O ato político de visitar a RBS
No antigo Correio do Povo, não este agora, que pertence a crentes e dinheiristas da Igreja Universal, o velho Breno Caldas aparecia, cumprimentava e tirava fotografia com os visitantes. Se fossem pessoas ilustres, no outro dia havia nota com a respectiva fotografia no jornal. A fotografia invariavelmente era num saguão onde ficava o busto em bronze do fundador do jornal, Caldas Júnior.
Hoje os visitantes, mesmo notáveis, não tem mais privilégio de posar com o proprietário do pasquim. Haja vista o que aconteceu sexta-feira passada na RBS. Um grupo de ilustres petistas (fotos) foram à redação de Zeagá e ninguém se dignou a posar junto a eles. Ninguém. Posaram sós, risonhos (algo encabulados) e resignados, sem nenhum registro de que estiveram mesmo na sede da RBS, da família Sirotsky. O blog de Rosane de Oliveira, colunista de política do jornal do bairro Azenha, trata-os quase como cães que invadiram a sinagoga. No texto que circunda a foto dos corações solitários é possível mesmo perceber uma vassoura invisível a enxotá-los como intrusos no templo.
Agora eu pergunto: o que esses companheiros foram fazer na RBS? Perderam o quê, que supunham poder achar na redação de Zeagá? Que vantagem suplementar esperam alcançar na PED do próximo domingo depois de visitarem a RBS? Esperam eles sensibilizar a militância que assim acorrerá em massa domingo para votar nas chapas completas do grupo Mensagem ao Partido?
Para além da inutilidade e do despropósito, tem o opróbrio público de freqüentarem um local onde são considerados como portadores de uma espécie de lepra político-social. A RBS sempre dispensou ao PT e seus militantes o mesmo tratamento que o Velho Testamento dispensa aos enfermos crônicos de males contaminantes, exemplo, os leprosos, os lazarentos, os que Javé escolheu para amputar-lhes a vida aos pedaços. Um dia antes da visita petista à cova dos leões, dois outros petistas foram expostos injustamente no pelourinho midiático sirotskyano e apresentados como malvados delinqüentes do caso CGTEE. Terão esses petistas ido lá para ouvir o pedido de perdão e a retratação da RBS?
A decisão de ir visitar a RBS não é tão simples como o ato de lustrar sapatos, e nem tão ingênua como comer uma banana. Foi sobretudo um ato político, acriterioso, mas político, que implica vantagens e riscos. As vantagens, sinceramente, não as vejo. Já os riscos, estes são muitos e variados. Portanto o balanço empírico é francamente negativo aos protagonistas deste gesto subalterno e enigmático.
O significado deste ato político é o de uma violência simbólica contra a militância petista e um desprezo pelo próprio passado do Partido dos Trabalhadores, que sofreu os seus piores revezes precisamente pela reação organizada da direita hegemonizada pela RBS.
Pessoalmente, me sinto agredido pela atitude dessas lideranças petistas. Se já estava cético quanto a possibilidade de o PT levantar-se das cinzas, agora, fico com a convicção de que essas lideranças estão mais cansadas de guerra do que se supunha. Desta forma, perde completamente sentido a mobilização eleitoral da militância, domingo próximo. Há uma discrepância abismal entre a retórica de documentos e programas (de resto, meramente principistas, rasos e pobres) e o pragmatismo serelepe da realidade sensível. As palavras vão para o Norte, e os gestos vão para o Sul, ou vice-versa. Há um rochedo no caminho da mediação entre o fenômeno e a essência. Estamos sendo flagrados num pântano imobilizador habitado por esquizofrênicos. Quando a mecânica dos movimentos e gestos não combinam com as falas e discursos é hora de desmontar o aparato e verificar suas hipertrofias e deformidades.
Resumo da ópera: não voto em quem bajula e/ou compactua com os nossos inimigos de classe. Estou fora. Ponto.
Coisas da vida.
No antigo Correio do Povo, não este agora, que pertence a crentes e dinheiristas da Igreja Universal, o velho Breno Caldas aparecia, cumprimentava e tirava fotografia com os visitantes. Se fossem pessoas ilustres, no outro dia havia nota com a respectiva fotografia no jornal. A fotografia invariavelmente era num saguão onde ficava o busto em bronze do fundador do jornal, Caldas Júnior.
Hoje os visitantes, mesmo notáveis, não tem mais privilégio de posar com o proprietário do pasquim. Haja vista o que aconteceu sexta-feira passada na RBS. Um grupo de ilustres petistas (fotos) foram à redação de Zeagá e ninguém se dignou a posar junto a eles. Ninguém. Posaram sós, risonhos (algo encabulados) e resignados, sem nenhum registro de que estiveram mesmo na sede da RBS, da família Sirotsky. O blog de Rosane de Oliveira, colunista de política do jornal do bairro Azenha, trata-os quase como cães que invadiram a sinagoga. No texto que circunda a foto dos corações solitários é possível mesmo perceber uma vassoura invisível a enxotá-los como intrusos no templo.
Agora eu pergunto: o que esses companheiros foram fazer na RBS? Perderam o quê, que supunham poder achar na redação de Zeagá? Que vantagem suplementar esperam alcançar na PED do próximo domingo depois de visitarem a RBS? Esperam eles sensibilizar a militância que assim acorrerá em massa domingo para votar nas chapas completas do grupo Mensagem ao Partido?
Para além da inutilidade e do despropósito, tem o opróbrio público de freqüentarem um local onde são considerados como portadores de uma espécie de lepra político-social. A RBS sempre dispensou ao PT e seus militantes o mesmo tratamento que o Velho Testamento dispensa aos enfermos crônicos de males contaminantes, exemplo, os leprosos, os lazarentos, os que Javé escolheu para amputar-lhes a vida aos pedaços. Um dia antes da visita petista à cova dos leões, dois outros petistas foram expostos injustamente no pelourinho midiático sirotskyano e apresentados como malvados delinqüentes do caso CGTEE. Terão esses petistas ido lá para ouvir o pedido de perdão e a retratação da RBS?
A decisão de ir visitar a RBS não é tão simples como o ato de lustrar sapatos, e nem tão ingênua como comer uma banana. Foi sobretudo um ato político, acriterioso, mas político, que implica vantagens e riscos. As vantagens, sinceramente, não as vejo. Já os riscos, estes são muitos e variados. Portanto o balanço empírico é francamente negativo aos protagonistas deste gesto subalterno e enigmático.
O significado deste ato político é o de uma violência simbólica contra a militância petista e um desprezo pelo próprio passado do Partido dos Trabalhadores, que sofreu os seus piores revezes precisamente pela reação organizada da direita hegemonizada pela RBS.
Pessoalmente, me sinto agredido pela atitude dessas lideranças petistas. Se já estava cético quanto a possibilidade de o PT levantar-se das cinzas, agora, fico com a convicção de que essas lideranças estão mais cansadas de guerra do que se supunha. Desta forma, perde completamente sentido a mobilização eleitoral da militância, domingo próximo. Há uma discrepância abismal entre a retórica de documentos e programas (de resto, meramente principistas, rasos e pobres) e o pragmatismo serelepe da realidade sensível. As palavras vão para o Norte, e os gestos vão para o Sul, ou vice-versa. Há um rochedo no caminho da mediação entre o fenômeno e a essência. Estamos sendo flagrados num pântano imobilizador habitado por esquizofrênicos. Quando a mecânica dos movimentos e gestos não combinam com as falas e discursos é hora de desmontar o aparato e verificar suas hipertrofias e deformidades.
Resumo da ópera: não voto em quem bajula e/ou compactua com os nossos inimigos de classe. Estou fora. Ponto.
Coisas da vida.
Foto: José Eduardo Cardozo (esq.), Miguel Rossetto, Marcelo Danéris, Henrique Fontana, e vereador Todeschini. Todos na redação de Zeagá, grupo RBS (que apoiou o golpe militar de 1964). Sexta-feira passada.
31 comentários:
Eu também, obrigado.
Companheiro Feil, acho que essa foi mesmo a gota dágua.
Domingo eu também vou ignorar completamente essa farsa.
Me admira o Rosseto ter ido, depois de ter comido o pão que o diabo amassou durante o governo Olívio com os ataques diários da RBS ao seu governo. Como é que ele tem cara de olhar os seus algozes na sua própria casa? Acho que o Miguel não tem sangue nas veias, deve ter água fria por dentro.
Caro Feil:
escrevi no blog do Júlio Garcia.
"Fico impressionado com a política de comunicação do PT. É de uma hipocrisia sem tamanho. Rosade de Oliveira pedir desculpas em seu blog, é mais ou menos como Hitler , do inferno onde certamente se encontra, postar em seu blog "ss.blogspot.com", um pedindo esculpas pelo extermínio dos judeus, não te parece? Que tipo de assunto essa gente pode ter a dizer para Rosane de Oliveira e RBS? Que o planeta é azul se visto do espaço? Espero nos vermos amanhã à noite!"
O PT não fez o dever de casa. E pelo andar da carruagem, seus candidatos, além de levarem um pontapé na bunda da RBS, por "default", levarão de vários militantes e eleitores. Excelente ponto de vista!
pode-se saber do que eles estão rindo?
Acaso serão hienas políticas?
-Como vai Cristóvão de Deus??Sobre o tema em pauta, sem novidades.É a face domesticada do PT emergindo para o caos.Além da repugnância declarada dos que sofreram e sofrem a ação inescrupulosa dessa empresa, o que dizer desta visita a esses podres da RBS? O PT que nas últimas eleições pegou dinheiro via candidatos parlamentares da Azaléia do Britto, Grupo Gerdau, Copesul, e das papeleiras Aracruz, Votorantim, Stora Enzo, Tanac, segue seu rumo.
Isto mesmo. Coisas da vida, como diz Kurt Vonnegut em Matadouro 5.
Não se esqueçam que se temos que manter os amigos perto, temos que manter os nossos inimigos mais perto ainda.
Rossetto e Fontana não irão me desapontar nessa...
DÁ-LHE GRÊMIO!!!
Não apareceu ninguém pra fazer sala pros coitados. Pelo jeito foram recebidos pelo porteiro que serviu água quente e café gelado.
O Rossetto tem sido visto jantando e almoçando com a nata do empresariado gaúcho em diversos restaurantes da capital. Ele está em plena campanha e com chances de ganhar. O PT é um partido político como qualquer outro. Só os petistas e simpatizantes acham que não.
Tem algum simpatizante petista aqui? Acho que alguém está no forum errado, como sempre
o Rossetto virou o fio, como se diz na minha terra
Acho que o Guillermo tem razão. É bom ter os inimigos no alcance dos olhos... O ideal seria que estivessem mortos, mas...
Só não simpatiza o Maia, que imagino votar no DEMo! Essa é a vantagem de se continuar dono do pensamento e a língua! Neste exato momento a direita local já está articulando com os jornalecos locais, como enrolar mais uma vez o PT. A eleição de Tia Yeda,foi o tal Pacto, uma vigarice e os já conhecidos: mandou a FORD embora, auto-estima das polícias, escolinha Tiradentes,Relógio da Globo, etc. Resultou no que? No CAOS. O que será agora? Não aprenderam como funciona a RBS? é uma questão de vida ou morte. Eles NUNCA apoiarão o PT! Acho que nunca foi forte demais. Há uma possibilidade: o outro candidato é Adolf Hitler!
Acho que os nossos representantes nao aprendem.....Participar desta midi burguesa, só legitima a mesma, e consequentemente torna sua critica voraz e continua ainda mais forte....
Lamentável....
Não é todo pais que tem um Chaves....
Nossa derrota em Porto Alegre se avizinha..os mesmos erros, internos e externos....
Triste.
Carapuça, não voto - e nunca votei - no Demo ou na direita. Miguel, as chances do PT ganhar em POA são bem boas. Rossetto é um carinha inteligente e que parece ter bom senso. Não é meu candidato, mas tem condições sim de fazer um bom governo e sem aquele ranço ideológico revanchista.
Parabéns pela tua lucidez, Cristóvão! Mas, aqui entre nós, que baita "fiasquera" esta visitinha, não?
Bem companheiros com todo o respeito que tenho ao partido dos trabalhadores, vejo que temos ai em Porto Alegre uma via em 2008, que é apoiar a Manuela do PCdoB.
Com todo o respeito Carlos Daniel, mas é o típico comportamento do PC do B. Oportunismo deslavado e enxaguado, querer colher em seara alheia. Essa é a escola da Manuela e da Rosário. Saiba que essas duas muito antes já fizeram sua sessão de puxasaquismo com a RBS, em ato oficial na Câmara. Não voto no Miguel nem na Manuela nem na Rosário nem na Genro. Voto nulo e não escolho esses baba ovos.
Feil, aqui, outra sobre a visita do Pomar: http://dialogico.blogspot.com/2007/11/se-existe-uma-coisa-que-unifica.html
Sobre a Manuela, Daniel, dá uma lida na postagem do próprio DG: http://diariogauche.blogspot.com/2007/11/parlamentares-guascas-voltam-sabujar.html
E quanto a manter os nosso inimigos à vista, guillermo e armando, é como imaginar que o rabo pode torcer o porco.
Que barbaridade esta visita...
A gente aqui na colõnia, fazendo o impossível prá convencer os colegas a não levarem alunos para a mostra dos 50 anos do PRBS e as estrelas do PT com estas atitudes..lamentável.
Só não me espanta ver o Danéris, que andam cevando tando na "esquerda".
Olibio disse:
só restam o Olivio e o Raul.Foi o boi com a corda.
que cena dantesca... lamentável!!!
Não entendo o porquê do espanto, há muito que o PT já fez a opção de sentar à mesa com a elite. Opção esta que fez para conquistar hegemonia de forma democrática, ainda não se sabe exatamente com que fins. Ao que parece vem conciliando satisfazer inúmeros beneficiados com cargos, e interesses da elite, com uma pequena redução da desigualdade.
Caros colegas, n entendo o porque da agressividade ao pcdob, quanto a opinião de vcs sobre manuela, posso respeitar, mais n penso o mesmo. e no mais dejeso que o pt encontre seu caminho e consiga acerta mais que erra, agora quando coloquei a aqui minha opinião sobre manuela n é oportunismo, mais sim minha opinião e segue ela quem achar coerente, ninguém é obrigado a aceitar minha opinião,porém n precisa agredir o partido do qual faço parte, pois em nenhum momento quiz ou cometi descaso ao pt.
Daniel, houve 1 comentário agressivo contra a Manuela e o PCdoB. E seguindo os links que o Eugênio postou fica claro que o mote aqui é: 'como confiar em políticos que se declaram de esquerda mas ficam puxando o saco da RBS?'.
De minha parte, posso te garantir que votarei sem problemas na Manuela e no PCdo B, se forem ao segundo turno, se não sabujarem demais a RBS, se não fizerem alianças absurdas.
Concordo contigo sisqueci. Aliás o autor do ataque foi o krieger, que pelo que declara votará talvez no fogaça, já que não admite anular o voto ou votar em branco. Mas sabemos que na hora agá ele vai pensar melhor. Os ânimos estão acirrados.
acho que foi uma atitude corajosa. a esquerda tem que botar a mão na massa. ir lá nas redações, olhar olho no olho e mostrar que não é bicho papão e que está aí, presente, para processar na justiça e para fazer amizade. achei muito bom o seu blog, feil, mas discordo nesse post. O fato dos caras irem lá na redação do Zero Hora é uma forma de luta também, muito democrática. Os donos do jornal podem ser uns filhos-da-puta, mas visitando as redações, os políticos conhecem diretamente os repórteres e demais funcionários, cuja forma de pensar nem sempre coincidem com a de seus patrões. Muitas vezes, ele se debatem em conflitos ideológicos internos terríveis, obrigados a obedecer o patrão por um lado, ou pior, a seu medo e seu estômago de um lado e sua consciência cívica de outro. Não é ingenuidade conquistar por dentro não. Se o vírus da gripe, tão pequenino, sem cérebro, consegue, porque a esquerda não poderia conseguir também? Pode não conquistar os Sirotski, mas conquistar alguma bela estagiária que estiver trabalhando na redação naquele momento. E com isso já terá valido a pena. Tenham mais auto-confiança, meus caros. Tem que saber brigar com elegância, sem partir pro boicote tolo, ainda mais no Rio Grande do Sul, terra de tantas mulheres bonitas.
Abraço, Miguel do Rosário
oleododiabo.blogspot.com
Salve, Miguel!
Discordo totalmente de ti, mas seja bem-vindo, aqui o debate é amplo, geral e irrestrito (e sem lei).
Abraço e bom óleo-do-diabo!
Caro Cristóvão, eu gosto dos crentes e dinheiristas novos donos do Correio do Povo. Acho que em geral fazem mais bem que mal. Minha irmã os frequenta e eu dou o maior apoio a ela.
Mas não era esta a questão.
Até alguns dias atrás, quando eu ainda lia o Correio (agora parei, desde que lá tem Mendelski), toda autoridade, deputado, prefeito, e ainda as rainhas e princesas de feiras agrícolas, apareciam em fotos com o diretor da redação.
Possivelmente o quinteto da foto apareceria ao lado do Sr. Jerônimo, atual diretor do Correio.
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