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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Parasitismo social nos latifúndios


Distorções do agronegócio elevam preços dos alimentos

Deu no jornal Estadão, de domingo último.

Produtor do asfalto usa soja como moeda de troca

Caiado ganha dinheiro arrendando 3 mil hectares de terra

A cotação recorde da soja, alcançada nos últimos meses, garantiu bons negócios para o empresário Eduardo Caiado, de 25 anos. “Sou produtor do asfalto”, diz o dono de seis fazendas produtoras de soja espalhadas pelos Estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso. “Não tenho nenhum trator”, conta. Ele ganha dinheiro com o arrendamento de 3 mil hectares de terras em troca de soja.

Foi assim que fez um negócio de ocasião, em fevereiro. Fechou a compra de mil hectares de terras, cotados em 100 sacas por hectare, com pagamento parcelado em três anos. Ao todo vai pagar o equivalente 100 mil sacas de soja. A primeira parcela, de 33 mil sacas, foi quitada quando o produto estava cotado em R$ 45. As demais serão pagas entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2010.

Agora, a cotação da soja já caiu para R$ 39 a saca. “Fiz um bom negócio”, comemora. A torcida do empresário é para que o preços estejam em baixa nas datas em que terá de quitar as demais parcelas.

Além de comprar uma fazenda vinculada à soja, Caiado adquiriu um automóvel BMW 325 [foto] quando a commodity estava no pico de preço. Pagou o equivalente a 4,4 mil sacas de soja, cerca de R$ 200 mil. Atualmente, com a soja nos R$ 39 por saca, ele teria de desembolsar mais de 5 mil sacas. “Comprei o carro quando a soja está no valor mais alto”, gaba-se o empresário.

Em Ribeirão Preto (SP), onde Caiado mora, boa parte dos clientes compram veículos de luxo tendo como unidade monetária produtos agropecuários, conta José Carlos Chagas, supervisor da revenda de carros de luxo da Eurobike.

Caiado conta que recebe os aluguéis das terras e deixa a soja depositada nas cooperativa, aguardando o momento mais oportuno para vender o grão. Na prática, a soja funciona como uma reserva de valor para o empresário. Quanto ao atual ciclo de baixa das commodities, ele acredita que será passageiro. “A cotação da saca de soja deve voltar a R$ 45”, palpita.

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Assim como esse fazendeiro paulista, Eduardo Caiado, existem no Brasil, segundo dados do cadastro do Incra e o censo do IBGE, ao redor de 35 mil fazendeiros proprietários de mais de dois mil hectares de terra. Cerca de 90% deles não moram na área rural, mas nas Capitais. A grande maioria mora em São Paulo, Campo Grande e Goiânia. São donos de 46% de todas as terras agricultáveis do Brasil, algo como 140 milhões de hectares. Nenhum deles acumulou terras trabalhando na terra.

Estes especulares de produtos agrícolas, atravessadores e arrendatários rurais contribuem para a alta dos preços dos alimentos nas cidades brasileiras. São parasitas sociais que não teriam razão de existir como agentes econômicos, caso tivéssemos um governo popular autêntico no País.


7 comentários:

Anônimo disse...

when will you go online?

Anônimo disse...

A zona sul do Estado é povoada de pequenos Caiados que também vivem do trabalho de arrendatários. Esses Caiados, em oposição ao verdadeiro, pilchados (bota, espora e bunda de fora) dirigem suas F100, caindo aos pedaços, freqüentam o melhor clube da cidade e odeiam o MST. Uma parte deles, agora, optaram por encher seus "belos" campos de eucaliptos.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Governo popular autêntico??? O viés espartaquista - o museu das velhas novidades - não está apenas nas linhas do Prof. Neumann.

Anônimo disse...

NO Alegrete, desde a decada de 20 de século passado, com maior intensidade a partir dos anos 70, os gigolôs de terra entraram no apice, pois o arrendamento foi a galinha dos ovos de ouro para os filhos dos latifundiários, que ganharam muita terra nos tempos das sesmarias e se intitulam produtores rurais sem plantarem um pé de couve. Se precisassem trabalhar morriam de fome.
Reforma agrária ONTEM.

Anônimo disse...

No museu das velhas novidades do Maia não entra nenhum destes latifundiários que não conhecem as terras, nem as deles.

Quer coisa mais anacrônica que isto?

Claudio Dode

Anônimo disse...

O grande sociólogo General Figueiredo, formado nas agruras da caserna, afirmou que os latifundiários (que se autodefinem como pecuaristas) eram todos gigolôs de vaca.

Anônimo disse...

Com muita propriedade esta abordagem. E olha que isto vem de longe. POde ser pior???Pode.. Eles vão renegociar as dívidas por um tempão de tempo (justamente pra não pagar) e vão ficar mais ricos ainda.
Mas batem no peito: nós produzimos alimentos para o país. Puro calote.

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