A ministra e o complexo de vira-lata
O presidente Lula só não aponta o dedo faltante para a ministra Rousseff. Todos os demais dedos das mãos apontam - quase gritam - que está ungindo a atual chefe da Casa Civil do seu governo para a sucessão de 2010. Além desse recado, mandou dizer - agora pela boca de Rousseff - que o País está superando o seu principal gargalo, que é o problema da energia.
A ministra saiu-se bem, embora ainda padeça daquilo que o Nelson Rodrigues chamava de "complexo de vira-lata". Já me explico.
O presidente Lula só não aponta o dedo faltante para a ministra Rousseff. Todos os demais dedos das mãos apontam - quase gritam - que está ungindo a atual chefe da Casa Civil do seu governo para a sucessão de 2010. Além desse recado, mandou dizer - agora pela boca de Rousseff - que o País está superando o seu principal gargalo, que é o problema da energia.
A ministra saiu-se bem, embora ainda padeça daquilo que o Nelson Rodrigues chamava de "complexo de vira-lata". Já me explico.
Depois de anunciar os novos poços de petróleo e gás natural, o que deixa o País numa situação confortável na estratégica questão energética, a ministra - numa atitude absolutamente correta - anunciou o exclusão da 9ª Rodada de Licitações de 41 blocos de exploração vizinhos ao local da grande reserva no leilão do final do mês. Segundo a Folha, Rousseff afirmou que a decisão do governo de excluir áreas próximas da reserva tinha como foco a preservação do interesse nacional e "negou que a atitude tenha um viés estatizante". Segundo ela, trêmula de humildade, "não há motivo para comparar a decisão do governo com as ações de nacionalização de reservas de países vizinhos, como a Bolívia".
Repito: complexo de vira-lata, sim. Quem se prepara para concorrer à presidência da República, com boas chances de sair vencedor, não pode apresentar habeas-corpus preventivo para não parecer nacionalista. Vocês me entendem? A ministra Rousseff diminui-se ao requerer o habeas-corpus. Como se "nacionalista" fosse o equivalente a "contemporâneo de Nilo Peçanha"!
Perguntem à senadora Hillary Clinton o que ela pensa sobre a retirada imediata das tropas invasoras de seu País no Iraque. A senadora da testa ornada com calcificações rococó bizarras dirá sem pestanejar que é contra, e imediatamente, irá listar dez motivos "nacionalistas" para que os patriotas norte-americanos não deixem o trabalho na Ásia inconcluso.
Mas isto é a senadora Clinton, cuja auto-estima está inflada pelas pesquisas que a apontam como virtual futura ocupante da ex-cadeira do seu cônjuge - dirá o basbaque fundamental. Sim, é a senadora Clinton. Mas por quais vãs razões, também a ministra Rousseff, não pode estar com a sua auto-estima igualmente inflada e serena, salvo os enigmas do inconsciente mesmo de Sua Senhoria?
A ministra precisa conscientizar-se que a primeiríssima luta, eu diria, a luta da véspera, do qual se deve sair vencedor, necessariamente, é a luta simbólica (mas não menos feroz) que se trava no seio cavo da nossa subjetividade. Complexo de vira-lata se cheira de longe, e todos se afastam.
Cuidado, pois.
Repito: complexo de vira-lata, sim. Quem se prepara para concorrer à presidência da República, com boas chances de sair vencedor, não pode apresentar habeas-corpus preventivo para não parecer nacionalista. Vocês me entendem? A ministra Rousseff diminui-se ao requerer o habeas-corpus. Como se "nacionalista" fosse o equivalente a "contemporâneo de Nilo Peçanha"!
Perguntem à senadora Hillary Clinton o que ela pensa sobre a retirada imediata das tropas invasoras de seu País no Iraque. A senadora da testa ornada com calcificações rococó bizarras dirá sem pestanejar que é contra, e imediatamente, irá listar dez motivos "nacionalistas" para que os patriotas norte-americanos não deixem o trabalho na Ásia inconcluso.
Mas isto é a senadora Clinton, cuja auto-estima está inflada pelas pesquisas que a apontam como virtual futura ocupante da ex-cadeira do seu cônjuge - dirá o basbaque fundamental. Sim, é a senadora Clinton. Mas por quais vãs razões, também a ministra Rousseff, não pode estar com a sua auto-estima igualmente inflada e serena, salvo os enigmas do inconsciente mesmo de Sua Senhoria?
A ministra precisa conscientizar-se que a primeiríssima luta, eu diria, a luta da véspera, do qual se deve sair vencedor, necessariamente, é a luta simbólica (mas não menos feroz) que se trava no seio cavo da nossa subjetividade. Complexo de vira-lata se cheira de longe, e todos se afastam.
Cuidado, pois.
5 comentários:
Na mosca, Feil, ou melhor, na alma. Perfeito!
Estás repleto de razão, Cristóvão. Não se dá satisfação, e muito menos humildemente, à iniciativa privada nesse tipo de questão.
A iniciativa privada multinacional já está presente nesse importante achado. A Petrobrás detém 65% dessa reserva, a British gás, 20% e uma empresa portuguesa, com certeza, o restante. Essas empresas também colaboraram para o achado, investiram, colocaram o rico dinheirinho. Por que esse preconceito com a iniciativa privada? É fundamental no mundo moderno a parceria entre estado e iniciativa privada. Parceria essa que tem sim que ser bem fiscalizada pela sociedade civil. Quando é que a nossa gauche vai começar a ultrapassar o ranço mofado do marxismo leninismo?
Quer dizer então que na China não se mete a mão em coisa pública? Só o estado domina tudo?? Ou vamos querer ser mais realista que o rei?
Virou lulista demais a nossa dilma. Simplesinha e era poderosíssima, aliás ainda é...essas lutas simbólicas virão depois, tá. Acredita e dá um desconto!
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