio. Ela REVERBERA aquilo que a parcela da população que a consome diz e pensa de acordo com a sua realidade".
Certa vez, J. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler disse:-uma mentira repetida várias vezes se transforma em verdade.
Então, indico que assistam o documentário Zeitgeist - The Movie, http://video.google.com/videoplay?docid=-2282183016528882906
Abraço,
Carlos.
Ai que canseira viu.
O PT não é mais o mesmo, não, pelo menos desde 1989.
Mas se a gente ficar dependendo de partido para garantir as reservas do pré-sal estamos ferrados. Precisamos é criar sociedade civil e sim o PT teve importância no start de uma sociedade civil, mas a fila anda, gente, cadê os movimentos sociais, esses têm de ser independentes e atuantes para forçar mudanças.
abraços
O fato de o PT não ser mais o mesmo deve ser comemorado e muito comemorado. O PT não é mais o mesmo, porque aquele PT antigo era fake, era ficção, era um partido de oposição a tudo e ponto final. Mas o PT chegou ao poder e não faz um governo ruim. O governo do PT fez reformas importantes, está fazendo inclusão social e está cumprindo uma agenda em sintonia com a linguagem do desenvolvimento implementada pelos países que se desenvolveram socialmente. Mas temos que ir além. Muito além.
Só há 1 movimento social neste país que enfrenta o capital: MST.
De resto, há uma preguiça universal em pensar no "mundo que vivo" e "no mundo que quero". Estabelecer essa relação e problematizá-la é demais para um bando de imbecil político.
Minha militância já é inercial, beirando a teimosia. Talvez, porque eu seja transplantada de fígado e ostomizada. Me preocupar com o acesso ao medicamento que mantém minha sobrevida e os drenos para garantir meu conforto não é pouca coisa. Meu instinto de sobrevivência fala mais alto.
Não há como ter o mundo que quero com tantos deserdados da vida e com devastação ambiental.
E a mídia não é feia, boba e má: ela é um flagelo e a nossa desgraça. Nos dias de hoje, quando se fala em comunicação, se fala em capital. Quando se fala em capital, se fala em enriquecimento ilícito. Não existe fortuna no mundo que não tenha origem na exploração e na opressão. E, mais recente, capital, mídia e crime organizado parece ter se tornado um pleonasmo.
A verdade é que o número de pessoas dispostas a enfrentar o capital, como diz a Vera Guasso, está diminuindo. Hoje são meia dúzia, amanhã serão três. É que esse discurso simplório de que todo a fortuna tem origem na exploração e na opressão, numa sociedade complexa, prolixa, difusa de prestação de serviços por toda a parte é completamente defasada. Ninguém acredita mais nisso, nessas religiões sem deus. Os catequisadores estão perdendo suas ovelhinhas.
Coloquemos, todos nós, uma coisa na cabeça: o capitalismo é apenas um acidente de percurso na história da humanidade. O tempo de duração desse acidente dependerá de uma séria de fatores. Pode durar 100, 200, 300 anos. Uma coisa é certa: nem eu, nem minha filha e nem meus netos e bisnetos verão o seu fim. Portanto, a nossa tarefa é "viver as nossas 24 horas" intensamente em busca do amor, da felicidade, da justiça social, da preservação ambiental, da solidariedade, do respeito aos diferentes e às diversas formas de vida. Enfim, escrevermos com capricho e dedicação as linhas que nos cabem nessa maravilhosa agenda que se chama vida. Estamos vivos por que no passado muitos viveram intensamente o seu tempo. Se dedicaram a ele. Ou por acaso os cientistas que descobriram as vacinas, por exemplo, não viveram intensamente para isso? Sem aquela "intensidade" não estaríamos aqui. No futuro, haveremos de nos encontrar com nós mesmos. Só dependerá de nós se aquele dia será o melhor de nossas vidas ou o pior deles. É óbvio que o futuro da humanidade será socialista e pleno de suas possibilidades sociais, emocionais e espirituais... ou não será humanidade.
Ary, o problema é que o socialismo nunca foi além do estatismo. E o estatismo demonstrou que não tem condições de prestar a todos - na unversalidade - um razoável serviço. Nenhum Estado tem essas condições. É necessário, pois, que a iniciativa privada complemente e execute certos serviços em prol da sociedade. O que é socialismo, afinal? Se socialismo é a construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor e possível, eu sou socialista. Mas se socialismo é a imposição de certas ideologias a fórceps, como se fosse aula de religião, eu realmente não sou socialista.
Mais uma coisa, Ary, muito dos cientistas que descobriram vacinas foram financiados com dinheiro privado, das grandes empresas, do grande capital. Como diz o ilustre compositor baiano: a força da grana ergue e destroi coisas belas.
Maia: "Sociedade mais justa, mundo melhor e possível" sempre foi a proposta básica do capitalismo, lembra? É o basicão, até por que o capitalismo sempre se propôs a mais do que isso.
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