Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 30 de junho de 2008


Yeda diz que na sua volta “não havia nenhum japonês que valesse a pena”


Cada vez que a governadora Yeda Crusius abre a boca, causa um calafrio no cardinalato tucano. Tanto que a jogaram à própria sorte no Sul. Devem ter recomendado-a à Deus e trataram de sair de perto, pois não se ouviu mais falar da tal de força-tarefa (seja o que isto queira significar) que a direção nacional tucana iria colocar à disposição do Palácio Piratini.


Ontem, no lançamento do candidato tucano à prefeitura de Porto Alegre – prova do mais completo isolamento do partido yedista – a governadora usou novas metáforas organicistas (analogia indevida entre fatos sociais e organismos vivos), e mesmo racista. Disse ela:


- Me caiu no colo um nenê japonês e, na minha volta, não havia nenhum japonês que valesse a pena. Então, não é meu, não é nosso esse filho que me caiu no colo. Mas quando um bebê é jogado no meu colo, não jogo no rio. Vamos achar o pai e a mãe. Esse bebê vai voltar para seu local de origem. Essas coisas requerem que a gente avalie o tamanho do inimigo – completou Yeda.


Na semana passada, Yeda não-havia-nenhum-japonês-que-valesse-a-pena Crusius já havia naturalizado a crise ética que abate o seu governo, comparando-a a um “terremoto seguido de tsunami”. Mais uma vez se enganou Sua Excelência. Crises éticas não tem nenhuma relação com fenômenos naturais (raios, trovões, enchentes, terremotos e tsunamis). Crises éticas tem a ver com comportamento anti-social, deslegitimidade política, prevaricação administrativa, anti-republicanismo, confusão entre público/privado, etc.


De qualquer forma, resta-nos mais um enigma – dos tantos já formulados pelas atrapalhadas elucubrações yedianas – qual seja, que diacho ela quis dizer com “na minha volta, não havia nenhum japonês que valesse a pena”?


Será algo elogioso ou ofensivo à colônia japonesa sulina?



Marido de Yeda seria o “barbicha”, diz jornal paulistano


Deu na Folha de S. Paulo, de ontem.


No auge da crise que derrubou quatro secretários de Yeda Crusius (PSDB) no Rio Grande do Sul, uma afirmação era ouvida amiúde nos corredores das secretarias de governo e no Palácio Piratini: "Chega de intermediários; Carlos Crusius na Casa Civil". A frase, repetida desde o início da gestão apenas com variações de cargo, alude à onipresença do marido de Yeda, o economista Carlos Crusius, 63 anos, no governo.


Professor universitário aposentado, Crusius atua como presidente do Conselho de Comunicação, uma área com orçamento modesto, cerca de R$ 7 milhões, mas que exerce influência na distribuição publicitária de estatais. Para adversários políticos, o cargo não remunerado foi apenas uma forma de justificar a permanente presença dele no palácio.


Dentro do chamado "núcleo duro" governista, Crusius é chamado de "professor". É também considerado um oráculo no grupo responsável pelas decisões estratégicas. Ele teria sido o idealizador do plano de aumento de impostos.


Entre os principais conselheiros de Yeda estão Aod Cunha, ex-aluno de Carlos Crusius, secretário da Fazenda e responsável pela área de maior sucesso da governadora tucana; o amigo da família Daniel Andrade, secretário de Infra-Estrutura e Logística; e Fernando Schüler, secretário da Justiça e do Desenvolvimento Social, acadêmico ligado ao casal.


O trabalho de Crusius já era perceptível nos bastidores da campanha. Ele estava no seleto grupo que organizava a arrecadação. O marqueteiro do primeiro turno da campanha, Chico Santa Rita, o define como "um personagem estranho, que se metia em tudo, mas não resolvia nada". "Volta e meia a gente ia fazer uma reunião da área de marketing e estava lá o Carlos Crusius; ia participar de uma reunião financeira, estava lá o Carlos Crusius; ia fazer uma reunião de plano de governo ou de pesquisa e estava lá o Carlos Crusius."


A campanha também foi um período de tensões entre o economista e o vice-governador, Paulo Feijó. As críticas de Feijó aumentaram após a eleição. "Como alguém que não recebeu um voto pode ter tanta influência no governo?", dizia.


Nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Rodin, que investiga o desvio de R$ 44 milhões do Detran gaúcho, Crusius é identificado como o provável "barbicha", uma pessoa influente com quem donos das empresas prestadoras de serviço queriam proximidade.


Crusius conheceu a paulista Yeda na Universidade de Vanderbilt, em Nashville, EUA, onde estudavam economia. Casaram-se e foram morar em Porto Alegre. Seguiram carreira acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Questionado sobre sua participação no governo, Crusius - avesso a entrevistas - diz que "marido é marido". "Eu sou uma pessoa totalmente desimportante", afirmou.


Foto: Carlos Augusto Crusius na fotografia à esquerda.



As legiões

Existe uma coisa chamada lógica enganosa, um pensamento que parece perfeitamente razoável até se revelar que não é. Por exemplo, dois-pontos. As Forças Armadas existem para proteger a nação dos seus inimigos. Os maiores inimigos da nação, hoje, são os criminosos bem armados que dominam boa parte do seu território e são uma ameaça constante aos seus cidadãos. Os meios convencionais de combater esses inimigos não funcionam. A criminalidade aumenta, a nação se sente indefesa. A solução? Mandar as Forças Armadas saírem dos quartéis e usarem suas armas, hoje de uso exclusivo das forças bandidas, para combater o crime. Mobilizar esta força ociosa para que cumpra seu papel de defender a pátria.

O silogismo é falso e perigoso, como se viu na recente experiência carioca. Exército agindo contra o crime não acaba com o crime e corre o risco de corromper o Exército. Exército na rua para manter a ordem está a poucos passos de estar na rua para impor exceção e arbítrio. O Brasil é um dos raros países do mundo que não seguiu o exemplo da Roma antiga, onde as legiões eram aquarteladas longe da cidade justamente para prevenir a tentação de usá-las a qualquer pretexto - não que isso as tenha impedido de muito intervir na vida civil dos romanos. O fato de os quartéis brasileiros estarem geralmente dentro de perímetros urbanos só aguça a lógica enganosa, pois realça a inutilidade de uma força militar dedicada aos seus rituais internos e à preparação para guerras hipotéticas enquanto na rua em frente, ou no morro atrás, o crime corre solto e o inimigo toma conta. Fica difícil convencer as pessoas de que esse aparente contra-senso é preferível a transformar militar em polícia. Que é melhor para nossa saúde cívica as legiões ficarem longe de Roma, metaforicamente falando.


Luis Fernando Veríssimo (publicado no Estadão de hoje)



Que mentalidadezinha, seu Lula!


Ontem, domingo, o presidente Lula – ex-metalúrgico da indústria de autopeças – participou oficialmente do lançamento de um carro novo da Volkswagen, prestigiando, portanto, uma indústria que causa um sem número de danos indiretos (e diretíssimos) às populações urbanas do País. Uma indústria que está na raiz mesmo do desastre ambiental do planeta.


Pois, ainda assim, não satisfeito, o conciliador Lula louvou vivamente o feitiço do automóvel em discurso improvisado, revelando o que lhe vai de fato na alma.


Já se vê que os seus antigos patrões não devoraram somente um dos dedos de Lula, como tributo de sangue à divindade do automóvel. Subtrairam-lhe também um pouco da alma.


O fac-símile é da Agência Brasil, de hoje.

domingo, 29 de junho de 2008


Preâmbulo às instruções para dar corda ao relógio

Pensa nisto: quando te oferecem um relógio, oferecem-te um pequeno inferno florido, uma prisão de rosas, um calabouço de ar. Não te dão somente o relógio, muitos parabéns, que te dure pois é uma ótima marca, suíço com não sei quantos rubis, não te oferecem somente esse pequeno pedreiro que prenderás ao pulso e passeará contigo. Oferecem-te - ignoram-no, é terrível ignorá-lo - um novo bocado frágil e precário de ti mesmo, algo que é teu mas não é o teu corpo, que tens de prender ao teu corpo com uma correia, como um bracinho desesperado pendente do pulso.


Oferecem-te a necessidade de lhe dar corda todos os dias, a obrigação de dar corda para que continue a ser um relógio; oferecem-te a obsessão de ver as horas certas nas vitrines das joalharias, o sinal horário na rádio, o serviço telefônico. Oferecem-te o medo de o perder, de seres roubado, de que caia ao chão e se parta. Oferecem-te uma marca, a convicção de que é uma marca superior às outras, oferecem-te a tentação de comparares o teu com os outros relógios. Não te oferecem um relógio, és tu o oferecido, a ti oferecem para o nascimento do relógio.


Julio Cortázar


(De Historias de cronopios y de famas)


sábado, 28 de junho de 2008


Tema para um painel de tapeçaria


O general tem somente oitenta homens, e o inimigo, cinco mil. Em sua tenda de campanha o general blasfema e chora. Então escreve um manifesto inspirado, que pombos correios despejam sobre o acampamento inimigo. Duzentos soldados se bandeiam para o general. Segue-se uma escaramuça, que o general vence facilmente, e dois regimentos aderem ao seu lado. Três dias depois o inimigo tem somente oitenta homens e o general cinco mil. Então o general escreve outro manifesto, e setenta e nove homens se passam para o seu lado. Só resta um inimigo, sitiado pelo exército do general, que espera em silêncio. Transcorre a noite e o inimigo não passou para o seu lado. O general blasfema e chora em sua tenda de campanha. Ao amanhecer o inimigo desembainha lentamente a espada e avança até a tenda do general. Entra e o examina. O exército do general se dispersa. Sai o sol.


Julio Cortázar


sexta-feira, 27 de junho de 2008


Brasil economiza quase 7% do PIB para pagar rentistas e especuladores


Nos quatro primeiros meses de 2008, a economia que o País faz para honrar seus compromissos financeiros (superávit primário) representou 6,82% de tudo o que foi produzido na economia (Produto Interno Bruto - PIB).


Esse foi o maior superávit primário dos últimos anos, segundo informou a Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, divulgada ontem.


O documento, que contém a análise macroeconômica do País no primeiro quadrimestre do ano, mostra que em 2007 o superávit primário foi de 6,31% do PIB e em 2006, 5,58% do PIB.


Segundo o Ipea, a marca deste ano propiciou, pela primeira vez um superávit nominal de 0,76% do PIB. Em termos nominais, as receitas cresceram 18% e as despesas, 9% no quadrimestre.



Propaganda estimula consumo de gordura, sal e açúcar


A Universidade de Brasília (UnB) e o Ministério da Saúde divulgaram ontem, o resultado de uma pesquisa que apontou que as propagandas que mais predominam nas TVs e revistas são as de alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar.

Os anúncios de alimentos nas televisões correspondem a 9,7% do total e sua maior freqüência é registrada no período das 14h30 às 18h30, com maior prevalência na rede de televisão a cabo. Já as mídias impressas focam mais em revistas infantis, para adolescentes e mulheres. A informação é da Agência Brasil.


No estudo constatou-se que os alimentos mais divulgados na mídia são produtos que afetam a saúde e acarretam doenças crônicas. Durante a divulgação dos dados, o Ministério da Saúde afirmou que 60% dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) são gastos em tratamentos de hipertensão, diabetes e coronarianas.


Segundo a coordenadora geral da política de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcellos, os órgãos competentes pretendem realizar campanhas de alimentação adequadas para executar uma mudança nos hábitos da população, na intenção de reduzir o consumo desses mantimentos.


Entretanto, a meta principal é efetuar revisões de todas as políticas legislativas que estão no Congresso Nacional, relacionadas a esse tipo de propaganda.


Além disso, a reunião discutiu também a proposta de consulta pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada em 2006, que dispõe sobre a oferta, propaganda e publicidade de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gordura saturada, gordura trans e sódio.


Na avaliação da gerente de propaganda da Anvisa, Maria José Delvado, a consulta mudará os hábitos dos brasileiros e irá privilegiar a saúde da população, principalmente das crianças que consomem esses alimentos, muitas vezes, induzidos pela mídia.


“Nós estamos estabelecendo critérios de propagandas ricas em gordura, sal e açúcar, justamente para que essas campanhas possam ter informação importante sobre o ponto de vista de saúde pública e que possam conter práticas implementadas neste segmento que influenciem e alterem significamente os padrões de consumo”, disse.


Segundo a dona de casa, Carmem Miranda, os meios de comunicação erram ao não equilibrar as informações, inclusive, nos comerciais. Ela disse que hoje é muito difícil fazer com que os filhos mantenham uma alimentação saudável. Para ela, a falta de tempo dos pais, a influência dos amigos na escola e a televisão são aspectos que contribuem para que as crianças aprendam a consumir alimentos que não são saudáveis.

“Em casa, quando tenho tempo, preparo um lanche mais saudável, mas quando eles chegam na escola trocam os lanches com os coleguinhas por biscoito de chocolate, sem contar que a televisão passa toda hora propaganda de biscoito de super heróis, daí a gente acaba comprando para agradar os filhos”, conta Carmem.


quinta-feira, 26 de junho de 2008


Kayser e o homem que matou o homem que matou o homem mau, coronel Mendes, da Brigada ligeira da governadora Yeda não-posso-ir-a-hotel Crusius.

ZH começa a apoiar Fogaça, de maneira subliminar


A pesquisa a que se refere o jornal Zero Hora não tem o menor valor científico. A começar que o jornal tem que optar pela denominação que irá usar no tratamento da notícia, já que ora chama de pesquisa, ora chama de estatística (o que é outro equívoco, já que Estatística é uma ciência, e não uma mera série de dados e informações empíricas). E muito menos "censo", que sugere algo oficial e universal.


A manchete principal de hoje do jornal da RBS é um golpe em favor da candidatura do atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, candidato à reeleição. Eis como se re-elege um candidato amigo da casa, diria alguém da RBS.


Qualquer morador consciente de Porto Alegre sabe que essa pesquisa é suspeita e não corresponde à realidade que se assiste diariamente nas ruas e cruzamentos da cidade. O próprio jornal ZH tem então que rever uma matéria sua, de semanas atrás, onde flagrava dezenas de pedintes nos cruzamentos da Capital, quando sugeria discretamente que estes “excluídos da sorte” fossem simplesmente afastados à força e criminalizados pelas autoridades.


O que se vê hoje em ZH é propaganda eleitoral subliminar e irregular. Quem quiser que acredite neste "censo", mais autêntico que cédula de seis reais.

........


Já se vê que pouco ou nada adiantou as candidatas Rosário (PT), Manuela (PCdoB) e Luciana (PSol) fazerem discursos bajulatórios no Congresso, em homenagem aos 50 anos do grupo RBS.




A Guerra Fria do MP gaúcho


Seria uma caricatura, não fosse sério. Um relatório secreto do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul decreta guerra ao MST, prega dissolver o movimento a bem da "segurança nacional" e define linhas de ataque ao movimento. A ata secreta de reunião no dia 3 de dezembro do ano passado revela que o Conselho constituiu uma força-tarefa para "promover uma ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade".


A diretriz, que está sendo executada de forma articulada com a Justiça e a Brigada Militar, é a de acuar o movimento em várias frentes: proibir marchas e deslocamentos em massa dos sem terra; investigar os integrantes de acampamentos e dirigentes quanto ao uso de verbas públicas; intervir nas escolas do MST; impedir a presença de crianças e adolescentes nos acampamentos; nos assentamentos, comprovar desvios de finalidade da terra; promover investigação eleitoral "nas localidades em que se situam os acampamentos controlados pelo MST, examinando-se a existência de condutas tendentes ao desequilíbrio deliberado da situação eleitoral" e atuar para cancelar os títulos de eleitor dos assentados.


A decisão teria de ficar sob sigilo por 10 anos, mas veio a público quando foi anexada como prova de uma denúncia feita à Justiça pelo MPE contra acampados do MST em duas áreas cedidas por proprietários na proximidade da Fazenda Coqueiros - a inicial da ação esclarece que os promotores tomam essa iniciativa baseados na diretriz do Conselho.


Também foi anexado um relatório do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2).

A ofensiva do Ministério Público, a pronta anuência de juízes e uma rápida mobilização de efetivos da Brigada Militar montam o cenário de uma Guerra Fria particular: o MPE aciona a Justiça usando um discurso ideológico; o juiz decide em favor da preleção dos promotores; a Brigada Militar responde prontamente às ordens judiciais.


As sentenças obtidas até agora são um cerco político ao movimento: uma proíbe a manifestação política de acampados em terra do Incra; outra, de um juiz eleitoral, suspende os títulos de eleitores de acampados em Coqueiros; uma ação do MPE relativa à ocupação do horto florestal da Fazenda Barba Negra denuncia 37 integrantes da Via Campesina por dano, furto, cárcere privado, formação de quadrilha e lavagem dinheiro, inclusive pessoas que não estavam no local - um deles o líder nacional do MST, João Pedro Stédile; as escolas dos assentamentos estão sendo desativadas.


Em janeiro, uma pronta sentença do juiz, favorável a ação proposta pelo MPE - a pretexto de investigação de um furto de uma máquina fotográfica, um anel e R$ 200 - permitiu à polícia identificar os 1.200 participantes do 24º Encontro Estadual do MST. É esse o quadro: a ação articulada e rápida do MPE, da Justiça e da polícia gaúchas está cassando direitos civis e políticos de cidadãos brasileiros. Inclusive o direito ao voto.


O conteúdo ideológico dessa ofensiva está claramente estampado nos autos de processos e em documentos judiciais. A linguagem é tão contundentemente ideológica que é difícil encarar o MPE e a Justiça do Rio Grande do Sul como partes neutras de um conflito. Na inicial da ação civil pública apresentada pelos promotores Luís Felipe de Aguiar Tesheiner e Benhur Biacon Júnior, pedindo a desocupação dos dois assentamentos do MST próximos à Fazenda Coqueiros, eles rezam submissão à orientação do Conselho Superior de "dissolver" o MST e tecem um longo arrazoado sobre subversão. Definem o movimento como "uma organização revolucionária que faz da prática criminosa um meio para desestabilizar a ordem vigente"; asseveram que "já existem regiões do Brasil dominadas por grupos rebeldes"; apontam como indício de subversão "a doação de recursos por entidades estrangeiras, como a organização Cáritas, mantida pela Igreja Católica".


A peça ideológica informa que outros dois promotores estaduais fizeram um "notável serviço de inteligência" no MST, e essa arapongagem concluiu que o movimento social tinha uma "estratégia confrontacional", que seria comprovada pelo material apreendido em acampamentos: livros de Paulo Freire, Florestan Fernandes, José Martí, Che Guevara e do pedagogo russo Anton Makarenko. De acordo com os promotores, é prova de intenção de atentar contra a segurança o uso de frases como "a construção de uma nova sociedade", "poder popular" e "sufocando com força nossos opressores". Afirmam também que o MST usa de "fraseologia agressiva, abertamente inspirada em slogans dos países do antigo bloco soviético".


Como verdades, são citados dois relatórios do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2). Num deles, o coronel Waldir Reis Cerutti garante que o MST é financiado pelas Farc. "Análises do nosso sistema de inteligência permitem supor que o MST esteja em plena fase executiva de um arrojado plano estratégico, formulado a partir de tal 'convênio' (com a Farc), que inclui o domínio de um território em que o governo manda nada ou quase nada, e o MST e a Via Campesina, tudo ou quase tudo". A inicial da ação do MPE não cita, todavia, conclusão de inquérito da Polícia Federal, que não encontrou nenhum indício de ligação do MST ou da Via Campesina do Estado com o movimento guerrilheiro colombiano.


O MPE, a justiça e o governo gaúcho (com sua polícia) atiraram-se numa marcha da insensatez, usando perigosamente instituições democráticas para restringir o direito de associação e de manifestação política e o direito ao voto. Esse é um preço que o MST gaúcho pode pagar agora, mas o país todo paga também no futuro.


Incentivar a histeria da direita com discurso de fazer inveja aos militares que comandaram o país entre 1964 e 1985 é um caminho a ser evitado. Pode parecer simplesmente ridículo estimular ofensivas contra movimentos sociais com discursos anti-subversivos. É ridículo, de fato, mas não só isso: é igualmente perigoso.


Artigo da jornalista Maria Inês Nassif, publicado hoje no jornal Valor (de São Paulo).



Um pronunciamento de funcionários públicos no RS


Para alguém fundar uma igreja, hoje, basta escolher uma divindade no mercado de divindades, certo? Errado. O fundador precisará também de um representante do mal, uma entidade abstrata chamada demônio.


Pois, alguns promotores do Ministério Público do Rio Grande do Sul resolveram fundar uma nova igreja da direita maragata guasca e faltava-lhes apenas o "coisa ruim", para representar em tempo integral tudo que estes bravos fundamentalistas precisam combater também em tempo integral.


Não deu outra, elegeram o MST como o satã da vida social guasca. E agora estão aí divulgando as suas convicções doutrinárias, como se estas brotassem da certeza dos justos e da ira dos injustiçados.


O reconhecido jurista e professor da USP, Dalmo Dallari, ficou surpreso com a atitude dos promotores sulinos. Para ele, é inconcebível que um documento do MP afirme que “é preciso quebrar a espinha dorsal do MST”.


“Esse trecho da manifestação - diz Dallari - tem o teor de um manifesto político e não de um documento jurídico. Então, realmente é lamentável essa decisão, lamentáveis essas palavras, que são a negação da Constituição, da democracia. É uma demonstração de intolerância política. É totalmente inútil essa decisão, não pode ter conseqüência nenhuma porque não tem fundamento jurídico”.


Estamos, então, diante de um verdadeiro pronunciamento - no sentido da desobediência constitucional e de um putsch disfarçado - de funcionários do aparelho de Estado que resolvem fazer política ainda que em plena investidura de suas funções públicas. Pior: usando o aparato de Estado e o tempo funcional (que não é deles, é público, e regiamente remunerado) para militarem politicamente em favor de interesses econômicos particulares, identificados com a exclusão social e a intolerância com a democracia.


Essa espécie de insurretos de gabinete, de barnabés contra-revolucionários do medo, me parece inédita, pelo menos no Brasil. Desconheço - e peço socorro - que tenha havido na história semelhante pronunciamento de barnabés, com politização tardia e incompleta. O consultor Gunter Axt (parceirão de Fernando Schuller) precisa reforçar as aulinhas bate-pronto de política que ministra à banda direitosa daquela instituição do Estado.


Um de seus alunos, o mais destacado na atual conjuntura, anda dizendo tolices e inconsistências aberrantes, próprias de quem teve uma formação mais furada que queijo suíço, apesar de ter tido as melhores chances da vida.


Noves fora esse fenômeno novo, esperamos que meteórico, na vida social do Rio Grande do Sul, é preciso entender o contexto mais geral do caso. Quando barnabés bem remunerados do sistema passam a dar pitacos políticos, pela direita, na coisa pública é porque há um evidente colapso na hegemonia das elites locais.


O indivíduo subalterno pró-sistema e dotado de algum horizonte intelectual, nem que seja um kit de sobrevivência na selva, quando passa a temer pelo seu próprio futuro de classe, agiganta-se e vira leão de circo romano. É o caso presente.


Esses poucos maragatos do MP/RS estão sendo a vanguarda do atraso. O bloco no poder do Palácio Piratini está lhes dando nos nervos, nada dá certo, as lideranças batem cabeça e mostram despreparo a todo o momento, a governadora é o quadro do fracasso, e o governo pode ser impedido de dentro - pela ação moral de um outsider político mas não outsider sistêmico que teima em mostrar as contradições no qual navegam. Logo, os Torquemada (ilustração) de bombacha acham de emergir na cena pública com cruzadas anti-demoníacas que visam atingir menos o próprio demônio (até porque sabem que não há elementos jurídicos para fazê-lo), e mais com o afã de recompor as antigas alianças, e sobretudo, demonizando um inimigo comum a todos.


O problema é que não estão considerando outras variáveis, como a econômica, por exemplo, já que a crise de hegemonia e de legitimidade do conservador bloco regional de poder tem motivações para bem além da política provinciana guasca.


Mas isto merece outra abordagem em outro momento.

......


Ontem, falando com o professor alemão Franz Neumann, ele me dizia que está preparando um artigo onde abordaria essa crise político-econômica do RS, o recrudescimento da direita local, etc., à luz da política nacional e latino-americana, bem como um comentário comparativo com a sua Alemanha na crise política de onde emergiu o projeto nazi, na década de 30 do século passado.


Quando o professor mandar, e se mandar o artigo, haja vista a sua saúde algo precária, nós prontamente o publicaremos aqui no blog.



quarta-feira, 25 de junho de 2008


Acendem-se as fogueiras

Acendem-se as fogueiras no Rio Grande do Sul, mas não pelas festas juninas cristãs de São João e São Pedro.

Acendem-se as fogueiras dos Tomás de Torquemada e Girolamo Savonarola. O inquisidor geral do Ministério Público do RS – do alto do século 15 de suas idéias – está com o livro do índex aberto e faz febricitantes anotações de cerco, aniquilação e morte.

Morte aos movimentos sociais! – é a palavra de ordem dos novos intelectuais orgânicos da maragateria guasca.

À frente, o pequeno Torquemada, promotor Gilberto Thums. Ontem, numa das tantas entrevistas que deu ao PIG de sua terra, ele saiu-se com uma máxima enigmática, ao querer dizer que em lugar algum movimentos sociais tem as regalias que gozam no RS:

- Nem na Rússia!

Confesso que não entendi. Sua Senhoria está misturando Torquemada com Dr. Strangelove.



“Não se discute punição de militares”, no Brasil

Dedicada ao estudo das ditaduras militares no Brasil e no Cone Sul desde 1997, a historiadora Samantha Quadrat lamenta a falta de vontade política em abrir os arquivos militares e permitir maior acesso aos já considerados bens públicos. A especialista assegura que, diferentemente da Argentina, a punição dos generais "é uma discussão que não cabe no Brasil", país que foi o maior asilo político para os latinos durante a pioneira transição democrática. A entrevista está no Jornal do Brasil, de hoje. Abaixo, na íntegra:

JB - Pouco se sabe sobre o Brasil como destino de exilados latinos. Conte-nos um pouco sobre essa sua pesquisa.

Samantha Quadrat - O principal retrato que temos é dos brasileiros deixando o país durante a ditadura, mas o movimento contrário foi intenso. O Brasil foi o que mais recebeu perseguidos políticos porque no auge das ditaduras vizinhas, iniciava a abertura. Além disso, o país é grande, o que faz crer que a clandestinidade é mais fácil. As fronteiras eram ultrapassadas com carteira de identidade e permitiam ao exilado manter-se relativamente próximo da família que não fugiu.

Qual foi a nacionalidade que mais recebemos?

Argentinos, seguidos pelos chilenos e uruguaios. A primeira leva veio em 1966, quando o golpe de Estado do general Juan Carlos Onganía inaugurou a ditadura argentina. Eram, em sua maioria, intelectuais e idosos. Depois, com o endurecimento militar que culminou em 1976, vieram em massa profissionais, jovens e militantes políticos.

E o governo brasileiro foi receptivo?

Foi, mas com cautela porque, se por um lado, queria manter sua imagem perante a comunidade internacional, tampouco queria que o Brasil se tornasse um centro de reorganização da esquerda. Assim, a regra era aceitá-los, mas pensar como tirá-los o mais rapidamente do país.

Em sua tese sobre a Operação Condor, você teve acesso a documentos de quais países? Quais foram as dificuldades?

O Paraguai é sem dúvida o país que mais disponibiliza material para pesquisa, tudo pode ser fotografado. Na Argentina, a abertura impulsionada por Nestor Kirchner ajudou o processo. O Chile ainda é muito fechado, tive acesso aos documentos por meio de órgãos de direitos humanos. O caso brasileiro é misto. Os arquivos do Dops estão abertos separadamente em São Paulo, Rio e Minas, e os documentos da Divisão de Segurança e Informações (DSI) estão no Arquivo Nacional. Apesar de considerados públicos, muitos desses têm difícil acesso. Há casos por exemplo em que a autorização da família é requerida. Falta vontade política em promover acesso total aos arquivos, mesmo os catalogados.

O que resta pendente?

Os arquivos militares. Muitos documentos foram levados para a casa dos generais, que ainda assim insistem em dizer que os arquivos não existem mais.

Há alguma estimativa de quão grande é este arquivo?

Não, nenhuma, mas posso imaginar que seja muito grande pautada apenas pelos documentos enviados ao Dops, aos quais tivemos acesso.

O Brasil ainda discute a abertura dos arquivos enquanto a Argentina avança na condenação dos militares. Há espaço para punição no Brasil?

Não. Os parentes das vítimas são os únicos que apresentam essa reivindicação. Mas não há interesse da sociedade em punir ninguém. Aqui não cabe essa discussão.

O que nos distancia da Argentina?

O impacto da repressão na Argentina foi outro. Com mais de 30 mil mortos e desaparecidos, os parentes das vítimas se organizaram rápido e estão na luta desde o início. A violência brasileira hoje é tão grande que olhamos para os desaparecidos do tráfico. Além disso, a lei de anistia no Brasil foi muito bem costurada, de fato, cravou um ponto final. E o consenso social construído em torno dos militares se perpetua. Muitos militares, inclusive, viraram nome de rua. A Ponte Rio-Niterói é o nome popular para Ponte Presidente Costa e Silva. Avenidas Presidente Médici se repetem em todo o país. E o agente da CIA que ensinava técnica de torturas ao militares brasileiros, Dan Mitrioni, é uma rua em Minas.



Senadores investigam repressão policial no RS

Sindicalistas, movimentos sociais, estudantes e a população em geral denunciaram ontem a repressão da Brigada Militar em protestos e mobilizações no Estado do Rio Grande do Sul. Durante a audiência pública (foto) promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado em Porto Alegre, as entidades lembraram o assassinato do sindicalista Jair Antonio da Costa em 2005, durante protesto contra as demissões do setor coureiro-calçadista do Vale dos Sinos. O crime de morte do operário, que foi asfixiado por policiais durante o protesto, não foi julgado até hoje.

Também foram destacadas as repressões violentas contra comerciários em Farroupilha, metalúrgicos em Panambi e Caxias do Sul, estudantes e professores em Porto Alegre e nos protestos em geral da Via Campesina. Integraram a diligência os senadores Paulo Paim, do PT/RS, José Nery, do PSOL do Pará e Flávio Arns, do PT do Paraná. As denúncias foram levadas para apuração em Brasília. A informação é da Agência Chasque.



Brasil é paraíso de novos milionários

O número de milionários no Brasil cresceu 19,1% no ano passado, o terceiro maior avanço no mundo, superado apenas por Índia e China. O país contava, em 2007, com 143 mil pessoas com ativos de pelo menos US$ 1 milhão (23 mil a mais do que em 2006), segundo estudo anual do Merrill Lynch e da Capgemini. O aumento superou ainda o do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país), que cresceu 5,4% em 2007.


Foi o maior crescimento no número de milionários do país nos últimos cinco anos desse estudo (quando os dados dos países ficaram mais detalhados). Nesse período, a maior expansão tinha sido a de 2005, de 11,3%, quando o Brasil teve o décimo maior avanço mundial. A informação está nos principais jornais do País, hoje.



Secretária de Yeda assinou contrato irregular do Projovem de Porto Alegre

Apontada pelo Ministério Público Federal como uma das principais operadoras do desvio de R$ 44 milhões do Detran-RS, a Fundae foi contratada sem licitação para gerir o Projovem (programa de capacitação de jovens) pelas prefeituras de Porto Alegre e de outras três cidades gaúchas.

A Procuradoria instaurou investigação para apurar os indícios de fraude. O contrato de R$ 9,9 milhões entre a Prefeitura de Porto Alegre e a Fundae foi assinado em 2005 pela então procuradora-geral do município, Mercedes Rodrigues (PSDB), que será empossada hoje como secretária-geral do governo Yeda Crusius (na foto, com Mercedes). A informação é da Folha, de hoje.


terça-feira, 24 de junho de 2008


Agência de inteligência do governo Lula passa informações para a repressão policial do governo Yeda

Desde abril, a área de informações do governo já tinha informações sobre os planos dos movimentos sociais de endurecerem suas ações. Entre as estratégias planejadas, estava a paralisação de atividades de empresas de setores estratégicos — o que acabou ocorrendo ao longo deste mês, quando a Via Campesina lançou, em 10 de junho, uma jornada de lutas contra o modelo do agronegócio brasileiro, colocando na rua cerca de 5 mil pessoas, em protestos por 14 Estados. Os principais alvos das manifestações e ocupações foram companhias como a Vale, Votorantim e Odebrecht. Na avaliação de analistas de inteligência, a situação tende a permanecer sem solução. Um dos motivos é o ano eleitoral, quando nenhum prefeito ou governador quer colocar suas polícias em confronto com manifestantes. A informação está no Correio Braziliense, de hoje.

Em um primeiro momento, a preocupação do governo era apenas com ações que afetassem empresas como a Petrobras. Em seguida, as atenções se voltaram para instituições que lidam com informações estratégicas, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrocupecuária (Embrapa), centro de referência da área na América Latina. “Uma das preocupações é a destruição de pesquisas que levam anos para serem concretizadas”, observa um analista da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Por último, o governo focou nas grandes indústrias e mineradoras, depois que sem-terras bloquearam a entrada da Vale, no Pará.

A partir da jornada de lutas lançada pela Via Campesina, ficou claro para o governo que a estratégia dos movimentos sociais agora é apostar em várias ações ao mesmo tempo. O agente da Abin que conversou com o CB diz que trabalha na avaliação sobre a situação, mas não vai muito além disso. “Nós levantamos as informações e passamos para os setores de segurança dos Estados, a quem cabe tomar alguma providência”, explica o agente. As ações dos movimentos sociais também estão sendo acompanhadas pela Coordenação-Geral de Defesa Institucional (CGDI) da Polícia Federal, setor que monitora conflitos que podem surgir no País. Ao contrário da Abin, a PF pode atuar, desde que as manifestações sejam em instalações da União. Caso contrário, caberá às polícias estaduais qualquer tipo de repressão.

A tendência, segundo os analistas, é que o quadro não mude pelo menos até outubro, quando são realizadas as eleições municipais. “Todo político, nesse período de campanha, não quer ver sua polícia reprimindo trabalhadores. Os próprios movimentos sabem e abusam disso”, observa um delegado da PF ligado à área de controle de conflitos. Exemplo disso, segundo a área de inteligência, são justamente os protestos da Via Campesina. Nos 14 estados onde houve manifestações, apenas no Rio Grande do Sul a polícia entrou em confronto com os manifestantes. Nos demais locais, policiais acompanharam as ações de perto, mas sem atuar. Em nota, a Via Campesina afirmou que as ações deflagradas eram uma forma de expressão legítima em uma democracia

MP/RS afirma querer quebrar a espinha dorsal do MST


O Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul aprovou relatório que pede a "dissolução" do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e já serviu de base para oito ações judiciais contra sem-terra, que incluem proibição de marchas e autorização de despejos e deslocamento de acampamentos. A informação está na Folha, de hoje.


"Voto no sentido de designar uma equipe de promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade", afirma o promotor Gilberto Thums (foto), em relatório aprovado por unanimidade pelo conselho no final de 2007.


Os promotores, além de mirar na intervenção de escolas ligadas ao movimento, buscam agora um mecanismo jurídico para apresentar à Justiça o pedido de dissolução do MST. As ações atuais têm o apoio também do governo gaúcho, segundo os sem-terra.


"Nós conseguimos, com a ajuda da Polícia Militar, identificar todos [os militantes do MST]", disse o promotor Thums, que completou: "Quem invadir, quem depredar, quem praticar atos de vandalismo e de sabotagem vai ser preso, pois já estará identificado como integrante desse movimento. Vamos mover processo criminal contra eles".


Para o MST, trata-se da ofensiva jurídica mais dura de sua história. Como contra-ataque, o movimento promete denunciar a ação dos promotores em organismos internacionais, como ONU (Organização das Nações Unidas) e OEA (Organização dos Estados Americanos).


Criado em 1984, o MST não existe juridicamente, portanto não é simples a tarefa de extingui-lo. Numa estratégia de blindagem, justamente contra ações como a do Ministério Público, não há um CNPJ para ser anulado nem presidente para ser preso ou processado.


Para o MST, em termos de "repressão" à sua atuação, a iniciativa dos promotores só fica atrás do massacre de Eldorado do Carajás, quando, em abril de 1996, 19 sem-terra morreram em ação de desobstrução de rodovia pela PM paraense.


"Não há como dissolver o que não existe do ponto de vista legal. Numa hipótese doida, o que eles [promotores] poderiam fazer é [pedir à Justiça] a decisão de proibir todos de se reunirem como MST. A única possibilidade seria essa", disse Juvelino Stronzake, advogado do movimento.


"Se retiramos o massacre de Eldorado do Carajás, esse é o fato mais marcante da história do movimento. É significativo por ser instância do Estado tentando limitar a organização popular. Só tivemos situações como essa, de proibir marchas, na ditadura", completou.


A idéia do Ministério Público do Rio Grande do Sul é chegar ao ponto de proibir qualquer órgão do Estado de negociar contratos e convênios, com o movimento. "Cabe ao Ministério Público agir agora. Quebra a espinha dorsal do MST", diz um dos trechos do relatório.

Leia aqui entrevista com Gilberto Thums, o promotor campeão do obscurantismo guasca.

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

Arquivo do Diário Gauche

Perfil do blogueiro:

Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo