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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 16 de agosto de 2008

Dois poemas de Mendes


A mãe do primeiro filho

Carmem fica matutando
no seu corpo já passado.


— Até à volta, meu seio
De mil novecentos e doze.
Adeus, minha perna linda
De mil novecentos e quinze.
Quando eu estava no colégio
Meu corpo era bem diferente.
Quando acabei o namoro
Meu corpo era bem diferente.
Quando um dia me casei
Meu corpo era bem diferente.
Nunca mais eu hei de ver
Meus quadris do ano passado...


A tarde já madurou
E Carmem fica pensando.

...

Reflexão n°.1

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Nem ama duas vezes a mesma mulher.
Deus de onde tudo deriva
E a circulação e o movimento infinito.


Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.

Murilo Mendes

Foto: Jim Young

......................

Gostou da fotografia, meu filho?

Esse gostar é o que separa os homens dos meninos.

2 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Sábias palavras, Feil. Sábias palavras.

Anônimo disse...

POR UNS MOMENTOS O MENDESISMO ME VEIO À CABEÇA! UFA! ENUM ASSOMO, O MENDES EM REFERÊNCIA É ALIADO ÀS LETRAS. NADA A VER COM O "GEFREITER" MENDES DA BRIOSA.

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