Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

domingo, 31 de maio de 2009

Poema Puig


Por mais que calem

Por mais que calem
por mais voltas que o mundo dê
por mais que neguem os acontecimentos
por mais repressão que o Estado imponha
por mais que se lambuzem com a democracia burguesa
por mais greves de fome que silenciem
por mais amontoados que estejam os cárceres
por mais pactos que façam com os controladores de classe
por mais guerras e repressões que imponham
por mais que tentem negar a história e a memória de nossa classe,

Mais alto gritaremos:

assassinos de povos
miséria de fome e liberdade
negociadores de vidas alheias
mais alto que nunca, em grito ou em silêncio,
lembraremos vossos assassinatos

De pessoas, vidas, povos e Natureza.

De lábio em lábio, passo a passo, pouco a pouco.

Salvador Puig Antich (1948-1974). Poeta e militante político catalão. Foi preso, julgado e executado em 1974 pelo regime do ditador fascista Francisco Franco.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A direita já começou a apelar


Repugnante!

Analista de risco pede para a ministra Dilma desistir de ser candidata por causa da doença


A campanha eleitoral à presidência da República está a todo o vapor. A direita já dá mostras de desespero. Senão o que pensar do artigo publicado hoje por um certo Alexandre Barros, no Estadão?

O agente provocador se intitula cientista político e analista de risco (Do quê? Ora, de papéis!). Noves fora todo um nariz-de-cera de conversa fiada e repugnantemente polida, o analista de risco afirma que a ministra Dilma Roussef bem que poderia desistir da sua candidatura, haja vista o câncer, possíveis crises, o risco de vivermos anos em sobressalto, etc. Tudo isso pode muito bem ser evitado, segundo Barros, e completa: “Levar adiante a candidatura da ministra Dilma Rousseff pode ser entrar numa crise previsível, de desfecho completamente desconhecido, mas que pode ser muito caro para todos os brasileiros”.

Quando ele fala “muito caro”, refere-se exatamente ao custo financeiro, retirada de investimentos estrangeiros, adiamento de projetos industriais, disseminação do medo, etc. O artigo de Barros carrega nesse tom preocupado com o cálculo financeiro e econômico.

Alexandre Barros é deformado até a medula óssea, todo o seu ser está hipertrofiado pelo cálculo econômico, nada mais importa que a dimensão monetária da vida social, trata-se de um monstro disfarçado de gente. É o cão Cérbero, guardião dos infernos.

O artigo “Nem Dilma nem o Brasil merecem isso” está aqui na íntegra. Tirem as suas próprias conclusões.

Justiça morosa é injustiça


Demora da Justiça estimula violência contra indígenas e camponeses

O relatório anual da Anistia Internacional alerta que os atrasos em decisões judiciais contribuíram para que a violência no campo persistisse no Brasil. Neste relatório, a organização destaca que indígenas e trabalhadores rurais continuaram a ser vítimas de assassinatos, intimidações, discriminação e expulsões forçadas. Segundo a Anistia, a expansão econômica e os projetos sociais apoiados pelo governo federal contribuíram para reduzir disparidades socio-econômicas no País. A informação é da Agência Chasque.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ação judicial censura blog no Rio Grande do Sul


Processo é um ovo de serpente

Eu quero chamar a atenção para um fato grave que está acontecendo no Estado do Rio Grande do Sul. O blogueiro, ex-jornalista da grande mídia, sempre jornalista crítico, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Wladimyr Ungaretti está sendo processado judicialmente por um celetista do grupo RBS.

O objeto da ação do leguelé rebessiano é sobre uma completa tolice: a princesa sentiu-se esculachada e ofendida por que o professor WU trata-o no blog pelo apelido que ele granjeou na sua vida profissional. Como se sabe, apelidos são apodos caricaturais que a gente mesmo coloca na gente, de forma reflexa, pela maneira de proceder, de ter o nariz (o real e o suposto), pela reputação pessoal e profissional, por gestos, hábitos, falas, traços da personalidade, vícios ou virtudes, detalhes do caráter, etc. Nada que não seja o próprio sujeito que “informou” aos demais.

Não vou dizer o apelido do coisinha de Jesus, porque igualmente posso ir para o pelourinho do Judiciário e ficar meses debaixo de um tacão legal que consome a paciência do sujeito, a poupança e a própria ilusão de supor que vivemos numa sociedade democrática e tolerante.

Quero depositar a minha mais irrestrita solidariedade ao professor WU, a quem eu conheço por mais de bip-bip anos, já compartilhamos estudos em círculos de desasnar jovens militantes de esquerda (inclusive sob a regência mestra de uma figura notável da República, hoje), e por quem tenho respeito e admiração à distância.

O processo contra WU é um ovo de serpente. Visa chocar e fazer procriar pequenas serpentinhas de medo, autocensura e regulação aos blogueiros alternativos à mídia oligárquica brasileira. Não se pode aceitar ovo de serpente em nosso meio. A conquista do espaço democrático e participativo da blogolândia é irrenunciável, e com o qual não podemos transigir. O ataque à WU é a ponta de lança para atingir, normatizar, regular e enquadrar todo o avanço do território virtual que conquistamos.

Neste sentido, e com este propósito, é que faz-se necessário a denúncia e a constante divulgação do que está ocorrendo exatamente com o caso WU, especialmente fora do Rio Grande do Sul. É muito importante.

Aqui, blog do WU – censurado e criminalizado.

A clivagem Pelé

De um lado, o maior, o mais inteligente e o mais encantador jogador de futebol de todos os tempos. De outro, o cidadão alienado, o perfeito tolo, autor de frases e opiniões políticas que beiram a imbecilidade. A verdadeira clivagem do ego – em favor do futebol e em desfavor da cidadania política.

A técnica (única, jamais imitada) de fazer a bola repicar na canela do adversário e seguir dominando-a – em velocidade – é algo fantástico, e quase humilhante para as vítimas dessa jogada diabólica e bela, a um só tempo.

Agronegócio leva 93 bi enquanto a agricultura familiar fica com 15 bi


Foram anunciados os recursos para a safra agrícola 2009-2010

A safra 2009-2010 terá R$ 108 bilhões para financiamento, dos quais cerca de R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$ 15 bilhões para a agricultura familiar. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ao deixar encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar sobre os números do plano safra. A informação é da estatal Agência Brasil.

“Vamos ter um bom aumento em relação ao total do ano passado”, disse o ministro, ao lembrar que o setor recebeu R$ 78 bilhões para a safra 2008-2009.

Na safra 2009/2010, os agricultores familiares terão R$ 15 bilhões para custeio e investimento. O valor foi anunciado ontem por ministros e representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), participantes do movimento Grito da Terra Brasil. O montante a ser liberado é superior em comparação da safra passada, que foi de R$ 13 bilhões.

Os pequenos agricultores, que realizam em Brasília a marcha do Grito da Terra Brasil, reivindicavam R$ 22 bilhões. No ano passado, embora tenham sido liberados R$ 13 bilhões, somente R$ 9 bilhões foram aplicados, segundo a Contag, por falhas na regularização de terras e registro das reservas legais.

Segundo o ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, os recursos são suficientes para o fluxo “tranquilo” da agricultura familiar.

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Cerca de 70% do alimento consumido pelos brasileiros tem como origem a agricultura camponesa e familiar. Entretanto, a política do governo federal de destinação de recursos para o plantio das culturas primárias do próximo biênio invertem a realidade conhecida: destinam 89% do custeio para o agronegócio e apenas 11% para os pequenos produtores agrícolas.

Esse é o retrato mais acabado do que chamamos aqui de “lulismo de resultados”.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Um argentino chamado Kevin



Kevin Johansen, grande músico. Ele tem uma canção chamada “Luna sobre Porto Alegre”, que é belíssima.

A marcha dos malcriados



Paulo Freire e os Torquemadas

O vereador e ex-secretário da Educação do Estado de São Paulo, Gabriel “Torquemada” Chalita (PSDB) conseguiu aprovar dias atrás na Câmara Municipal de São Paulo seu primeiro projeto legislativo. Ele prevê a criação de uma “lista negra de alunos malcriados” da rede municipal de São Paulo. Esses alunos serão apontados como na Inquisição e serão queimados simbolicamente pelo poder público, conforme a intenção do vereador tucano. O projeto não trata dos alunos de classe média e alta das escolas privadas paulistanas.

Quando li essa notícia, imediatamente lembrei dessa fala do grande pedagogo Paulo Freire (no vídeo acima), que diz dos desabusados, da necessidade de haver no Brasil muitas marchas, marchas dos que não tem amor, dos ofendidos, dos que buscam por mais democracia, a marcha dos malcriados, dos que são colocados em índex por não saberem se comportar segundo as normas das oligarquias.

Os brasileiros precisam marchar mais.

Senador Simon cumpre missão do lulismo de resultados


Tarso Genro está tão rifado quanto Yeda Crusius

Como a grande política foi abolida no Rio Grande, predomina a pequena política, aquela que Gramsci dizia pertencer à esfera das realizações insignificantes, que sequer arranham o verniz do poder, como as feiras eleitorais periódicas, os negócios pedestres da moralidade pública, pequenos escândalos político-existenciais de personagens sombrios, o infindável braseiro das vaidades, as disputas partidárias de beleza e força eleitoral, os arranjos e acomodações das oligarquias, o cálculo oblíquo e aritmético dos chefetes locais, etc.

Esse buquê de flores minúsculas, mal cheirosas e que murcham a cada 24 horas – precisando ser renovadas cotidianamente – é o que adorna e representa o centro da cena pública guasca, hoje.

No reino da pequena política, por suposto, predominam os pequenos reis. Entre esses, se destaca a figura do senador Pedro Simon, padrinho de uma geração de nulidades da grande política ou especialidades da pequena política – como vocês quiserem.

Na crise de lideranças em que se encontra o Estado sulino, o senador Simon ainda se sobressai com vantagens sobre os demais. Percebendo isso, o lulismo de resultados confiou-lhe secretamente a tarefa de dirigir e organizar a sucessão estadual, desde que aceitasse e trabalhasse por uma dada contrapartida – que não se fazem negócios manetas, pelo menos na pequena política.

O senador chega a uma reunião ampliada do diretório estadual do seu PMDB, sábado passado, e praticamente lança o ex-governador Germano Rigotto à sucessão de Yeda Crusius. O ex-governador prontamente proclama que aceita a dura incumbência. Ato contínuo, o senador arremessa pedradas contundentes no pré-candidato petista ao Piratini, o ministro Tarso Genro, acusando-o de orientar politicamente a Polícia Federal na precipitação dos escândalos que envolvem o tucanato no Rio Grande do Sul.

Simon ficou tão inebriado com a sua performance de final de semana que depois disse que não se lembrava de nada. Chegou a negar que tivesse criticado o ministro da Justiça, tamanha a euforia com que desempenhou a missão de plenipotenciário eleitoral do lulismo de resultados.

Mas as tarefas planaltinas preparatórias para a agenda eleitoral de 2010 não estão integralmente confiadas ao senador peemedebista. Circula pela internet um texto assinado por conhecido militante petista (depois, fiquei sabendo que o artigo está publicado no portal web da revista CartaCapital) que, a pretexto de analisar a "política" e o quadro eleitoral do ano próximo, acaba concluindo que “os dois partidos [PT e PMDB] reúnem os melhores quadros da política gaúcha”. É a senha para a adesão passiva e acrítica à uma fórmula impensável, nos tempos que o PT honrava a condição de partido político combativo.

Vê-se, pois, que não é somente Yeda Crusius que foi jogada pelos seus companheiros de jornada aos tubarões, Tarso Genro, compartilha do mesmo cruel destino da governadora tucana. Bate-se avulsamente num mar de predadores "amigos".

O acerto pelo alto entre o PT nacional e Pedro Simon tem provocado verdadeiro pânico nas legendas parasitárias do Estado, aquelas que sempre encontram estufa quente para abrigar seus interesses fisiológicos, seja com Antonio Britto, Germano Rigotto ou Yeda Crusius. Tanto que já há um movimento para estudar a possibilidade de uma candidatura que seria de “terceira via”, como estão apelidando seus obesos protagonistas. Tudo simulação. O que eles querem com fervor profano e fé mundana é um pouco de ficha para procederem às suas apostas na corrida eleitoral que se avizinha. Nada mais que isso.

De resto, o senador Simon está colhendo, agora, no pântano guasca a flor malcheirosa que colocará para adornar o Piratini a partir de 2011. É o triunfo definitivo da pequena política no único Estado que fez a sua própria revolução burguesa, ainda no século 19.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Combate árduo, guerreiro cansado


Indícios apontam que o anônimo guerreiro yedista é praticamente um herói na sua (larga) plataforma funcional, tamanha a festa com que o mimoseiam.

Arre!

Ditadura da Internet?


É hoje, em Porto Alegre.

Quinto time da RBS entra em campo para salvar Yeda


Um sinal de que a coisa está feia

Um sujeito cujas iniciais já constituem o próprio indício de si mesmo - WC -, se confessa chateadinho com o “noticiário político dos últimos meses”.

Diz o indício rebessiano, em seu blog:

O noticiário político tornou-se insuportável, nos últimos meses. É todo o mundo denunciando todo o mundo, ninguém provando coisa nenhuma (vontade de usar outra palavra) e um desfile de indícios que não acaba mais. Da Polícia Federal vazam indícios, do Ministério Público vazam indícios, do esgoto cloacal da Capital vazam indícios e provar, que é bom, nada. Há qualquer coisa de podre neste reino. Indícios, pelo menos, existem. [...]

São tantos os indícios infestando a vida gaúcha que deveria ser proposta a CPI dos Indícios. O próprio Brasileirão poderia ser substituído pela outorga do título antecipado porque existem consistentes indícios apontando para um eventual campeão. Arre!

Subestimando os leitores com argumentos tão sólidos quanto as nuvens, com textos assim, engraçadinhos ou pseudoentediadinhos, e com o quinto time marrom da RBS a direita guasca suspeita que possa estancar o inverno do nosso descontentamento com o governo tucano no Estado. Ledo (Ivo) engano.

Arre! (Bacaninha esse fecho do senhor WC... arre!).

P.S.: Quem é mesmo WC? O que faz? Do quê se alimenta? É crioulo ou exótico? Vive solto ou em cativeiro? Deixa-se domesticar com facilidade ou exige tecnologia especial?

Aceitam-se respostas de antropólogos, etologistas e veterinários. Arre!

A propósito dos incentivos do BNDES aos oligopólios


Não precisa dizer mais nada

"O Brasil se tornou um dos poucos lugares do mundo onde empresas podem definir o tamanho que desejam ter"

Ivan Zurita, presidente da transnacional Nestlé no Brasil, em entrevista ao semanário IstoÉ Dinheiro, desta semana.

Traduções e notícias pasteurizadas e uniformizadas


A superioridade civilizatória dos jornalões

Recebo nota de Castor Filho, que está sempre de olho no PIG internacional, digamos assim:

É sempre com certa surpresa que leio notícias traduzidas pelos jornalecões nacionais. Hoje o Meireles, com "news" do Barrionuevo do NYT, e do Langellier do Le Monde, me incentivou a fazer os comentários que se seguem.

Há nas traduções um quê de "condescendência", ou mesmo "vá lá que seja" que não está explícito no texto na língua original. Não vejo neste fato uma falha do tradutor(a), mas uma constatação da mão do editor na "tradução". Melhor dizendo, há uma certa "maldade" na tradução que não é aparente no texto original.

'Tá certo que o Langellier (Le Monde) expressa um certo pedantismo ou mesmo uma "superioridade civilizatória" nas suas reportagens. Aliás, coisa tipicamente francesa, que se nota mais ainda quando trata de assuntos políticos das colônias.

Às vezes, os repórteres/colunistas dos jornais lutécios [parisienses] fazem isso até com reportagens ou artigos sobre políticas internas ou externas dos EUA (para consumo do público francês). Só que, hoje, os papéis estão invertidos, as colônias dos EUA são os europeus em geral e a França de Sarkozy em particular. Os franceses já perceberam isso, mas seus jornais ainda não.

Já o Barrionuevo (NYT) é meramente um "informante interessado". O ódio explícito nutrido pelo ex-latino americano ao Chávez aparece em todas as suas notícias. Se ele fizer uma reportagem sobre "sexo das lagostas em Marte" ele vai fazer, com todo o empenho e certeza, a inefável e constante crítica ao Presidente Chávez. Segue à risca a receita de quem o paga. Isso se coaduna perfeitamente com o texto que interessa à FSP, membro efetivo das Organizações Serra de Comunicação e Propaganda Política Ilegal, panfleto atado ao esquema demo-tucano. Quer dizer: os interesses de "informar" aos leitores norte-americanos coincidem com os interesses de "informar" o leitor/eleitor brasileiro. O nome correto disso é desinformação.

No geralzão, o que vemos/lemos, descontadas as nuances linguísticas, é uma total pasteurização dos textos, independente da língua e o caráter do articulista/repórter. O fenômeno da pasteurização/uniformização da notícia ocorre em toda a mídia ocidental. Incluo, também nesse rol, os repórteres e articulistas ditos de esquerda. Todos, com raras exceções.

Só algumas pessoas que sempre enviam mensagens e traduções para a rede castorphoto, nem preciso citar nomes, tem a preocupação de buscar fontes de informação fora da mídia ocidental. Fato que proporciona a anteposição política como informação mínima.

Hoje, nem sempre consigo fazer isso, dei uma lida/passada na maioria dos jornalecões nacionais unicamente para ler artigos traduzidos. Originais e traduções, é lógico. O Globo, JB, Zero Hora, Jornal de Minas, C. Brasiliense, etc. quando não repercutem traduções de seus co-irmãos, simplesmente copiam as mesmas traduções. É padrão. Até vou enviar esta observação ao Venício Lima (CM e OI) e ver se ele se interessa em fazer pesquisa a respeito. [...]

domingo, 24 de maio de 2009

sábado, 23 de maio de 2009

O que seria do mundo sem os sábios de araque?


Palestrantes picaretas

O que seria do mundo sem os palestrantes? Talvez um lugar melhor. Você já deve ter reparado como esta cidade virou alvo privilegiado deles. De epidemia nos anos 90, passou agora a peste incurável. E o assédio é total. De repente, você está no emprego, e o RH faz a convocação para todos assistirem a uma palestra sobre as lições do boto amazônico para a liderança. Abundam especialistas em generalidades as mais inimagináveis: desportistas falam das lições de vitória aplicadas ao trabalho; ex-filósofos montam cursos de treinamento para atendentes de telemarketing; psicografia aplicada às vendas...

Todo acadêmico fracassado percebe que fazer palestra em empresa é lucrativo. Conheço vários gênios universitários promissores que trocaram seus altos ideais por um faturamento maior. Não os condeno, porque a carreira acadêmica é mal-remunerada e frustrante, e não há boa instituição que escape da pasmaceira e da rede de inveja. Acaba sendo mais lucrativo discorrer superficialmente sobre assuntos nos quais o acadêmico se aprimorou, mesmo que para uma audiência de zé-manés. Estes formam o público-alvo dos palestrantes, já que a formação no Brasil é uma vergonha.

Em terra de cego, conferencista é pensador. Os olhinhos brilham quando ele discorre sobre superação e cita neurolinguística, psicanálise ou uma proposição de Wittgenstein. O público se sente recompensado, mesmo que seja com vidrinhos de mais falso brilho intelectual. “Vou usar este aforismo na próxima reunião!”, pensa o gerente que assiste à apresentação.

As palestras são aulas-shows divertidas, até porque os especialistas usam data show para projetar figurinhas e frases de efeito, em corpo bem grande, para todo mundo entender. Cada conferencista guarda o seu sistema de exibição. Há o piadista ou o que faz passos de funk para acordar a patuleia. Há o democrata que “abre o debate” para ganhar tempo. E também aparece às vezes o vulto professoral que defenden autoajuda como se fosse uma tese de doutorado em Oxford.

Que reis do sofisma ele são! Usam exemplos para sustentar um argumento assertivo que em geral não se apoia na realidade. Eles vendem tudo como se fosse “o Segredo”, da força do pensamento positivo à Arte da Guerra de Sun Tzu, do Cristo à física quântica.
As pessoas já não creem em mais nada nem têm padrões éticos ou lógicos claros. O resultado é que viraram reféns do engano bem embalado. Os palestrantes preenchem a lacuna da nossa ignorância. O problema é a superpopulação desses sábios de araque. Daqui a pouco serão tantos que vai haver gente bradando manual corporativo pelas ruas, feito pregador de Bíblia.

Texto de Luis Antônio Giron do blog Mente Aberta.

Adriana Deffenti




Uma fina estampa e uma grande voz. Estou falando de Adriana Deffenti.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Frigoríficos podem constituir a próxima megafusão


BNDES, obviamente, dará mais força aos monopólios

Depois das fusões da VCP (Votorantim Celulose e Papel) e Aracruz e da Sadia com Perdigão, mais uma área do agronegócio deve sofrer concentração com a união de capitais de duas empresas.

Os frigoríficos Bertin e Marfrig estariam em estágio avançado de negociações.

Novamente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – banco federal de fomento – poderia financiar a fusão. A nova empresa concentraria um capital de 14 bilhões de reais. A informação é da Agência Chasque.

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Com a popularidade em alta, o governo Lula sente-se encorajado para fazer políticas que o fraco governo FHC aspirava, mas não tinha capital político para aventurar-se.

A política de incentivo à verticalização corporativa de empresas e conglomerados negociais é um exemplo da ousadia lulista no fortalecimento de monopólios e oligopólios em diversos setores da economia brasileira.

Os exemplos mais notórios são os da indústria petroquímica com a agressiva compra da Petroquímica Triunfo pela Braskem no RS (com o auxílio da Petrobras), nas telecomunicações com a fusão Oi e Brasil Telecom, no sistema bancário, com a fusão Itaú/Unibanco, na celulose, com a VCP comprando a Aracruz, depois de uma inexplicada aquisição do Banco Votorantim por parte do Banco do Brasil, nos alimentos processados com a criação da Brasil Foods (ou é Brazil Foods?) e agora com a negociação entre dois frigoríficos, gigantes na exportação de carne bovina para o mundo todo.

Em todas essas transações privadas está sempre presente a mão amiga do Estado, conduzido pelo lulismo de resultados.

Lula agora dá plena razão ao respeitado economista Marcio Pochmann, que em recente artigo (publicado na Folha de 20/5), afirmou que “em qualquer atividade econômica, predomina hoje um conjunto de práticas oligopolistas de formação de preços e domínio do mercado, o que exclui parcela significativa dos empreendimentos empresariais da livre competição”.

Mais: os oligopólios contribuem para preços continuamente em alta (pela ausência de concorrência), oferecem produtos e serviços precários (ver a telefonia brasileira), alimentos de sanidade duvidosa, ambientalmente insustentáveis, e, sobretudo, constituem enclaves econômicos inexpugnáveis ao controle público, à lei e ao próprio Estado.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Fogaça: coadjuvante faltoso e protagonista de uma farsa


ZH mente que o prefeito furreca vai despoluir o Guaíba

A pauta de mobilizações/reivindicações dos sindicatos e movimentos sociais precisam considerar o papel (deletério) do jornal Zero Hora, e de resto os demais veículos do grupo RBS, na construção de subjetividades favoráveis aos dirigentes político-administrativos da direita guasca.

É inegável que a governadora Yeda Crusius é uma criatura inteiramente esculpida nas oficinas e redações do grupo RBS. Senão, como explicar que uma deputada do terceiro time do Congresso iria se eleger no Rio Grande através de um partido nanico e pouco expressivo como o PSDB? Ela, Yeda, que de medíocre professora de Economia fora guindada, anos atrás, a comentarista televisiva da inflação dos tomates e leguminosas de feira livre.

Vejam o caso do prefeito José Fogaça, um prefeito furreca de Porto Alegre, que não pode apresentar uma única obra consistente de autoria de sua administração, se reelege para mais quatro anos de uma gestão tão vibrante quanto o canto das corujas.

E como age concretamente a RBS? Ora, publica matérias como esta (ver fac-símile acima).

O incauto que a lê, introjeta a idéia que Fogaça é “o cara”. Ele trabalha para despoluir o Guaíba. O impensável está para acontecer: viveremos numa cidade, banhada por águas límpidas, potáveis e balneáveis. Tudo graças ao prefeito José Fogaça, à sua ação administrativa dinâmica e renovadora.

Mas examinemos melhor a verdade dos fatos (encoberta por ZH): Custo do projeto: 586,6 milhões de reais. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre aporta somente 67,1 milhões de reais. O projeto é anterior à gestão de Fogaça, que por sua vez está com obras em atraso (a chamada contrapartida do município). Os recursos se originam do PAC (governo federal) e da Caixa Econômica (instituição federal de fomento), bem como do Banco Interamericano de Desenvolvimento (que recebe aval e garantia da Secretaria do Tesouro, do governo federal).

Fogaça – a rigor, no frigir dos ovos – é um mero coadjuvante do projeto de despoluição do Guaíba. Aliás, um coadjuvante faltoso, porque não está cumprindo a contento com as suas tarefas e obrigações de coadjuvante. Ainda assim, a RBS apresenta-o como protagonista.

Protagonista de uma farsa.

Deputado Cherini diz que “Adão é cuidadoso com os animais”


Pedetista que não quis assinar petição de CPI faz pronunciamento relevante

Na sessão plenária de ontem à tarde na Assembléia Legislativa, o deputado estadual pedetista Giovani Cherini (cujo lema é “Juntos Fazendo MAIS”, de profundo significado) solicitou um tempo de tribuna no espaço regimental denominado “Comunicação de Líder”, para falar por cinco minutos sobre tema relevante para o legislativo e a comunidade sul-rio-grandense.

Muitos se acercaram do plenário e dos monitores de tevê para ouvirem a importante Comunicação de Líder do parlamentar trabalhista, todos certos de que ele faria pronunciamento sobre a pretendida CPI da Corrupção, para investigar graves denúncias de corrupção que paralisam o governo de Yeda Crusius.

O senhor Cherini (pronuncia-se “kerini”), no entanto, frustrou a platéia do plenário e os telespectadores da TV Assembléia, mas ainda assim falou sobre um tema deveras decisivo, essencial. Curvou-se em homenagens ao “querido amigo e irmão Adão Mozarte Triscorne Mendes, funcionário da Diretoria de Segurança, que completa 36 anos de efetivo exercício profissional neste Parlamento”.

O sensível deputado Cherini (foto) passou então a enumerar as qualidades invulgares do seu homenageado: afiançou que Adão é “cuidadoso com os animais e o meio em que vive”, garantindo igualmente que Adão “cumpriu com o serviço militar obrigatório”. Numa exaltação do seu generoso espírito lírico, o pedetista disse que “o Adão é homem que vem da pedra bruta e todo dia é lapidado”.

No final da sua convincente oratória, Giovani Cherini olhou para um ponto vago no teto do plenário, fechou e espremeu os olhos, e finalizou a notável Comunicação de Líder, assim:

“Que o Grande Arquiteto do Universo o proteja [referindo-se ao homenageado Adão Mozarte Triscorne Mendes], ajude e ilumine para continuar vivendo muitos e muitos anos, agora curtindo a sua merecida aposentadoria! Muito obrigado”.

Na platéia lateral, a mulher e três filhos de Adão, batiam palmas, entre orgulhosos e satisfeitos.

Foto do cabeçalho: Arquivo CasaTierra, via blog Celeuma.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Em qualquer atividade econômica, predomina hoje um conjunto de práticas oligopolistas


Estado para o século 21

A visão do Estado atuando em contraposição às forças de mercado se tornou anacrônica diante dos desafios das nações neste começo do século 21.

Pela globalização, por exemplo, diversos países voltaram a se especializar no uso intensivo dos recursos naturais e da produção de contido custo do trabalho, comprometendo o avanço de projetos nacionais capazes de incluir a totalidade de suas populações nos frutos da modernidade.

No Brasil da última década, a prevalência da premissa de que menos Estado representaria mais mercado teve convergência com o modelo de sociedade para poucos.

E a contenção do Estado produziu o encolhimento do próprio setor privado nacional (bancos e empresas não financeiras), cada vez mais dominado por corporações estrangeiras.

Com a redução dos bancos públicos, acompanhada da brutal diminuição dos bancos privados nacionais, e o esvaziamento das firmas nacionais entre as maiores empresas no país, parcela crescente da riqueza deixou de ser compartilhada com a nação.

Hoje, pelo menos dois quintos dos brasileiros [cerca de oitenta milhões de pessoas] são analfabetos funcionais, afora um enorme déficit econômico e social. Obstáculos como esses enfraquecem o estabelecimento de um novo padrão civilizatório contemporâneo dos avanços do século 21.

As forças de mercado, embora imprescindíveis na geração de oportunidades, mostram-se insuficientes para garantir o acesso a todos. Não há dúvidas de que, neste contexto, a presença renovada do Estado se faz necessária. Mas que Estado? Um equívoco seria tratar o Estado com as mesmas premissas do século passado.

Neste século, cuja sociedade eleva sua expectativa média de vida para além dos 80 anos, a parcela dos idosos deve superar o segmento infantil e as ocupações geradas passam a depender fundamentalmente do setor terciário, que já responde por três quartos do total dos postos de trabalho.

Sem a garantia do pleno e equivalente direito de oportunidades a todos, o princípio da liberdade de iniciativa individual e coletiva permanece no plano da retórica. Em síntese: a prevalência do reino da desigualdade e da exclusão sediada no Brasil.

O Estado necessário do século 21 precisa incorporar novas premissas fundamentais.
A primeira passa pela reinvenção do mercado, capaz de fazer valer a isonomia nas condições de competição.

Em qualquer atividade econômica, predomina hoje um conjunto de práticas oligopolistas de formação de preços e domínio do mercado, o que exclui parcela significativa dos empreendimentos empresariais da livre competição.

A mudança na relação do Estado com o mercado é urgente e inadiável, com a adoção de políticas que apoiem a igualdade de oportunidades por meio de condições de competição e cooperação só oferecidas ao circuito superior da economia, como o acesso ao crédito, tecnologia e assistência técnica, entre outras.

Uma segunda premissa compreende a mudança na relação do Estado com a sociedade, especialmente quando as políticas universais de saúde, educação, trabalho e transporte não apresentam a eficácia global esperada. Isso porque a complexidade dos problemas atuais requer ação totalizante, por isso matricial e transdisciplinar no plano territorial.

Uma política de assentamento urbano, por exemplo, dificilmente terá êxito sem superar a lógica das caixinhas contida no compartilhamento do Estado brasileiro. Além da especificidade do assentamento, é necessária para a eficácia global a adoção de políticas complementares e articuladas, como educação, saúde, transporte e saneamento, entre outras.

Por fim, uma terceira premissa deve convergir para a mudança na relação do Estado para com o fundo público. De um lado, o avanço na tributação progressiva, capaz de deslocar a base tradicional de incidência (produção e consumo) para o patrimônio e novas formas de riqueza. De outro, a renovação do sistema de financiamento da agenda socioeconômica do século 21 (postergação no ingresso no mercado de trabalho, trajetória ocupacional diversificada, educação para a vida toda). O uso do fundo público comprometido com os novos desafios não precisa ser estatal, podendo ser comunitário.

Tudo isso, contudo, dificilmente poderá ser desenvolvido sem a renovação do Estado para o século 21.

Artigo de Marcio Pochmann, economista, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. Publicado hoje na Folha.

Foto: Executivos da fusão Sadia/Perdigão comemoraram o feito, ontem. O governo Lula faz olho branco para os monopólios e oligopólios que acabam colonizando o País, e administra o Estado brasileiro como se ainda vivêssemos sob o capitalismo concorrencial do final do século 19.

Serra pode usar armas mais pesadas contra Yeda


A guerra dos brancos ainda nem começou

A CPI da Assembléia guasca foi congelada por expectativas fisiológicas de três deputados pedetistas que ainda aguardam farelos que possam cair da mesa do Piratini. Ledo (Ivo) engano.

Mas dona Yeda não perde por esperar, seu companheiro partidário, governador José Serra (foto), pode usar novamente o instrumento “Veja” de excomunhão completa do ninho tucano.

O complexo bélico Serra/Veja, por enquanto está usando munição para matar passarinho. Mas pode usar armamento de grosso calibre como a gravação “não me levanto desta cadeira por menos de cem mil” e outras mais letais.

Quem é bem pretinho (como eu), assiste a guerra dos brancos da Casa-Grande, esfregando as mãos.

Camponeses protestam no RS e SC


Via Campesina forçou a liberação do pedágio em Eldorado do Sul

Trabalhadores rurais organizados pela Via Campesina protestaram ontem contra os prejuízos da estiagem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Mil e quinhentos camponeses protestaram em frente a Aracruz Celulose em Guaíba e depois seguiram em marcha em direção à Porto Alegre.

O pedágio de Eldorado do Sul teve as cancelas liberadas pelos manifestantes, por meia hora. Em São Borja, na fronteira com a Argentina, 350 camponeses bloqueiam a Ponte da Integração. Os protestos também ocorreram nas divisas entre os dois Estados na ponte sobre o Rio Uruguai no distrito de Goio-En e entre Lages (SC) e Vacaria (RS). A Via Campesina quer anistia das dívidas e a criação de uma bolsa-estiagem. A informação é da Agência Chasque.

Yeda e Fogaça, tudo a ver


É amanhã, na frente do Paço Municipal, Centro de Porto Alegre.
Clique no cartaz para ampliá-lo.

BNDES pode investir na nova empresa formada pela fusão entre Sadia e Perdigão


Lulismo de resultados rende-se mais uma vez à pura lógica de mercado

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá investir na nova empresa criada com a fusão das gigantes do mercado de alimentação no Brasil, a Sadia e a Perdigão. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse hoje (19) que a instituição poderá comprar papéis da Brasil Foods. A informação é da Agência Brasil (controlada pelo lulismo de resultados).

“A nossa compreensão é que a empresa resultante precise fazer uma chamada de capital e nós podemos participar. Mas em que escala e em que condições, ainda vamos analisar”, disse Coutinho, após palestra no 21o Fórum Nacional, realizado na sede do BNDES.

Para Coutinho, o BNDES poderá participar da oferta pública que a Brasil Foods deverá fazer nas próximas semanas ao mercado. “Provavelmente participará porque o projeto parece ter mérito. Estamos criando uma empresa de porte global, que poderá multiplicar as oportunidades de exportação e desenvolvimento. Nós consideramos lícito, em uma oportunidade de mercado, participar dela”, disse.

Apesar de apoiar a nova empresa, Coutinho defende a necessidade de se preservar a competição no setor, evitando o domínio do mercado por apenas uma empresa. "No mercado interno, é fundamental olhar o consumidor brasileiro, preservar condições mínimas de concorrência", afirmou.

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A fusão entre Sadia e Perdigão é um escândalo, porque vai na contramão da tendência mundial do consumo de alimentos saudáveis. O objetivo desta nova megaempresa não é produzir alimentos saudáveis, mas criar condições negociais, logísticas e sobretudo bancário-financeiras para ganhar mercados globais e aumentar o faturamento de maneira exponencial.

A recente pandemia de gripe A é um exemplo cruel do descontrole sanitário que representa a produção de alimentos em larguíssima escala e por megamonopólios globais.

Os monopólios de alimentos industrializados só são possíveis quando encontram condições ideais a montante e a jusante dos seus núcleos fabris de processamento, a saber: 1) a montante, processos verticais de produção agrícola, sementes transgênicas, agricultura intensiva e mecanizada, produção integrada com hiperexploração do pequeno produtor, grãos, adubos e agroquímicos sob monopólio global, etc. 2) a jusante, mercado consumidor do tipo fast-food, seja na rua ou nos domicílios, hábitos alimentares deformados, pobres, padronizados e gordurosos, alimentos que obedecem a uma lógica exclusivamente mercadológica divorciada das dimensões humanas e orgânicas da vida, etc.

Assim, o governo Lula ao invés de desmobilizar a formação desses monopólios prejudiciais ao interesse público, estimula-os, seja com os recursos estatais do BNDES, seja com a leniência do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), hoje, uma autarquia federal que apenas homologa as fusões e aquisições monopolísticas que tantos danos causam à cidadania.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Espetacularização do luto


Oportunismo infinito

Certas pessoas cultivam uma habilidade invulgar para tirar proveito pessoal de situações as mais diversas, inclusive das circunstâncias que exigem respeito e reverência silenciosa.

Os portadores dessas habilidades – de resto, desprezíveis (as habilidades e as pessoas) – tratam de espetacularizar seus (falsos) sentimentos com o objetivo de angariar prestígio e popularidade – mesmo que por vias tortas e moralmente condenáveis.

Acima fac-símile parcial de coluna da jornalista Ana Amélia, de hoje, em Zero Hora.

Denúncia sobre a promiscuidade no governo Yeda chega à ONU


As relações perigosas entre Yeda e fumageiras

As denúncias de que as fumageiras Alliance One e CTA-Continental teriam doado irregularmente R$ 400 mil para a campanha da governadora Yeda Crusius (PSDB) chegaram à Organização das Nações Unidas (ONU). Na última sexta-feira (15), a organização não-governamental Terra de Direitos entregou reportagens e demais documentos que retratam as acusações de Caixa 2 ao Representante Especial da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, John Ruggie.

O objetivo, explica Gisele Cassano, advogada da Terra de Direitos, é mostrar à ONU as duas formas de atuação das empresas do Brasil. De um lado, as fumageiras exploram os pequenos agricultores através de seus contratos de produção integrada. De outro, aponta Gisele, estaria a relação promíscua das empresas com políticos para ter influências econômicas. Ela exemplifica que o deputado federal gaúcho Sergio Moraes (PTB), que já foi duas vezes prefeito de Santa Cruz do Sul, cidade que é forte produtora de fumo, recebeu R$ 72,5 mil das empresas para sua campanha. O parlamentar foi autor do projeto para a criação de um Fundo Nacional da Fumicultura (FNF), a fim de estimular o plantio de tabaco.

"Quem acaba financiando isso é o fumicultor. Porque ele trabalha, nunca consegue pagar suas dívidas às empresas porque são altíssimas. E por outro lado você vê essa questão de financiar R$ 400 mil em campanhas políticas. A gente vê que é tudo o mesmo sistema. Essa superexploração do fumicultor lá na ponta também é definida para obter dinheiro, o lucro, para financiar essas campanhas e influenciar diretamente nas decisões políticas em relação ao fumo", argumenta.

A suposta participação das fumageiras no esquema de Caixa 2 de Yeda se soma às demais denúncias feitas pela Terra de Direitos sobre violações que as mesmas empresas cometem contra pequenos agricultores. Desde 2006, a entidade já entrou com sete ações na Justiça do Estado do Paraná para anular os chamados contratos de adesão. Segundo Gisele, os contratos são ilegais já que comprometem o agricultor a ser endividado.

"São contratos que as cláusulas já vêm estipuladas pela empresa, o fumicultor não consegue discutir essas cláusulas. Ele assina, juntamente com esse contrato, notas promissórias em branco, procuração em branco para que a empresa capte recursos em instituições financeiras. Dessa forma, começa a dívida dele. Faz toda a plantação e, quando vai vender esse fumo, a empresa coloca um preço menor. Então ele sempre fica devendo à empresa, por mais que trabalhe à noite, nunca tenha domingo ou feriado", diz.

A ONU deve pedir mais informações ao Estado brasileiro sobre as denúncias contra as empresas. Alliance One e CTA-Continental negam ter feito doações irregulares ou que foram utilizadas para Caixa 2. A reportagem é de Raquel Casiraghi da Agência Chasque.

MST posiciona-se sobre a inclusão de acampados no Bolsa Família


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terrra – MST, divulgou ontem esta nota pública:

1) Defendemos todas as políticas públicas que contribuam para resolver os problemas emergenciais das famílias de trabalhadores pobres do campo e da cidade, como a cesta básica e o programa Bolsa Família.

2) No entanto, consideramos insuficientes essas políticas assistencialistas, que são limitadas e não resolvem os problemas estruturais da sociedade brasileira, como a terra, educação, saúde e habitação.

3) Defendemos o assentamento imediato de todos os acampados e a atualização dos índices de produtividade como medidas emergenciais para resolver os problemas das famílias que vivem na beira de estradas em todo o País.

4) Somos contrários às políticas do governo para ajudar os bancos e grandes empresas diante da crise econômica mundial, que vai piorar as condições de vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

5) A solução para os trabalhadores rurais é a realização de uma Reforma Agrária Popular e um programa de agroindústrias em todas as cooperativas de assentamentos, para garantir a produção de alimentos para toda a população e a geração de renda para as famílias assentadas.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST

Sociologia da Literatura


É no próximo sábado, 14h. Em Porto Alegre.

Clique no cartaz para ampliá-lo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ennio Morricone, imortal



O filme é de Sergio Leone, também imortal, “The good, the bad and the ugly” (1966). No Brasil, o filme rodou com o nome pouco imaginoso de “Três homens em conflito”.

A execução da música de Morricone é do septeto de cordas e voz, “Ukelele Orchestra”, da Inglaterra. Semanas atrás eu já havia feito um post com a trilha desse faroestão do gordo Leone, mas essa versão está muito criativa e saborosa.

Agrocombustíveis não beneficiam pequenos agricultores


A gigante Bunge é a principal fornecedora da Petrobras Biocombustível

A participação dos pequenos agricultores na produção de agrocombustíveis é limitada e com poucos benefícios. A constatação é do relatório "O Brasil dos Agrocombustíveis” lançado pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis. Segundo Marcel Gomes, coordenador do CMA, por falta de assistência técnica, apoio financeiro e cooperação, apenas trinta mil famílais de pequenos agricultores estão envolvidos na produção, enquanto a meta do governo federal era de 200 mil famílias. A informação é da Agência Chasque.
...............

O governo Lula criou a Petrobras Biocombustível precisamente para fazer cumprir a meta de envolver 200 mil famílias camponesas na produção de matéria-prima para a energia renovável, entre outros objetivos.

Criou a estatal, mas não cumpriu a meta. Acaba dando razão a quem não tem razão. A direita não vive dizendo que o Estado está inchado blablablá?

Enquanto isso a empresa estatal, hoje dirigida pelo ex-deputado Miguel Rossetto (PT-RS), tem consagrado uma política de aquisição de matéria-prima que privilegia os grandes monopólios de grãos do mundo, com a Bunge na frente.

Isto que é lulismo de resultados!

Leia mais neste post de 5 de março último.

Por que o lulismo não conseguiu evitar uma simples CPI?


Que política de alianças é essa?

O lulismo de resultados fez uma temerária composição de governo, conciliou com tudo e com todos, engoliu sapos amazônicos e indigestos como Nelson Jobim, família Sarney, etc, e não consegue evitar uma CPI contra a Petrobras.

Alguma coisa vai mal na política de alianças promovida pelo presidente Lula. Quando foi para defender a manutenção da CPMF, no final de 2008, a composição lulo-peemedebista fez água. Agora, com essa CPI para investigar a maior empresa brasileira – quando em todo o mundo se injetam bilhões para salvar as empresas nacionais que sejam capazes de alavancar o desenvolvimento na crise – o fracasso aliancista ficou evidente.

Para complicar, obscuros picaretas e oportunistas saem das sombras e retomam voluntariamente o tema do terceiro mandato de Lula. Voluntariamente?

É preciso fazer cessar a voz desses micuins do Congresso. E só Lula pode fazê-lo. Sob pena de fazer crer que é o mandante desses disparates do terceiro mandato.

As janelas e os engarrafamentos


Ponta do Melo, refúgio de roedores e oportunistas

Ontem por volta das 16h cometi o erro de passar na avenida que conduz ao xópim (ou chópim?) Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. O lugar estava coalhado de carros. Quase a totalidade deles ia – ou queria ir – para o novo centro comercial ao lado do Hipódromo do Cristal. Um inferno.

À direita da pista, os escombros do antigo Estaleiro Só (foto), localizado na chamada Ponta do Melo, à beira do Guaíba. O lugar está – é visível – jogado aos roedores, parasitas e vetores oportunistas, há pasto alto e sujeira para todo o lado, as paredes dos antigos galpões do estaleiro estão em precaríssimas condições. É de temer que desabe a qualquer momento sobre lúmpens e os que buscam algum esconderijo ou abrigo naqueles destroços.

Observa-se que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre ignora a precária condição do local. Parece que querem chegar a um ponto de não-retorno. O local, por enquanto, é considerado privado, e não há a menor justificação para permanecer naquele abandono, sem que o poder público tome providências para notificar e multar os titulares da posse da área.

Fiquei imaginando, se forem construídas as torres comerciais e de moradia ali, o fluxo de veículos tornará aquela área congestionada de forma permanente. Um inferno permanente.

...................................

Parado no engarrafamento defronte ao xópim Cristal, pude ver melhor a arquitetura do prédio. É funcionalidade pura. Um imenso cubo de concreto cego (não há abertura para a rua, a não ser, claro, os portais de recepção dos consumidores).

Um contrassenso total, construir um cubo cego em local dos mais pitorescos de Porto Alegre, à beira do Guaíbão, ontem iluminado pela luz coada do outono. O bloco de concreto desdenha e destoa da paisagem. Faz pouco caso da beleza natural daquele ponto de Porto Alegre. Pior: enfeia o local e o entope de automóveis arrogantes e indesejados.

Alguém já disse que os xópins são verdadeiros templos de consumo. Como as igrejas, esses locais de celebração religiosa da mercadoria, não têm janelas. Os templos dispensam as janelas. Por uma janela pode fugir o olho e a imaginação dos indivíduos. Toda a atenção deve se concentrar no objeto religioso. A fé não pode ser abalada pelo cenário natural, desviante e profano.

Uma janela, tanto em um xópim quanto numa igreja, é sinônimo de concupiscência e luxúria – desorganiza os sentidos e a razão. Não pode. A beleza natural está censurada.

domingo, 17 de maio de 2009

Morreu o poeta Mario Benedetti


Lento mas vem

Lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

hoje está mais além
das nuvens que escolhe
e mais além do trovão
e da terra firme

demorando-se vem
qual flor desconfiada
que vigia ao sol
sem perguntar-lhe nada

iluminando vem
as últimas janelas

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

já se vai aproximando
nunca tem pressa
vem com projetos
e sacos de sementes

com anjos maltratados
e fiéis andorinhas

devagar mas vem
sem fazer muito ruído
cuidando sobretudo
os sonhos proibidos

as recordações dormidas
e as recém-nascidas

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

já quase está chegando
com sua melhor notícia
com punhos com olheiras
com noites e com dias

com uma estrela pobre
sem nome ainda

lento mas vem
o futuro real
o mesmo que inventamos
nós mesmos e o acaso

cada vez mais nós mesmos
e menos o acaso

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

lento mas vem
lento mas vem
lento mas vem

Mario Benedetti (foto), grande escritor e poeta uruguaio. Nasceu em 14 de setembro de 1920, em Tacuarembó. Morreu hoje, em Montevideo.

Quem está pagando o advogado contratado pela governadora?


Cabe, sim, um pedido de informação legislativa ao Executivo

Não está claro se o defensor da governadora Yeda Rorato Crusius está constituído pela pessoa física ou se pelo governo do Estado. Qual é o centro de custo desta despesa com honorários profissionais? O Tesouro público ou a bolsa pessoal da cidadã Yeda Rorato Crusius?

A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul é muito clara quanto à figura do pedido de informação do Legislativo. No artigo 53 é constituído o direito do legislador, no artigo 82 está grafado o dever do governador/governadora.

Das Atribuições da Assembléia Legislativa:

Art. 53 - Compete exclusivamente à Assembléia Legislativa, além de outras atribuições previstas nesta Constituição:
[...]
XX - solicitar informações aos Poderes Executivo e Judiciário, por escrito, nos termos da lei...

Das Atribuições do Governador:
Art. 82 - Compete ao Governador, privativamente:
[...]
X - prestar, por escrito e no prazo de trinta dias, as informações que a Assembléia solicitar a respeito dos serviços a cargo do Poder Executivo...

Segundo informação veiculada no jornal Folha de S. Paulo da última semana, o custo dos honorários de um advogado de nomeada, como este defensor da governadora, não fica por menos de cinco milhões de reais, em casos mais intrincados, o valor pode dobrar, segundo o mesmo diário paulistano.

Então, vocês acham que o imbróglio de Yeda é simples ou intrincado?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Um breve comentário sobre a enfarruscada conjuntura guasca


Se outros não fizerem, Serra vai mandar fazer

É hilária a entrevista do advogado Eduardo Alckmin ao jornal Zero Hora, de hoje. O sujeito, além de pândego, é um penalista metódico. Acha que invocar chicanas astutas é defender (ou atacar) o cliente que o constituiu, no caso a governadora Yeda Rorato Crusius.

Aliás, não fica claro se o defensor (ou atacador) de Sua Excelência está constituído pela pessoa física ou se pelo governo do Estado. Qual é o centro de custo desta despesa com honorários profissionais? O Tesouro ou a bolsa pessoal da senhora Yeda Rorato Crusius?

Vamos adiante. O senhor Alckmin, vê-se na entrevista, é um cartesiano que só observa o aspecto positivista do vasto imbróglio no qual está involucrada a sua cliente ilustre. Há os rolos jurídicos no complexo caso, mas nem tudo pode ser reduzido à questão jurídica em si. Existem quebras de regras de competência, foros inadequados, e até se discute se o STJ é ou não o endereço próprio para julgamentos futuros, mas estes são apenas cacos parcelares do problema yedista.

A governadora não é vítima de uma conspiração judicial, mas sim de bandidos instalados no seio do seu próprio governo. E por estar contaminada por esses feitos criminosos, é que foi jogada aos tubarões por seus companheiros e dirigentes nacionais tucanos.

O advogado diz que Yeda “não está sendo acusada de nada”. Muito bem. Mas então por que um advogado penalista para defendê-la? Por que não contrata um constitucionalista? Um especialista em direito imobiliário, a propósito do imóvel adquirido em condições obscuras?

O fato é que a governadora está pendurada não é nas teias da justiça, mas nas teias da política e da corrida eleitoral de 2010, contra o qual um advogado penalista, por mais metódico que seja, pode nada ou muito pouco.

A sorte de Yeda, para o tucanato serrista, está decidida, ela cai, porque interessa eleitoralmente que o RS não continue vulnerável como esteve nestes últimos 29 meses.

A sorte de Yeda, para o presidente Lula, ao contrário, não está decidida. Por isso que a Polícia Federal mostra-se paralisada face aos fatos dos últimos meses no Estado. Lula, bom calculista eleitoral, quer aproveitar o enfraquecimento tucano no Sul para vitaminar a sua candidata, a ministra Rousseff. Mas para isso precisa resolver o problema sucessório no Estado, nem que tenha que dobrar a espinha do PT/RS a fim de que este aceite uma composição com o PMDB. Empreitada de difícil execução, tanto do lado petista, quanto peemedebista. Caso a PF aperte o cerco sobre Yeda, ela certamente cai. Mas quem ocupa a vacância de poder? Feijó? Olívio? O presidente da Assembéia, um petista? Ora, um concerto político mais difícil que o jogo sucessório de 2010.

Nesse compasso todo, Yeda sobrevive da forma como pode, trazendo chicaneiros, empurrando com a barriga, e como anotou o profeta bíblico Mateus, coando mosquitos e engolindo camelos.

Mas Serra quer derrubá-la, já. E a Veja é o seu instrumento privilegiado. Que tal publicar a gravação do “eu não me levanto dessa cadeira por menos de cem mil”?

PIG tem fixação doentia em Hugo Chávez




Jornal confunde Guatemala com Venezuela

O diário Zero Hora, um dos mais destacados membros do PIG (Partido da Imprensa Golpista), agasalha (o termo está na moda no meio guasca) uma certa pulsão de destruição contra a Venezuela e o presidente Hugo Chávez. Tanto que hoje confunde um episódio político-policial ocorrido na Guatemala, país vizinho do México, com um país da América do Sul, vizinho do Brasil.

A distância entre Guatemala e Venezuela é de mais de três mil quilômetros, entretanto, o assassinato de um advogado guatemalteco foi capaz de “estremecer as instituições da Venezuela”, segundo o jornal da família Sirotsky.

Vai ver que há alguma falha tectônica nessa região caribenha e só ZH saiba do fenômeno geológico.

Você acha que isso é jornalismo?



Ou um mero catálogo comercial?

Aos nobres cavalheiros e às distintas damas, leitores deste blog, eu pergunto: vocês acham que o jornal Zero Hora faz jornalismo quando veicula matéria sobre um novíssimo megaempreendimento imobiliário em Porto Alegre?

A referida matéria – supostamente jornalística (seja lá o que isso signifique em nossos dias), e de cunho informativo – foi publicada na edição de ontem, no principal diário da RBS (ver fac-símile acima).

Pois, hoje o jornal ZH estampa anúncio latifundiário de quatro páginas integrais sobre o tal megaempreendimento de conhecido grupo de investidores imobiliários (ver acima).

Ontem, os leitores souberam através da “informação neutra, apolítica e isenta de interesses do jornalismo da RBS” (como alardeia o discurso promocional das empresas da família Sirotsky) que a avenida Ipiranga estava recebendo um projeto imobiliário deveras supimpa. Hoje, os leitores (consumidores) são convidados a investirem em um imóvel do tal projeto imobiliário deveras supimpa.

Quer dizer, ZH é um desavergonhado letter shop, um mero catálogo de mercadorias de consumo travestido de jornalismo e “informação neutra, apolítica e isenta de interesses”, blablablablá.

Um pouco mais que isso: ZH é também um pretencioso e militante boletim político-eleitoral do trepidante – quase sempre, tempestuoso – mundo da direita guasca. Só que não admite essa condição.

Quadrilhas fazem “jornalismo” na mídia brasileira



A tênue linha que separa a informação e o crime

O jornalista Luis Nassif fala da promiscuidade na mídia brasileira e sua utilização criminosa para instrumentalizar disputas empresariais e negociais. É bom que os estudantes de jornalismo (desavisados) saibam do “jogo pesado” que os espera na vida profissional.

Vídeo pescado do ótimo blog
O Partisan.

A Ética da Psicanálise


Mais informações: http://www.freudlacan.com.br/ e www.unisinos.br/ihu

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Beirut



Todos os metais e cordas da ótima banda Beirut.

“Liberte os agasalhos” – é bom!


O analfabetismo é hegemônico no Palácio Piratini

O governo de Yeda Crusius é (também) inimigo da boa concordância verbal e nominal. Açoita, espanca e dá de relho na língua mátria.

Quem sabe não ficaria melhor “libertem os agasalhos”? E prendam os corruptos.

Quando a gente pensa que os tucanos guascas já chegaram ao fundo do poço... nada, tem mais poço ainda.

Ninguém pode acusá-los de não serem surpreendentes. Religiosamente surpreendentes.

IBGE constata que permanecem desigualdades no mercado de trabalho


Os avanços das etnias não-brancas são mais modestos que os avanços dos brancos

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, apesar dos avanços registrados nos últimos anos em termos de emprego, permanecem as desigualdades entre os grupamentos de pretos e pardos, e brancos. A data da divulgação foi escolhida intencionalmente diante da comemoração da assinatura da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A informação é da Agência Brasil.

O instituto fez um comparativo dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego de março de 2009 com a pesquisa de março de 2003, com relação às questões de ocupação, escolaridade e rendimento.
A economista Adriana Beringuy, da Gerência da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, disse que os dois grupos de cor ou raça [o vocábulo impróprio é da Agência Brasil] - sendo pretos e pardos um dos grupos e brancos o outro grupo - têm obtido avanços em termos de crescimento da renda e redução do desemprego, mas de maneira desigual. “Só que o patamar que os brancos atingem é maior do que aquele conseguido pelos pretos ou pardos”.

Segundo ela, há uma tendência de melhoria para todos no mercado, mas a intensidade dessa melhoria ainda não é suficiente para reduzir as desigualdades.

Em relação ao rendimento, ocorreu expansão para os dois grupos, entre 2003 e 2009. “Só que ainda assim, o rendimento dos trabalhadores pretos e pardos equivale à metade do rendimento percebido pelos brancos. E, com o rendimento mais baixo, você tem mais impedimentos para que essa população possa transpor barreiras econômicas e sociais que acabam levando a esse ciclo vicioso. Ele tem menos renda, menos escolaridade”, avaliou a economista.

Em decorrência disso, pretos e pardos têm menos acesso a postos de trabalho com melhor remuneração. E, embora haja uma melhoria da renda da sociedade como um todo, os pretos e pardos ficam em desvantagem em relação aos brancos, afirmou a economista.

A renda média real dos pretos e pardos cresceu de R$ 690,3 para R$ 847,7 no período, enquanto a dos brancos subiu de R$ 1.443,3 para R$ 1.663,9. Adriana Beringuy observou que, no entanto, na comparação de março de 2009 com março de 2003, o rendimento médio de pretos e pardos aumentou 22%, enquanto a renda média dos brancos evoluiu 15%.

“Ou seja, em termos de ganho de rendimento, pretos e pardos tiveram um percentual maior do que o alcançado pelos brancos.” O ganho, apesar disso, não contribuiu para diminuir a diferença e o valor absoluto do salário de pretos e pardos, no período, é metade do valor do salário de brancos.

De acordo com o estudo, a escolaridade média de brancos subiu de 8,3 anos para 9,1 anos, enquanto a dos pretos e pardos evoluiu de 6,7 anos para 7,6 anos, entre 2003 e 2009.
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Esse estudo comparativo do IBGE acaba provando empiricamente que as oportunidades não são iguais para todos no Brasil, algo que muitos ainda insistem em desconhecer. As etnias pretas e pardas sempre partem de bases educacionais mais elementares, relativamente aos brancos, e isso explica em parte as dificuldades subsequentes na vida dessas pessoas. Por isso, se faz necessário uma política de cotas para o acesso à Universidade pública e gratuita.

As cotas não irão resolver em definitivo o problema social brasileiro, determinado por múltiplas outras questões históricas, onde a questão étnica, marcada pelo regime escravocrata, é a um só tempo causa e consequencia, mas podem barrar de forma parcial o agressivo determinismo social no País.

Aliás, chama a atenção a unidade que está tendo a direita na questão das cotas. Há praticamente uma unanimidade contra a política de cotas, por parte do conservadorismo brasileiro. Essa gente até admite – mesmo a contragosto – a ascensão social dos miseráveis, mas a conquista da autonomia do conhecimento que por sua vez conduz à emancipação política definitiva, esta deve ser combatida e liquidada na origem. Impiedosamente.

Outro militar da ativa volta a elogiar o golpe de 64


General disse que a “sarna marxista” ainda está em ação

O general-de-exército Paulo César de Castro, principal responsável pelo ensino no Exército nos últimos dois anos, exaltou ontem [segunda-feira, 11] o golpe militar de 1964 e ironizou as políticas de cotas raciais na educação. A informação é da Folha.

Um dos 14 generais quatro estrelas (posto máximo) do Alto Comando do Exército, Castro elogiou o presidente Emilio Garrastazú Medici, em cujo governo (1969-74) desapareceram dezenas de oposicionistas, e defendeu a Lei de Anistia de 1979 (deu a entender que ela não permite punir militares).

O oficial disse que os "arautos da sarna marxista", inimigo "astuto e insidioso", seguem em ação. As afirmações foram feitas no Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, diante do comandante do Exército, Enzo Peri.

O general Castro recordou sua admissão no Colégio Militar: "[Foi] em concurso, sem que jamais me tivesse sido exigida a cor da pele dos meus pais, avós e demais ascendentes ou me tivessem acenado para integrar qualquer tipo de cotas fossem elas quais fossem".

Como cadete, mobilizado pelo comandante da Academia Militar das Agulhas Negras, Emilio Médici, Castro tomou parte na deposição [a Folha continua com eufemismos para qualificar o golpe de abril de 64, antes chamou de “ditabranda”, agora é “deposição”] do presidente João Goulart em 1964.

O general leu o elogio de Médici "por ter participado do movimento de descomunização do Brasil" e chamou de "revolução democrática" o golpe militar.

Para o oficial, o general Médici constituiu "exemplo de honestidade, coragem moral e audácia". "Sob seu comando, nós, os democratas brasileiros, derrotamos o oponente subversivo durante a Guerra Fria", afirmou.

Castro, disse ainda que na Força aprendeu a "cumprir todas as leis", entre elas a Lei da Anistia.

O general também saudou militares por "patrulhar para que a lepra ideológica fosse mantida bem afastada dos currículos, salas de aula e locais de instrução". "Meus generais, perseverai no combate", discursou. "O inimigo é astuto e insidioso. Mas capitulará ante nós, como derrotado tem sido até agora."

"Cuidado: ele procurará afirmar e convencer os inocentes e incautos de que o Exército de 2009 é diferente do Exército que os derrotou no passado. Pobres almas." - completou o general Castro.

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Esse fato aconteceu na última segunda-feira, dia 11/5. Foi noticiado pela Folha, na terça. Desde então não houve nenhuma reação à indisciplina do militar saudosista.

Já está se banalizando essa espécie de nostalgia politizada ou ideologizada dos generais da ativa do Exército brasileiro. E o que dizem os seus superiores, sempre tão ciosos do respeito à hierarquia militar e a unidade da tropa? E o que diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim? E o que diz o comandante máximo das Forças Armadas, presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Nada, absolutamente nada.

No último mês de março ao se despedir do Comando Militar do Leste (RJ, MG e ES) e da ativa, o general Luiz Cesário Filho chamou o golpe de 64 de “revolução democrática”. Ano passado, o ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, cria eleitoral da família Sarney no Maranhão e apadrinhado do senador José Sarney, chegou a dizer que não tinha havido nenhum golpe em abril de 1964, que o movimento civil-militar fora uma marcha democrática com o objetivo de varrer a subversão comunista e a corrupção no governo Jango. E tudo ficou por isso mesmo no governo anfíbio do presidente Lula.

Enquanto isso, no Uruguai, na Argentina e no Chile, governos com menos força política e maiores taxas de rejeição popular, não hesitam em julgar e punir os militares que participaram ou foram tolerantes com torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores políticos durante as ditaduras das décadas de 60 e 70.

A conciliação lulista às vezes tem a mesma cara da covardia.

Foto: O general-de-exército Paulo César de Castro, em traje de campanha, condecora um colega.

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