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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A superlotação dos centros sócio-educativos é semelhante àquela encontrada nos presídios do RS


A frágil tampa da panela de pressão

Sem plano de cargos, carreira e salários, reajustes ou aumento salarial há anos. Enorme defasagem no quadro de pessoal compensada por uma carga desumana de horas extras. Trabalho extenuante, tendo como público-alvo as camadas excluídas da sociedade, envolvidos nos mais variados tipos de atos infracionais. Sem equipamentos necessários ao desempenho da função, em prédios deteriorados, péssimas condições físicas, superlotação. Falamos dos agentes penitenciários da SUSEPE? Não. Estamos descrevendo a rotina e as condições de trabalho dos funcionários da FASE/RS [antiga Febem].

A superlotação dos centros sócio-educativos é semelhante àquela encontrada nos presídios. Nenhum deles hoje está com sua população dentro do limite. O ICS, com 70 vagas, hoje está com 170 adolescentes; o CASE POA 2, com 80 vagas, abriga, nesta data, 173. A casa com menos problemas de população, o CSE, que atende jovens adultos (entre 18 e 21 anos incompletos) com suas 88 vagas, está com 110 internos. Capital e Interior, a situação é a mesma: superlotação. O CASE Caxias, com 40 vagas já beira 90. Em um espaço projetado para dois adolescentes, dormem cinco, seis. Exaustivo evitar que adolescentes com toda a testosterona, reclusos e amontoados, continuem em abstinência sexual nesta situação de promiscuidade.

Além disso, falta material: papel, tinta para as impressoras, computadores. Para as equipes técnicas, faltam recursos, veículos e pessoal suficiente para os atendimentos necessários. A situação física da sede da FASE é o retrato da instituição: paredes descascadas, móveis carcomidos, funcionários desvalorizados. Para as equipes técnicas, a superlotação e a falta de equipamentos tornam o trabalho um exercício de dedicação pessoal, muito além da obrigação profissional.

Somando-se ainda quatro anos sem reajustes, fácil comparar qualquer casa da FASE a uma panela de pressão prestes a explodir. A dedicação dos trabalhadores, que apesar de todas as adversidades ainda mantêm as casas funcionando, até agora funcionou como tampa e válvula. Mas, neste momento, nem mesmo esta dedicação, não valorizada, está sendo suficiente para romper a intolerância do governo Yeda Crusius com os trabalhadores e com a clientela duplamente penalizada: pela exclusão que os levou até o ato infracional e pelo descaso do governo tucano com adolescentes e trabalhadores do Estado.

Artigo de Regina Abrahão, funcionária da FASE e diretora do SEMAPI/RS.

4 comentários:

Anônimo disse...

enquanto isso a véia se dá aumento de 143% e vai contestar judicialmente o piso nacional dos professores de R$ 940,00.

Ela não sabe que o governo federal se compromete de complementar os 940 que os estados e municipios não tiverem condições de pagar?

Carlos Eduardo da Maia disse...

E o Estado do RS paga R$ 4.500,00 por mês para manter cada menor infrator... Tem muita coisa errada no serviço público, mas vai falar isso aos defensores do status quo....

Anônimo disse...

Com certeza o Maia, o desprezo com que voces tratam a educação pública, só pode dar nisso aí mesmo. Este é o maior erro, ou melhor, o maior crime deste governicho tucano. E tudo isto para manter o status quo do Busattos da vida, dos Lairs do detran, dos Culaus dos chopinhos, etc.

É isto está errado no serviço publico prestados por esta pilantragem neoliberal.

Claudio Dode

Agente de Segurança Socioeducativo de Minas Gerais. disse...

Boa tarde,
Nos Agentes de Segurança Socioeducativos de Minas Gerais,estamos vivendo a mesma situação de superlotação de nosso centros de internação e por isto estamos lutando para que todas as leis (ECA,CF,SINASE)seja obsevada aqui em Minas. A Luta é grande mas não vamos parar e por isto criamos nosso blog que é uma de nossas ferramentas de luta.
www.agentesocioeducativo.blogspot.com
No mais agradeçemos a oportunidade.

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