Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eleições 2008

A derrota dupla e definitiva de alguns e algumas

No afã de justificar e manter a hegemonia na sociedade capitalista, os seus intelectuais e porta-vozes – no Brasil, identificados majoritariamente no PIG – tratam de se apropriar de palavras que traduzam e representem a realidade que nos cerca.


Resumindo: a nossa linguagem cotidiana está crivada de expressões e pequenas idéias que amarram os indivíduos à vasta rede mundial de dominação econômica e cultural dos setores hegemônicos (hoje, comandados pelo capital financeiro).


A inocente linguagem das ruas (a tagarelice), da publicidade (ratificadora de preconceitos e estereótipos), dos jornais, das televisões, das rádios, das escolas, dos bares e áreas públicas expressam essa quase inexorabilidade de nossos dias. Mas existem anteparos e resistências a esse fenômeno neocolonizador das sociedades de massa, que agem como as pedras côncavas e convexas de um rio turbulento e rápido: são as expressões artísticas autênticas, o cinema, as artes plásticas, a literatura crítica e o pensamento e a práxis políticas que não aceitam a ditadura do pensamento único e nem a passividade dos fatalistas.


Toda essa introdução (algo cabeça) para voltar a falar da pobreza constrangedora da nossa presente campanha eleitoral 2008. Como o debate de natureza política está (tacitamente) vedado – parece que houve um pacto de mediocridade entre os concorrentes para lograr tamanho êxito – a disputa fica no campo da aparência visual e de quem faz a melhor apropriação do linguajar senso comum (vale dizer, a linguagem consentida e incentivada para expressar a hegemonia que falamos acima).


Assim, o candidato (a candidata) – agora destituído de fibra política, pasteurizado e higienizado – trata apenas de passar uma imagem contrária àquela que sempre o identificou. Se o candidato tem o cabelo crespo, trata logo de alisá-lo. Se tem uma imagem combativa, trata agora de passar uma idéia angelical e plácida. E por aí vai. Mas é no discurso que se operam as maiores inversões. Vêem-se alguns que adotam por inteiro os cacoetes correntes, aquilo que Bourdieu chama de “automatismos do bom senso” (a moda agora é falar em atitude, seja lá o que isso queira dizer).


No eclipse da política, aparecem as intenções de neutralidade astuciosa. O mesmo sujeito que secretamente representa o interesse do capital imobiliário, candidamente surge afirmando bandeiras ambientalistas e preservacionistas. Os principistas e ortodoxos de ocasião desfilam – como no carnaval – com os seus contrários, sob máscaras de cores e simbologias diversas do original.


Onde a falsificação é uma regra, a simplificação é um dever. A retórica adquire moto próprio, se automatiza na lógica do vazio e do engano. O discurso eleitoral agora é quase uma secreção involuntária das glândulas, sai como que para cumprir o objetivo de naturalização da ordem e de normalização das diferenças.


O intrigante de tudo isto, entretanto, o que causa interrogação sincera é o seguinte: que fenômeno é esse que consegue tornar tão uniforme propostas de origem tão diversa? Me explico: candidatos (candidatas) sem a mínima chance de vitória eleitoral, ainda assim, renunciam a uma possível desforra política, no sentido mesmo de promover as suas organizações partidárias, com desempenho de denúncias, críticas, apontando contradições gritantes, etc. Ou seja, para além da derrota eleitoral que sofrem, ainda carregam a humilhação de terem renunciado àquilo que em outros tempos se chamava agitprop – agitação e propaganda.


Essa derrota dupla, mais que humilhante, é definitiva.


14 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Interessante. Estão culpando os culpados de sempre (PIG, mídia, publicidade, neoliberalismo, capitalismo, EUA, Bush, Yeda etc.) pelo fim do 'bom e acirrado' debate político ideológico. É difícil olhar para o umbigo. A verdade verdadeira é que o Brasil está se transformando numa Europa, onde o discurso ideológico é recordação de um passado trágico. As eleições na Europa, salvo algumas poucas exceções, são exatamente como a do Brasil deste ano: ruas limpas, pouco alarde e no final das contas, as pessoas que querem votar (voto facultativo já) depositam seus votos nas urnas encantadas. A ideologia foi embora e as viúvas choram pela ressureição. E a Luciana, a Manu, a Rosário e o Fogaça levaram todos 100 mil da Gerdau...(financiamento público de campanha já)

Anônimo disse...

Sua cavalgadura, se você acha que a ideologia foi embora, por que não aproveita e leva sua alma sebosa junto? Não leu o que o autor do blog descrever a hegemonia discursiva instalada na boca da massa? O que vc. não entendeu é que a ideologia nihilista da dominação pós-colonial é invisível justamente porque cobre todas as outras, apagando a variedade, parindo, como já foi dito, um grande nada. O Brasil está se transformando na Europa? Ah, vá mascar um carpim suado do Pedro Simon!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Eu não acho que a ideologia foi embora. Todo mundo acha que ela foi embora. E por que ela foi embora? Porque ela não cativa mais o coração e as mentes dos viventes. Ela caducou... O melhor político hoje não é daquela ou desta linha ideológica, mas aquele que sabe melhor administrar a máquina pública.

Anônimo disse...

Agora q rosario e manuela estao quietinhas com os 100.000 de dinheiro sujo estao...

A tarso é q esta tendo alguns pequenos problemas de consciencia dentro do partido...

Essa eleiçao foi decidida na previa do PT, ja disse isso.

ROSSETTO NAO ACEITARIA OS 100.000 GARANTO.

Alguem duvida??

Anônimo disse...

O MAIA ACEITARIA E PEDIRIA MAIS UM POUCO !! PROMISCUIDADE É ISSO . NÃO É SR.MAIA ?? CABEÇA PENSANTE ????

Anônimo disse...

Maia, sua besta, você acredita mesmo que existe algo como administração da máquina pública, como se um governo fosse uma entidade monolítica e sem disputas internas, e que uma "administração" pode ser "melhor" do que outra..."melhor" para quem? Ou no seu ponto de vista extra-terrestre ninguém faz sacrifícios? De onde vc. vai avaliar essa "administração" ("gestão", para os mais bacanas) júpiter ou de saturno? Vá assistir palestra do fórum da liberdade, chafurdar no lixo espiritual que vc. está acostumado. E digo mais: vc. é bobo e feio.

Anônimo disse...

E tem mais, Maia, Inca, Azteca, seja lá o que for você, a ideologia hegemônica não só cativa a esmagadora maioria de corações e mentes no planeta, mas ocupa também o espaço vazio de caniços como o seu, que nem sabe que está sendo "ventriloquizado".

Carlos Eduardo da Maia disse...

Na campanha derrotada para o Senado, o Rossetto, que hoje tem um belo cabidão, recebeu os seguintes valores:

Copesul - 150 mil
Companhia Brasileira de Cartuchos - 100 mil
Doador desconhecido, sem CGC, 85 mil
Ipiranga - 50 mil
Frangosul - 30 mil
Paquetá - 25 mil
Ipiranga Distribuidora - 25.000

fonte: http://www.asclaras.org.br/2006/index.php?CAoffset=0&DOoffset=&enviar=Enviar&cargo=5&partido=24&estado=24

E tem gente que acha que o Rossetto não levaria dinheiro da Gerdau!!!!!
Santa Ingenuidade

Carlos Eduardo da Maia disse...

Simão, então uma inventa outra ideologia que pode ser que dê algum Ibope...

Anônimo disse...

Quem patrocinou a candidatura do Simon, do Rigotto, do Fogaça-PPS-PMDB? O Busatto contou só um pouquinho dessa história... quem sabe a Justiça vai esclarecer isso tudo? o mais grave disso tudo são os asaltos aos cofres públicos. A corrupção está na essência dos Partidos consiliados com a Yeda.
E tudo isso vai passar em brancas núvens nessa campanha? A Luciana sempre tão denunciante, agora está irreconhecível. O PSTU continua fora da contemporâneidade... e por aí vai...
Ainda vamos ter uma surpresa nessa eleição: a agitação!? É bem capaz de ficar por conta da Governadora!
Cândida

Anônimo disse...

Um cara que defende Yeda, Busatto, Culau, et caterva pode acreditar em ideologia?

Claro que não.

Acredita no bandido do Quartiero, mas em ideologia não.

Chama de que o anônimo?

Claudio Dode

Unknown disse...

Vamos parar de idealizar, santificar o Rosseto.É tão certo como 2 mais 2 são quatro que ele pegaria essa grana. O que não vejo nada de mais afinal sem uma graninha nem politica ele poderia fazer.

Anônimo disse...

SE A YEDINHA PEGOU POR FORA $$ ! E O MAIA A DEFENDE ARDENTEMENTE DESCONFIO QUE É O CRUSIOS !! SAI FORA SATANÁS !!!

Anônimo disse...

Rosseto ia pegar também, ou melhor, ia continuar sendo o PT, não vamos "personalizar" os partidos.

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

Arquivo do Diário Gauche

Perfil do blogueiro:

Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo