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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

domingo, 22 de setembro de 2013

Plenária RS dos Movimentos Sociais


Quinta-feira, 26 de setembro, 18h, em Porto Alegre, rua General Câmara, 424 - Sindicato dos Bancários.

Organizações de 19 estados brasileiros estiveram presentes na Plenária dos Movimentos Sociais, realizada de 14 a 15 de setembro, em São Paulo (SP). 

Com a participação do movimento negro, das pastorais sociais da Igreja Católica, da rede evangélica Fale, ao lado de CUT, MST, UNE, MAB, Marcha Mundial de Mulheres, Levante Popular da Juventude, entre outras entidades, partidos, movimentos populares e sindicais, a reunião firmou o compromisso e definiu as linhas para um Plebiscito Popular. 

Ao todo, cerca de 70 organizações sociais aprovam a convocatória ao povo para opinar sobre a necessidade de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o sistema político brasileiro.

Ficou definido que o lançamento nacional do Plebiscito será em Brasília, no dia 15 de novembro de 2013 e o seu desfecho no ano de 2014, com a coleta de votos durante a Semana da Pátria, de 01 a 07 de setembro. É tempo suficiente para realizar um trabalho de conscientização em todo o país. “É fundamental o envolvimento da base das organizações que constroem essa aliança, para construir o plebiscito nacional por meio da construção de comitês”, afirma Raul Amorim, do MST.

Recentemente, a Carta Compromisso da Semana Social Brasileira (SSB), que declara apoio expresso à exigência de uma Constituinte Exclusiva, indica a potencialidade do tema e todos os setores sociais que se podem somar a mais esta luta.

“As manifestações de rua que acontecem no país desde junho deixam um alerta para a sociedade. Não é mais possível negar os direitos e a participação dos cidadãos/as invisibilizados/as”, avisa a Carta.

domingo, 15 de setembro de 2013

A Bienal do Mercosul. A bienal de um não-lugar




“Sem dúvida, o nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser.” 

(Ludwig Feuerbach in Prefácio da segunda edição de A essência do cristianismo).

Reflitamos um pouco sobre a Bienal do Mercosul, que ora se realiza em Porto Alegre. É um evento muito importante, por isso precisamos avaliar a sua expressão e significado; sem entrar em méritos formalistas ou conteudistas, e muito menos fazer juízo de gosto. 


Que mensagens nos traz? Millôr dizia que quem traz mensagens são os Correios, pois bem, que mensagens simbólicas (e essas os Correios jamais trarão) a 4ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul pode nos oferecer. Mercosul? 

É em Porto Alegre ou no Mercosul? E Mercosul é uma geografia, um nome próprio de lugar? Não seria Cone Sul? Mercosul, até onde se sabe, tem a ver com mercado, com trocas comerciais de mercadorias e serviços, etc. Então, o que artes visuais e cultura tem a ver com mercado, ou com o nosso desmilinguido Mercado Comum do Cone Sul, apelidado de Mercosul?

Muita coisa, muito mais do que se pensa ou adivinha. 

Para além de ser uma criação cultural, a arte é uma dimensão do pensamento do homem sobre si e sobre a natureza. Arte é, sobretudo, reflexão e expressão. Provoca, como diz Hegel, o “nosso juízo”, aguça o nosso sentido crítico, faz enxergar as contradições e até mesmo a essência das coisas, por trás das aparências. A arte é uma pedra de amolar a nossa intuição e a nossa percepção. Através da arte o nosso espírito faz malhação. 


Ficamos mais ativos (e menos passivos), mais agudos, mais negativistas (como antítese de positivista), mais afiados em face ao homem, à natureza, aos recortes da vida e à curva do tempo. 

Mas será que podemos generalizar? Isso não é histórico, vale em qualquer tempo e lugar? Existe genuinidade e autenticidade nisso tudo? Tudo que se autonomeia “arte” é efetivamente arte? Jean Baudrillard diz que vivemos em um tempo de simulacro e semantização. 


Vivemos um tempo de falsificação e disfarce; um tempo de mudança no significado das palavras, dos enunciados e discursos. O excesso de realidade dissolveu o real. O real é um espaço inútil, cassado de realidade. A realidade não é o real, é uma representação do real, cujo objetivo é a produção de verdades (a ideologia). As coisas engoliram seus espelhos. É a morte da ilusão, da imaginação e da criatividade. 

Vivemos sob o império da lei do valor – seu ídolo e novo Moloch, a mercadoria. O dinheiro é a mercadoria divinizada do mundo globalitário. O sujeito central é o dinheiro - “a vida do que está morto se movendo em si mesma”, no dizer de Hegel. 

Há mais de 50 anos, os estudos de Adorno-Horkheimer sobre o que eles denominaram indústria cultural já apontavam esse fenômeno da instrumentalização da obra de arte pela estrutura mercantil. O mercado – esse ente fantasmagórico, que desde o início do capitalismo tudo transforma, informa, desforma e conforma – adotou a obra de arte como mais um instrumento de realização da mercadoria. A arte esbatida em cálculo frio. A autonomia, condição da obra de arte genuína, perde-se nos desvãos heterônomos da imitação e do fingimento. 


Arte inautêntica, teu nome agora é kitsch, cuja função não é mais abrir portas fechadas, mas vagar errante por portas abertas. Sua espontaneidade e frescor estão corrompidos pela nova função social de valor de troca. Consome-se arte como se consome iogurte: com prazo de validade. É entretenimento e distração garantidos – ou o seu dinheiro de volta! Não é assim que os vendedores ambulantes operam o pregão? 

A revolução burguesa promoveu o desencantamento do mundo substituindo o mito pela razão e a magia pela ciência. E a arte, até então aprisionada na jaula de ferro das finalidades mitológicas e religiosas, conquista a sua emancipação. Infelizmente uma conquista que não foi definitiva e nem duradoura. Vê-se novamente submetida, agora a uma segunda servidão. O state of the art da arte contemporânea é a reificação rebaixada da mercadoria. 


Ao perder sua “aura” (W. Benjamin), se coisifica em objetos seriados, de moda e consumo. É de bom tom associar uma marca comercial, industrial ou financeira à arte e à cultura em geral. É o velho mecenato com roupa nova. Agora, numa situação invertida: outrora, o mecenas promovia a arte, patrocinando o artista; hoje, o mecenas instrumentaliza a “arte” para promover-se a si próprio e a seus produtos mercantis. A obra de arte é uma coisa lateral ao negócio em si. Assim, o mecenato reduz-se a um composto de marketing

Não raras vezes, recebe incentivos do Estado, através de renúncia ou diferimento fiscal. O Estado arbitra em socializar o custo do financiamento da cultura-arte-mercadoria entre todos os contribuintes, em nome de uma transcendência que não logra mais se realizar. A viagem da realização do capital tem mais paradas hoje do que nunca. Em cada uma dessas paradas, o capital transfigura tudo ao seu redor. 

Em novembro de 1967, Guy Debord já alertava que “a cultura tornada integralmente mercadoria deve se tornar mercadoria vedete da sociedade espetacular”; constatou, igualmente, que “a cultura deve desempenhar na segunda metade do século 20 o papel motor no desenvolvimento da economia, equivalente ao do automóvel na primeira metade e ao das ferrovias na segunda metade do século 19”. Para Debord, o “espetáculo” é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social. Não apenas a relação com a mercadoria é visível, mas não se consegue ver nada além dela: “o mundo que se vê é o seu mundo”. 

Não se trata de defender a arte como função pedagógica, como quiseram Platão e Aristóteles, e muito menos de fazer proselitismo por uma perspectiva de arte engajada, como instrumento da revolução mundial, como quiseram os stalinistas, de resto, outro simulacro crivado de ideologia; mas da arte concebida como expressão alegórica e simbólica que parte do velho terreno do instituído para os novos horizontes do instituinte. E o agente dessa viagem ao mundo do novo, ao mundo do admirável, do terrível, do sublime e do espantoso é o artista, que no dizer de Kant é um “animal incomparável”. 


O artista autêntico é o visionário do novo e o tradutor do hoje. Seu trabalho de criação é o de transfigurar a realidade para termos acesso a ela. Como lembra Marilena Chaui, o artista “desequilibra o instituído e o estabelecido, descentra formas e palavras, retirando-as do contexto costumeiro para fazer-nos conhecê-las numa outra dimensão, instituinte ou criadora”. 

O artista é o inventor criativo de um outro mundo: o mundo das formas e dos volumes, das cores e das massas, dos sons e dos gestos, dos ritmos e das palavras. Esse outro mundo ilusório é o espelho traduzido em rude caligrafia do nosso mundo sensível. Um espelho por vezes quebrado, onde os infinitos fragmentos refletem os enigmas do nosso tempo. 

A Bienal de Porto Alegre (esse deveria ser o seu orgulhoso nome) é resultado das veleidades de uma instituição chamada Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, cuja direção toda ela é formada por empresários de diversos ramos de negócios do Sul. 


Não é por descuido que o presidente da Fundação seja um banqueiro; ainda que não seja um banqueiro “federal”, apenas um banqueiro “municipal”, como diria Drummond. De qualquer forma, é simbólico que um punhado de negociantes sejam os formuladores de uma exposição dessa natureza e calibre, e de que a denominem de um lugar utópico, um não-lugar, chamado Mercosul, e não Porto Alegre, o que seria mais justo e, sobretudo, mais poético. 

Visitando a exposição e verificando a capacidade expressiva dos seus artistas fica-se com uma sensação de hiato entre a exposição em si e seus proponentes da Fundação. Não há convergência, os caminhos acontecem em direções opostas. 

Quem sabe a próxima edição da Bienal já ocorra sem o atual nome kitsch, para não dizer “fake”; e que a Fundação Bienal deixe de ser um clube de milionários municipais para universalizar os seus conceitos culturais e artísticos e proceder a um aggiornamento dos seus estatutos. 

Afinal, a Bienal ainda não aprendeu nada com a Bienal? 

Artigo de Cristóvão Feil, sociólogo e editor do blog Diário Gauche. Este texto foi publicado originalmente no portal Carta Maior, em 24 de outubro de 2003. Pode-se medir o alegado caráter vanguardista da Bienal de Porto Alegre pelo fato de que um artigo - escrito há dez anos - ainda tenha validade e seja atual. 


A foto acima foi extraída do vídeo "Invenções Caseiras" que se encontra no portal da Nona Bienal do Mercosul. "Nona" tem a ver com vovó?

domingo, 8 de setembro de 2013

O Bob Dylan de Brejo da Cruz



Grande Zé Ramalho! "Knockin' on Heaven's Door" é um single de Bob Dylan, lançado na trilha sonora do filme Pat Garrett & Billy the Kid (1973). 

E que camisa bonita, essa do Zé! Camisa de antropófago: comedor de gente. O inglês do Zé fica situado em algum ponto entre Sir Laurence Olivier e Joel Santana. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Quando o consumidor derrota o cidadão


Quando somente a violência faz sentido

Vivemos hoje num mundo em que nem mesmo o senso comum faz sentido. Essa assertiva é de Hannah Arendt, ainda da década de 1950, mas faz-se atual - cada vez mais - nos dias do terceiro milênio. O colapso do senso comum de nossos dias indica que a filosofia e a política acabaram tendo o mesmo destino: a crescente perda de relevância em favor da economia, da dinheirização da vida cotidiana e do consumo como instância principal das relações sociais, deslocando em definitivo a cidadania, a solidariedade, a própria política, enfim.

Na década de 1970, Florestan Fernandes (Sociedade de classes e subdesenvolvimento) já nos alertava sobre a disjuntiva entre desenvolvimento econômico e estabilidade política nos Estados nacionais. Essa disjuntiva nem sempre é evidente, ao contrário, está quase sempre mascarada ou à sombra do fluxo principal da vida social no capitalismo pós-concorrencial.

As mobilizações de massa ocorridas no Brasil, especialmente no último mês de junho, servem, pois, para tirar o véu escuro da luta de classes que surdamente insiste em mostrar a sua existência, mesmo que por fenômenos nem sempre legíveis e claros.

O lulismo ousou mexer com a então estagnada estrutura de classes sociais do País. Há segmentos e frações de classe que estavam aí desde o Brasil-Colônia, o Brasil escravocrata. Ilustrativo disso é a recentíssima - deste ano de 2013 - legislação de direitos às empregadas domésticas, uma ponta do século 18 que insistia ainda em vigir no século 21. Ainda assim, não foram poucos que protestaram contra esse abuso, muitas vezes alegando - cinicamente - que estavam protegendo os/as próprias beneficiários dos novos direitos.

Eis, pois, um enclave mental francamente escravagista impregnado na cabeça de ditos modernos e descolados. Isso nos mostra que não podemos esquecer que o capitalismo, para além dos mercados, é antes de tudo, um produtor de fetiches, ideologias, mitos e representações da verdade. A ganga bruta deste minério ideológico é o senso comum, essa verdade pedestre que vagueia pelas ruas e coloniza as pessoas com certezas absolutizantes e definitivas, mas que raramente duram trinta dias. Pois, mesmo o senso comum já está desgastado e sem sentido, como afirma Arendt.

Se o espírito do homem comum já não pode mais confiar nem no senso comum, em quê pode confiar? Se a cidadania há muito foi interditada pelo desgaste continuado da política, em quem confiar? Ora, o homem enxotado do acolhimento cidadão, tem encontrado abrigo - ainda que falso e provisório - no seio cálido do consumo para todas as classes de renda. O consumismo é a sequência lógica da disputa entre o setor público versus setor privado, incentivado pela propaganda da ideologia neoliberal nos últimos 30 anos.

É aí que queremos chegar, neste brevíssimo artigo. As grandes mobilizações urbanas no Brasil de 2013 está mais informada pelo consumo do que pela cidadania. Os requerimentos das massas urbanas (tão fragmentadas quanto a soma das distintas tribos que a compõe) têm a aparência e um fraco aroma das categorias políticas, mas se comportam como desejo de consumo de um rol de necessidades por inovação autorreferente e até narcísica. Aí está uma vitória da propaganda neoliberal em nosso meio, onde se verifica um hibridismo entre as mobilizações típicas de históricas conjunturas anticapitalistas, mas com ingredientes próprios do seu contrário: a ideologia neoliberal materializada em formatos da ordem hegemônica do último capitalismo.

Aqui, é de dar razão ao sociólogo Wolfgang Streeck quando ele afirma que as manifestações políticas de massa hoje estão reduzindo a política ao entretenimento. Em junho, ouvi uma mãe perguntar ao filho adolescente qual inscrição havia no cartaz que ele portava na passeata do qual participara, ao que o filho respondeu, com ar ingênuo, mas eufórico: "Não sei o que estava escrito, mãe!"

Entre um videogame e outro, manifestação de rua como pura diversão, ou nova esfera de sociabilidade efêmera e sem compromissos de qualquer ordem. Veja que não há discurso, não há carro-de-som, não há panfleto (o grande meio de comunicação do discurso político, protorrevolucionário, desde o século 19), não há palavra. Aristóteles definia o homem como um ser politico, dotado de fala, portador de um discurso simbólico.

Essa definição vale para o cidadão, mas não vale para o consumidor - esse novo homem unidimensional que emerge da promessa neoliberal sem passado e sem futuro, pulsando num tempo mítico, eterno presente autorreferenciado, nulo de humanidade e sentido - como os animais.

Assim e agora, só a violência se impõe e faz sentido, trazendo nexo à existência.

Artigo de Cristóvão Feil, sociólogo, texto publicado originalmente na edição de setembro/2013 do Jornalismo B (em papel).


terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Ministério da Cultura confirma a indistinção geral entre arte, entretenimento e mercadoria



O preço da cultura

Diante da repercussão a respeito da decisão de permitir que estilistas financiassem desfiles de moda por meio da Lei Rouanet, o Ministério da Cultura procurou se defender.

Usando um raciocínio eminentemente estratégico, em que as palavras de ordem são a importância econômica da cultura e seu papel na ampliação do poder do Brasil no jogo internacional, o MinC acabou por demonstrar a rendição final da política cultural brasileira aos argumentos do mais crasso economicismo.

Primeiro, ninguém discute que, de uma certa forma, moda é cultura, assim como telenovelas, futebol e práticas sexuais. Todos são modos de produção simbólica de valores.

Uma definição, porém, tão genérica de cultura não tem função alguma para a construção de políticas focadas de Estado. Muito menos a alegada definição de que aquilo que colabora para a internacionalização do Brasil e a divulgação de sua simbologia deve ser financiado. Pelo argumento, a TV Globo pode pedir isenção fiscal para as suas próximas telenovelas.

Como não podia deixar de ser, é no campo da cultura que se vê, de forma mais brutal, a deposição de toda e qualquer aspiração crítica e contestadora de certa esquerda brasileira. Fala-se em "quebra de paradigma", mas o Ministério da Cultura apenas implementa o paradigma, cada vez mais hegemônico, de indistinção geral entre arte, entretenimento e mercadoria.

Afinal, há de chamar de "gato" um gato. Estilistas são, acima de tudo, comerciantes donos de loja que organizam sua produção a partir da sensibilidade às demandas de mercado e a exigências de máxima rentabilização de seu capital. Mas grupos de teatro não são empresas, escritores não são comerciantes e um quadro não é uma mercadoria, mesmo que tenha um preço.

As políticas culturais foram criadas exatamente para garantir autonomia para a produção artística contra sua colonização pela lógica mercantil, contra sua restrição à condição de mero entretenimento "cool", além de pensar formas de impedir a consolidação de práticas de dirigismo cultural.

Contudo, para que algo dessa natureza fosse possível, estruturas como a Lei Rouanet deveriam ser radicalmente modificadas. 

Um bilhão e duzentos mil reais foram perdidos pelo Estado para que empresas fizessem políticas de marketing às custas do erário, financiando, principalmente, musicais, Oktoberfest, festas gastronômicas, atividades da torcida do Palmeiras e, agora, desfiles de moda.

Pergunte, no entanto, quanto desse dinheiro foi direcionado à construção de conservatórios de música, bibliotecas ou em auxílio a saraus literários na periferia

Artigo do professor Vladimir Safatle, da Filosofia da USP.


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