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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Por que o RS optou pelo pior




O Rio Grande do Sul porta uma riqueza cultural única no Brasil, que resulta da contribuição de múltiplas nacionalidades e etnias - algumas autóctones, como as diversas nações etnolinguísticas que tivemos e temos (sem jamais esquecer o holocausto do bravo povo Charrua, que preferiu o sacrifício da vida a se deixar evangelizar pelos jesuítas); outras, exóticas, como europeus, asiáticos e africanos. Temos comunidades representativas de todos os continentes, que aqui se expressam, se miscigenam, e de alguma maneira contribuem para o nosso vasto painel cultural chamado Rio Grande do Sul.

Todavia, somos conhecidos como "gaúchos". Ou melhor, o pensamento político hegemônico achou cômodo e funcional adequar um velho vocábulo marginal e desprestigiado - o gaúcho - para identificar de forma grosseira e imperfeita o tipo humano mais meridional do Brasil. Logo, mesmo a muque, somos gaúchos. Um gentílico reciclado e remodelado para representar o povo sulino, portanto, um locativo arbitrário e insuficiente - reducionista e ficcional.

O significado das palavras é histórico, porque muda conforme as ondulações do tempo e das vontades. Camões (ao lado) dizia que mudam-se os tempos e mudam-se as vontades. Gaúcho já foi o tipo marginal, uma espécie de andarilho em busca de um porto seguro, e que desconhecia as normas sociais estabelecidas. É, inclusive, uma expressão multinacional, comum à região platino-pampeana. "Gauchos" (pronuncia-se gáu-tchos) são os uruguaios e grande parte dos argentinos.

Assim, se a imprecisão avulta, cresce também a necessidade de emprestar mais atributos identitários ao gentílico, a fim de definir os contornos de uma personalidade singular e exclusiva.

Que tal trazer do passado recortes plásticos para dar-lhe espessura e densidade histórica? A guerra civil de 1835-1845 contra o Império da família Bragança pode ser uma boa ideia. Tem muitos ingredientes épicos, tintas republicanas, espírito indômito, traços libertários, uma subjetividade não contaminada pela cultura etnocêntrica, etcetera, que podem formar um nexo neste constructo mítico que se está moldando meio às cegas.

Como em toda mitologia, foram sendo costurados elementos portadores de significado e que representam a realidade. É a bricolagem de Claude Lévi-Strauss. Uma vasta colcha de retalhos do real, improvisados de forma a combinar um todo que guarda coerência com o passado, mesmo que parte deles seja ficção, parte metalinguagem, parte historiografia, parte contingência, parte realidade transfigurada, parte ideologia, parte má consciência, parte fetichismo, parte gabolice, e por aí vai. O gaúcho, portanto, é uma obra em aberto, e por isso, em disputa. Uma obra que flutua, uma "ideia feita" (Flaubert) e refeita constantemente pelos seus sustentadores (ou mesmo adversários, por que não?).

Brincando um pouco, é possível dizer que o gaúcho (à moda de Michel Foucault no prefácio de As palavras e as coisas, onde cita Jorge Luis Borges) está catalogado como “uma certa enciclopédia chinesa onde está escrito que os animais [os gaúchos] se dividem em: a) pertencentes ao imperador, b) embalsamados, c) domesticados, d) leitões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães em liberdade, h) incluídos na presente classificação, i) que se agitam como loucos, j) inumeráveis, k) desenhados com um pincel muito fino de pelo de camelo, l) etcetera, m) que acabam de quebrar a bilha, n) que de longe parecem moscas”.

Quer dizer, cabe qualquer disparate para identificar esse "tipo ideal" (Weber) do bloco no poder sul-rio-grandense.

Semanas atrás, uma empresa midiática familial sulina, de grande influência no poder e no senso comum local, achou por bem em consultar os seus leitores/consumidores sobre quais seriam os principais personagens históricos do Estado, como se o senso comum dominasse de forma segura esse universo historiográfico e a partir disso pudesse fazer a classificação do panteão pretendido pela empresa de entretenimento. Por óbvio, havia uma cartela de nomes passíveis de representarem a farsa midiática, quase todos de ficção, alguns de ficção romanesca mesmo, como uma certa namorada do mercenário italiano Giuseppe Garibaldi, que hoje está entronizada como figura fundante da nossa "pequena pátria" (Comte).

Já se vê, pois, que há permissão para que qualquer indivíduo ou grupo incida nessa bricolagem mítica que é o constructo do gaúcho. É evidente que o pensamento hegemônico tira vantagem nessa disputa, afinal, detém a quase absoluta totalidade das mídias conhecidas, o Parlamento, o Executivo, o Judiciário, as Universidades, a publicidade, e uma formidável capilaridade no meio social, através da escola formal, clubes, associações, igrejas, entidades patronais, e mesmo sindicatos de empregados, etc.

Mas tem um componente neurótico nessa opção pelo tradicionalismo. Sim, porque entre dois tradicionalismos, escolheu-se o mais rústico e rasteiro. A que tradicionalismo nos referimos? Ora, o tradicionalismo vencedor é aquele filiado à corrente farroupilha de Bento Gonçalves da Silva, a tradição hegemonizada, portanto subalterna, é a de Julio Prates de Castilhos (ao lado), o responsável por um movimento político burguês que ainda no século 19 projetou o Rio Grande do Sul no século 20.

Hoje, predomina um ethos que corresponde à tradição imposta por um antigo ladrão de equínos e bovinos, Bento Gonçalves da Silva. São esses traços psicossociais que estão no poder no Estado, agora. A tradição representada pelo burguês modernizador, revolucionário (no estrito senso do vocábulo), austero e incorruptível, que foi Castilhos, está subordinada ao pragmatismo mais rebaixado e deletério. Informe-se que Julio de Castilhos preferiu as dificuldades materiais e contingentes do que advogar para sobreviver, depois que foi alijado do poder. Alegava que não poderia - moralmente - sequer peticionar a um magistrado que fora nomeado por ele quando chefe do Executivo estadual.

Esse modelo político-moral está arquivado no Rio Grande, em favor de um padrão inspirado no abigeato e na apropriação indébita do público e do privado.

Se o Rio Grande chegou primeiro ao século 20 (antes mesmo do resto do País), hoje, sai por último do mesmo século. O Brasil, aos trancos e barrancos, e de forma parcial, já chegou ao século 21, mas o RS se arrasta e se enxovalha no pântano a que foi conduzido pela hipertrofia do pragmatismo maragato, cuja matriz político-ideológica foi forjada durante o século 19, depois da guerra civil de 1835, e se estendeu até 1891, no dia 14 de julho quando é proclamada a Constituição castilhista que induz a modernização burguesa e a promoção geral e complexa da província fronteiriça sulina.

O castilhismo-borgismo promoveu uma autêntica revolução burguesa no Estado. Algo que o próprio Brasil experimentaria somente depois de 1930, com a chegada de Getúlio Vargas (ao lado) ao poder. Se nós tivemos uma revolução burguesa do tipo clássica, cruenta, que modificou radicalmente o poder regional, modernizando-o e aportando valores republicanos, ainda que não-democráticos, o Brasil não a teve. A modernização do País e a institucionalização do Estado, bem como o processo de industrialização, foram conquistas, não da burguesia, mas da iniciativa do próprio Vargas - forjado e projetado no sistema castilhista sul-rio-grandense.

Assim, festejamos o 20 de Setembro, por um capricho rançoso dos perdedores de 1893 (e que estiveram no poder durante toda a segunda metade do século 19 e só souberam se apropriar de terras devolutas do Estado monárquico, especialmente na região da Campanha).

Por que não festejamos o 14 de Julho de 1891? Justo a data da proclamação da Constituição republicana. Esta data é o dia fundante da verdadeira república rio-grandense. Por que festejamos a outra, a república farrapa, que admitia o escravagismo e tolerava todas as religiões, desde que fosse a católica romana? Uma falsa república fundada por falsos líderes, os mesmos que assinam o vergonhoso pacto de Ponche Verde com o Império dos Bragança, e de quebra recebem uma polpuda "indenização". É caso único no mundo, o vencido receber indenização do vencedor. A rigor, o Império comprou a "rebeldia" dos farroupilhas, e estes se venderam pelo vil metal.

Artigo de Cristóvão Feil publicado neste blog DG em 20 de setembro de 2009. Estamos republicando-o a pedido de leitores.


Foto do alto: no dia 2 de janeiro de 2009, um anônimo montou em pelo sobre o belo monumento positivista que homenageia Júlio Prates de Castilhos, na Praça da Matriz, centro de Porto Alegre. O sujeito, por acaso nascido em Bagé (RS) principal cidadela maragata na revolução de 1893, foi preso e não soube explicar o gesto e a intenção. Foto de Fernando Gomes/ZH

domingo, 25 de setembro de 2011

R.E.M. baixa a cortina



Desde 1980 na estrada, a banda de Atenas, Geórgia (EUA) anunciou nesta semana que irá encostar os instrumentos, fechar a cortina do passado, e cada um irá para o seu aposento ser estadunidense na vida.

sábado, 24 de setembro de 2011

Chico, genial



[...]
Trouxe um porrete,
A modo me quebrar
Mas eu não quebro, não, 
Porque sou macio!





Aqui, um documentário de 62 minutos, sobre os bastidores do ótimo CD "Chico", lançado neste ano de 2011.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

'Comissão da Verdade' com infiltração gorila?


Suportar a verdade

Nos próximos dias, o governo deve conseguir aprovar, no Congresso, seu projeto para a constituição de uma Comissão da Verdade. O que deveria ser motivo de comemoração para aqueles realmente preocupados com o legado da ditadura militar e com os crimes contra a humanidade cometidos neste período será, no entanto, razão para profundo sentimento de vergonha.

Pressionado pela Corte Interamericana de Justiça, que denunciou a situação aberrante do Brasil quanto à elucidação e punição dos crimes de tortura, sequestro, assassinato, estupro e ocultação de cadáveres perpetrados pelo Estado ilegal que vigorou durante a ditadura militar, o governo brasileiro precisava mostrar que fizera algo.

No caso, "algo" significa uma Comissão da Verdade aprovada a toque de caixa, sem autonomia orçamentária, sem poder de julgar, com apenas sete membros que devem trabalhar por dois anos, sendo que comissões similares chegam a ter 200 pessoas.

Tal comissão terá representantes dos militares, ou seja, daqueles que serão investigados. Como se isso não bastasse, a fim de tirar o foco e não melindrar os que se locupletaram com a ditadura e que ainda dão o ar de sua graça na política nacional, ela investigará também crimes que porventura teriam ocorrido no período 1946-64. Algo mais próximo de uma piada de mau gosto.

Um país que, na contramão do resto do mundo, tende a compreender exigências amplas de justiça como "revanchismo" não tem o direito de se indignar com a impunidade que se dissemina em vários setores da vida nacional.

Aqueles que preferem nada saber sobre os crimes do passado ainda estão intelectualmente associados ao espírito do que procuram esquecer.

O povo brasileiro tem o direito de saber, por exemplo, que os aparelhos de tortura e assassinato foram pagos com dinheiro de empresas privadas, empreiteiras e multinacionais que hoje gastam fortunas em publicidade para falar de ética. Ele tem o direito de saber quem pagou e quanto.

Esta é, sem dúvida, a parte mais obscura da ditadura militar. Ou seja, espera-se de uma Comissão da Verdade que ela exponha, além dos crimes citados, o vínculo incestuoso entre militares e empresariado. 

Vínculo este que ajuda a explicar o fato da ditadura militar ter sido um dos momentos de alta corrupção na história brasileira (basta lembrar casos como Capemi, Coroa Brastel, Lutfalla, Baumgarten, Tucuruí, Banco Econômico, Transamazônica, ponte Rio-Niterói, relatório Saraiva acusando de corrupção Delfim Netto, entre tantos outros).

Está na hora de perguntar [...]: Quanta verdade o Brasil suporta?

Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Publicado na Folha edição da última terça-feira 20/9.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A maldição conservadora e a invenção do guasca



Antes de entrar no tema que quero comentar, chamo a atenção para o “Desfile Cívico-Militar do Vinte de Setembro” (conforme consta da programação dos seus organizadores, os dirigentes do MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho) que está se desenrolando hoje, precisamente 20 de setembro de 2011. 

Quero sublinhar a ênfase na expressão “cívico-militar” dado pelo MTG, em pleno século 21. Me explico. Ninguém desconhece a filiação positivista-comtiana dos republicanos brasileiros, na segunda metade do século 19. No Rio Grande do Sul, onde a República aconteceu depois de uma revolução cruenta que durou de 1893 a 1895, os positivistas foram mais radicais e, por isso, mais exitosos do que no resto do Brasil. Julio de Castilhos e os militantes do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) modificaram completamente o cenário político e social do estado mais meridional do País. No RS não houve a chamada troca de placa: sai a Monarquia dos Bragança, entra a República constitucional. Aqui, houve a mais completa e absoluta troca da elite no poder. Saem os velhos estancieiros pecuaristas da Campanha, entra uma composição de classes formada por uma pequena burguesia urbana, uma classe média rural, profissionais liberais e colonos de origem europeia da região serrana.

Os positivistas sulinos, fiéis aos ensinamentos dogmáticos de Auguste Comte, propugnavam – como o mestre – pela superação das fases pregressas da Humanidade. À fase militar-feudal deve seguir-se a fase industrial da Humanidade. Ou seja, à fase militar corresponderia a insurreição farroupilha de 1835-45 contra o Império do Brasil, agora – com o advento republicano – estávamos, pois, na hora de criar condições para o desenvolvimento e o progresso material que se daria por um processo intensivo de industrialização manufatureira. 
    
Vejam, pois, que os tradicionalistas do século 21 continuam com os olhos fixos num passado praticamente feudal, marcadamente militarista, embora não tenhamos experimentado, de forma hegemônica e total, esse modo de produção pré-capitalista no Brasil.  

Um dos formuladores intelectuais do que chamamos de ordem delirante do atraso – o pensamento tradicionalista da estância – foi Ramiro Frota Barcellos. Na obra “Rio Grande, tradição e cultura” (1915), o santiaguense é de uma clareza solar quanto aos propósitos enfermiços do tradicionalismo estancieiro: “O que agora se verifica, mercê do atual movimento tradicionalista, é a transposição simbólica dos remanescentes dos ‘grupos locais’, com suas estâncias e seus galpões para o coração das cidades. Transposição simbólica, mas que fará sobreviver, na mais singular aculturação de todos os tempos, o Rio Grande latifundiário e pecuarista”.

Qualquer semelhança com o enclave da bombacha e da fumaça que anualmente acampa, no mês de Setembro, no Parque da Harmonia, em plena área central de Porto Alegre, não é mera coincidência. A “mais singular aculturação de todos os tempos”, como premonitoriamente afirma Barcellos. Neste caso, “aculturação” é sinônimo de regressismo e estagnação.

É sobre isso que eu quero comentar brevemente.

Quando estudantes em São Paulo, Júlio de Castilhos e Assis Brasil chegaram a fundar um chamado “Clube 20 de Setembro”, que promoveu estudos – com algumas publicações - sobre o movimento farroupilha da primeira metade do século 19. Curiosamente, Castilhos abandonou as pesquisas sobre a guerra civil que varreu o Rio Grande por dez longos anos. Assis, em 1882, publicou a obra “História da República Rio-Grandense”. Por algum motivo, carente de melhores investigações, tanto os positivistas do PRR, quanto os liberais sulinos não foram muito enfáticos no culto farrapo. Tal fenômeno veio a ocorrer somente depois da Segunda Guerra, em Porto Alegre, no meio estudantil secundarista urbano do Colégio Estadual Julio de Castilhos. Daí se difundiu como rastilho de pólvora sob a forma dos onipresentes Centro de Tradição Gaúcho – CTG, que são clubes de convivência social onde se cultua o passado sob a forma fixa da mitologia farrapa, tendo como matriz formal a estética e o ethos do latifúndio da pecuária extensiva de exportação – subordinado à cadeia mercantil dos interesses hegemônicos ingleses na América do Sul. Quando os tradicionalistas se ufanam do pretensioso espírito autônomo e emancipado do chamado 'gaúcho' tout court, se referem ao Império dos Bragança, mas esquecem a dependência econômica e subordinação negocial estrita com os interesses ingleses, via portos de escoamento no Prata (Montevideo e Buenos Aires). 

[Das relevantes realizações modernizantes do castilhismo-borgismo foram a estatização e incremento do porto de Rio Grande, bem como a encampação das ferrovias controladas por capitais europeus, de forma a dotar o estado de infraestrutura e fomentar o desenvolvimento, sem depender do Rio ou do Prata.]   

A grande data a comemorar no Rio Grande do Sul, pelo lado do senso comum, é o 20 de Setembro, que marca o início da insurreição farroupilha (é um equívoco chamá-la de “revolução”, uma vez que os rebeldes foram derrotados pelo Império e não ocorreu nenhuma modificação política, social ou econômica na província sulina depois de 1º de março de 1845, na chamada Paz de Ponche Verde). No entanto, se houve revolução no sentido rigoroso e clássico do termo, esta ocorreu a partir da promulgação da Constituição Rio-Grandense, e da posse do governador (então, presidente do Estado) Julio de Castilhos, no dia 14 de julho de 1891. Meses depois, os conservadores e latifundiários alijados do poder, eternos aliados e sustentáculos da Monarquia, deram início à luta armada contra os jovens que governavam o Rio Grande (Castilhos tinha 30 anos quando assume a presidência do estado). A partir da revolução cruenta, se inicia um processo de grandes modificações e modernizações no RS. Em 1902, já com Borges de Medeiros no poder, depois da morte precoce de Castilhos, o estado passou a tributar com impostos progressivos as terras privadas, bem como reaver dos estancieiros as imensas glebas públicas apropriadas ilegalmente durante todo o século 19.
    
A hegemonia política do castilhismo-borgismo perdura até a década de 1930. Getúlio Vargas foi presidente do estado de 1928 a 1930, quando sai para o Catete, e já deixa um governo mais conciliador com os conservadores da Campanha.

É intrigante, pois, que a apropriação do imaginário social tenha se dado pelo lado dos conservadores, através do simbolismo inventado do 20 de Setembro, e não pelas forças burguesas, progressistas e renovadoras do Rio Grande do Sul, que seria pelo 14 de Julho.
                  
Eric Hobsbawn e Terence Ranger que estudaram o fenômeno da chamada “invenção das tradições” suspeitam que quando ocorrem mudanças sociais muito bruscas e profundas, produzindo novos padrões com os quais essas tradições são incompatíveis, inventam-se novas tradições e novos imaginários de identidade social e cultural. Para os dois autores britânicos, a teoria da modernização pode sim conceber que as mudanças operadas pela infraestrutura da sociedade demandem tradições inventadas no plano da superestrutura.

Neste sentido, a revolução burguesa positivista-castilhista de inspiração saint-simoniana, introdutora do Estado-Providência, mobilizou somente as instâncias da infraestrutura (base material e econômica), deixando uma vasta lacuna, um boqueirão ideológico, diríamos, na esfera da superestrutura. 

Assim, teria restado um formidável vácuo em distintos setores da vida social e no espírito dos indivíduos, como nas artes, no pensamento político, no Direito, na identidade, nas subjetividades individuais e de grupos, na cultura e no imaginário como um todo. O homem é, antes de tudo, um animal simbólico, e este domínio da razão e da cultura foi deixado vago, motivado, talvez, pelas duras urgências da vida real, mas também – suspeito eu – pelo próprio autoritarismo do poder estendido do castilhismo-borgismo.

O tradicionalismo seria, assim, um desagravo mítico-ideológico dos derrotados de 1893/95, os mesmos derrotados de Ponche Verde. Uma vingança de classe – a do latifúndio subalterno e associado – contra a modernização burguesa do positivismo pampeiro, seria isso? Uma maldição contra o futuro do Rio Grande? “Vocês estarão condenados a viver no passado, em meio à fumaça e o cheiro de esterco, festejando derrotas, e considerando heróico, cavalgando durezas e incomodidades, e considerando genuíno, fruindo uma arte primária e mambembe, e considerando autêntico, cultuando velhos ressentimentos e considerando lúcido, ignorando o rico mosaico cultural da província e considerando o tradicionalismo de matriz latifundiária como a síntese de tudo. Vocês são os gaúchos, velhos vagabundos redimidos, são os heróis de um passado que nunca existiu” – foi a sentença de fogo dos que trouxeram o tradicionalismo como vanguarda do atraso no pensamento guasca.              

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

‘Cópia Fiel’ e os reis do mocotó pós-moderninho


Arrisco dizer que está se formando uma Escola do Nada no cinema da atualidade. “Cópia Fiel”, do incensado diretor iraniano Abbas Kiarostami, é o terceiro filme que vejo na sala de cinema que, pretensioso, não consegue parar de pé. Os outros dois, comentei-os aqui, são “A árvore da vida”, do diretor Terrence Malick, e “Melancolia”, do autodeclarado “admirador de Hitler”, Lars von Trier (informe-se que o “von” foi adotado pelo cara, o que lhe confere uma autoatribuída origem nobiliárquica). Isso é para vocês saberem – de plano – com quem estão lidando. 

As qualidades destes três filmes (metidos a) ‘cabeça’ ou ficaram em casa, ou foram passear. Na tela, só deixam um rastro de tédio, indigência intelectual, diálogos morféticos, narrativa nenhuma e dez oceanos de falsa erudição.

Kiarostami naufraga seu talento e inteligência nos recifes mortais da própria vaidade. Quem sai olímpica e bela do desastre do iraniano é Juliette Binoche, uma orquestra inteira de razões e sensibilidades executando composições divinas em meio ao titânico afundamento kiarostâmico. Por causa do enorme talento da Binoche, vi ‘Cópia Fiel’ como um filme protofeminista. Ela sofre e reage tanto ao filho adolescente como ao escritor/marido, vivido pelo inglês William Shimell. Sua luta é fazê-los menos egoístas e mais homens, mas só consegue cinismo (do filho) e indiferença (do filósofo/marido). Seu rosto expressivo impressiona: se ilumina ou escurece como um mecanismo controlável, faz todas as gradações da alma ao pronunciar uma única frase de diálogos improváveis e inseguros.

Duvido que os distintos e mercuriais estados de espírito da personagem Elle, a antiquarista, ao longo do filme, estejam pré-determinados pelo roteiro. Binoche não só se salva, mas acentua e marca seu talento em meio à ruindade do filme. Por esse motivo conquistou o prêmio de melhor atriz do festival de Cannes de 2010.

Duas horas dos melhores momentos dos filmes do trio Malick-Trier-Kiarostami não valem dez minutos de qualquer trecho da obra de Bergman. A vida pessoal de Lars von Trier, suas momices, afirmações impressionistas (e espetaculosas) sobre o nazismo me tocam muito mais do que o seu ‘Melancolia’.

Em ‘Cópia Fiel’ a intenção não confere com o resultado logrado por Kiarostami. O filme se encaminha para o feminino, mas se perde nos diálogos confusos e over-cabeça que acabam derivando para o seu contrário, um filme perdido e vazio. No início, a antiquarista representada por Binoche vive em um porão escuro, guarnecido por vasos, esculturas antigas e um gato ao qual resta dedicar afeto. O filósofo entra e logo pede para sair daquele ambiente lúgubre e depressivo. O mote sugere tudo, mas o filme só desanda e abatuma – mais uma vez. Mais adiante, acontece o inconcebível para um diretor reconhecido como Abbas Kiarostami, o personagem filósofo dá uma comovente aula – certamente inspirado na Wikipédia – sobre a velha quase caquética “estratégia de deslocamento” na arte. Para tanto, ele usa os ciprestes que guarnecem a pequena estrada no interior da Toscana (Itália) por onde passeiam de carro. Ora, isso foi feito em 1917 por Marcel Duchamp com os seus ‘ready made’: urinóis e rodas de bicicleta apresentados como obras de arte e reconhecidos como tal.

Ao associar seu filme à transgressão da arte praticada por um Duchamp, por exemplo, Kiarostami está dizendo que quer fazer o mesmo no cinema, que ele acha que o cinema está em crise de narrativa, e que sob a capa fria e dura da nossa atualidade hipertecnológica se forma uma nova sensibilidade artística que por sua vez exige outras representações simbólicas, blablablablá... Muito bem, me parece razoável e crível tudo isso, entretanto, quando se trata de explorar essa especulação intelectual pertinente ele, Kiarostami, bem como Malick e Trier, em outros registros motivacionais, se perdem dentro da própria cabeça. Impotentes, inseguros e perdidos no over-conceitual do cavalo-de-pau cerebral que quiseram dar, acabam esborrachados no chão pedregoso da incomunicabilidade. Os três carinhas esqueceram várias coisas, tais como:

a)     não há autor – em qualquer linguagem artística – que produza para si;
b)    a obra de arte é uma expressão individual, mas sobretudo social;
c)    a expressão social da arte é realizada através de um pacto pela comunicação, dentro de um espaço de cultura.

Quem esquece disso, faz requerimento para ser incompreendido, e registra no cartório das faculdades vaidosas. Eles não se abalam muito com a enunciada “incompressão”, porque supõe que esta lhes dará o status de terem feito obra-seminal-cabeça, filmes intelectuais que revolucionam a linguagem do cinema, que não são caretas, longe disso, que são portadores de futuro e os reis do mocotó pós-moderninho.

Com isso, o trio parada dura se candidata – involuntariamente – a ficar conhecido como artistas/arteiros oficiais da globalização financeira, cargos vagos, mesmo depois de três décadas de ultraliberalismo que salgou o chão da criatividade e o céu do frescor artístico. Assim, menos que criativos, o trio passa a fazer uma arte sintomática, qual seja, um sintoma agudo do nada cultural e da irrelevância artística deixada pelas pegadas do ultraliberalismo de aparências.    
  
No futuro, quando houver o exame crítico desta fase e seus autores, se dirá: “Eles queriam dizer algo sobre o seu tempo, mas foram impedidos pelo eco do vazio incontrolável. Queriam cozinhar um mocotó, mas serviram apenas uma sopa aguada e fria”.  

domingo, 11 de setembro de 2011

Já escolhi substituta para Amy Winehouse


Depois do luto reverencial... é Adele, anotem esse nome. Adele Laurie Blue Adkins. Cantora e compositora (das boas) igualmente britânica. Adele tem voz de contralto, a voz feminina mais grave, que tem o registro entre o do tenor e o do meio-soprano (conforme dizem os manuais). Amy era de 1983, Adele nasceu em 1988.

Nei Lisboa


Já não passa nada
Já nem peço por favor
Eu tô abrindo a estrada
Que chega aonde eu for
Eu tô na madrugada
Tô na chuva pelo calor
Eu tô na luta armada
E o perigo me cercou....

Este é o Nei Lisboa, de Porto Alegre. (Falo para quem não é daqui.) Suas apresentações invariavelmente são de lotação máxima. É preciso comprar ingresso muitos dias antes. No entanto, no resto do País, ele é praticamente desconhecido. Uma pena, o Brasil não sabe o que está perdendo. Um dos grandes nomes da cena pop do Sul (do Continente).

Aqui, Nei apresenta ‘Cena Beatnik’ e ‘Verão em Calcutá’, velhos sucessos do cara. E quase como pé de página, a pérola 'Ruby Tuesday', dos Rolling Stones. Aliás, ele tem um CD gravado só com clássicos do roquenrrou. 


terça-feira, 6 de setembro de 2011

O verdadeiro pensamento pensa contra si mesmo


Zero e um

Há tempos, as pesquisas em inteligência artificial procuram criar um computador que tenha a complexidade de um cérebro humano.

Bem, certos setores do debate nacional de ideias conseguiram o inverso: criar cérebros que parecem mimetizar as restrições de um computador. Pois eles são como hardwares que suportam apenas um pensamento binário, onde tudo é organizado a partir de "zero" e "um".

De fato, o Brasil tem de conviver atualmente com debates onde o mundo parece se dividir em dois. Não há nuances, inversões ou possibilidades de autocrítica.

Jean-Paul Sartre costumava dizer que o verdadeiro pensamento pensa contra si mesmo.

Este é, por sinal, um bom ponto de partida para se orientar em discussões: nunca levar a sério alguém incapaz de pensar contra si mesmo, incapaz de problematizar suas próprias certezas devido à redução dos argumentos opostos a reles caricatura.

Afinal, se estamos no reino do pensamento binário, então só posso estar absolutamente certo e o outro, ridiculamente errado. Daí porque a única coisa a fazer é apresentar o outro sob os traços do sarcasmo e da redução irônica. Mostrar que, por trás de seus pretensos argumentos, há apenas desvio moral e sede de poder.

Isso quando a desqualificação não passa pela simples tentativa de infantilizá-lo. Alguns chamam isso de "debate". Eu não chegaria a tanto.

Infelizmente, tal pensamento binário tem cadeira cativa nas discussões políticas.

Se você critica as brutais desigualdades das sociedades capitalistas, insiste no esvaziamento da vida democrática sob os mantos da democracia parlamentar, então está sorrateiramente à procura de reconstruir a União Soviética ou de exportar o modelo da Coreia do Norte para o mundo.

Se você critica os descaminhos da Revolução Cubana ou a incapacidade da esquerda em aumentar a densidade da participação popular nas decisões governamentais, criando, em seu lugar, uma nova burocracia de extração sindical, então você ingenuamente alimenta o flanco da direita.

Esse binarismo só pode se sustentar por meio da crença de que nenhum acontecimento ocorrerá. Tudo o que virá no futuro é a simples repetição do passado. Não há contingência que possa me ensinar algo. Só há acontecimento quando este reforça minhas certezas.

O resto é "fogo-fátuo" e conspiração. É possível encontrar modelos desse raciocínio à esquerda e à direita. No entanto não precisamos de nenhum deles.

Precisamos de um pensamento com a coragem de admitir acontecimentos que nos desorientam. Pois - e este é um dos elementos mais impressionantes da vida - quando fechamos os olhos para tais acontecimentos, eles, de fato, desaparecem.

Artigo do professor Vladimir Safatle, do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP). Publicado hoje na Folha.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Petista é vaiado ao chamar missão no Haiti de 'civilizatória'



O assessor especial do Ministério da Defesa, o ex-deputado José Genoino (SP), disse ontem, no 4º Congresso do PT, que a atuação das tropas brasileiras no Haiti destina-se à garantia de "direitos civilizatórios e humanitários".

Genoino argumentou que a presença brasileira tem o objetivo de impedir que americanos, espanhóis e franceses assumam o controle. E disse que, no mês que vem, os batalhões terão redução de 800 homens.

"Vamos preparar uma saída responsável, mas garantindo os direitos civilizatórios e humanistas para o Haiti", disse, sob vaias. Uma hora depois, voltou ao microfone para retirar a palavra "civilizatórios" de sua intervenção.

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A presença de tropas brasileiras no Haiti é inadmissível, sob qualquer ponto de vista. Os militares estão cumprindo o papel de polícia, reprimindo e vigiando uma população miserável e desvalida. O governo da presidenta Dilma não pode se prestar a ser o cão de guarda dos interesses estadunidenses na região, tanto mais sabendo-se que o golpe de 2004 contra o presidente constitucional do Haiti, Jean Bertrand Aristide teve a participação indireta dos Estados Unidos. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O neoliberalismo resiste



O resultado do processo político das três últimas eleições nacionais parece não ter sido suficiente para inibir – pelo menos – a arrogância dos defensores do neoliberalismo no Brasil. Permanecem resistentes como se nada houvesse mudado na sociedade, fazendo desconhecer, inclusive, a regressão socioeconômica pela qual mantiveram o país prisioneiro por quase duas décadas. No ano 2000, por exemplo, o Brasil situava-se na posição de 14ª economia do mundo, ocupando o terceiro posto no ranking do desemprego global, enquanto em 1980 encontrava-se entre as oito economias mais importantes do planeta e estava na 13ª posição do desemprego mundial.

A estabilização monetária a partir do Plano Real foi um avanço, não obstante a demora assistida até a sua obtenção, após mais de quatro anos de experimentalismo neoliberal. Por conta disso, o Brasil se tornou um dos últimos países a superar a superinflação, posto que desde os anos 1990 ela praticamente se afastou do alto patamar verificado nas décadas de 1970 e 1980. Mesmo assim, a estabilidade monetária obtida no país desde 1994 se mostrou incompleta e insuficiente para permitir a volta sustentável ao desenvolvimento nacional, uma vez que o dinamismo econômico esteve contido e extremamente vulnerável, com perversos efeitos sociais. Naquela época, por exemplo, bastava que algum país tossisse para que o Brasil registrasse uma baita pneumonia, o que foi comprovado nas crises financeiras da segunda metade da década de 1990 (mexicana, asiática e russa). Todas elas, por sinal, acompanhadas tanto pela elevação interna dos juros e da carga tributária como pela contração do gasto público e dos investimentos. O resultado era a ampliação do desemprego e a redução da participação dos salários na renda nacional. Com isso, o conjunto da renda dos proprietários (lucro, juro, aluguel e renda da terra) se mantinha inatingível e com maior presença na riqueza do país.

O contrário ocorreu em 2008, quando os países ricos se contaminaram com uma grave pneumonia que atingiu o mundo todo. O Brasil, contudo, acusou um resfriado. Um ano depois, a economia nacional encontrava-se entre as sete principais do mundo, ao passo que, juntamente com a China e a Índia, transformou-se em uma das novas locomotivas a puxar o crescimento econômico global. Evidentemente, isso não resultou de simples mágica, mas da alteração profunda nas opções de políticas econômicas e sociais desde o primeiro mandato do governo Lula. O corte gradual na taxa de juros, com suave recomposição da carga tributária, ocorreu simultaneamente à difusão dos investimentos e do gasto público, com elevação real do poder aquisitivo do salário mínimo e a ampliação da rede de proteção social. Mesmo durante a crise global do capitalismo, em 2008, o Brasil seguiu reduzindo a pobreza e a desigualdade de renda, a ponto de oferecer até 2015 o horizonte de superação da miséria e do reposicionamento da economia nacional entre as cinco mais importantes do mundo. É nesse contexto que a participação do rendimento do trabalho voltou a recuperar o terreno perdido frente à renda do conjunto dos proprietários. O quadro atual é de escassez de mão de obra qualificada, somente vivido pelo país durante a primeira metade da década de 1970.

Apesar disso, os defensores do neoliberalismo seguem atualmente inflexíveis, com críticas contínuas ao papel do Estado e ao gasto público, bem como à ausência das reformas de segunda geração (privatização do que ficou, como o Banco do Brasil, a Petrobrás, a Eletrobrás, a previdência e assistência social, entre outros). Exemplos disso não faltam e podem ser encontrados recorrentemente na mídia, como no caso dos artigos publicados no jornal Valor Econômico, no dia 13 de junho, e, especialmente, na Folha de S.Paulo, do dia 17 de junho, quando L. C. Mendonça de Barros introduziu uma novidade mágica. Ou seja, a atribuição ao governo FHC – do qual participou ativamente na privatização do setor produtivo estatal – a responsabilidade principal pela construção da nova economia brasileira. Para isso, utilizou-se do argumento central relativo à evolução real da massa de salários para negar a existência de uma “herança maldita” ao governo Lula.

Interessante a resistência dos neoliberais, sobretudo em argumentos como os adotados por Mendonça de Barros, que considera o comportamento da remuneração do trabalho desconectado da evolução da renda dos proprietários no Brasil. Destaca-se que a estabilidade monetária obtida nos governos Itamar/FHC não recompôs a distribuição entre lucros e salários, mantendo-a aberta à sangria dos juros altos e do elevado desemprego. Somente a ruptura com as políticas de corte neoliberal durante o governo Lula permitiu que a participação do rendimento do trabalho na renda nacional passasse a crescer continuamente, ultrapassando o peso relativo da renda somada dos proprietários e mista ao final da década de 2000.

Entre 1990 e 1996, por exemplo, a participação do rendimento do trabalho na renda nacional diminuiu 15,4%, com sua leve e não sustentável recuperação de 4,9% entre 1996 e 2001. De 2001 a 2004 houve nova queda de 2,1% no peso relativo do rendimento do trabalho na renda nacional, para, a partir de então, registrar a tendência de elevação dos salários acima da renda dos proprietários, cuja estimativa de aumento acumulado seria de 10,3% até 2010. Neste ano, em especial, o peso relativo do total da remuneração dos trabalhadores na renda nacional teria ultrapassado o conjunto das demais rendas pela primeira vez desde a ascensão das políticas neoliberais. Ou seja, quase 20 anos depois.

A resistência dos neoliberais segue inviabilizada pela verdade dos fatos. Seus argumentos procuram menosprezar o sucesso das políticas econômicas e sociais atuais, quando, na realidade, nada apresentam de conexão com a regressão socioeconômica da década de 1990. Apenas a ilustração referente à evolução da distribuição funcional da renda nacional permite constatar o sucesso do Brasil pós-neoliberal.

Artigo do economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea, publicado originalmente na Revista Fórum.

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