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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 31 de julho de 2007

Antonioni também parte

O grande diretor de cinema, o italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007) morreu na noite de ontem, na sua casa em Roma. Ele tinha 95 anos e será sepultado em Ferrara. Ele morre no mesmo dia da morte de outro grande diretor do cinema, Ingmar Bergman. Ambos são passageiros do mesmo expresso noturno e sem volta. A informação é do portal do diário romano La Repubblica.

Conforme a Wikipédia.

O diretor Ingmar Bergman uma vez
disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e
algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e
diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma
sequência contínua de dez minutos em The Passenger (Profissão Repórter com Jack
Nicholson e Maria Schneider), ou muitas cenas em La notte (A Noite com Marcello
Mastroiani) que mostram uma mulher simplesmente vagando silenciosamente pela
cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de
beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o
estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, entedia certas pessoas.

No filme Zabrieskie Point (1970), o marxista Antonioni fez uma crítica à sociedade norte-americana e flertou com o movimento hippie embalado por músicas do Pink Floyd, Grateful Dead e Rolling Stones. Um bom filme.

Para mim, no entanto, o melhor filme de Michelangelo Antonioni foi Profissão: Repórter (The Passenger, de 1975), que começa em algum lugar quente da África, num pequeno hotel cheio de areia, onde um jornalista morre, e o personagem vivido por Jack Nicholson rouba a identidade do morto e foge de tudo, indo para a Espanha, onde conhece a sensual Maria Schneider (na foto, com Jack Nicholson), a mesma de O último tango em Paris, de Bernardo Bertolucci. Um ótimo filme.

O oportunismo de Luciana Genro não tem limites

O papel a que está se submetendo a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) nesta fase pós-tragédia de Congonhas é muito ruim. A deputada do PSOL comparece a programas de debates, dá declarações categóricas e autorizadas ao baronato midiático com um desempenho lamentável.
Mal desconfia que a sua presença é solicitada tão-somente para emprestar uma pluralidade falsa a programas pseudo-jornalísticos que só visam politizar e ideologizar a crise aérea e a tragédia de Congonhas.
Mal compreende, a deputada, que está servindo de instrumento útil aos propósitos da direita e de uma sonhada nova edição da privataria que enfraquece o Estado e enriquece alguns poucos.

Luciana Genro arromba portas abertas, diz as maiores obviedades, as platitudes mais evidentes em nome de uma indignação postiça e eleitoreira.
Já se vê que para essa parlamentar pequeno-burguesa radicalizada na palavra e no gesto calculado não há limites. Ela conseguiu superar o indizível deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS), considerado imbatível com suas inflexões de choro e piedade no local exato da tragédia, horas depois da ocorrência.

Se ela quisesse mesmo ajudar que fosse estudar e propor uma legislação moderna e eficiente para a ANAC. Desde que essa agência de regulação foi criada, em março de 2006, carece de leis que amparem sua ação normativa e fiscalizatória.
Dia desses, o presidente da ANAC, Milton Zuanazzi, cobrado por imprimir mais rigor nas sanções às empresas operadoras, dizia que a multa máxima era de dois mil reais, e que a instituição não poderia arbitrar valores maiores sob pena de ser condenada futuramente na Justiça por prática abusiva.

Mas Luciana, como uma Salomé globalizada, quer a cabeça gotejando sangue do primeiro João Baptista que ela mirar. Como se vê, certa pseudo-esquerda ainda opera na política com os velhos mitos bíblicos para angariar prestígio social e muitos votos na próxima feira eleitoral.

O problema Globo e a solução Jango



Deu no Conversa Afiada.

O professor Marco Aurélio Garcia foi ao programa “Canal Livre”, da
TV Bandeirantes, na noite deste domingo, dia 29, e esquivou-se de
responsabilizar a Globo pela campanha para derrubar o Governo a que serve.
Por duas vezes – em perguntas de Antonio Telles e Fernando Mitre – Garcia
teve a oportunidade de dizer “sim, refiro-me à Globo”.
E não disse.
Garcia dizia que órgãos de imprensa tentavam substituir e conduzir os
partidos de oposição na tarefa de combater o Presidente Lula.
Telles
perguntou diretamente: “é a Globo” ?
Garcia não respondeu.
Garcia foi ao
programa para se explicar sobre o inexplicável, aquele gesto inaceitável do
“top-top”.
A Globo fez muito bem em filmá-lo e em divulgar o que filmou.
É para isso que existe a imprensa.
E as autoridades que se comportem com
um mínimo de compostura.
Isso é uma coisa.
Outra coisa é a campanha
feroz que a Globo desfecha e desfechará para derrubar o Presidente Lula.
E
diante da possibilidade de denunciar esse abuso de uma concessão pública, o
professor Garcia se calou.
O Governo Lula tem medo da Globo.

......

Só não concordo que o gesto do “top-top” seja inaceitável. Privadamente, como foi, é aceitável, sim. Foi um soluço de politização de alguém do Planalto, face a histeria da mídia corporativa. Deveria ter tido desdobramentos menos chulos, mas o professor Garcia preferiu fugir do tema, como observa Paulo Henrique Amorim.

De uma coisa estejamos certos, o presidente Lula, a ministra Dilma, o professor Garcia e outros menos votados do lulismo planaltino não farão jamais esse enfrentamento com o baronato midiático e a direita. A se repetir o dilema do tipo Jango-Brizola, quando da imposição golpista do parlamentarismo em 1961, o governo Lula optará sempre (mil vezes) pela solução Jango – o escapismo, a negaça e a solução conciliatória, cordialmente conciliatória.


A fotografia é ilustrativa, Brizola está indignado, Jango tímido, quase envergonhado, por ter aceito a proposta indecente de Tancredo Neves. Era 1961, e o golpe já ensaiava suas primeiras falas e gestos.
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