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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

RBS se apropria de projetos lulistas no RS



PT é impotente para denunciar o esbulho e a esperteza da direita guasca

É bisonha a matéria que o jornal ZH faz hoje sobre o Pólo Naval de Rio Grande. É uma aula de como não se deve fazer reportagem, e uma prova de que a RBS age como se partido político fora.

Começa com uma afirmação duvidosa: “Há quem compare o momento vivido no sul do Estado com a introdução do plantio do arroz na região, seis décadas atrás”. Quem fizer essa comparação imprópria – o mesmo que comparar butiás com pregos – é um perfeito tolinho, no mínimo.

A introdução da cultura do arroz na região, em meados do século passado, não foi da iniciativa do setor público, mas de privados. Jamais se constituiu em um indutor de desenvolvimento regional. Ao contrário, concentrou mais a propriedade rural, predou o ambiente pelo uso insustentável da água, exauriu e contaminou o solo, não promoveu emprego e renda de forma horizontal. O arroz exige uma lavoura de alto custo, energia elétrica ou energia derivada da queima de óleos pesados, e baixa utilização de mão-de-obra, com o agravante de estimular o arrendamento da terra, cuja principal conseqüência é o encarecimento do produto, já que precisa remunerar o parasitismo do senhorio da terra – só por esse motivo já não se poderia dizer que é um setor dinâmico da economia regional. Não há dinamismo econômico onde uma peça da cadeia produtiva seja parasitária, por tratar-se de uma atividade insustentável e desigual.

A Metade Sul do RS, aliás, já foi cenário privilegiado de ciclos econômicos baseados em atividades de fraca ou nenhuma sustentabilidade, e que por esse motivo levaram-na à estagnação e à decadência. Grande parte da literatura sulina do século 20 se dedica a narrar essa curva de ruína e caducidade da região mais meridional do Rio Grande do Sul, área onde perdurou a hegemonia maragata da estância e do latifúndio agropastoril em detrimento das alternativas seguidas pela Metade Norte (acima do rio Jacuí), com módulos rurais pequenos, produtivos, diversificados e que não impediram a forte industrialização e o dinamismo da economia, detentora de inúmeros pólos fabris, criadores de tecnologia, emprego e renda.

Mas, prossegue a cantilena de ZH: “Outros acreditam que a revolução em curso com investimentos vindos de todos os lados nem encontre parâmetros na história econômica local”.

Investimentos vindos de todos os lados? Quer dizer que existem investimentos também do Palácio Piratini? Onde? Quanto?

Vejam que há uma nítida indução para que o leitor entenda que de fato o governo tucano de Yeda Crusius participa do esforço de modificar a face econômica e social da Metade Sul. Não está escrito, mas tacitamente induz-se que o senso comum acredite nisso.

Também não está escrito em lugar algum, na matéria hoje veiculada, de forma categórica, que a iniciativa do Pólo Naval de Rio Grande é do governo Lula e os investimentos – na sua quase totalidade – são do orçamento da União e das estatais federais, especialmente do PAC e da Petrobras. Essa esperteza revela toda a desonestidade jornalística de ZH e, de resto, da empresa midiática RBS.

É preciso dizer que enquanto a RBS – e o governo estadual tucano – apostavam nos temerários empreendimentos das papeleiras (predatórios, insustentáveis, com baixíssima geração de emprego e renda, e comprometedores da diversidade do bioma Pampa), o governo federal preferiu apostar diferente, no que se refere à então estagnada Metade Sul. O Pólo Naval de Rio Grande representa uma estratégia de desenvolvimento econômico que induz criativamente novos empreendimentos em cadeia, criando um ciclo virtuoso e sustentável na economia de grande parte daquela região meridional.

Está estabelecida, pois, uma disputa de projetos, embora a RBS queira com essa série de reportagens que inicia hoje, embaralhar o cenário em curso. E ao embaralhar, se apropriar, no que puder, das boas iniciativas do governo Lula.

Lamenta-se, entretanto, que no Rio Grande do Sul não tenhamos mais – como já tivemos – uma forte organização partidária para dar veiculação e debate a esses embates reais, dar potência política e tradução em palavras de ordem e ação militante a essa luta surda mas expressiva que ora presenciamos.

Quando chegar 2010, no processo eleitoral, o PT vai se apresentar como protagonista de alternativas ao Rio Grande, mas tememos que a população não vá entender o que de fato aconteceu nos quatro ou oito anos passados, porque o PT já não sabe fazer (ou não pode) a necessária tradução política que os tempos exigem. Essa apropriação indevida e desonesta de ZH, com as reportagens que promete sobre o Pólo Naval, não estão sendo denunciadas (nem entendidas) – como deveriam – pelo Partido dos Trabalhadores no Estado. O esbulho se consuma, o senso comum se encanta, quem fatura eleitoralmente é a direita guasca. E em 2010, o PT/RS continuará chupando bala na zona do meretrício.

40 comentários:

Anônimo disse...

A mesma cantilena que exalta o Pólo Naval, como um investimento que não tem origem definida nos recursos, é a que produz o discurso de que o PT não fez nada em Porto Alegre. Parece que tudo "caiu do céu" em uma operação divina, do espírito santo, enquanto o governo do Fumaça é um vazio e o da Tia está na nossa frente, isso sem falar do Rigottinho.

Carlos Eduardo da Maia disse...

As pessoas que lêem ZH sabem muito bem que o Pólo Naval está estabelecido no RS porque foi vontade da Dilma. Foi ela - exclusivamente - que trouxe e se esmerou para ter o pólo naval aqui. Não lembro de nenhum movimento do PT-RS para trazer o pólo naval para o RS. Aliás, não lembro de nenhum movimento do PT-RS para trazer grandes investimentos para o RS. O PT-RS sempre se mostrou distante das atividades empresariais, porque tem um problema sério: uma incomensurável ojeriza ao empreendorismo. E depois ficam reclamando que ovo de Colombo.

Anônimo disse...

Maia Chupador, a lógica é outra, por isso não entendes. Essas "atividades empresariais" que tu te refere, neste caso, não tem o mesmo sentido da tua turminha da Calçada da Fama. Aqui, o Estado pensa, desenvolve e patrocina o desenvolvimento para uma ampla parte da população. Ele, o governo federal, e só ele. E este governo é de um torneiro mecânico, e não de um sociólogo.
Engole isso. Engole, tu, e engulam os medíocres que atolam esse estado.

jonny

Anônimo disse...

Sociólogo, não, o Príncipe dos Sociólogos, o Farol de Alexandria do Conhecimento Cósmico - FHC.

Anônimo disse...

O arco político que domina politicamente o RS está no poder deste o governo de Simon em 1987. São os responsáveis pela condição falimentar do Estado, e batendo em professor e funcionário público (PDV, etc.). O PT esteve no governo tão somente 4 anos, com um programa voltado aos pequenos e médios. Numa perspectiva diferente, uma outra forma de governar, mas isso as figuras, uma certa direita mercadista-dinherista, não aceitam. O governo tem que ser como eles querem e ponto final. E se autodefinem como democratas. Além disso, tem o estranho argumento de que ora a Dilma é o PT e ora a Dilma é a Dilma e não tem nada haver com o PT.

Como diria o blogueiro: Coisas da Vida.

Carlos Eduardo da Maia disse...

A Dilma, na verdade, é trabalhista, veio do PDT e se incorporou ao PT quando o PDT rompeu com o governo Olívio. A Dilma nunca foi eleita para nada no PT. TAlvez seja eleita para alguma coisa em 2.010. Talvez, porque o Serra está vivinho da silva.

Anônimo disse...

Dilma não só incentivou o pólo naval assim como a geração de energia elétrica através dos parques eólicos. Mas de nada adiantaria se Lula do PT não levasse adiante. Alias, o "diferente" e mal agradecido rio grande, se levassemos em conta seus políticos, empresários e sua porca mídia não deveria ganhar nem audiência no planalto, mas Lula como resolver ser o conciliador do mundo não irá seguir os rancorosos passos do nada repúblicano FHC que fez de tudo para prejudicar os 4 anos de PT no piratini - Olívio Dutra que fale!

Anônimo disse...

pela cara pálida e os olhos fundos, o Serra não está com toda essa bola, Maia.
Só a Folha SP segura o Vampiro.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Druida, se não fosse o governo FHC, que antecipou o pagamento das verbas das estradas, o Olívio não teria pago o 13º salário. SE não fosse o FHC, a Cientec não estaria funcionando. Quem prejudicou os 4 anos do PT no Piratini foi o próprio PT-RS e seus ranços.

Anônimo disse...

Dilma incentivou mais que o Parque eólico, também o gás natural, Panoramix, que no segundo mandato do Bigode iria ter um papel importante na indução do desenvolvimento da Zona Sul e região de Bagé-Hulha Negra,com o pólo cerâmico, admitindo inclusive capitais chineses, neste caso de Bagé, nos sistemas locais de produção - SLP ou clusters. A partir da Sulgás em combinação com a Petrobras e a Procergs seria criada uma empresa de telecomunicações para explorar a fibra ótica do sistema supervisório da estatal gaúcha de gás natural. Mas aí o doutor Tarso meteu sua colher e tudo virou pó, como sabemos.

Anônimo disse...

Realmente gustavo esqueci isto também. Parece que todos estes projetos foram apresentados ao governo de liberalismos rápidos, estranhos e entreguistas tocado pela farol, mas como era PT...!

Anônimo disse...

Li apavorado ZH hoje. É muita cara-de-pau. Parece que o governo federal não participou de nada... Que merda.

Anônimo disse...

Ei, pera aí, dessa vez não é culpa do Henrique Meirelles? por favor, vamos encontrar uma brecha para envolver ele...

Acho um barato, agora, começa oba oba da Dilma. Por um lado não pode fechar o parque de Itapuã e a megera da Yeda deve ser expurgada do mundo.

Agora, acabar com o Ibama para aprovar Hidroelétrica no meio da Amazônia, mesmo sabendo do impacto ambiental, pode? Salve Salve a rainha do progresso?

Isso tb são "coisas da vida"? Por favor me respondam que estou começando a ficar com urticária desse ideologismo todo...

Carlos Eduardo da Maia disse...

Mas quem trouxe o gás natural ao RS???? Não foi o governo FHC? Ele poderia ter mandado parar o gasoduto no Mampituba se fosse revanchista.

Nem FHC e nem Lula são revanchistas. Um continua praticamente a mesma política do outro.Aliás, não existe ( e todos sabem disso ) grandes diferenças entre os governos FHC e Lula, como não haverá grandes diferenças entre um eventual governo Dilma ou de Serra. A agenda da inclusão social vai continuar com um ou com outro. Esse é o caminho, a verdade e a vida. E o Brasil tem que ir além sempre.

Anônimo disse...

Os contratos do gás natural "trazido por FHC" eram leoninos, ou seja, a Bolívia era esbulhada e os transportadores no duto Santa Cruz-Corumbá ficavam com a parte do leão.
Isso que FHC trouxe: maracutaia para favorecer seu genro Zylberstajn, o mesmo que disse que "o petróleo é vosso" às "Sete Irmãs" da energia mundial.
Olívio e Dilma através da Sulgás trouxeram o gás da Argentina via Uruguaiana, viu seu Maia?

Anônimo disse...

What you talking about Hussein? Dilma foi uma das articuladoras, junto com Arno Augustin, do empréstimo de 1 bilhão que irá salvar o rio grande (?) - ajudou Yeda, pelo menos no que ela queria. O que tem a ver uma coisa com outra. As hidroelétricas são necessárias apesar do pesado custo ambiental. O que isto vem de encontro com as papeleiras que mostraram suas caras agora - empresas oportunistas, de ocasião. Interessante como certa direita escurraça o estado, mas quando vai afundar a primeira coisa que pede é dinheiro público - GM, Ford e Chrysler são os exemplos mais recentes - "temos que preservar os empregos", dizem. Fora os 700 bilhões injetados nos bancos. Pelo menos a GM e Ford do Brasil estão a salvo, com ótima saúde econômico-financeira, já que não dependem da matriz americana segundo alguns deformadores de opinião!

Anônimo disse...

Existe diferença sim Dr. Maia. No governo FHC o presidente era um entreguista vaidoso chamado Fernando Henrique Cardoso. Só neste quesito já temos um abismo. Alex acho que precisas um psiquiatra, tudo leva a crer que sofres de TOC, pelo menos no tocante as idéias de certa direita!

Anônimo disse...

Excelente, Cristóvão.

A impessoalidade da manchete já deixa clara a má intenção do referido grupo midiático. O sul do estado está "se transformando", mui provavelmente, graças a forças sobrenaturais.

Jean Scharlau disse...

"Lamenta-se, entretanto, que no Rio Grande do Sul não tenhamos mais – como já tivemos – uma forte organização partidária para dar veiculação e debate a esses embates reais, dar potência política e tradução em palavras de ordem e ação militante a essa luta surda mas expressiva que ora presenciamos.

Quando chegar 2010, no processo eleitoral, o PT vai se apresentar como protagonista de alternativas ao Rio Grande, mas tememos que a população não vá entender o que de fato aconteceu nos quatro ou oito anos passados,"

Aqui disseste o crucial, o urgente, o inadiável. Deveriam os petistas e "o campo da esquerda" reconhecer, e principalmente fazer reconhecer, a RBS como a grande adversária política - pois os partidos em que ela acha seus 'quadros' ganham tanta força porque os sustenta impolutos diante da opinião que publica (e se torna pública - alguém aí ainda não viu isso?).

Mas todos têm medo da RBS, todas baixam a cabeça e rezam segundo sua 'Cartilha de boas maneiras para adversários' sempre com um new-sorriso pretensamente marqueteiro no rosto e um discurso lavado, enxaguado, filtrado e clarificado, para tirar todas as pedrinhas, areias, farpas e resquícios de vermelho, além de outras cores e matizes contra-indicados.
Aí vira isso aí que falaste.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Sim, sim, existe diferença entre FHC e Lula. Um é vaidoso e outro apedeuta. Conta outra, Druida. Essa história de governo entreguista é puro chavão. Um governo sério e que quer desenvolver um país tem que ir atrás de parcerias não importa da onde. O governo Lula privatizou -- e fez muito bem -- estradas e concedeu a um grupo espanhol. O governo do PT quer privatizar os aeroportos -- e faz muito bem. E pode entregar essa gestão a grupos internacionais. Qual o problema? O importante é que a prestação de serviços seja bem feita e de qualidade para todos. Menos moloko na porção, Druida.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Se o PT começar a atacar a RBS a torto que é direito corre o risco de voltar a ser aquele partido que era no início da década de 80, com menos de 10% dos votos. Vai ser um PSTU.

Anônimo disse...

O apedeuta está fazendo história e boa história, talvez por ainda se identificar com o povão. Parcerias quando bem feitas são bem vindas, mas tirar sapato pra funcionário de alfandega é inadmissível! E a RBS com este dircurso manso vem papando o PT há horas, só ele não sabe!

Anônimo disse...

O problema central foi muito bem colocado, é a incapacidade do PT de constituir-se como oposição de esquerda como foi no passado contra o governo neoliberal de Britto e sua turma, que estão de volta na com Yeda e Fogaça. Enquanto o PT fizer o jogo da direita e da RBS, vai continuar repetindo o papel medíocre que teve nas últimas eleições. Acorda PT.

Anônimo disse...

Fico imaginando como seria a manchete de um jornal editado pelo Feil:

"Lula magnânimo, desenvolve a metade Sul"

ou

"Graças ao Partido (com maiúscula), povo agora tem emprego"

ou

"Lula, pais dos pobres e petistas, desenvolve nossa economia".

Chapa branca tem limites...

Anônimo disse...

A manchete não deveria ser simplesmente: "Investimentos do Governo Federal estão transformando a Metade Sul"?


Padilha

Carlos Eduardo da Maia disse...

Essa notícia, Padilha, estaria correta se os investimentos fossem exclusivamente públicos e do Governo Federal, mas não são. O Porto do Rio Grande está sendo ampliado e muito ampliado nos terminais privados (que certas pessoas eram contra na época do governo Britto) da Copesul, da Brasken, Bunge, Bianchini, Transpetro e também da Aracruz. Todas essas empresas estão investindo e muiiiito no Porto do Rio Grande e as construções das plataformas abrange um grande número de empresas privadas, porque o trabalho é de parceria, o que é extremamente salutar.

Anônimo disse...

Ou
"RS, com apóio do Planalto, passa a reverter a estagnação da metade sul"!

Anônimo disse...

Maia, isso que estás narrando é o que se chama "Estado como indutor do desenvolvimento em áreas ou setores degradados". Não fosse a União investir na frente e demonstrar cabalmente que vai fomentar o desenvolvimento, a Petrobras bancar a construção de plataformas e navios petroleiros no Brasil e em Rio Grande em particular, os investidores privados ficariam encolhidos. Esses, só abriram a mão porque sentiram firmeza no PAC e na Petrobras, sem falar nos recursos facilitados do BNDES para estimular o setor naval. Nenhum desses empresários que citas foi empreendedor mesmo, no duro. Eles esperam SEMPRE o governo ir na frente e estreitar as margens de risco. Depois saem dali e bebem uísque falando mal do Estado perdulário, gastador, etc. Isso acontece no Brasil desde a era Vargas, que o çábio FFHH disse no discurso da primeira posse que a sua era (dele Vargas) seu governo (dele FFHH) iria por fim.

Anônimo disse...

No tempo do FHC a indústria naval estava quebradinha da silva. As plataformas e navios eram feitos em Hong Kong, Coréia, Japão e Hamburgo, dando emprego aos operários desses países.
Hoje, esses equipamentos são feitos aqui, gerando riqueza para todo o país.
Mas o PIG e a ZH não reconhecem nada disso. Quem lê a ZH de hoje acha que está acontecendo o milagre do Espírito Santo. Empresários gaúchos e geniais viram oportunidade de negócio e fizeram eles próprios os investimentos necessários para um milagre na metade sul. O caradurismo da ZH é um fenômeno que ainda está para ser estudado. E o PT como diz o blogueiro é um merda porque não sabe aproveitar a chance de construir o discurso para 2010. Hoje mesmo tem um artigo de um deputadinho petista nas páginas da Zero, deve ter pedido penico pros editorzinhos daquele panfleto partidário da class mérdia.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Prieb, eu concordo contigo. Eu também sempre achei e sempre defendi que o Estado deve ser um indutor de investimentos, inclusive também nas áreas complicadas e degradadas. Esse é o ideal keynesiano adotado pelo mundo da centro esquerda que não é anticapitalista e que faz parte, também do tão criticado eurocentrismo. Se o mundo melhor e possivel pode ser construído por essa via, vamos além. E o governo Lula, nesse sentido, tem tido mais mérito do que o governo FHC, sobretudo no pólo naval do Rio Grande. Ponto para o governo do PT. IMpossível não reconhecer isso.

Anônimo disse...

Quando a naba vai reconhecer os feitos do PT em POA? Ou os 16 anos foram pura empulhação?

Anônimo disse...

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade
Luciano Pizzatto (*)

Luis,

Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!

Pois é. Tô pensando em mudá ai com você.
Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade.

Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.

Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.

Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.

O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?

Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo .... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra.

Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão.
Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.

Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois.

E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

Até Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desiqual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

* É engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia

Anônimo disse...

-VELHA DIREITALHA DE GUERRA!! O PRBS SEMPRE MANUSEOU A INFORMAÇÃO COMO MANIPULAVA AS PESQUISAS ELEITORAIS. LULA PROMETEU QUE RESTABELECERIA A INDUSTRIA NAVAL NO BRASIL E ESTÁ FAZENDO. SE A TUCANAGEM/PRIVATISTA/ CALABARENTE TIVESSE PERMANECIDO NO GOVERNO, DIGA-ME MAIA MALA: QUE SERIA DE RIO GRANDE HOJE, COMPARATIVAMENTE??? LULA DEVE TER UMA PLACA EM RIO GRANDE ENQUANTO EM CINGAPURA DEVA TER UMA DO VICE-REI FFHH. FOI A "PRAGA DOS OITO ANOS"OU PARAFRASEANDO O GRANDE JORNALISTA HELIO FERNANDES : Ö RETROCESSO DE OITENTA EM OITO". NA QUESTÃO QUEREM GOZAR COM O PAU DOS OUTROS. SAFADOS!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Feitos do PT em 16 anos em POA? Quais? A cobertura do Araújo Vianna?

Anônimo disse...

A Naba é muito mediócre, ou então não mora em POA. Reconhecer é um ato de grandeza e maturidade democrática atributos inexistente em uma certa direita guasca.

Anônimo disse...

Essas matérias sobre o desenvolvimento da metade sul e as matérias de ZH e o editorial do Jornal do Comércio sobre o deficit zero do governo da tia, são complementares e visam as eleições de 2010. A companheirada tem que se antenar... caso contrário daqui dois anos deu pra nós. Somos ou não oposição? Possuimos ou não outro projeto de sociedade? Ignez.

Anônimo disse...

Ai meu Deus PAI!
Haja paciência para certas malas velhas!

Anônimo disse...

Não percam tempo com o pseudônimo ele não mora em Porto Alegre e nunca passou na Perimetral.

Anônimo disse...

Assim como o PT pouco denuncia a parcialidade da RBS, vale a pergunta: Quem aqui divulga entre seus amigos e conhecidos bons artigos como este do Feil?

Anônimo disse...

Eu acho que o Marco Weiss e o Feil criaram o Maia só para zoar. O Maia é o nosso Bin Laden (agente escrivinhador virtual). Um cara assim não pode existir de fato.

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