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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ministro de Lula faz o que bem entende


Infiltrado do agronegócio senta sobre os novos índices de produtividade no campo

Já se passou uma semana do prazo dado pelo governo federal para alterar os índices de produtividade e ainda não foi cumprido. O presidente Lula havia anunciado que faria a atualização dos índices até o dia 4 de setembro último.

A portaria que faz o reajuste dos índices já foi assinada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. No entanto, falta a assinatura do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que pressionado pelos ruralistas não deu continuidade à orientação do presidente da República. A informação é da Agência Chasque.

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Está acontecendo o que temíamos. Um agente infiltrado do agronegócio parasita recusa-se a cumprir as determinações superiores. O presidente Lula está diante de um motim a bordo de seu governo.

O ministro da Agricultura, o amotinado Reinhold Stephanes, que também foi ministro da Previdência Social durante um período da ditadura civil-militar (governo Geisel), representa os interesses da chamada Revolução Verde - a aliança hegemônica formada pelo capital financeiro, latifundiários insolventes e improdutivos (devedores dos bancos estatais), agroquímicos, sementes controladas e/ou transgênicas, grandes fabricantes de máquinas agrícolas, pecuária extensiva de exportação, transnacionais especuladores de grãos, e grande indústria de alimentos preparados.

Assim, mais uma vez o agronegócio desafia e encurrala o presidente Lula no que diz respeito à adoção de novos índices de produtividade no setor primário. Em 2005, Lula também prometeu rever os índices, defasados desde 1975, e acabou recuando pela pressão dos denominados "ruralistas".

Desta vez, a saída lulista pode ser a conciliação, ou seja, fazer valer os novos índices de produtividade somente para propriedades com mais de dez mil hectares, por exemplo. Como existem poucos desses latifúndios nas regiões tradicionais de agricultura e pecuária, a não ser no Pará (e todos sem documentação legal, por serem grilados), haveria um acomodamento das tensões - provisoriamente.

De qualquer forma, fica claro como água que o presidente Lula não irá enfrentar o problema e resolvê-lo como deveria. O pacto que fez - antes mesmo de assumir - com a banca, impede-o de ter soberania nos seus atos administrativos. Afinal, o capital financeiro depositou fortes interesses no setor primário, tendo sido um dos impulsionadores da Revolução Verde, que alçou parte do campo brasileiro à condição de liderança mundial na produção de alimentos de origem insustentada, que causam dano à saúde humana e ao Planeta.

Foto da Agência Brasil

3 comentários:

Anônimo disse...

E se o Lula demitisse o Ministro?

Mas o PMDB é quem manda no Governo.

André de Oliveira disse...

Esse é o pacto polítco mais nojento, entre todos do governo Lula. O Agronegócio é uma praga nacional, um setor que perambula parasitando atrás de grana e poder, com impactos ambientais incalculáveis. E como essa gente garante espaço para se promover com mentiras! Carta Capital da semana passada, 9 de setembro, abre reportagem sobre a entrega de prêmios da revista às empresas "mais admiradas do agronegócio" [???]. Quequéisso?! "Trata-se de um reconhecimento aos avanços e à importância crescente do setor[...]Decidimos ampliar os horizontes da medição anual diante dos avanços do agronegócio, que garantiram a estabilidade de preços e levaram comida farta às mesas dos brasileiros". Quequéisso! Compramos R$ 3,8 bi do exterior em cloreto de potássio e esturricamos a terra com veneno, somos o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, muitos deles proibidos em outros países; mandamos quase tudo em natura para fora, pois se decidimos realizar algum processamento industrial já estamos atrás em vantagens econômicas. Comida farta às mesas dos brasileiros é uma piada sem gosto da revista... Essa reportagem plantada, sim, foi mais um avanço do agraonegócio.

Anônimo disse...

Latifúndio sempre tem que ter uma monocultura... gado, soja ou agora Eucalípto. Prevejo um grande desastre ecolôgico no futuro do RS...

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