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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 19 de setembro de 2009

Os cem mil degolados de 1893


Menos, amigo, menos!

Meu amigo Flavio Tavares está com a mão pesada. Num só artigo (acima) degolou como 85 mil guascas, impiedosamente. Quer suplantar o velho maragato Adão Latorre, o maior degolador do Rio Grande, que passou a lâmina branca na garganta de centenas de cueras entre 1893 e 1895, e seguiu cortando na revolução de 1923, que durou onze meses.

Segundo o acatado historiador Joseph Love, "a guerra [civil de 1893] durou 31 meses e produziu de dez a doze mil baixas numa população de um milhão de pessoas". O que, convenhamos, é um número expressivo de mortos, em tão pouco tempo de conflitos. E nem todos perderam a vida pela degola, mas também em combates e refregas cruentas nas coxilhas e restingas do Pampa.

Wenceslau Escobar afirma na obra "Apontamentos para a história da Revolução Rio-grandense de 1893" (Ed. UnB, 1983) que ocorreram 134 assassinatos no período do governo de Vitorino Monteiro e Fernando Abbott, a maioria destas mortes foram por execução de degola. Segundo os federalistas (maragatos), adversários do castilhismo-republicano, os assassinatos políticos passaram de 250 vítimas.

"Em parte alguma a instabilidade política - assegura Love -, nos anos iniciais da República , foi maior do que no Rio Grande do Sul. Entre a queda do Império e a segunda posse de Castilhos, em janeiro de 1893, o governo estadual mudou de mãos 18 vezes". Foram os "governichos", como os classificou o republicano Julio de Castilhos no jornal do PRR, A Federação.

Em nenhum autor - Walter Spalding, Artur Ferreira Filho, Sergio da Costa Franco, Decio Freitas, Sandra Jatahy Pesavento, Moacyr Flores, Joseph Love, John Chasteen, Mário Maestri, Alfredo Bosi e Luiz Roberto Targa entre outros - nós vamos encontrar tantas vítimas da revolução burguesa de 1893 quanto o nosso Flavio Aristides Tavares.

Isso está parecendo aquela história da avioneta que caiu sobre um cemitério do interior. Ao cabo do segundo dia de buscas, o pessoal chucro da região já tinha contado como quatrocentos mortos.

Fac-símile parcial da página 13 do jornal Zero Hora, edição dominical de 20/set/2009.

10 comentários:

Anônimo disse...

revolução burguesa, Feil estou desapontado contigo, porra parece o MST chamando tudo de burguês

Cristóvão Feil disse...

Prezado Anônimo,

Sugiro que você estude um pouco a história da nossa província. Dedique-se menos aos jornais da RBS.
Burguês/burguesia não é uma mera adjetivação - se é que você sabe do que estou falando.
A instrução sobre temas regionais é importante e divertida.
Garanto que não se arrependerá.

Abç.

CF

Anônimo disse...

Chamar tudo de burguês é um diagnóstico tão banalizado, só falta dizer que os burgueses de 1893 dirigiam carros 1.0, passavam as férias em quintão e votavam no PSDBosta

Anônimo disse...

faz horas que o Tavares fala coisas assim , sob um ar professoral...

Luciano Reis disse...

Saudações.
Está corretíssimo o uso da expressão revolução burguesa, tanto quanto é usada, por exemplo para se referir à Revolução Francesa. Não tem, necessariamente um tom pejorativo, como se supõe, apesar de incomodar alguns... BURGUESES, que detestam ser identificados como tal. O fato é que deve-se dar às coisas seus devidos nomes. A classe social denominada burguesa foi quem conclamou e tirou algum benefício de muitas revoltas. Concordando mais um pouco com o Feil: a história fala; basta aguçar os sentidos e prestar atenção no que ela diz.
Um abraço.

Prof. Daniel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Caso típico de "Te cuida Guaíba, que te bebo todo....."

Alice Mann disse...

O nosso contemporâneo anônimo poderia se divertir com estudos de História e constatar as classes sociais envolvidas na clássica Revolução Burguesa Francesa, além da Revolução Industrial na Ingraterra, Alemanha, etc.
Certamente, vai se deparar com o nome "burguesia", que tem sua gênese, no fim do Feudalismo,tratava-se de comerciantes e pequenos industriais que viviam nas pequenas cidades (BURGOS).

Prestes disse...

"Isso está parecendo aquela história da avioneta que caiu sobre um cemitério do interior. Ao cabo do segundo dia de buscas, o pessoal chucro da região já tinha contado como quatrocentos mortos."

GENIAL

Emprego bom era ser amolador de facão nessa revolução do Tavares, uhsuhsdauhasduhasd

Anônimo disse...

Tá faltando um pouco de estudo da história Geral e do RGS também para os críticos que não sabem o que é burgues/burguesia. Leiam antes de falar bobagens. . . O Português também ajuda.

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