Já foi dito aqui que as eleições 2008 estão sendo a expressão do indiferenciado. Todos os candidatos – pelo menos
Quero fazer este registro antes do início dos programas televisivos, marcado para começar amanhã. Mais adiante, veremos e anotaremos aqui se houve de fato mudanças significativas no discurso e na imagem dos candidatos ao Paço Municipal. Acho difícil.
A hegemonia do pensamento único dá o tom e os limites (fixos) do debate eleitoral na nossa “democracia” representativa. Com isso, formula modelos de candidatos/personas que visam nada mais do que preencher nichos do mercado eleitoral, como certas mercadorias (valores de uso) que atendem demandas de diferentes classes de renda, de gênero, de imaginário e de padrão educacional. A política mesmo, está fora deste modelo proposto (e aceito) pelo império da representação democrática.
A ilustração viva deste indiferenciado eleitoral e do escamoteamento da política são essas matérias (que eles chamam de “reportagem”) do jornal Zero Hora sobre “o lado familiar e caseiro” dos oito candidatos à prefeitura de Porto Alegre.
Como está tacitamente vedado o debate político [no sentido de problematizar criticamente a cidade e seus conflitos e, ao mesmo tempo, oferecer soluções/direitos de inclusão (de muitos) e exclusão (de poucos)] é preciso haver um outro poder de conversão capaz de simular diferenças, representar um debate (desfigurado) e oferecer um estatuto social e sobretudo moral, substitutivo da política.
A objetividade crítica e dura da política agora é trocada pela subjetividade acrítica e adocicada de mascotes domésticos, escovas progressivas, músicas favoritas, preferências existenciais, a economia familiar de afetos privados, fotografias nostálgicas e arrulhos nupciais longínquos.
Agora, os candidatos (e candidatas), devidamente esvaziados da veia crítica, normalizados, higienizados, pasteurizados, estão prontos para o debate do nada, porque – afinal – eleição não pode ser debate, polêmica, briga, que coisa feia, gente!
Eleição – fica decretado – é uma mera disputa para ver quem chega na frente. Ponto.
Sendo assim, os grandes temas da cidade não podem ser objeto de disputa numa mera corrida, como num hipódromo.
Não! Os grandes temas – como o Plano Diretor, o acesso público aos espaços públicos, a apropriação de áreas urbano/Natureza por investidores endinheirados, a cessão negociada ou tácita de zonas livres para a droga no perímetro urbano etc – estão sendo escamoteados para serem tratados num momento mais "propício", à luz da “sabedoria” de especialistas e de players responsáveis que “arriscam” capitais para desenhar um skyline mais up to date, inspirados em tendências mundiais das novas cidades-mercadorias, como Barcelona, Los Angeles, blablablablá.
Coisas da vida.
18 comentários:
Muito bom, Feil. Te superaste.
O da Luciana Chapinha Genro está uma graça hj...
O objeto preferido dela é uma agenda com a capa de Che Guevara, presente do Anonymus Gourmet.
Meu deus....!!!!!
sil
Seria interessante entender no que se pode comparar Los Angeles e Barcelona em termos de apropriação privada do espaço público e segregação. Barcelona não é nenhum paraíso socialista, muito pelo contrário, mas tem um abismo entre as duas... Na verdade, eu acho que baixam por aí em Porto Alegre (sou gaúcho, mas moro em Barcelona) uns catalães espertos querendo ganhar dinheiro fácil com essa classe média deslumbrada com o "primeiro mundo", e tentam vender projetos que teriam um pouco mais de dificuldades de emplacar aqui. E o pessoal da calçada da fama compra, desde que não se 'onere' mais o contribuinte, claro...
Já Los Angeles, é outro papo.
sil, chapinha é pra tigrada, na Lu é escova progressiva
E convenhamos: a combativa Luciana fala miando...
Fica até engraçado.
Por quê mudou tanto?
Tirando este papinho familia da fonte da enrolação pergunto: Em quem vamos votar? Acho que Toniolo, grande Toniolo, seria a solução! Desta vez tá difícil. Sei exatamente em quem não votar, por outro lado...!
Aqui no Rio, eu voto no Sargento Pincel, da turma do Didi. De qualquer forma, o gov, Cabral já está chamando a milicada mesmo.
O Pincel vai resolver todos os meus, os nossos poblemas.
Com razão, a ZH como bastião de tudo que é "bom" na república guaudéria, está investindo na despolitização do "povo mais politizado" do Brasil.
Para quê?
Para fazer valer seus interesses e os dos seus anunciantes.
Na minha visão, o que está ocorrendo, é fruto de algo muito bem arquitetado (ou será paranóia minha), através de marqueteiros e "estudiosos" contrados para este fim, amornar o debate.
E, é claro, todos enguliram a isca, os eleitores e toda a dita esquerda, sempre tão combativa.
Principalmente as "candidatas" que, segundo me parece, gostam mais de holofotes do que debater a cidade e as idéias. Assim, não há debate ideológico. Não a críticas. Tudo é asseado pela força da mídia, que controla subjetivamente, impondo a "sua" pauta.
E assim vai...
mariorangelgeografo.blogspot.com
Acho divertido ver vocês botando a culpa pela despolitização na imprensa, quando temos uma candidata que criticava o governo Britto agora aliada a Berfran Rosado (Manu), quando temos uma candidata que criticava os velhos caciques, agora defendendo José Sarney (Rosário). Enfim, eu poderia apontar uma infâmia dessas em cada um dos candidatos a prefeitura.
Essa paranóia esquerdista que tende a culpar a imprensa pela despolitização (e não nos políticos, corruptos e fisiológicos) é impressionante. Mostra, apenas, o desprezo que a esquerda tem e sempre teve pela liberdade de imprensa e por opiniões divergentes.
Liberdade de imprensa? Onde?
Não estou vendo nenhuma por aqui.
Acho que vc se refere à liberdade de empresa de comunicação.
O PIG é o pensamente unique, não tem pra mais ninguém.
Hoje li a matéria da Luciana Genro tomando chimarrão na cozinha, melhor parte de sua casa. Ela também toma seus malbecs. Quem não gosta de saber como vivem os candidatos? Se o vivente não gosta de ler ZH, não compre, não leia e não encha o saco. Problema é dele.
O Mala pedindo para não encher o saco, que tal o vivente?
O mesmo vale para ti, maia...se não gosta, nunca concorda e vive a ter chiliques aqui, vai-te embora rapaz.....
sil
"se nunca concorda ,vai-te embora rapaz" = esquerda tendo calafrios diante do contraditório. Tem mais medo da divergência de idéias do que do demo.
Sinceramente, era isso mesmo que eu esperava dessa Empresa de comunicação, nada de Política, apenas uma economia doméstica. E quanto aos critérios da ordem de apresentação e da forma dos candidatos? O candidato do PRBS/PMDB, EX/PPS, apareceu no Domingo, todo collorido... Já a segunda candidata está na segunda-feira em preto e branco. Vamos ver os próximos,como e quando aparecerão?
Essa empresa de comunicação tenta despolitizar a eleição pela razão de seu candidato ser uma mera peça publicitária e não tem nada para mostrar sobre o que fez nesses quatro anos na prefeitura, a não ser atender os interesses privados. Eles vão evitar ao máximo a sua exposição pública em debates, assim como fizeram com a Yeda. Me parece que a população está mais esperta e está sabendo que o candidato do Simon é do PMDB, que sempre foi financiado pelo Banrisul, Daer... etc, como afirmou a testemunha ocular da tal história, o Busatto.
Cláudia
Em São Paulo a população está despertando para a importância do município estar sintonizado com o PAC/Governo Federal, ao menos foi o que indicou uma pesquisa de opinião sobre ocrescimento de Marta.
E aqui depois de tudo o que esses partidos ligados ao governo do Estado e ao Municipal fizeram, a candidata com um projeto mais qualificado com políticas para POA é a Maria do Rosário/PT.A população que vive Porto Alegre sabe como era a cidade antes,durante e depois das Administrações Populares. Então é preciso retomar esse projeto de democratização da cidade, que foi interrompido nesses últimos quatro anos.
Cândida
Eu botaria para correr qualquer um que viesse com tal pauta!
Que baixaria!
Até a Vera Guasso caiu nessa patranha!
Realmente, com esquerdas assim, fica difícil o enfrentamento à mídia hegemônica.
O Busatto não é testemunha, não. Ele sempre fez parte deste grupo. Aquilo que ele apresentou ao Feijó não foi um testemunho, foi uma confissão!
Ele, Britto, Rosado, Paulo Odones, et caterva sempre fizeram parte desta Elite do Simon. Só O PCdoB, Partidi Capitalista do Brasil, acredita neles. Ah, e o Maia também!
Claudio Dode
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