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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Entrevista


O Estado brasileiro é oligárquico

Está imperdível a entrevista do professor Wanderley Guilherme do Santos concedida à revista Desafios do Desenvolvimento, editada pelo Ipea. Abaixo alguns trechos da entrevista:

“O Estado brasileiro ainda é, em alguma dose, oligárquico. Com isso quero dizer que há ainda muitos setores dentro do sistema político capazes de vetar políticas mais ousadas do ponto de vista social, como é próprio do sistema oligárquico, em que o recurso maior é o poder de veto, mais do que o de propor alternativas.”

“O problema do Brasil é que os conservadores estão mal. Não estão conseguindo canalizar para um programa positivo um conservadorismo natural que existe em toda sociedade – o temor da mudança, o desejar que as coisas sigam mais devagar... Temos conservadores que do ponto de vista do discurso são extremamente moralistas e do ponto de vista da prática é onde está a oligarquia.”

“O problema democrático no Brasil é de constitucionalização, e não do manual. E alguém tem que impor limites. Quando não existe árbitro, a competição por recursos e pelo acúmulo de riquezas é violenta. E distribuição de renda está havendo. O problema é que as pessoas só podem usufruir a renda no sentido mais mesquinho, que é comprar um pouco mais de farinha. O resto, não pode. Sair à noite, não pode. Não adianta sobrar um pouquinho de dinheiro. As pessoas ficam em casa, ninguém sai. A televisão é a coisa mais vendida no país hoje. O problema não é de distribuir renda. É poder consumir essa renda, ser livre.”

“Essa geração que está aí, grande parte dela, se formou no período da ditadura, não tem experiência, está aprendendo agora. Antigamente, se começava a aprender política no diretório estudantil. Aprendia-se a tolerância, a falar a verdade. É a mesma coisa que aconteceu com a geração do Estado Novo. Tivemos pessoas espertas, mas sem capacidade de estadista, como Carlos Lacerda, Jânio Quadros e Adhemar de Barros, que se formaram politicamente e amadureceram no período ditatorial e não aprenderam a fazer política. Muito espertos, mas sem a capacidade de estadista. Esta geração agora é muito fraca politicamente. Não se vê um discurso no parlamento que dê uma contribuição, seja crítica ou não, não importa. A qualidade atual da representação é deficiente, mas há razões históricas para isso, o pessoal foi formado em um período muito ruim.”

“Agora, o DEM começa a ter coragem de falar que é contra impostos, quer acabar com este ou aquele tributo. Mas muitos têm medo de perder votos. Eu acho que não perderiam. O que os faz perder espaço é essa indefinição. Não sabem ser oposição, não sabem que papel cumprir. Podem formar coalizão de centro-conservadora, como já tivemos e podemos voltar a ter. Não é nada demais, isso é da vida democrática. Agora, para os conservadores terem hegemonia do processo, só por golpe. Não têm força para isso hoje.”

Leia a entrevista na íntegra aqui.


8 comentários:

joice disse...

excelente dica, Cristóvão.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não acho que o termo conservador seja o mais indicado. Até mesmo porque o Brasil não vai se desenvolver implantando conservadorismos. O Brasil precisa de revolução, sobretudo no Estado brasileiro que tem que funcionar para quem efetivamente precisa. E isso não é uma ambição apenas de certa esquerda. O cenário mudou de 1985 para cá. Antes era legal ser de esquerda. Hoje a esquerda é questionada. Não só no Brasil como no mundo inteiro. A virada européia para a direita não é por acaso. E quem questiona a esquerda é tido como de direita. Discordo deste ponto de vista, acho que existe muiiiito terreno entre os dois campos. Falando sério, acho medíocre esse maniqueísmo imbecil que tentam impôr aos trouxas> direita e esquerda.

Anônimo disse...

Entrevista boa. Mas, também acho que a questão hoje não está em "conservadores x progressitas".

Olha só a confusão: no Brasil, ser conservador é não querer reformas trabalhistas e não querer mudar a estrutura do Estado, por exemplo. Então, no Brasil, conservadora é a esquerda e progressista é a direita. Maluco, não?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Na verdade, conservador é aquele que quer manter o status quo e a esquerda vem tendo esse papel conservador há muiiiito tempo no Brasil.

Anônimo disse...

Que virada européia para direita?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Merkel, Sarkouzy, Berlusconi....

Anônimo disse...

Maniqueismo é o que representa o Maia:

" Antes era legal ser de esquerda. Hoje a esquerda é questionada."

Bem se hoje não é legal, o legal então é o shopping center....

Claudio Dode

Anônimo disse...

O Maia é cara de pau mesmo falando em que o Brasil precisa de revolução.

Como que enredado com Yedas, Britos, Busattos, Mendes, Culaus e Fogaças e com todo o atraso que representam podem pensar em falar em revolução.

Vai enrolar lá para o lado do PRBS

Claudio Dode

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