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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Será que estamos diante de outro Gilmar Mendes?


A "coragem" dos que votaram a favor dos torturadores

O ministro Cezar Peluso (nomeado por Lula), presidente do STF, que acaba de substituir o esquecível Gilmar Mendes, a meu juízo, sintetizou em palavras o trágico reacionarismo daquela corte. Ao dar o voto contrário ao processo e punição dos agentes do Estado que torturaram, sequestraram e assassinaram, Peluso disse:

- Uma sociedade que queira lutar contra seus inimigos com as mesmas armas, os mesmos sentimentos, está condenada a um fracasso histórico.

Os criminosos da ditadura civil-militar - caso vencesse aqueles que não os querem perdoar - seriam objeto de Justiça. Jamais seriam usadas as "armas" dos torturadores, qual sejam, a injustiça, a covardia, a vileza e o sadismo fardados com o uniforme de agentes do Estado.

Os "sentimentos", referidos pelo ministro Peluso (foto), não seriam os dos que torturam em nome do Estado, mas dos que lutam para que a tortura e os crimes comuns não sejam uma prática corriqueira de Estado, como o foi no período 1964 a 1985.

Condenado ao "fracasso histórico" estaria o País se dependesse de homens e mulheres com a "coragem" cívica dos que ontem votaram - de forma consciente e soberana - em favor da tortura, do sequestro e do assassinato patrocinados pelo selo oficial da República brasileira.

Ex-Osmarina reza no altar dos parasitas


Candidata do PV apoia alta dos juros, que vai drenar 11 bilhões para os especuladores, dinheiristas e demais parasitas em geral

Ontem, num desses telejornais noturnos eu vi a senadora Marina Silva afirmar que apoia a decisão do Copom - leia-se Banco Central, entenda-se sistema bancário-financeiro do Brasil - de aumentar os juros no País.

À Marina Silva nunca enderecei os meus melhores humores e expectativas. Quando petista, ela sempre alinhou-se com a banda mais desbundada, direitosa, não por acaso, o grupo hegemônico do Partido dos Trabalhadores. Religiosa, exonerou-se da devoção católica apostólica romana e aderiu a uma dessas dissidências popularescas do cristianismo, não raro abrigo de aproveitadores ascensionais e "vendilhões do templo", como acusa o sagrado Evangelho de Cristo.

Assim, Osmarina Silva, que por uma razão estética pequeno-burguesa, prefere ser chamada de Marina (eis um traço revelador da sua transmutação de classe, Osmarina talvez soasse muito proletário, será isso?), é um feixe de múltiplas justaposições de classe. De origem muito humilde, vem de um estrato que aspira a proletarização. Proletária, aspira ascender às classes médias. Cultivando alguma culpa por esse ascenso súbito de classe, radicaliza na opção religiosa pelo fundamentalismo pedestre dos evangélicos. Classe média, senadora da República, aspira à presidência, como se um mandato divino a autorizasse e a legitimasse. Mas ela não desconhece as leis férreas do mundo político tradicional, quem ajoelha precisa orar em favor do deus capital.

Marina, ex-Osmarina, ontem se ajoelhou plácida e voluntáriamente no altar do dinheiro, na igreja dos bancos, obedecendo aos cardeais das finanças, e orou com fervor:

- Eu vos adoro, sagrada Providência. Iluminai com vossa sabedoria e infinita bondade essa serva do Senhor. Rogo o vosso óbolo para que esta cordeiro de deus leve a vossa igreja a toda a gente brasileira, nas eleições que se avizinham.

Ainda não sabemos se os bancos entenderam o recado tão piedoso e contrito, e se entenderam, se de fato pingarão óbolos no pires verde da ex-Osmarina.

Coisas da vida.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Serra cultiva a vaidade de ser alto


Era só o que faltava...

Deu na coluna "Painel", da Folha (um jornal sabidamente serrista):

Elevador

Ao posar ontem [terça, 27] durante visita ao Mercado de Arte, em Feira de Santana (BA), Serra percebeu que era mais baixo do que as outras três pessoas que apareceriam junto com ele na foto. O tucano não teve dúvida: equilibrou-se na ponta dos pés.

Aumento dos juros drena 11 bi para os bancos


A volta do Mandrake

Lá vêm eles, de novo, dar outra volta na torneirinha mágica. E, desta vez, parece que é para soltar um jorro mais forte. Estão ameaçando com um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros. Até parece que alcançamos o pleno emprego e que não existe outro remédio para conter um suposto aquecimento da demanda que estaria atiçando o monstro da inflação.

Existem outras medidas, até mais eficientes, para conter um eventual aquecimento da demanda, como a majoração nos depósitos compulsórios dos bancos, ou algumas restrições creditícias. É claro que tais medidas são contrárias aos interesses do sistema financeiro, principal beneficiário do aumento da taxa de juros, que, por sua vez, vai se constituir em mais um poderoso estímulo a massivas entradas de capitais especulativos e consequente valorização artificial do real, em prejuízo de nossas exportações e barateando as importações, freios cumulativos à produção e ao emprego nacionais.

Espalha-se por aí um pavor pelos efeitos que provocaria sobre o orçamento federal um aumento adicional de 0,75 ponto no reajuste dos aposentados do INSS que recebem acima de um salário mínimo. Esse diferencial representaria aproximadamente R$ 1,5 bilhão de aumento no chamado déficit da Previdência. Ora, o aumento da taxa de juros em 0,75 ponto vai gerar um ônus adicional ao Tesouro de não menos que R$ 11 bilhões, no valor dos juros a pagar sobre a dívida pública e, portanto, no déficit total. Claro, quem vai receber esses R$ 11 bilhões é o sistema financeiro. Danem-se os milhões de aposentados e os novos desempregados gerados pelo desestímulo ao investimento e à produção, pela maior taxa de juros e pela contenção do “perigoso” aquecimento da demanda.

Com essas considerações, pretendo desmistificar, mais uma vez, a ação deletéria do Mandrake e sua torneirinha mágica.

Numa economia como a nossa, com alto nível de desemprego, é criminosa toda política orientada à redução do dinamismo do sistema econômico. Sensatas seriam as políticas de estimulo à ampliação do potencial produtivo e à utilização da capacidade instalada, gerando a oferta que irá atender a bendita expansão da demanda, que tanto assusta os apologistas da estabilidade como um fim absoluto. Medo de crescer 5% ao ano, enquanto os chineses crescem a mais de 10%, sem medo de ser feliz? Nossa meta deveria ser de crescer numa média de 7% ao ano, para dobrar nossa renda per capita em 10 anos. Depende somente de vontade política. Potencial para isto o Brasil tem.

Artigo do economista Walter Hahn, consultor da FAO/ONU e conselheiro da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul. Publicado ontem no jornal Zero Hora.

Amestrados da Band apertam diretor do Vox Populi



Mas fracassam. Boris Casoy e Fernando Mitre acabam saindo chamuscados por Marcos Coimbra.

Vídeo de 12 minutos.

Zé Cafofinho é mesmo bom



Ontem eu reclamei aqui da prolongada depressão criativa da MPB. Recebi um puxão de orelha de Beto Silva, do Recife. Ele mandou escutar o pernambucano Zé Cafofinho & suas Correntes, ou mais precisamente Tiago Andrade e sua banda.

Vejo que minha provocação rendeu frutos copiosos e sumarentos.

Escutei e gostei do Cafofinho. Ainda estou escutando e acho que vou gostar mais. A ver. Parece de fato um cara criativo, uma brisa morna que balança as folhas verdes da nossa sensibilidade. Vejamos se ele tem fôlego.

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Ao Portela, de Salvador:

Rapaz, não sou rato de internet para saber destes valores musicais todos que você aponta. Só faço navegação de cabotagem. Acredito que pelo Brasil afora tenha de fato incontáveis músicos explorando novas fronteiras da nossa rica musicalidade. Que bom que você nos indica tantos nomes!

A propósito, os caras da banda Móveis Coloniais de Acaju, de Brasília, estão fazendo um concerto hoje em Porto Alegre.

Toma nota aí na sua lista, Portela: Pata de Elefante, música instrumental.

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Madame Cruvinel bem que pode criar um programa na novíssima TV Brasil com esses músicos todos. Cai de maduro a montagem de uma série televisiva de MPB com gente nova, sem figurinha carimbada com o selo azedo da mesmice e do cansaço criativo.

MST: "Temos que nos aliar ao povo das cidades"


Entrevista com Stedile

Há cerca de 30 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou a se organizar nacionalmente com um propósito: promover a reforma agrária no Brasil. Os anos passaram, o movimento se consolidou, milhares de militantes foram assentados, e o foco de atenção do MST se ampliou.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, João Pedro Stedile, um dos líderes nacionais do movimento, afirmou que é hora de os sem-terra lutarem por um agricultura mais fraterna e sustentável. Segundo ele, os militantes devem agora buscar diferentes alianças, principalmente com a população da cidade, para alcançar dois novos objetivos: a redução do uso de agrotóxicos nas lavouras e o fim do domínio de empresas multinacionais sobre a agricultura nacional.

“O MST percebeu que não basta você ser contra o latifúndio e a favor da distribuição de terra. Você tem que lutar também pela mudança do modelo agrícola.”

Stedile disse que, atualmente, três ou quatro empresas de atuação global dominam o mercado nacional de sementes, insumos e fertilizantes. “Isso subordinou a agricultura brasileira. Elas controlam o mercado mundial, controlam os preço e impõem o que querem à nossa agricultura.”

Ele disse também que poucas companhias incentivam os produtores rurais brasileiros a ser os que mais consomem agrotóxicos no mundo. São 720 milhões de litros por ano. “É impossível que isso tenha futuro. Os venenos destroem a fertilidade do solo, contaminam a água, ou então ficam nos alimentos que vão para o nosso estômago.”

Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista:

O MST espera conseguir o apoio de outros setores da sociedade com essa nova política de atuação contra os agrotóxicos e multinacionais?

Nós temos certeza de que a imensa maioria da sociedade brasileira também defende este programa. Já, agora, em movimentos pontuais, nós atuamos com o Greenpeace, com o movimento ambientalista e com os setores de defesa do consumidor. O próprio Idec [Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor] tem nos apoiado na questão dos agrotóxicos.

Essa nova política pode ajudar a mudar a imagem negativa do MST com alguns segmentos?

A ampla maioria da sociedade brasileira nos apoia. Se o MST não tivesse apoio já teria sido destruído. Agora, queremos dar um passo a mais. Temos que nos aliar ao povo da cidade. Veja a situação dos agrotóxicos: quem come os produtos cheios de venenos? O povo pobre da cidade. Então, quando nós vamos resolver isso? Quando as massas da cidade tomarem consciência desse problema e resolverem se mobilizar.

A mudança de foco de atenção significa a redução das ocupações de terra?

A ocupação faz parte da história da humanidade. Sempre que um território é apropriado apenas por uns poucos e nesse mesmo território convivem milhares de pessoas sem acesso à terra, é evidente que haverá ocupação. A política do MST é de organizar os pobres para que lutem por seus direitos. Em alguns lugares, serão passeatas. Em outros, ocupações.

Essa nova política é consenso no MST? Não seria uma proposta de parte do movimento que já foi assentada e, por isso, não milita mais pela terra?

Consenso é a pior palavra. O consenso é burro. Em qualquer movimento social, há opiniões diferentes. Mas essa política que eu expressei aqui é da ampla maioria. Evidentemente, por causa da natureza da nossa luta, em cada região há um grupo que prioriza um aspecto. Se um sujeito está acampado, ele tem que lutar para conquistar terra o quanto antes. Se ele já está assentado há vinte anos e está enfrentando o problema do agrotóxico, é claro que o agrotóxico é o centro da luta dele.

O MST pretende apresentar essas propostas aos candidatos à Presidência?

Nós estamos pensando em apresentar essas propostas para todos os candidatos, não só a presidente como a governos estaduais. Daqui até maio, eu acredito que esse processo de discussão das sugestões já vai estar concluído e, quando começar a campanha, vamos contribuir.

Já existem sugestões?

Sim. Nós achamos que temos de transformar a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] numa grande empresa estatal. Ela deve garantir a compra de produtos dos camponeses e abastecer mercados populares com produtos de qualidade. Nós também temos que controlar o ingresso de multinacionais no Brasil. Estes dias eu li no jornal que uma empresa chinesa quer comprar 100 mil hectares de terra aqui. Isso é um absurdo. Não pode acontecer.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vejam só a conversinha de fazer vento do deputado Ivar Pavan


Como o personagem Zeca Diabo, do Dias Gomes: - Sim, não, sim, não, não, sim, não, não, não, sim...

29ª Sessão Ordinária, terça-feira, 27 de abril de 2010

O SR. IVAR PAVAN (PT) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Saúdo as demais pessoas que nos acompanham nesta discussão.

Primeiro, queria registrar que tenho pleno acordo com os critérios que foram defendidos aqui pelos deputados Adão Villaverde e Elvino Bohn Gass de que precisamos, nesta Casa, estabelecer um regramento que possa deixar preciso para todos como será o método da indicação dos futuros conselheiros do Tribunal de Contas.

Concordo com a fala do deputado Paulo Odone, da importância de ter critérios. O critério de as quatro maiores bancadas presidirem a Casa valoriza o resultado das urnas. Esse foi o entendimento.

Entretanto, estamos solicitando uma mesa para debater o tema do estabelecimento de critérios, que podem ser modificados. Se acharmos que há um critério mais justo, vamos adotá-lo, para o interesse da sociedade. Temos acordo com isso.

Com relação ao deputado Iradir Pietroski, talvez nesta Casa ninguém tenha feito um embate tão longo de disputa regional como eu e S. Exa. na Região do Alto Uruguai – e isso por muitas eleições. Por muitos anos fizemos debates tensos e outros mais amenos, mas foi uma permanente disputa entre dois parlamentares de partidos diferentes, normalmente um no governo e outro na oposição, e sempre fazíamos democraticamente uma grande disputa.

A nossa bancada tomou a posição de abster-se da votação, por conta de uma postura de aguardar que se tenha um critério mais transparente, numa forma de registrar a sua posição.

Solicitei ao líder da bancada que me autorizasse não a divergir dessa posição, mas a votar favoravelmente à indicação do deputado Iradir Pietroski, pois a nossa Região do Alto Uruguai se sente valorizada com a indicação de um cidadão de lá para ser um conselheiro do Tribunal de Contas. Já tivemos no passado, não temos mais.

Dessa forma, enquanto deputado da região, até por ser de outro partido e pelo fato de as lideranças políticas do meu partido acharem oportuno e adequado que eu votasse a favor do interesse da região de ser contemplada com esse cargo, com esse espaço no Tribunal de Contas, pedi autorização para o líder da minha bancada e vou manifestar meu voto favorável à indicação do deputado Iradir Pietroski, mas concordando com os critérios que a bancada estabeleceu da necessidade e urgência de estabelecer-se um regramento para a indicação dos futuros conselheiros. Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)

Discurso pescado no portal web da Assembleia Legislativa/RS. Grifo nosso.

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Pavan insiste em repetir que pediu autorização para o líder da sua bancada, o PT.

Com o punhal na mão, decidido a trair, o deputado Pavan foi pedir "autorização" para o seu líder de bancada.

Como se a "autorização" aludida fosse uma espécie de anistia prévia para o que ele estava prestes a perpetrar.

Pavan queria uma licença para trair. E traiu. Licença para cancelar a ética na política - só por um instante - e traiu.

Traiu cravando um punhal na sua própria biografia.

Quem não tem cão vai de Caetano mesmo




Crise prolongada na MPB

A má fase da música brasileira já dura alguns anos. Me apontem um grande nome surgido nos últimos tempos. Arrisco a dizer que a maior revelação da música brasileira ultimamente é Jorge Drexler, que é nascido no Uruguai, mas faz uma música brasileiríssima. Reparem, em cada composição do uruguaio - letra e música -, há uma forte influência da bossa nova, de Chico Buarque e até de Caetano Veloso. Drexler é um letrista refinado e um músico singular. Tem uma carrada de novas (ótimas) cantoras, tanto no RS, quanto no Brasil, mas parem para observar: o repertório que cantam é sempre antigo, músicas recorrentes, batidas, sem novidade alguma. Desolador.

Mas vamos escutar Caetano, nesta bela composição "O Estrangeiro". O cara devia cessar de discursar cucurbitáceas, dizendo tolices autorreferenciadas, narcísicas e reacionárias. Consegue ganhar de Roberto Carlos e Pelé, juntos.

RBS condenada por danos morais a desembargador


Reparação está em 250 mil reais

A RBS TV Porto Alegre e a RBS Empresa de TVA Ltda. (TV Com, Canal 36) deverão pagar reparação financeira por danos morais ao desembargador do TJRS Odone Sanguiné, em função de um trecho de reportagem veiculada quatro vezes no final da década de 1990.

A 4ª Turma do STJ deferiu o pedido formulado pelo magistrado, restaurando os efeitos da sentença de condenação, no valor nominal de R$ 60 mil, devido à perda de prazo para apelar, por parte da defesa, ante a sentença de primeiro grau, que foi de procedência.

A indenização é por conta de omissão de informação no caso - ocorrido em janeiro de 1980 - em que Sanguiné - então como promotor de justiça - tentava impedir, judicialmente, o badalar dos sinos de uma igreja, situada na comarca de Panambi, no interior do Estado do RS.

Entre 6 e 11 de dezembro de 1999 - em quatro ocasiões - a RBS TV (uma vez) e a TV Com (três vezes), apresentaram e repetiram reportagem da série “Rio Grande: Um Século de História” em que divulgavam o fato de o então promotor de justiça Odone Sanguiné estar, à época, em conflito com uma igreja evangélica na cidade interiorana.

Sanguiné sempre sustentou que não participava do conflito na condição de membro do MP, mas como simples cidadão. Mas a matéria jornalística - veiculada quatro vezes - ocultou este fato dos telespectadores. Segundo a petição inicial, a omissão da informação "ocasionou grandes prejuízos à imagem do autor da ação".

Pescado do portal jurídico Espaço Vital (menos os títulos).

Mídia imobiliária insiste em vender o Morro Santa Teresa


As razões imobiliário-yedistas são desonestas

O argumento em favor da bandalheira da venda do Morro Santa Teresa (terreno de 74 hectares da Fase) é desqualificado e de má-fé.

Por que é desqualificado e de má-fé?

Ora, por esses 25 motivos:

1) Mistura - de forma maldosa - a intenção de dar dignidade às ações socioeducativas com a simples venda de uma vasta área do estado em pleno coração urbano de Porto Alegre.

2) O governo Yeda e a mídia que o apoia está interessado em simplesmente vender o terreno, que é muito valioso, pois está sobre uma imponente elevação rochosa à beira das águas doces do Guaíba, num cenário cinematográfico, cobiçado pelos especuladores do solo urbano.

3) É falsa a preocupação do governo Yeda e da sua mídia amiga com a qualificação socioeducativa dos jovens internos da Fase.

4) Se essa preocupação fosse verdadeira, por que o governo Yeda não promoveu antes políticas públicas e destinação de recursos para a Fase?

5) Por que a preocupação surgiu somente no último ano de gestão da governadora Yeda?

6) Por que deixou a Fase se degradar tanto, a ponto de não atender as exigências do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - Sinase?

7) A súbita preocupação com a Fase e seus internos, por parte do governo Yeda, é sim um simples "negócio imobiliário", nada mais que um vil e desavergonhado business imobiliário. Ponto.

8) Caso contrário, por que então o PL 388/2009 de iniciativa do Poder Executivo tem somente quatro artigos? E onde estão as garantias fartamente verbalizadas (blablablabla eólico) pelo yedismo e sua mídia imobiliária?

9) No primeiro artigo é descrito o terreno da Fase, seus limites territoriais, dimensões e localização, bem como o número da matrícula do imóvel no cartório de registro da Comarca de Porto Alegre.

10) O segundo artigo afirma que os recursos obtidos com a alienação ou permuta do imóvel serão destinados à construção de unidades descentralizadas para a execução das medidas socioeducativas do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.

11) O terceiro artigo é o de praxe: "as despesas decorrentes da aplicação desta Lei correrão à conta de dotações orçamentárias próprias".

12) O quarto e último artigo, idem: "esta Lei entra em vigor na data da sua publicação".

13) A simples leitura do PL 388/2009 mostra que o governo Yeda só está pensando em vender o terreno da Fase.

14) A aprovação deste projeto de lei é um cheque em branco, uma autorização expressa para o governo Yeda fazer o que bem entender com os recursos advindos da transação imobiliária.

15) Não há garantias para o destino digno e seguro das famílias que ocupam parte da área da Fase.

16) Não há garantias quanto à preservação ambiental do terreno e suas 17 espécies vegetais ameaçadas de extinção.

17) Não há garantias quanto à preservação do patrimônio arquitetônico e histórico das edificações do complexo da avenida Padre Cacique.

18) Os quatro singelos artigos do projeto de lei não dão conta de tantas questões pendentes, irrespondidas, omissas e sem responsabilidade por parte do Poder Executivo.

19) A mídia imobiliária e o governo Yeda garantem que o Judiciário, a OAB, o Ministério Público, e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente são favoráveis ao projeto. Onde estão as manifestações expressas dessas idôneas instituições?

20) Ninguém é contra a qualificação do atendimento da Fase.

21) Mas onde está escrito que o Judiciário, a OAB, o Ministério Público, e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente são favoráveis a simples venda dos 74 hectares da Fase?

22) O PL 388/2009 de autoria do Poder Executivo é inconstitucional.

23) O terreno da Fase, objeto do PL 388/2009, está em litígio judicial, conforme Ação Civil Pública que tramita no Foro Central sob número 001/1.09.0093594-8.

24) Área pública em disputa judicial não pode ser alienada ou permutada.

25) Caso os deputados da Assembleia Legislativa, por maioria simples, autorizarem a transação imobiliária pretendida pelo Executivo, esta poderá ser futuramente anulada pelo Judiciário.

Rede pública de TV começa a funcionar na próxima segunda-feira


Vem aí também o portal de notícias da EBC

A partir da próxima segunda-feira, dia 3 de maio, mais de 100 milhões de brasileiros passam a contar com uma rede pública de televisão que vai levar a programação da TV Brasil para as residências de 23 estados. Mais de 700 emissoras de diversos municípios, incluindo afiliadas e retransmissoras, estão envolvidas nessa transmissão. A informação é da Agência Brasil.

A Rede Nacional de Comunicação Pública é formada pelos quatro canais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por sete emissoras universitárias e por 15 emissoras públicas estaduais. As negociações para a formação desse sistema começaram há dois anos.

Ontem, foi instalado no Rio de Janeiro, o comitê que vai se reunir duas vezes ao ano para discutir a programação e os assuntos jurídicos e comerciais da rede. Durante a formalização do grupo, a presidente da EBC, Tereza Cruvinel, lembrou que o Estado nunca tinha apresentado interesse real em ter um sistema público de comunicação. Ela lembrou que a rede é resultado de um trabalho que começou há apenas 2 anos e meio e que, agora, tornou real a negociação que, à época, era considerada utopia.

“Com a criação da EBC existe um sistema público federal que está se articulando com as emissoras estaduais para avançar tanto em tecnologia, em cobertura, quanto em oferta da programação diferenciada, porém de qualidade, focada em cultura, educação, ciência, arte e formação da cidadania de forma atraente. Isso que as televisões nunca puderam oferecer: uma programação boa, diferente, complementar, mas que atraísse o telespectador", disse a presidente da EBC.

"Hoje, nossas pesquisas indicam que a televisão pública está se tornando referência de programação para o cidadão brasileiro. Quando ele não quer assistir o que está no canal comercial ele tem alternativa de boa qualidade na televisão pública”, garantiu.

Tereza Cruvinel destacou que esse processo é parte de grande um sistema público de comunicação que está sendo construído por etapas. “Como o primeiro desafio foi implantar a TV pública, estamos fazendo a rede de televisão. Vamos avançar com a rede de rádio e com o portal de notícias, congregando também, no futuro, os sistemas estaduais”, acrescentou.

terça-feira, 27 de abril de 2010

ZH: varejo comercial e apedeutismo


Comércio de mercadorias disfarçado de jornalismo

Página 20, ZH de hoje: anúncio comercial de uma joalheria da praça disfarçado de matéria jornalística. Para piorar, o adjetivo eterno antecedido do advérbio tão.

Quando se classifica algo como eterno, está subentendido que é de duração indefinida, portanto não necessita do advérbio tão. Não há escala para eterno, não existe o mais eterno e o menos eterno, portanto, o uso do tão - neste caso - é um claro atestado de pouca familiaridade com a língua, por parte de quem formulou a manchete da página 20 de ZH.

Um apedeutismo imperdoável. Eterno.

ZH está expondo o seu anunciante - a joalheria - ao ridículo.

Ipea faz proposta sobre popularização da banda larga no Brasil


Nossa banda larga atual é ruim e muito cara, diz órgão do governo federal

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) defendeu, em estudo divulgado ontem, a intervenção do governo para assegurar a expansão da banda larga no país. O instituto recomenda três formas de atuação: massificação dos serviços por meio de recursos do Fundo de Universalização do Sistema de Telecomunicações (Fust), instituição de algum subsídio ou desoneração da cadeia produtiva do setor e a criação de uma estatal para oferecer o serviço. A informação é do jornal Valor, de hoje.

Segundo o estudo, apenas 12 milhões de domicílios possuíam acesso à banda larga em 2008, o equivalente a 21% dos domicílios existentes no país. "Mesmo sujeita à livre concorrência, a oferta do acesso à banda larga é exageradamente concentrada", conclui o texto. "Há um problema claro de falta de competição no setor", diz a pesquisadora Fernanda de Negri.

O tom "trágico" do estudo é verificado também nas palavras de João Maria de Oliveira, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea. "Conclui-se que a diferença em relação à oferta nos países desenvolvidos está avançando", sustenta ele. Segundo o estudo, em 2009, o custo médio da banda larga no Brasil era de 4,6% da renda mensal, enquanto que na Rússia era de 1,68% e, nos países desenvolvidos, a média é de apenas 0,5%.

A última versão do Plano Nacional de Banda Larga, que será submetida, ainda nesta semana, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai prever isenção de tributação para as empresas dispostas a fornecer internet rápida a preços populares, como sugere o estudo do Ipea. O governo pretende fornecer internet "no atacado" a preços inferiores aos praticados hoje no mercado e já está trabalhando em uma linha de financiamento, para empresas que se tornarem parceiras, superior a R$ 5 bilhões, além de um conjunto de normas para garantir a qualidade e o preço baixo para o consumidor.

A política tributária da proposta vai prever isenção de impostos para serviços destinados a populações de baixa renda, por exemplo. A linha de financiamento já está sendo desenhada pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Caso o presidente bata o martelo, o plano poderá ser lançado nos próximos dias. A intenção é que, dentro de um ano, seja possível vender internet no atacado por menos da metade da média de preço praticada atualmente pelo mercado. Com isso, o governo pretende tornar acessível, com a parceria de empresas privadas, internet banda larga ao preço médio de R$ 35 a cerca de 90% da população brasileira

Leia aqui o estudo do Ipea, na íntegra.

Vendendo o Morro Santa Teresa


Moradores fazem protesto contra a venda do terreno da Fase

Moradores das seis comunidades que serão atingidas pelo projeto de reestruturação da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE), estão se concentrando, neste momento, perto do Mirante no Morro Santa Teresa, em Porto Alegre.

Por volta das 8h, eles iniciarão uma caminhada até a frente da sede da Fase (ex-Febem) na avenida Padre Cacique, onde farão um protesto. A manifestação é contra o projeto do governo Yeda que pede autorização à Assembleia Legislativa para vender ou permutar o terreno da Fase de 74 hectares, que ocupa mais da metade do Morro Santa Teresa. Às 9h, um outro grupo de moradores se deslocará para a Assembleia, para acompanhar a votação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça.

As famílias exigem a retirada do projeto e querem a formulação de uma nova proposta que contemple a urbanização da comunidade, gere emprego e renda. No projeto, o governo Yeda não faz menção ao destino das 20 mil pessoas que residem na área. Os moradores também temem que o terreno
seja alvo de especulação imobiliária, já que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 está atraindo o interesse de empresas privadas para a construção de prédios de luxo no local, um dos mais valorizados de Porto Alegre.

A proposta do governo Yeda não contempla os laudos da Fundação Zoobotânica que apontam a existência de 17 expécies vegetais em perigo de extinção, além de três nascentes que alimentam o Guaíba.

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O projeto de lei 388/2009 do governo Yeda que pretende vender parte do Morro Santa Teresa aos especuladores imobiliários é inconstitucional.

Por que o PL 388/2009 é inconstitucional?

Ora, por dois motivos:

1) A área foi incluída no programa de regularização fundiária do estado do Rio Grande do Sul, conforme Decreto estadual.

2) A área está sob litígio judicial por efeito de uma Ação Civil Pública que tramita no Foro Central com o número 001/1.09.0093594-8.

Portanto, o referido projeto de lei não atende a exigência legal da constitucionalidade. A área está em disputa judicial, enquanto perdurar esse processo não pode ser objeto de comércio ou permuta de qualquer natureza.

No direito brasileiro, os três poderes devem zelar pela constitucionalidade de seus atos e feitos, uma lei ordinária, um simples projeto de lei, não podem ferir o preceito constitucional, caso contrário, devem ser tornados sem efeito, arquivados ou reformados nos termos da Constituição Federal.

Charge do Santiago

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A personalidade da cantora Nina Simone



A canção é plana, bonitinha-quase-idiota, sem espessura, sem volume, uma coisinha docinha-popularesca. Mas como cresce com Nina Simone! Fica quase relevante. Vejam o que é a personalidade de uma grande intérprete, de uma grande mulher. O que era medíocre, fica emocionante!

Vende-se carro ano 2011


Parece anúncio de picareta, não?

Se fosse anúncio de classificados de jornal você certamente iria duvidar, iria supor que se tratasse de algum golpe, de um picareta inescrupuloso, de um vivaracho que quer vender gato por lebre - muito comum no mercado de automóveis usados.

Mas, não.

Trata-se de anúncio de uma conhecida montadora estabelecida no Brasil, aliás, com gordíssimos incentivos fiscais, financiamento de pai para filho do banco estatal de fomento, o BNDES, para não falar em gratuidade na instalação de infraestrutura no terreno da planta industrial.

Pois, a montadora está anunciando em rádios, jornais e televisão, bem como no seu portal na web, automóveis ano 2011.

Estamos no quarto mês do ano de 2010, e a montadora oferece mercadoria 2011.

Como se chama isso na sua terra, prezado cavalheiro, honrada dama?

Na minha, tem um nome: vigarice e picaretagem. Não sei o que predomina.

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Que instituição pública irá coibir/punir essa prática de crime contra a fé pública e o ludíbrio ao consumidor?


Pulverização das verbas de publicidade do Governo Federal enlouquece grande mídia


Lulismo de resultados incomoda Leitão e PIG

Deu na Coluna da Miriam Leitão, em O Globo, edição de ontem:

O último balanço disponível sobre o destino dos recursos da publicidade oficial mostra um crescimento impressionante do número de veículos de comunicação que recebem verbas federais.

Em 2003, esse número chegava a 499, distribuídos em 182 municípios.

Em 2009, pulou para 7.047, em 2.184 municípios. A política de regionalização das verbas publicitárias é uma bandeira do governo Lula. Números fornecidos pela Secom mostram que a publicidade oficial já alcançava, em 2009, 1.791 veículos de outras mídias, sem contar as tradicionais: rádios, jornais, tevês e revistas.

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Medida correta do lulismo de resultados: desconcentrar os recursos da publicidade oficial.

Pena que essa "política de comunicação" fique no meio do caminho, uma ação cosmética, de superfície.

Isso só não basta.

Trata-se de uma medida singular acertada, menos injusta, mas insuficiente e incapaz de constituir uma política consistente, estratégica e duradoura.

ZH envenena a água da internet



Internet possibilita que eleitor de coadjuvante passe a protagonista

O jornal Zero Hora expressa temor com o advento da internet de massa no Brasil, em matéria publicada ontem, na edição dominical (ver acima).

A rigor, as eleições de 2010 serão as primeiras de nossa história com a presença de um protagonista até então coadjuvante lateral nos processos eleitorais brasileiros, pelo menos desde que a TV começou a definir com grande capacidade de influência o voto da cidadania - o eleitor. A força da mídia televisão começou a se impor entre o final dos anos setenta e início dos anos oitenta, no Brasil.

Uma ilustração do fenômeno foi o eclipse dos comícios de massa, seja nos pequenos núcleos urbanos, seja nas grandes capitais do País. As campanhas eleitorais se reduziram a praticamente um endereço: a televisão, muito secundariamente, o rádio, e algum comício ralo nas periferias e no interior profundo do Brasil. Nesses poucos e raros ajuntamentos eleitorais para ouvir um candidato, conta o anedotário, que muitas vezes havia mais assistentes embriagados e cães vira-latas que propriamente cidadãos eleitores com disposição para conhecer programas e plataformas políticas.

Se o processo pré-eleitoral dos comícios faz parte do passado, as campanhas exclusivamente de televisão igualmente tendem a ser fenômeno pretérito. A campanha eleitoral de 2010, arrisco a afirmar, será uma espécie de linha divisória entre duas modalidades preponderantes de campanha eleitoral: o debate monocanal via televisão, e o debate de duas mãos via internet. Tudo indica que este será o último suspiro da televisão como ferramenta tecnológica exclusiva das campanhas eleitorais brasileiras. Hoje, no Brasil existem cerca de 50 a 60 milhões de internautas - pessoas de todas as idades e condições sociais que acessam diária ou regularmente a rede mundial de computadores.

Nas últimas eleições, em 2006, tivemos cerca de 126 milhões de cidadãs e cidadãos brasileiros aptos a escolher seus candidatos. Portanto, a metade desse número coincide com o total de brasileiros que interagem regularmente na rede de computadores do País. Não é exagerado afirmar que esses cerca de 60 milhões de pessoas estão em comício permanente com os seus candidatos e adversários, agora, de forma interativa, participativa e com informações circulando em regime de mão dupla. Com a vantagem de alijar borrachos e cães indesejados.

É esse cenário plural e participativo que a mídia oligárquica brasileira tanto teme. É contra esse ambiente interativo que o jornal da RBS solta suas farpas, visando envenenar a água da fonte internet onde a cidadania vai buscar/levar informações, opiniões, críticas, incentivos e sobretudo formular juízos políticos baseados no debate intenso e permanente. A internet é um meio em formação, com muitas lacunas, incompletudes e defeitos, mas ainda assim constitui-se num salto de qualidade em relação a todas as mídias precedentes, justamente porque permite a interatividade e a participação crítica.

É hilária a receita de Zero Hora para o internauta cético: sugere que este consulte os jornais do dia e/ou consulte um "especialista" de sua confiança. Como se o objeto do ceticismo não fosse precisamente a mídia convencional e reacionária. A receita é tudo o que o cidadão internauta não deve fazer, retroceder ao tempo em que os jornais das oligarquias eram vozes únicas, autoritárias, conservadoras, golpistas (lembrar que praticamente toda a mídia brasileira apoiou o golpe de 1964, contra um governo escolhido em eleições livres e democráticas), onde se praticava algo que a chamada Revolução de 1930 tentou mas foi vencida, o cabresto eleitoral, a tutela do eleitor no sentido de constrangê-lo a votar nos candidatos mais conservadores e atrasados. ZH, portanto, quer a volta do cabresto eleitoral, a volta do aconselhamento junto aos mais sábios, os mais espertos, os mais ricos, os mais "esclarecidos", os que "entendem" de política, de fato e de direito (uma espécie de "direito natural" adquirido).

A RBS está em plena e azafamada corretagem de espaços para empurrar o produto que chama "Eleições 2010". A informação que corre na praça sobre o desempenho das vendas não é boa. Os anunciantes estão reticentes quanto à eficácia das mídias tradicionais (jornal, rádio e TV), especialmente num ano que conta com outra grande atração e oportunidade para investir na publicidade de seu produto, o futebol e a Copa na África do Sul. O mercado sabe e sente a força emergencial - acelerada - da internet. Números divulgados semana passada, indicam que no Brasil a mídia internet vai crescer 29,2% no corrente ano, superando a mídia jornal que vai crescer somente 11,6%. A publicidade na internet brasileira deve alcançar em 2010, cerca de 650 milhões de dólares, segundo a consultoria ZenithOptimedia, empresa do grupo de mídia Publicis, responsável pelos números divulgados na última quinta-feira (22/4) e publicado na Folha.

A matéria de ZH é a expressão do temor da RBS, de resto, do PIG inteiro, para com essa nova realidade, e trata de criar um clima de terror com o objetivo de assustar os segmentos despolitizados de classe média, alguns anunciantes desprevenidos e outros mais sensíveis à arenga conservadora da direita brasuca.

Hoje, certamente os corretores de vendas estão a campo mostrando a matéria de ZH dominical - um copo de veneno líquido - para os (raros) incautos da praça.

sábado, 24 de abril de 2010

Ciro Gomes, o candidato que virou maionese


Respingou suspeições para todos os lados

Antes que me acusem de plágio, vou dar o devido crédito à bela frase sobre Ciro, "o candidato que virou maionese". A autoria do achado é da editora de política da Folha, Vera Magalhães. Faço questão de citar a fonte para vocês verem como as agressões de Ciro Gomes não agradaram nem a direita, no caso, o jornal mais serrista do País, a Folha, jornal esse que jamais hesita, quando tem oportunidade de criar climas e cenários arranjados para desqualificar a esquerda, em especial, a candidata Dilma.

O fato é que Ciro Gomes andava falando sozinho há meses, apenas não admitia o que todos ao seu redor já adivinhavam, que a sua candidatura era como uma eterna lua minguante, tatuada num coração flechado pela vaidade e o ressentimento.

Confuso e perturbado pelo tropeço e queda no real, Ciro distribuiu de tudo, ontem. Sobrou para Lula, para Serra, para o PMDB ("ajuntamento de assaltantes"), para Temer e até para si mesmo, quando admitiu que sua vida política foi "errar por muitas siglas partidárias" e que por isso talvez encerre sua carreira pública.

Ciro tem uma trajetória política que inicia - não esqueçamos - no setor jovem da Arena, simulacro de partido auxiliar da ditadura civil-militar de 1964. Nasceu e cresceu no seio de uma oligarquia tradicional do Ceará, da cidade de Sobral. No final da década de 70, o jovem Ciro disputou e perdeu a presidência da União Nacional de Estudantes (UNE), numa tentativa mais articulada da direita de pôr termo à hegemonia da esquerda no movimento estudantil brasileiro. Já foi filiado e militante dos seguintes partidos: Arena, PDS (sucedâneo pós-ditadura da Arena), PMDB, PSDB (foi governador do Ceará pelo tucanato), PPS (a famigerada sigla do renegado Roberto Freire e do ex-governador Antonio Britto). Atualmente, Ciro Gomes está filiado ao mesmo partido do grande "líder" popular guasca, o deputado federal Beto Albuquerque, o PSB.

Definitivamente, Ciro Gomes é um homem de fases chapinhando na maionese abatumada de seus desejos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Serra reafirma o seu "amor" imorredouro pelo povo do Nordeste


Comovente!

Em agosto de 2006, José Serra foi questionado sobre o mau desempenho do Estado de São Paulo em avaliações nacionais de educação. O tucano creditou os maus resultados aos migrantes que vêm para o Estado. "Diferentemente dos Estados do Sul [que foram os primeiros colocados na avaliação], São Paulo tem muita migração. Muita gente que continua chegando... Este é um problema", afirmou.

Ontem, visitando o Rio Grande do Norte, o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, fez novas declarações de "amor" ao povo nordestino. Expressando o seu infinito apreço e admiração pelo povo do Nordeste, Serra lembrou que quando vivia na Mooca, em São Paulo, nos tempos de estudante, convivia com muitos deles. "Eu estava na escola pública - garantiu Serra - e convivia com eles [os nordestinos] numa total normalidade".

Como se vê, Serra não cansa de declarar o seu imorredouro "amor e admiração" sincera pelos nordestinos.

É comovente!

Petistas abobados da enchente ainda podem derrubar Dilma


O reduto dos inoperantes

O antenado Kamel já percebeu que há uma grossa camada de assessores inoperantes e alienados nos redutos petistas.

Trata-se de gente profissionalizada, que há muito perdeu o tesão pela militância convencional.

Antes que me atirem a primeira pedra, admito que ainda há gente dedicadíssima nesses gabinetes. Gente honesta e trabalhadora.

No entanto, é cada vez maior o número de pequenos burocratas, interessados em empurrar o serviço com a barriga, em fugir do combate direto com as forças conservadoras.

Curiosamente, a maior parte desses soldados indolentes e desinformados ganhou lugar nas assessorias de imprensa e comunicação de órgãos do governo federal, bem como no próprio PT.

É com essa gente que os recrutas de Kamel interagem diariamente.

Um episódio corriqueiro poderia passar despercebido no debate das estratégias políticas em teste no warm-up da campanha.

Porém, é aconselhável que inspire uma reflexão.

Recentemente, um certo Flávio de Sousa, assessor do deputado e jornalista (!!!) Rui Falcão, enviou a seguinte mensagem ao excelente grupo-lista Beatrice, seguramente uma das principais fontes de informação e debate da militância de esquerda no Brasil...

Prezada sra. Beatrice,

Solicito encarecidamente que a sra. pare de enviar mensagens a este e-mail e a outros com o domínio do mandato (@ruifalcao.com.br) a não ser que sejam pertinentes a atividades do gabinete e/ou do mandato do deputado Rui Falcão.

O excesso de mensagens na caixa postal dificulta a boa realização de nossos trabalhos.

Grato,

Flávio de Sousa


O texto guarda algo de cômico e também de trágico.

O tal Flávio, que deve viver além do cinturão de asteróides, acredita que Beatrice é uma pessoa, um senhora pentelha que teimar em desorganizar sua caixa postal.

Ao mesmo tempo, julga que os assuntos políticos do grupo-lista não têm relevância para as atividades de Rui Falcão, veterano membro do partido.

Não se pode considerar que Flávio seja um quinta coluna.

Seu desconhecimento da realidade da militância, no entanto, é espantoso.

Assim como é espantoso que se lhe premie com salário a inépcia e a estupidez.

Aliás, Falcão não é o único prócer petista que se apoia em assessores desse naipe.

Os gabinetes de nossos parlamentares são espetaculares redutos de ineficiência e paralisia no campo da comunicação.

Em 2005, por exemplo, durante o golpe contra a democracia, raros foram os deputados e senadores que utilizaram suas estruturas para defender o governo Lula.

Comunicou-se quase nada, timidamente, fragmentariamente. Agachados, os assinadores de ponto escondiam-se atrás das escrivaninhas.

O trabalho heróico de resistência foi basicamente realizado pelos "de fora", os que nada recebem para divulgar a correta versão dos fatos.

Kamel conta, portanto, com o mutismo e a insensatez dessa subnomenclatura para vencer "sua" eleição.

Que a descoberta nos ensine a jogar sem corpo mole, e não a perder em silêncio.

Artigo do jornalista Mauro Carrara, de São Paulo, com exclusividade para este blog DG. O título superior é deste blogueiro.

Ouça Frank Zappa:

Frank Zappa - Bobby Brown Goes Down
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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vendendo o Morro Santa Teresa...

Bier (ou Pia, como se diz na Linha Schenkel)

Ouça a grande Elza Soares:

Elza Soares - Espumas Ao Vento
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Característica do Jornal Nacional da TV Globo é um plágio musical


A bela composição Summer '68 de Richard Wright da banda de rock progressivo Pink Floyd teve sua principal frase musical surrupiada pela TV Globo para ser usada como cortina do Jornal Nacional.

A capa do disco vinil é famosa por sua simplicidade, uma vaca hasselbald a campo, e mais nada. Criação do designer Storm Thorgerson para o lp "Atom Heart Mother", lançado em outubro de 1970.

E a Globo, hein? Será que pagou para usar parte da composição de Wright? Hoje, a característica musical que identifica o JN está mais estilizada, com tantos arranjos e sobre-arranjos ao longo de 40 anos, mas a base frasal de Summer '68 ainda pode ser reconhecida.

Ouça Summer '68:

Pink Floyd - Summer '68
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Juízes: anistia não se aplica aos crimes praticados por agentes do Estado


Os juízes do Rio Grande e a anistia

A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, por força de decisão do seu conselho executivo, vem juntar sua voz ao clamor de milhares de cidadãos e cidadãs pelo fim da impunidade histórica dispensada àqueles que, sob o manto da autoridade do Estado, violaram direitos fundamentais dos opositores ao regime de exceção instaurado pelo golpe de 1964.

Como juízes, conscientes de que é função primordial do Direito a proteção da dignidade da pessoa humana, temos o dever de orientar sua aplicação pelos objetivos supremos da organização política do Estado brasileiro, expressos no art. 3º da Constituição da República, e, em função dos quais, se constitui, progressivamente, o sistema de direitos humanos. Temos, por isso, também o dever ético indeclinável de nos manifestarmos publicamente – no momento em que o Supremo Tribunal Federal deverá apreciar a ADPF nº 153, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil –, afirmando nossa convicção de não se aplicar a Lei da Anistia aos crimes praticados pelos agentes do Estado. Mais que isso, contudo, impõe-se fazer pública nossa convicção acerca da natureza dos atos repressivos praticados no regime militar, não assimiláveis a crimes políticos ou conexos, e afirmar a impossibilidade de os Estados totalitários anistiarem seus próprios agentes pela prática de violações aos direitos humanos.

No caso brasileiro, a opção pela anistia em nome da reconciliação, sem o conhecimento da verdade e o reconhecimento das vítimas, implica falsa reconciliação, pois esta é impossível sem a verdade. Por isso, compreendemos a exigência de trazê-la à luz do sol, expondo as torturas, desaparecimentos forçados e execuções sumárias praticadas – naquele período – por agentes do Estado brasileiro, como forma de permitir ao povo brasileiro o exercício do direito de conhecer sua própria história e, a partir dela, construir outros futuros possíveis.

Para isso, lembramos que o artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, reconhece o direito à verdade como parte integrante da liberdade de expressão, vinculado ao direito à informação, não apenas como veículo para o conhecimento dos fatos, mas também para o desvelamento da estrutura repressiva estatal, seus mecanismos e os métodos utilizados. Daí, o dever que o Estado tem – segundo o Direito internacional e a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos – de investigar e punir as graves violações perpetradas ao longo da ditadura militar, como já o fizeram – ou estão fazendo – todos os demais países da América Latina.

Finalmente, temos claro que a iniciativa do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – ora vivamente apoiada pelo órgão de classe dos magistrados gaúchos – não busca a confrontação ou a vingança, mas impedir a negação da verdade histórica, através do reconhecimento oficial dos danos por parte de quem os gerou e a consequente restauração da dignidade das vítimas.

Artigo de Luís Christiano Enger Aires, juiz de Direito, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da Ajuris - Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul. Publicado hoje no jornal Zero Hora.

Livraria Cultura dá sustentação financeira à ultradireita



Fui cliente da Cultura, até ontem

O blog protofascista "Mídia Sem Máscara", editado pelo ultradireitista Olavo de Carvalho, estampa anúncio da Livraria Cultura. Isso significa que a Cultura está dando apoio e financiando as atividades da ultradireita mais empedernida e atrasada.

A história da Livraria Cultura começou no início da década de 40, quando Eva Herz, mãe do atual presidente da rede, Pedro Herz, teve a idéia de abrir um serviço de aluguel de livros, na sala de sua própria casa, no bairro dos Jardins, na capital paulista. Para fugir da perseguição nazifascista, a família judia havia fugido de Berlim em 1938.

Hoje, a Cultura, com mais de 60 anos de atividades, é uma referência no mercado livreiro no Brasil e detém o controle de nove lojas espalhadas pelo País, inclusive em Porto Alegre.

Já se vê, pois, que a intenção de anunciar e dar sustentação financeira a um veículo do fascismo vai na contramão da própria história de vida dos fundadores e donos da Livraria Cultura.

Sou comprador regular da filial porto-alegrense da Livraria Cultura, ou melhor, fui, a partir de hoje não adquiro mais nada dessa empresa. Sugiro que todos os leitores deste blog DG façam o mesmo, pelo menos até que a família Herz se decida de que lado está: ao lado da civilização ou ao lado da barbárie.

Não se alimentam serpentes que incubam ovos terríveis.

Os donos da Cultura deveriam saber disso.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Esse comediante quer ser presidente do Brasil


Lembram dessa piada dos "pôrquinhos"?

O sujeito - esse aí, especialista em saúde de "pôrquinhos" - foi ministro da Saúde do governo do professor Cardoso. Agora, o cara garante que está preparado para ser presidente do Brasil.

Quando a TV Globo quis se apropriar de um bem simbólico do Brasil



O relógio dos 500 anos do Brasil

Está fazendo 10 anos que a TV Globo quis se apropriar de parcela do simbolismo da nossa história. A intenção se materializou em um relógio de estética duvidosa.

Esse relógio, em nome de contar os dias e as horas que faltavam para o fechamento dos 500 anos da chegada dos colonizadores portugueses à Bahia, foi espalhado em réplicas por inúmeras cidades brasileiras.

Uma imposição intolerável, uma aberração estética, uma pretensão descabida, uma apropriação desavergonhada, um roubo simbólico sem precedentes.

A reação das pessoas foi de indignação e revolta.

Em Porto Seguro, em Florianópolis, em Curitiba, em Porto Alegre, as manifestações foram no sentido de destruir aquela impostura, construída com o consentimento e entusiasmo subalterno do então governo FHC. Em Brasília o "monumento" foi flechado pelos índios, que também protestavam pelo reconhecimento pleno de seus direitos e em memória do holocausto que sofreram durante cinco séculos de convivência desigual e opressiva com a cultura euro-cristã.

Os fatos aconteceram no dia 22 de abril de 2000, dez anos atrás, uma data que ficará marcada pela revolta popular contra o roubo simbólico de nossos valores autênticos, a apropriação privada de parcela do nosso patrimônio memorialístico e a indignação da cidadania contra as imposturas e falsificações das oligarquias brasileiras - representadas pela TV Globo e o governo predador de FHC.

Em Tempo: É curioso que os portais G1 e Globo.com das Organizações Globo (família Marinho) tenham banido o seu famoso e breguíssimo relógio dos 500 anos. Não há "relógio-dos-500-anos" nos arquivos da TV Globo. Parece que a Globo se envergonha de ter feito o que fez. Caso contrário, por que motivo esconde a materialidade de suas pretensões de apropriação simbólica?

Ouça o punk de Patti Smith:

Patti Smith - Free Money
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terça-feira, 20 de abril de 2010

Conciliação e esquecimento

Sergio Langer

"Lula, pelo amor de Deus, assine os novos índices de produtividade"


É o apelo de João Pedro Stedile ao presidente


A atualização do índice de produtividade das propriedades rurais é um dos itens da pauta de negociação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o governo e está na justificativa das ocupações de prédios públicos realizadas ontem (19) pelos sem-terra. A informação é da Agência Brasil.

O movimento aponta o Ministério da Agricultura como principal entrave para a atualização do índice.

Apesar de a Constituição Federal determinar que a cada dez anos esses índices sejam atualizados, a última modificação foi em 1976.

O líder do MST João Pedro Stedile fez um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerando que o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes deixou a pasta no início deste mês para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PMDB.

“Lula, pelo amor de Deus. Essa é a sua oportunidade. Já que o Stephanes parou de incomodar e foi cuidar da campanha dele, você tem a oportunidade de cumprir o compromisso que fez conosco desde a marcha de maio de 2005, e assinar a portaria de atualização do índice de produtividade”, apelou.

Stedile acusa do governo de utilizar índices antigos para medir a produtividade das propriedades rurais. “Os índices que o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] usa hoje são do Censo de 1985. Isso é uma vergonha. Todo agronegócio fica aí se exibindo, repetindo que aumentou a produtividade. Então por que não atualizar? A atualização inclusive ajudaria a distinguir os proprietários improdutivos dos proprietários que não precisam se preocupar com desapropriações”, destacou Stedile.

“As fazendas que são produtivas podem continuar produzindo, mas tomara que produzam para o mercado interno, sem agrotóxicos e sem ficar dependendo das multinacionais. Atualizar os índices não é só um pedido do MST, é um dever que a Lei manda”, completou.

Ontem, o MST ocupou a sede nacional do Incra, em Brasília, e mais seis sedes regionais em São Paulo, no Rio de Janeiro, Pará, Piauí, na Paraíba e em Pernambuco. O governo se recusou a continuar negociando com as lideranças, que acabaram deixando a sede nacional do órgão hoje. Reuniões com o governo estão marcadas para a parte da tarde, apesar do MST manter as ocupações nas sedes regionais.

Para o líder do MST José Batista, a pauta está “amarelada” de ficar na gaveta. Já o presidente do Incra, Rolf Hackbart, destaca que a decisão depende de um entendimento entre as pastas da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. “Isso é decisão de governo. O Incra só executa”, disse Hackbart.

“Nós, do Incra, estamos aguardando. A decisão sobre os índices de produtividade é um decisão de governo. Espero que os estudos estejam prontos, mas independentemente disso, temos muitos imóveis tramitando no Incra para criar, nas diversas fases, assentamentos. Isso cabe ao ministro da Agricultura. O ministro do Desenvolvimento Agrário já se posicionou”, acrescentou

Quem vai parar o primitivo Cherini?


Presidente do Legislativo vai torrar 800 mil numa campanha inútil e duvidosa

Quem vai barrar a escalada "Sobrenatural de Almeida" (como dizia Nelson Rodrigues) do atual presidente da Assembleia Legislativa/RS?

Sua Excelência está indo além de suas tamancas. Vai torrar 800 mil reais dos cofres da chamada Casa do Povo para - indiretamente - fazer promoção pessoal e blindar sua gestão do risco de ser alvejado pela "mídia amiga", a mesma que está citada na queixa-crime do Ministério Público Federal acerca da Operação Rodin.

O presidente do Legislativo, Giovani Cherini (PDT), está propondo que sentemos para trás e que caminhemos para a frente (e se alguém quiser dormir, alerta Cherini, que trate de cerrar os olhos), mas uma coisa de cada vez. O surto criativo do deputado-presidente "visa valorizar a cooperação como forma de resolver problemas e superar divergências, tanto na política como na sociedade". Segundo ZH, "a iniciativa foi batizada de 'Cooperação: o Rio Grande acima das diferenças'. Por dois meses, a campanha será exibida em rádio, TV, jornais e outdoors e terá custo máximo de R$ 800 mil" - completa o acrítico diário da Azenha. Claro, parte dos 800 mil serão endereçados aos veículos da própria RBS, certamente a principal veiculadora das cherinices galopantes.

Mas a frase definitiva do deputado de Soledade (RS) vocês ainda não ouviram, ninguém jamais ouviu:
– Unidos, podemos obter resultados positivos para todos!

Os moradores do terreno da Fase que estão prestes a ser despejados pela governadora Yeda, porque esta quer vender o Morro Santa Teresa, avisam que aspiram estar "unidos" com os compradores/especuladores imobiliários quando estes chamarem a Brigada Militar para proceder o despejo da comunidade de 20 mil pessoas que lá habitam há quase 40 anos.

Os familiares do estudante que morreu eletrocutado em parada de ônibus semana passada em Porto Alegre, por absoluta negligência reconhecida pela Prefeitura Municipal, querem estar "unidos" com o prefeito José Fogaça quando este pedir votos na comunidade onde vivem. E assim por diante.

O fato é que a Assembleia é vítima de presidentes que querem deixar marcas indeléveis nas suas risíveis biografias, a custa do dinheiro público. Cada presidente do Legislativo quer propor o impensado, o definitivo, o que vai redimir o povo guasca e conduzí-lo à Canaã de bombachas.

Giovani Cherini, um perfeito primitivo, adepto de uma maçaroca infindável de elementos sincréticos pré-religiosos e mágicos, quer igualmente fixar o seu legado insano de infinita memória. Quem vai pará-lo?

Foto de ZH/Guerreiro/Divulgação: Presidente Cherini (pronúncia "Kerini") com amuleto (feitiço) ao qual atribui virtudes sobrenaturais.

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