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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Brasil desenvolve aleijões urbanos


Na cidade de São Paulo há áreas onde têm mais helipontos do que paradas de ônibus

Como se não bastasse o rodoviarismo hipertrofiado, agora temos que lidar com outras deformações resultantes da falta de Estado no Brasil. Vejam uma manchete da Folha de ontem: "Região da rua Funchal tem mais helipontos que pontos de ônibus".

A reportagem consulta um "especialista" e este diz o óbvio tautológico, que "há falta de planejamento urbano no País". Bela explicação!

Não há falta de planejamento. Há falta de aplicação do planejamento existente, desconsideração para com o papel do Estado na regulação e arbitragem do modo de desenvolvimento e ocupação urbana. O capital especulativo imobiliário faz o que bem entende e não há Estado (as três esferas do Poder Executivo) para colocar limites e ordenamentos que preservem o interesse geral das populações. Prevalece sempre o interesse dos endinheirados, mesmo que seja contra as normas ambientais, os Planos Diretores, a convivência harmônica das comunidades e o futuro das cidades.

O governo do presidente Lula tem guardado no ministério das Cidades o Estatudo das Cidades. Está lá engavetado, apesar de ter sido publicado e valha como lei. Como lei nascida morta. Porque não há a menor preocupação com a aplicação daquelas orientações e exigências para um bom planejamento urbano das cidades brasileiras.

A mixórdia continua e prospera, como se não tivessemos estatuto urbano algum. Recentemente, em março último, foi lançado o pacote habitacional Minha Casa, Minha Vida. O programa pode ter intenções meritórias - e as têm - mas continua ignorando o básico do básico do que deveria ser um regime de planejamento urbano e de desenvolvimento sustentável no Brasil. Não há observância aos Planos Diretores das grandes regiões metropolitanas brasileiras, não há diretivas sobre o transporte urbano de massa, há omissões sobre o automóvel nas médias e grandes cidades, há omissão sobre o planejamento ambiental urbano, etc.

A situação é séria e - no andar dos helicópteros - tende a piorar muito mais. Enquanto isso, os endinheirados buscam a saída nos helipontos e nas soluções individuais - provisórias.

5 comentários:

Katarina Peixoto disse...

Bravo, Cristóvão. As soluções individuais dos helicópteros durarão enquanto o crime organizado permitir, é bom que se diga. Outra coisa importante a registrar é a postura da nossa candidata quando o tema é o limite ambiental, versus os endinheirados.

Anônimo disse...

Essa é o resultado do choque de gestão tucana depois de mais de 15 anos no Palácio dos Bandeirantes. Haja!

armando

Juarez Prieb disse...

Hoje no Brasil, as cidades estão loteadas para três grandes xerifes:
1) o automóvel
2) o baronato imobiliário
3) o tráfico de drogas

O Estado apenas se adequa à realidade contingente e os agentes públicos recebem o pedágio que lhes cabe nesse latifúndio.
Doutor Lula não mexeu um milímetro disso tudo, ao contrário, fez um pacote habitacional que cai como uma luva para os três xerifados e ainda dá uma mega ajuda aos barões do cimento.

Hélio Sassen Paz disse...

Que tal inundarmos de comentários com links p/RS Urgente, Diário Gauche, Dialógico, Hupper, etc.?

http://www.blogdayeda.com/
Twitter: @blogdayeda

[]'s,
Hélio

Anônimo disse...

Qué mané helicóptero das quantas! A Yeda pegando fogo e o blog aquí nadica de nada?

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