Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Guerra civil no Rio de Janeiro


Efeito Colateral

Antes de escrever sobre o quero escrever acho importante situá-los da atual situação político-criminal do território de onde falo. A Vila do João, onde moro, junto com mais cinco favelas era “dominada” pela facção criminosa A.D.A. (Amigos Dos Amigos). Essa facção mais as facções CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro) e os Milicianos, são responsáveis pelo “domínio” territorial, político, econômico e social das dezesseis comunidades que compõem o bairro Maré. Essa é a composição da disputa geográfica dos grupos armados em confronto no bairro Maré.

Como podem imaginar, a relação entre essas facções se dá pelo confronto armado na disputa por ampliação do controle territorial. O que acontece hoje na Vila do João e as demais favelas que eram controladas pela facção ADA. É uma investida muito forte da facção rival TCP, que dominou 50% do território que antes era controlado pela facção ADA e, ainda tenta conquistar os outros 50%. A ADA por sua vez tenta assegurar o que lhe restou e tentar recuperar a parte que perdeu, sem muito sucesso, até o momento.

Esse é um pouco o cenário atual. Não é preciso lembrar que são grupos com armas de grosso calibre, sem nenhuma preparação e ávidos por vingança. Isso vai dar numa constante troca de tiros e investidas sucessivas por ambas facções. Desses confrontos quem mais sai prejudicado é o(a) morador(a). Somos nós as vítimas do chamado efeito colateral. Os relatos e depoimentos são os mais tristes, preocupantes e trágicos que se possa imaginar. Nunca antes, na minha história dentro da Maré tive tantas pessoas próximas vitimadas de alguma forma, pelos confrontos entre facções rivais ou entre facções e a polícia.

Morreu um senhor morador da minha rua na quinta-feira passada [23/7] porque foi obrigado a transportar traficantes em meio a uma imensa troca de tiros. A Kombi foi fuzilada pelos traficantes rivais e o senhor morreu. Meu vizinho teve a casa fuzilada e invadida porque traficantes invasores que pensaram terem visto inimigos na casa dele. Ele tem mulher e filha pequena e sua mãe mora na parte de cima da casa. Ontem [28/07/2009], fiquei perdido no meio de uma troca de tiros em meio a uma escuridão provocada por uma queda de energia e soube que um amigo tomou um tiro na perna. Meu irmão, “veterano de guerra” relembrou os tempos de palafita e teve que rastejar em casa para chegar aos interruptores e conseguir apagar as luzes da casa e assim evitar um possível pedido de guarida por algum traficante. Em outro caso, um amigo nosso teve a casa invadida por policiais e foi acordado com fuzil na cara. São inúmeros os casos. São muitos os óbitos. São vários os feridos
fisicamente, socialmente e psicologicamente.

Pessoas inocentes, trabalhadores, pais de família, cidadãos. Pessoas que estão tendo arrancado de si a esperança de uma vida melhor. Que vivem o medo e o risco eminente de uma morte violenta e sem terem a quem pedir socorro.

Como exigir dessas pessoas um voto “consciente”? Como convencê-las de procurar os meios legais para reivindicar seus direitos se nem mesmo se veem como sujeitos corporificados de direito? Cadê o acesso aos instrumentos legais? Onde estão os tais Direitos Humanos, tão ventilados nos últimos tempos? É necessário urgentemente criar meios de acessibilidade a mecanismos que garantam direitos primordiais como o direito de ir e vir e, principalmente, o direito a vida. Sem a garantia de acesso a esses mecanismos fica muito difícil mudar a cultura do macaquinho que nada ver, nada sabe e nada ouve.

Nesses dias de luto e violência tem me levado a refletir mais sobre a favela. Por mais que a violência tenha crescido junto com as favelas, ela [a favela] sempre tentou manter o que mais tem valor: a alegria e a força do seu povo. Mas só isso não basta. Precisamos sair as ruas. Precisamos lutar por dignidade, por respeito, pela vida. Ultimamente só vejo medo nos olhos das pessoas. Nem mesmo o baile funk tão necessário para descarregar nossas angústias e depressões existe mais. Está proibido pela polícia. Chegaram a ponto de proibir sua execução em festa particular, é repressão demais.

Tenho andando assustado, quase não paro na rua, não vejo meus amigos, me assusto com criança correndo, barulho de moto, gente gritando, com o silêncio. Quantos de nós passamos por problemas psicológicos? Quantos sabem disso? Assim tem sido nossos dias e noites. Do jeito que tá não da pé, do jeito que tá só a fé.

Depoimento do geógrafo Francisco Marcelo, morador da favela da Maré, no Rio e pesquisador do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro (observatoriodefavelas.org).

"O jardineiro fiel" mundializou-se



A conexão entre os laboratórios farmacêuticos e a gripe A + Donald Rumsfeld

Sabia que os laboratórios norte americanos foram os que alertaram para a eficácia do Tamiflu (anti-viral para humanos) como remédio preventivo para a gripe A?
Sabia que o Tamiflu apenas alivia alguns sintomas da gripe comum?
Sabia que a sua eficácia perante a gripe comum é questionada por grande parte da comunidade científica?
Sabia que perante um suposto vírus mutante como se pensou ser o H5N1 (gripe aviária) e agora o H1N1 o Tamiflu apenas alivia a enfermidade?
Sabe quem comercializa o Tamiflu? Os laboratórios Roche.
Sabe de quem a Roceh comprou a patente do Tamiflu em 1996? Da Gilead Sciences Inc.
Sabe quem era o presidente da Gilead Sciences Inc. e ainda hoje o seu principal acionista? Donald Rumsfeld, ex-secretário de Estado da Defesa dos EUA.

Sabia que Rumsfeld enquanto fez parte da administração Bush foi quem conduziu (inventou) o processo das armas biológicas e do antrax relacionado com o “11 de setembro” e o pretexto das armas biológicas que “fundamentou” a invasão do Iraque?

Sabia que a base do Tamiflu é uma planta chamada “anis estrelado”?
Sabe quem tratou de adquirir cerca de 90 % da produção mundial desta planta? A farmacêutica Roche.
Sabia qua as vendas de Tamiflu passaram de 254 milhões em 2004, para mais de um bilhão em 2005 quando se declarou a “gripe das aves”?
Calcula quanto milhões mais poderá ganhar a Roche nos próximos meses se este negócio do medo se mantiver?

O resumo do conto do vigário é o seguinte:

Os amigos de Bush decidem que um fármaco como o Tamiflu é a solução para uma pandemia que ainda não se tinha desenvolvido. Ora, este produto não cura nem a gripe comum. Rumsfeld vende a patente do Tamiflu à Roche e esta multinacional paga-lhe uma fortuna quando a enfermidade não era ainda conhecida.
A Roche adquire 90 % da produção mundial de “anis estrelado”, a base do antiviral que recentemente se preparou para ser produzido em massa quando ainda não se falava em “gripe dos porcos” H1N1 (embora houvesse a experiência da gripe das aves H5N1). Os governos de todo o mundo são ameaçados com a pandemia, fazem o jogo das multinacionais e compram quantidades industriais do produto. Os contribuintes acabam pagando o medicamento e Rumsfeld e os seus apaniguados politicos prosperam com o negócio.

Alguém lembra do livro do John Le Carré, O jardineiro fiel, depois transposto para o cinema? Aquela "ficção" (que não era ficção) foi um embrião africano do presente caso mundial da gripe A.

Vídeo-documentário de Julián Alterini.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Assunto da Famiglia PIG


Eugênio Neves

Nunca aos domingos


“Never on sunday” (1960) é um filme do diretor Jules Dassin, estrelado por Melina Mercouri, que faz o papel de uma prostituta grega, rodado todo em Atenas.

Naturalmente, ela nunca trabalhava aos domingos, um pundonor tolinho de moça moralista. Como Victoria (acima), que abriu o parquinho de diversão na Colônia do Sacramento.

Victoriazinha cobra módicos 500 pesos, o equivalente a 48 reais.

Coisas da vida.

Carlos Crusius queria interferir no Detran


Detran, que já foi administrado pela polícia, a cada dia, se afunda como um caso de polícia

Recebo nota do jornalista Wanderley Soares, especialista em temas da segurança pública:

A Polícia Federal abriu nova investigação sobre possíveis irregularidades no Detran. O inquérito terá como base depoimento prestado pelo ex-presidente da autarquia, Sérgio Buchmann, dois dias após a prisão do filho Fábio. Parte das informações passadas por Buchmann atingem o ex-presidente do Detran, Flávio Vaz Netto.

Quem também é apontado por Buchmann, como alguém que queria interferir nas questões do Detran, é o ex-marido da governadora, Carlos Crusius.


Segundo depoimento, os dois estavam interessados em buscar detalhes dos contratos do departamento. Carlos Crusius afirmou que tinha reuniões para tratar de publicidade do Detran, mas jamais interferiu em qualquer outra questão.

Flávio Vaz Netto, através de seu advogado, também nega qualquer atividade obscura no episódio.


Sobre este tema, que não pode ser esgotado num tópico desta coluna, apenas registro que o Detran foi retirado a ferros da área da Secretária da Segurança porque havia a suspeição de que a polícia comandava, ali, uma rede de corrupção.

Bastou a autarquia sair das mãos da polícia para que R$ 44 milhões viessem a desaparecer nos encardidos escaninhos do casarão da mal afamada rua Voluntários da Pátria.

Foto: Carlos Crusius (assinalado) reza compenetrado ao lado da governadora Yeda, sua ex-mulher.

O nome da doideira


Mídia amiga diz que Yeda está em “período de reflexão”

Quero propor um tema para os estudantes que estão em vias de começar o trabalho de conclusão de suas graduações de terceiro grau. Sugiro o exame do tratamento que a mídia guasca dá ao grande imbróglio chamado governo-tucano-de-Yeda-Rorato-Crusius.

Tem uma vasta bibliografia de suporte para quem vai se debruçar sobre o palpitante e mucho loco tema. Pode começar com Roland Barthes, seguir com Bourdieu, Eco, Chomsky, Castells, e outros.

Trata-se da mais direta e franca expressão da categoria “elites irresponsáveis” analisada pelo sociólogo Francesco Alberoni. Criaram e cevaram essa coisa e agora não sabem como se ver livre da coisa, que já começa a prejudicar os negócios do tipo claro/escuro. Não sabendo como lidar com a coisa muito louca, tratam de colocar panos quentes no desarranjo, na forma de eufemismos ridículos e surreais, como dizer que a governadora está em “período de reflexão”, quando se sabe que há uma luta interna fenomenal para disputar espaços/vantagens na nau à deriva no qual está transformado o poder público do Estado do Rio Grande do Sul.

O formando que estudar esse tema – além de se divertir muito – estará contribuindo sobremaneira com o desvendamento de um esquema de poder fixado sobre bases subjetivas de ilegalidade, amadorismo, vulgaridade generalizada, ignorância e insanidade mental. As bases objetivas são as mesmas de qualquer governo orientado para o desrespeito sistemático às regras da democracia formal representativa.

Para a Globo a gripe é suína




Estatal Agência Brasil também comete a mesma burrice

Em 1º de maio último a OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu a denominação do vírus da gripe que é pandemia mundial como Influenza A (H1N1) ou simplesmente Gripe A.

Grande parte da imprensa internacional usa a denominação correta, evitando chamá-la de gripe suína. Mas no Brasil, a rede Globo ainda insiste com gripe suína, assim como a estatal Agência Brasil.

O motivo da burrice é desconhecido.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ElectroCardioTango


A banda jazz-tangueira se chama “San Telmo Lounge” e os caras vieram de Rosario, a cidade natal do Che, onde há treze anos se realiza – sempre no mês de novembro – um grande festival de jazz no Parque España.

Higiene das mãos é o melhor preventivo da gripe A


É 100% eficaz e muito barato, talvez por isso não é divulgado pela mídia brasileira

Uma das principais disciplinas da medicina é a profilaxia, e entre esta, os métodos de higiene. Dizem que o hábito de lavar as mãos constitui o principal salto da ciência médica, em todos os tempos. É possível.

Portanto, a higiene das mãos é um cuidado que previne doenças e custa quase nada. Talvez por isso não seja divulgado como meta médico-sanitária a ser buscada por todos, onde cada vez mais avança a monetização de todas as esferas da vida social.

Na presente pandemia de gripe A, esses elementos ficam bastante evidentes. As pessoas são induzidas a buscar numa droga caríssima – o tamiflu – o que podem conseguir no simples hábito de limpar as mãos.

A mídia, tão pródiga em divulgar alarmes exagerados sobre a pandemia de gripe, não se preocupa em esclarecer com a mesma ênfase sobre os benefícios da higiene e profilaxia.

Tanto na Argentina quanto no Uruguai há uma visível consciência sobre a higiene das mãos. Em qualquer lugar que se vá, encontramos frascos de álcool gel para que as pessoas higienizem as mãos. Em bares, restaurantes, farmácias, saguão de edifícios públicos e particulares, museus, hotéis, cinemas, lojas avulsas e de condomínios comerciais, terminais rodoviários e até no metrô de Buenos Aires (no pé das escadarias de saída), em todos os lugares se pode ter acesso grátis ao gel que mata os vírus da gripe A e de qualquer outra virose humana.

É 100% eficaz e muito barato, mas exige a participação de todos, especialmente dos comerciantes e donos de estabelecimentos públicos. Um dono de quiosque de jornais me disse que é preferível investir alguns pesos em álcool do que ver o seu faturamento zerar por falta de transeuntes que lhe comprem revistas e publicações.

Ontem, no centro de Rio Grande, perguntei num bar (onde comi e gastei) se tinha gel para limpar as mãos. O dono, em tom atrevido, me disse que não trabalhava "com essa mercadoria", e indicou a farmácia da esquina para adquirir o álcool gel.

Reserva do Taim sofre com a brutalidade da nossa classe média


Mortandade rodoviária de animais é diária e constante

Ontem à tarde passei pelo banhado do Taim. A rodovia BR 471 corta a estação ecológica numa extensão de 20 km. O que se vê encanta e preocupa. Os animais morrem um pouco a cada dia no asfalto da estrada. Cheguei a contar dezesseis capivaras e algumas raposas mortas, considerando somente os corpos íntegros, mortos poucas horas antes, talvez, na noite anterior. Sem falar nos incontáveis vestígios de pêlos e ossos esmagados no próprio leito da estrada e acostamentos.

Há uma tela precária na base do talude, mas insuficiente para barrar o trânsito da natureza em cio, em busca de alimento e filhotes aventureiros.

Vi pelo menos uma capivara pastando serenamente no acostamento, certamente a sua derradeira refeição. Mansa, deixou-se fotografar a menos de 10 metros (no alto do post). A noite é implacável. Os faróis dos veículos cegam e paralisam os animaizinhos que morrem como moscas tontas. Em todo o trajeto da estrada que corta a reserva existe somente um pardal, que controla a velocidade máxima de 60 km/h. Os corpos estirados atestam que ninguém respeita a norma.

No lado esquerdo, para quem vai de Santa Vitória a Rio Grande, pastam manadas de bovinos de origem européia, Aberdeen, Hereford, Red Angus, etc. A natureza está invadida pela pecuária de corte extensiva. Há lixo de consumidores classe média, nos acostamentos: garrafas PET de refrigerante, latas de cerveja, copinhos de sobremesa industrializada, de iogurte, embalagem de bolachinha recheada e salgadinhos em geral.

Com um perfil de consumo como esse dá para entender o descompromisso com a preservação ambiental e a vulgaridade da classe média brasileira.

Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos do blogueiro.

Orla do Guaíba Livre!


Para que a orla do Guaíba seja para sempre área de uso público dos porto-alegrenses, com parques, esporte, lazer, cultura e fruição da natureza.

Data: sábado, 1º de agosto - 15h

Local: Usina do Gasômetro, junto à chaminé. Se chover, o evento será no interior da Usina.

Clique na imagem para ampliá-la.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Rio Grande do Sul é uma zona


Governadora manda tomar tamiflu

Ontem, por volta das 19 horas entrei no Brasil, pelo Chuí, via ruta 9 do Uruguai. Na linha internacional há uma grande aduana para controle fiscal e sanitário. Todos os veículos diminuem a velocidade e formam como que um comboio. Havia uns dez veículos nessa fila, junto com o nosso. Nenhum deles foi parado e seus ocupantes entrevistados/examinados para fins de informação médico-sanitária. O lugar é uma casa da mãe Joana, uma zona de tolerância total.

Enquanto isso a governadora tira férias em lugar incerto e não sabido. O Estado do Rio Grande do Sul vive na mais completa anomia.

Em algum lugar, a governadora deve estar dizendo: - Que vão tomar tamiflu!

As transnacionais farmacêuticas Roche e GSK agradecem.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

BNDES não se compromete com o fim do desmatamento na Amazônia


É inadmissível que o governo brasileiro continue a financiar o desmatamento na Amazônia

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou ontem sua nova política de exigências para a concessão de financiamento ao setor pecuário, com medidas para frigoríficos, pecuaristas e poder público. Apesar de conter pontos positivos, as medidas do BNDES oferecem prazos muito longos para que frigoríficos e pecuaristas cumpram a lei e melhorem seu desempenho socioambiental, além de não fazer qualquer exigência em relação ao fim do desmatamento na Amazônia. A informação é do portal Greenpeace.
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“É inadmissível que o governo brasileiro continue a aceitar financiar o desmatamento na Amazônia. O BNDES perdeu a oportunidade de ser o grande viabilizador de um modelo de desenvolvimento diferenciado que não inclua a destruição da floresta como uma premissa”, afirma André Muggiati, do Greenpeace.

Entre os pontos positivos das medidas do BNDES para os frigoríficos estão o condicionamento de financiamentos à exclusão de fornecedores com área embargada, condenados por desmatamento ilegal, trabalho escravo ou localizadas em terras indígenas. Há também linhas de crédito para aumento de produtividade, recuperação de áreas degradadas e de reserva legal, margens de rio e encostas de morros.

Entre os prazos excessivamente longos, estão a adoção de rastreabilidade do gado para toda a cadeia a ser efetivada até 2016, muito além do término do mandato do presidente Lula. A entrada dos pedidos de legalização fundiária e de licenciamento ambiental são postergados até julho de 2010. Com isso, o banco também deverá continuar financiando áreas com ilegalidades durante todo esse tempo.

O prazo de 2016 destoa até mesmo daquele apresentado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes há um mês em audiência na Câmara dos Deputados. Falando apenas do Pará, o ministro afirmou que seria capaz de ter um sistema para rastrear o gado no estado em apenas seis meses. A Marfrig, um dos maiores frigoríficos brasileiros, diz que em no máximo dois anos é possível impor total rastreabilidade em sua cadeia de fornecedores em todo o Brasil.

Em junho o Greenpeace lançou o relatório “Farra do Boi na Amazônia” mostrando o papel do BNDES como sócio e financiador dos grandes frigoríficos brasileiros que se abastecem de animais criados em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Quando um jornal não quer informar, faz como Zero Hora



Que grupos criminosos se apoderaram do Detran? Eis a questão.

Quando um jornal não quer informar, faz como Zero Hora. Vejam a matéria intitulada “Uma autarquia do barulho”, na edição de hoje do diário da RBS. Além de se tratar de um texto escrito com o dedão do pé, parece alguma coisa sobre bloco de sujo do carnaval. O Detran é do “barulho”, para o jornal ZH. Que meiguice.

É uma “missão espinhosa” para o Palácio Piratini (o sujeito da oração é o Palácio, pasmem) manter alguém à frente do Detran.

“As conclusões da Operação Rodin indicaram uma fragilidade estrutural, que ajuda a explicar por que os presidentes do Detran não duram muito tempo no cargo”. Fragilidade estrutural? Os caras roubam quase 50 milhões de reais e o jornal (desinformativo) chama de “fragilidade estrutural”. Só falta constatar que há um feitiço no Detran, e por esse motivo – plenamente justificado, à luz da razão e de métodos científicos avançados –, os presidentes da autarquia são ejetados de suas cadeiras institucionais. “Especulações mais ousadas apontam que pode tratar-se da existência de pregos na cadeira da presidência do departamento encarregado do trânsito” - poderia ser uma linha de trabalho do jornal ZH, emprestando um ar misterioso à edição de hoje.

Mais adiante, o texto fica mais atrevido: “Pela tese dos agentes federais, grupos criminosos se apoderaram de determinados contratos...”.

Que coisa! Sério, agentes federais constroem teses? Grupos criminosos se apoderam de contratos? Tudo muito estranho. Que grupos criminosos seriam esses? Seriam gangues de “bebês japonêses”? Seriam quadrilhas de “bêbados de porta de bar”? Ou talvez “comunistas infiltrados”, os mesmos que teriam provocado a morte de Marcelo Cavalcante, segundo o primeiro-ex-marido, Carlos Crusius? Pode tratar-se, também, de “perseguidores macarthistas”? Ou os “inimigos do déficit zero”? Ou a temível máfia dos “montadores de frágeis palanques” que há semanas cometeram um atentado covarde contra a governadora? Quem sabe as "torturadoras de criancinhas"?

Muito bem. Nós fizemos a nossa parte. Apontamos diversos suspeitos de terem se apoderado de “determinados contratos” do Detran.

Que tal, agora, os editores do jornal ZH reunirem dois ou três dos seus consagrados repórteres investigativos e mandá-los a campo para que nos revelem a verdade límpida e fria sobre o Detran/RS?

Mal podemos esperar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Grandes companhias farmacêuticas faturam bilhões com a gripe A


É o que informa o insuspeito Financial Times

Algumas das maiores companhias farmacêuticas do mundo estão auferindo bilhões de dólares em receita adicional, em meio à preocupação global sobre a expansão cada vez maior da gripe suína.
Analistas estimam alta significativa nas vendas da GlaxoSmithKline, da Roche e da Sanofi-Aventis, quando elas divulgarem nos próximos dias resultados do primeiro semestre engordados por encomendas governamentais de vacinas contra a gripe e medicamentos antivirais. A informação é do Financial Times.

As novas vendas - ao mesmo tempo em que a suíça Novartis e a americana Baxter, que também produzem vacinas, já divulgaram resultados expressivos - surgem no momento em que o mais recente cômputo aponta para um total de mais de 700 vítimas fatais do vírus da gripe A (H1N1) e para milhões de pessoas infectadas em todo o mundo.

A britânica GlaxoSmithKline (GSK) confirmou que até o momento já vendeu 150 milhões de doses de uma vacina pandêmica contra a gripe (o equivalente ao total anual de vendas de vacinas sazonais contra a doença), a países como o Reino Unido, os EUA, a França e a Bélgica, e anunciou que estava se preparando para expandir a produção.

A GSK também produz o Relenza, um medicamento antivírus que reduz a duração e atenua a severidade da infecção, e está se preparando para ampliar a produção, rumo a uma meta de 60 milhões de doses anuais. O governo do Reino Unido encomendou 10 milhões de doses do medicamento neste ano.

Um dos principais beneficiários do temor crescente de uma pandemia foi a suíça Roche, que vende o Tamiflu, o principal medicamento antiviral usado no combate à gripe, e registra alta considerável nos pedidos de governos e empresas privadas.

Uma pesquisa do banco de investimento americano JPMorgan Chase estimou, na semana passada, que governos de todo o mundo já teriam encomendado quase 600 milhões de doses de vacinas contra a pandemia e adjuvantes (produtos químicos que aumentam sua eficácia). Isso representa US$ 4,3 bilhões em vendas, e existe o potencial de vender mais 342 milhões de doses de vacina, ou US$ 2,6 bilhões, no futuro próximo.

O JP Morgan Chase previu que novos pedidos de antivirais podem elevar as vendas da Roche e da GlaxoSmithKline em mais US$ 1,8 bilhão nos países desenvolvidos e, em potencialmente, mais US$ 1,2 bilhão nas nações em desenvolvimento.

Mas também existem incertezas para os fabricantes de produtos farmacêuticos. Com a probabilidade de demanda superior à oferta e os lotes iniciais de produção sugerindo que o rendimento da vacina contra a pandemia é relativamente baixo, as companhias podem ter de enfrentar escolhas difíceis na alocação de produtos aos diferentes países que estão apresentando encomendas.

As companhias também estão sob pressão para fornecer mais medicamentos e vacinas gratuitamente, ou a preços extremamente baixos, para os países em desenvolvimento.

Ensaio contra os mitos


Maradona, Evita Perón, Carlos Gardel e Che Guevara

Sou um velho admirador do sociólogo argentino Juan José Sebreli. Ontem entrei numa livraria (das duas mil que existem) aqui em Buenos Aires e logo avistei a sua última obra: “Comediantes y mártires – Ensayo contra los mitos”.

O título já diz tudo. Contra os mitos, os mitos de Maradona, Evita Perón, Carlos Gardel e Che Guevara.

Sebreli suspeita que na raiz destes quatro mitos argentinos está o pseudo monoteísmo da Igreja católica. Ele assegura que a multidão de santos católicos fazem as vezes do politeísmo pré-religioso, onde para cada dificuldade ou aspiração humana havia uma bengala mágica materializada em um deus pagão.

Assim, o misticismo católico cria e recria constantemente novos objetos de adoração pagã. Ele alinha inúmeros exemplos de personagens do folclore popular que habitam algum lugar entre a santidade divina e o mito pré-religioso. Tem muito de Hegel no texto de Sebreli e ele maneja muito bem as categorias, numa prosa agradável e ao mesmo tempo profunda. Os quatro mitos argentinos examinados por ele teriam a mesma raiz, uma mescla de fé religiosa e culto pagão às celebridades.

Mais adiante volto a comentar sobre o livro de Sebreli. Agora são 8h55 e na rua faz um frio de meio grau positivo. Na noite passada nevou muito, na metade Sul da Argentina. Quanto os hoteleiros de Gramadocanela não pagariam para essa neve acontecer por lá? Mas ela insiste em ficar a 3.500 km de Gramadocanela, apesar das pajelanças de Zero Hora.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A quem responsabilizar pelo colapso yedista?


O conceito de “elite irresponsável”

O sociólogo italiano Francesco Alberoni criou o conceito chamado “elite irresponsável”. Essa elite é composta de pessoas ou grupos sociais cujo poder institucional é nulo, e portanto não são chamadas a responder por sua conduta perante a comunidade, mas ainda assim impõem modelos de comportamento ético que influenciam grandes círculos sociais, eleitorais e políticos.

Essa categoria de Alberoni cai como uma luva para explicar a equação RBS/YRC (governadora Yeda Rorato Crusius).

A criatura YRC é formada na linha de montagem rebessiana, elege-se governadora do Rio Grande do Sul e lambuza-se de doce até a raiz dos cabelos. O excesso de doce paralisa a administração pública, prejudicando os negócios legais e as demais atividades na relação público-privado.

Os criadores de YRC ficam numa sinuca de bico. O fluxo do visível e do invisível trava. A insatisfação generaliza-se e ameaça colapsar o sistema claro-escuro.

A quem responsabilizar pelo colapso iminente?

A ninguém. Quem pariu Mateus não tem o DNA registrado nos bancos de memória institucional ou na legitimidade da escolha popular.

Mico total.

Lula diz que o caixa dois quebrou os bancos estatais


E criticou a privatização “a troco de nada”

Ao voltar a defender a atuação de bancos públicos contra a crise financeira mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a privatização, no passado, de bancos públicos “a troco de nada”. A informação é da Agência Brasil.

Lula citou como exemplo a venda do Banco do Estado de São Paulo (Banespa) vendido para grupo espanhol Santander, em 2000, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Na verdade, jogou-se em cima dos bancos a irresponsabilidade dos governantes que gerenciavam esses bancos, porque, muitas vezes, utilizavam esse banco para fazer, quem sabe, os caixas dois da vida em época campanha eleitoral. Por conta disso, os bancos públicos estavam quebrados”, disse o presidente em encontro com superintendentes e diretores do Banco do Brasil, fechado à imprensa.

O presidente brincou ter pena de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, pelo fato de não poder contar com um banco estatal forte como o Banco do Brasil nesse momento de crise. “Fico com pena que o Obama não tem um banco como temos aqui o Banco do Brasil”, afirmou, conforme áudio divulgado pela Presidência da República.

….......................

Admira duplamente que Lula tenha se manifestado dessa forma, a propósito das privatizações de bancos estatais.

Primeiro: as privatizações jamais foram “a troco de nada”. Foram sim uma fórmula encontrada pelas elites tradicionais de se apropriarem de bens públicos protegidos pelo biombo ideológico do “Estado mínimo” e outros bordões da propaganda neoliberal. Foi um saque legalizado pelo Legislativo e pelo Judiciário brasileiro, amparado por um “espírito do tempo” hegemonizado pela banca.

Segundo: o presidente Lula com essa crueza que não lhe é peculiar, pode ferir suscetibilidades junto a novos aliados, sobretudo, ao capital financeiro com o qual ele fez um pacto tácito de governabilidade através do inefável Antonio Palocci, expresso na famigerada Carta aos Brasileiros, em junho de 2002.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

“Muito complicado”


“Por conta de...”

Fere-me mais que os tímpanos, o cérebro mesmo, quando ouço os operadores do PIG – os chamados “comunicadores” – dizendo ou escrevendo “por conta de...” ou “a situação está muito complicada”.

Para mim, isso é pior que arranhar a unha na lousa. Apago o rádio, desligo a tevê, amasso o jornal.

Analfabetismo tem limite.

Sub de abelhinha censura candidato petista


Jornalistinha de ZH garante que os tempos mudaram

O candidato do PT ao Piratini em 2010 sofre censura da sub-sub-sub da abelhinha-sub. A referida pessoa não gostou do “Abaixo o neoliberalismo” proferido pelo candidato petista, ontem.

Ela afirma que os tempos mudaram, e garante que alguns gritos de guerra continuam os mesmos.

Em primeiro lugar, se desconhecia que o atual candidato do PT saísse por aí proferindo gritos de guerra. Não é o estilo do ministro Tarso Genro, um moderado empedernido. E depois, a mudança dos tempos é para o lado precisamente do neoliberalismo, logo, que mal há em chutar galinha morta?

De resto, é uma palavra de ordem tão relevante quanto a de ser sub-sub-sub de uma abelhinha-sub.

sábado, 18 de julho de 2009

Quem de fato se reuniu no Rio Grande de forma pensada e organizada para cometer delitos?


Comandante da Brigada quer definir o que é “formação de quadrilha”

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel João Carlos Trindade, deu entrevista ontem a uma rádio do interior e aventurou-se a falar de política, tema estranho às atribuições de um comandante de polícia militar. Além da política, o brigadiano quis conceituar juridicamente o protesto de rua havido quarta-feira defronte (e não dentro) à casa mal havida da governadora Yeda. Para o coronel Trindade, houve a tipificação de “formação de quadrilha – quando as pessoas se reúnem para cometer delitos”.

Muito bem. Estamos diante de um excelente mote. Vamos discutir quem são de fato os que formam quadrilha no Rio Grande do Sul. Quem realmente se reúne para cometer delitos em série?

Vamos ao debate.

Os protestos ocorridos na rua, defronte à residência da governadora, foram legítimos, dentro da lei, ordeiros e respeitosos à dignidade pessoal da cidadã Yeda e sua família. Quem acusou desequilíbrio de comportamento foi a própria governadora, trazendo para a cena aberta dois menores, que alegava serem seus netos, portando cartazes ofensivos aos manifestantes, desqualificando-os de “torturadores”, reagindo com gestos tresloucados e impróprios para a primeira mandatária do Estado do Rio Grande do Sul.

Protestos políticos públicos e de massa são práticas comuns em todas as democracias formais do mundo conhecido. São célebres os protestos na Downing Street, número 10, City of Westminster, London, a casa oficial do primeiro-ministro britânico. Nunca se viu Maggie Thatcher portando cartazes desaforados a se comportar como uma desatinada na frente do número 10, em resposta aos manifestantes de sempre. Em 1984 havia três milhões de desempregados na Inglaterra, e greves em quase todos os setores da economia. Os mineiros fizeram greve por mais de ano. Essas pessoas e movimentos sindicais e sociais estavam todos na rua, diariamente, por meses a fio, especialmente defronte ao 10, Downing Street.

Estou mencionando o caso de Thatcher, por motivos óbvios, ela foi e é o paradigma neoliberal do mundo todo, fonte de águas turvas de onde Yeda Rorato Crusius bebe a inspiração diária de seus atos.

Mas, como disse aquele filósofo hebreu, repetindo Hegel, em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”, “todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

A farsa yedista está nos custando muito caro, e está indo muito longe.

Que tal, então, discutirmos a questão proposta pelo coronel Trindade? Quem – de fato – se reuniu no Rio Grande de forma pensada e organizada para cometer delitos?

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Depois de ficar por meses demonizando o MST, com matérias subjornalísticas e de pseudo-neutralidade, o jornal Zero Hora, ontem quis relacionar o Cpers Sindicato ao movimento dos sem-terra.

Uma impropriedade total.

De um lado, temos um movimento social do mundo rural, de outro, temos um sindicato formal, institucionalizado, de natureza urbana, formado por funcionários públicos de classe média em processo de esbulho de direitos. Não há nenhum elemento que ligue os dois fatos sociais. Nada.

O jornal ZH demonstra uma ignorância infinita ao relacioná-los de forma ligeira e oportunista.

No raso e no fundo, quis desagravar o comportamento desatinado de sua criatura política, Yeda Rorato Crusius - formada e cevada na escola RBS de nulidades guascas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A situação está insustentável



E vai piorar

“Como pessoa, sem dúvida nenhuma, eu saberei denunciar o crime e pedir que ele seja analisado e julgado em toda a sua dimensão”, declarou Yeda Rorato Crusius ontem à tarde, em pronunciamento no Palácio Piratini.

Durante seu pronunciamento, Yeda colocou em dúvida os métodos de ensino utilizados em determinadas escolas gaúchas e fez um apelo. “Peço aos professores, diretores, pais e responsáveis pelas crianças que prestem atenção se isso não está sendo praticado, de modo inclusive subliminar, dentro de algumas salas de aula”, criticou. Para Yeda, é preciso separar o público do privado. “Há muito tempo isso vem sendo, nessas instâncias, diluído. Ninguém pode confundir a governadora que trabalha com a sua relação com o voto popular”, desabafou.

Além de lamentar o episódio, que reuniu dezenas de manifestantes e exigiu a presença do BOE, a governadora acrescentou que os netos de oito e onze anos não puderam fazer as provas do final do semestre. “Hoje foi cometido um crime contra a minha família. Todos sabem onde eu moro, numa casa sem muros, e hoje (ontem) pela manhã, às 7h, meus netos foram impedidos de ir à escola ter aula, fazer as suas últimas provas. Eles se depararam com um ato selvagem, criminoso”, reafirmou a governadora tucana. As informações estão no Correinho de hoje.

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A governadora acusa o quê, mesmo? De um grupo de manifestantes terem feito um protesto legítimo na rua de sua residência? Onde está o crime? Onde está a selvageria, que Yeda alega?

Ela diz que “como pessoa” vai denunciar “o crime e pedir que ele seja analisado e julgado”. Como pessoa? Se não fosse “como pessoa”, seria como? Quais as formas materiais Yeda Rorato Crusius pode se transmutar?

Que ela, “como pessoa”, trate de administrar o Estado. Que diga a que veio. Que cumpra com as suas obrigações constitucionais. Que explique o que não está explicado. Que responda ao que não está respondido. Que governe o que está desgovernado. Que corresponda pelo menos à esperança daqueles que votaram nela. Não precisa sequer corresponder aos anseios do Rio Grande, mas apenas ao anseio dos seus eleitores.

Hoje, a governadora é capa dos grandes jornais brasileiros, da Folha, O Globo, Estadão e outros. Atrás de grades, ela parece prever dias piores para si.

O Brasil começa a notar que o Rio Grande do Sul tem uma governante fraca e desequilibrada, que o Rio Grande está muito aquém daquilo que o Brasil espera dele.

O Rio Grande está bem menor a cada dia, com a governadora Yeda. A situação está insustentável. E vai piorar.

Fotos da abertura: Roberto Vinícius.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Yeda lavadeira!


Com o perdão prévio das verdadeiras profissionais que higienizam roupas sujas. A estas o nosso respeito e admiração.

Governadora Yeda virou despachante de automóvel


Lula e Yeda incentivam uma sucata programada

Os incentivos que o governo federal e o governo estadual estão concedendo à montadora de automóveis GM são vergonhosos. Cerca de 1,6 bilhão de recursos públicos estão sendo dirigidos a título de adiantamento de receita à obsoleta indústria de automóveis. Uma receita que talvez jamais seja gerada pela neoestatal norte-americana.

O símbolo material de uma sociedade de abundância e desperdício está nos seus estertores e só encontra suporte provisório na periferia do sistema produtor de mercadorias, onde governantes passageiros se transformam voluntariamente em agentes privados de interesses mórbidos.

No RS, um Estado quebrado, com uma administração mambembe e desmoralizada, a GM encontra abrigo e fomento por mais 22 anos. A governadora Yeda Rorato Crusius virou uma despachante dos interesses de uma única empresa privada. Nada mais faz, nada mais a ocupa. Limita-se a comparecer a fortuitos eventos fechados, porque em público não pode se apresentar, haja vista a impopularidade repulsiva que plantou nos últimos 30 meses.

E cá ficamos nós, sul-rio-grandenses, com mais essa sucata programada (já que foi a mesma GM que inventou o conceito de “obsolescência programada”), financiando com recursos da cidadania uma indústria de morte e destruição.

Como disse Michael Moore, em recente e inspirado artigo sobre o velho mito GM: “Estamos agora em um tipo diferente de guerra – uma guerra que nós travamos contra o ecossistema, conduzida pelos nossos líderes corporativos. Essa guerra tem duas frentes. Uma está em Detroit. Os produtos das fábricas da GM, Ford e Chrysler constituem hoje verdadeiras armas de destruição em massa, responsáveis pelas mudanças climáticas e pelo derretimento da calota polar. As coisas que chamamos de 'carros' podem ser divertidas de dirigir, mas se assemelham a adagas espetadas no coração da Mãe Natureza. Continuar a construir essas 'coisas' irá levar à ruína a nossa espécie e boa parte do planeta”.

Assim, o Rio Grande do Sul está aportando uma contribuição inestimável para que as piores suspeitas sobre o planeta se confirmem nos próximos 22 anos.

Um notável feito da direita guasca!

Por uma democracia participativa


Um pedaço de cinco minutos
do vídeo Além das Eleições, acima. O vídeo-documentário Além das Eleições: Redefinindo a Democracia será lançado no Brasil na próxima segunda-feira, dia 20/7, em Porto Alegre.

Documentário “Além das Eleições” será lançado em Porto Alegre


Redefinindo a democracia formal nas Américas

O documentário Além das Eleições: Redefinindo a Democracia será lançado no Brasil na próxima segunda-feira, dia 20, em Porto Alegre. Dirigido e produzido por Silvia Leindecker e Michael Fox, o filme capta novas experiências democráticas no continente americano.

Entre as experiências estão Conselhos Comunais na Venezuela, Orçamento Participativo no Brasil, Assembléias Constituintes na Bolívia e Equador, movimentos sociais na América do Norte e fábricas recuperadas na Argentina. Ativistas e intelectuais como Eduardo Galeano e Emir Sader estão entre os entrevistados.

Lançado nos Estados Unidos em outubro do ano passado, o filme será exibido no Brasil pela primeira vez no Cine Bancários (Rua General Câmara, 424 – Centro de Porto Alegre), às 19h30, do dia 20/7, segunda-feira. A informação é da Agência Chasque.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sociedade do Automóvel



Governo Yeda e Governo Lula resolvem um único problema do presente, a crise da GM, a crise da realização do capital da montadora, mas reservam o caos para o futuro, para o futuro de todos.

Está tudo errado. Veja o vídeo de 39 minutos.

Blogueiros são alvo de processos judiciais no RS


Ações judiciais estão sendo usadas como forma de censurar blogs

Blogueiros de Porto Alegre vêm sendo alvo de processos judiciais nos últimos meses. O caso mais recente é o do jornalista Wladimir Ungaretti, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Justiça determinou que Ungaretti retirasse do blog Ponto de Vista todo conteúdo que pudesse ser considerado ofensivo a um fotógrafo do jornal Zero Hora que é criticado pelo professor. Integrantes do Blog Nova Corja já sofreram três processos de ordem cível e criminal movidos por jornalistas e pelo Banrisul.

No entanto, os processos judiciais se espalham a outros blogs, como o de Milton Ribeiro. Após emitir críticas ao livro A Casa das Sete Mulheres de Leticia Wierzchowski, que deu origem à minissérie da rede Globo, ele foi processado (acusado) por danos morais. Agora, Milton aguarda a tréplica dos advogados de Leticia e enfatiza que o que fez foi emitir apenas uma opinião acerca do romance.

“O que eu fiz foi uma crítica, pois a Constituição federal permite que você se expresse livremente. O processo afirma que eu disse que ela não era culta e que eu fui agressivo. Isso eu não concordo. Tudo o que eu disse é uma opinião a respeito de um livro dela; uma opinião que eu afirmo e reafirmo tranquilamente”, diz.

Milton é blogueiro desde o ano de 2003 e analisa como grave as acusações e processos que outros blogueiros vêm sofrendo no Estado. Em seu caso, ressalta que as acusações feitas por Leticia vão além do conteúdo ou da crítica por ele feita ao seu romance. Para Milton, os processos judiciais estão sendo utilizados como forma de tentar censurar os blogs.

“Tem um lado que pode se transformar em censura muito facilmente. Eles alegam que eu ataco o nome Wierzchowski, que é polonês, então presumem que eu não gosto dos poloneses, como está no processo. Desta forma poderão alegar também que eu sou machista por que critico uma escritora. Desse jeito a coisa segue de uma forma incontrolável”, expõe.

Marco Aurélio Weissheimer, criador do blog RS Urgente, opina que o blog é um novo espaço para estimular o debate público e que rompe com o monopólio dos grandes veículos de comunicação. Salienta que no seu caso, o objetivo é informar sobre os fatos da política gaúcha que por outros veículos de comunicação, principalmente os de maior circulação, não são percebidos ou considerados relevantes.

“O crescimento de ações judiciais e de processos contra blogueiros indica primeiramente o reconhecimento do surgimento de um espaço novo de comunicação. Os blogs que até pouco tempo eram considerados uma produção caseira, se inserem definitivamente no espaço de comunicação e debate público. Certamente os blogs passam a incomodar o sistema dominante de comunicação e com isso eles passam a usar dessas armas contra nós blogueiros”, comenta.

No Brasil, o caso mais polêmico foi o da blogueira amapaense Alcinéa Cavalcante que foi indiciada pela Polícia Federal por um comentário publicado em seu blog considerado ofensivo ao senador José Sarney (PMDB).Tanto o comentário quanto o blog não estão mais disponíveis. A assessoria de Sarney afirmou apenas que o indiciamento não foi pela vontade do senador e sim do advogado de sua frente partidária. Também, há poucos meses, o jornalista e blogueiro iraniano Roozbeh Mirebrahimi, foi condenado pela Justiça iraniana a dois anos de prisão e 84 chicotadas, por "propaganda contra o sistema", "difamação do Supremo Líder" e por "perturbar a ordem pública". A reportagem da Agência Chasque é de Joel Felipe Guindani.

Produtividade na agricultura é a maior do mundo, e Incra usa índices de 1975


As fontes de crescimento da agricultura

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) acaba de divulgar a atualização do estudo Fontes e Crescimento da Agricultura Brasileira (José Garcia Gasques, Eliana Teles Bastos e Mirian R. P. Bacchi - Mapa, julho de 2009), cujos resultados confirmam mais uma vez que "o aumento da produtividade tem sido o principal fator impulsionando o crescimento da agricultura brasileira".

No período de 1975 a 2008, a taxa de crescimento do produto agropecuário foi de 3,68% ao ano (a.a.), um desempenho robusto diante das dificuldades enfrentadas. Mais importante é que "no período mais recente, 2000 a 2008, o crescimento foi ainda maior, 5,59% como média anual", o que indica que o dinamismo do setor não arrefeceu.

Esse resultado é mais visível - e impressionante - se traduzido em quantidades de alguns produtos: em 1975 produziam-se, em 1 hectare, 10,8 quilos de carcaça de carne bovina; hoje são 38,6 quilos. Nesse mesmo período de 33 anos, a área de pastagem passou de 165 para 171 milhões de hectares, uma expansão insignificante - o que no caso é altamente positivo - de apenas 3,6%; a produção de leite por hectare multiplicou-se por 3,6, e a de carne de aves saltou de apenas 372,7 mil toneladas, em 1975, para 10,18 milhões, em 2008.

É preciso qualificar o crescimento, pois, mesmo desejável, uma taxa elevada não pode ser considerada virtuosa se está baseada na depredação de recursos naturais e na superexploração da força de trabalho. Esse seria um crescimento espúrio insustentável e cada vez mais inaceitável. Não é o caso da agricultura brasileira, cujo dinamismo e expansão estão baseados no uso cada vez mais eficiente dos recursos disponíveis.

A Nota Técnica do Mapa estima a Produtividade Total dos Fatores (PTF) - melhor indicador do uso dos recursos na agricultura -, as produtividades de cada fator e as fontes de crescimento. No período 1975-2008 a PTF cresceu 3,68% ao ano, enquanto a taxa de crescimento dos insumos foi praticamente nula (0,01%). "Conclui-se, portanto, que o crescimento da agricultura tem sido estimulado quase exclusivamente pelos acréscimos de produtividade", dizem os autores. A utilização de mão de obra diminuiu, a área cresceu apenas marginalmente (0,12% a.a.) e o capital foi o fator que mais cresceu (0,3% a.a.), o que significa que "a agricultura vem se expandindo com menor uso de trabalho, com área praticamente constante e com maior tendência de aumento no uso de capital sob a forma de máquinas e fertilizantes", o que é positivo. Deve-se destacar que, na década atual, a PTF cresceu 4,98%, mais do que a média do período todo, confirmando a importância ainda maior da inovação para o crescimento do setor.

Segundo o estudo, a Produtividade do Fator Trabalho (PFT) foi a de crescimento mais elevado no período (4,09% a.a.), seguida da produtividade da terra (3,55% a.a.) e do capital (3,37% a.a.), donde "se concluiu que o aumento da PTF está ocorrendo especialmente pelo crescimento da produtividade do trabalho". No passado, esse resultado foi decorrente da mecanização impulsionada por créditos subsidiados, que provocou uma migração massiva e acelerada dos trabalhadores rurais, com todas as distorções sociais associadas. Os cuidadosos autores fizeram a decomposição das fontes do crescimento da PFT e concluíram que "a quase totalidade do aumento da produtividade do trabalho se deve ao aumento da produtividade da terra, e não à mecanização". A produtividade da terra, como se sabe, está mais associada às inovações de natureza biológica, no nível de qualificação do recurso humano, e à gestão.

A comparação com outros países revela que o crescimento da PTF no Brasil foi o mais elevado (4,98%, entre 2000 e 2008). Na China o crescimento foi de 3,2% entre 2000 e 2006. Nos EUA, de 1,95% entre 1975 e 2006. Na Argentina, que conta com excepcionais recursos naturais, a PTF cresceu 1,84% entre 1960 e 2000.

Esses resultados contribuem para desmistificar a imagem de predadora que equivocadamente se atribui à agricultura. Em 20 anos a produção de lavouras temporárias, permanentes e de carnes incorporou apenas 25 milhões de hectares e o crescimento se baseou quase exclusivamente no uso mais eficiente dos recursos que se traduzem em ganhos de produtividade. Os problemas existem, são localizados e devem ser enfrentados com absoluta energia e seriedade pelos governos e produtores, que são os responsáveis pelo crescimento da PTF e pela preservação dos resultados.

Artigo de Antônio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Publicado ontem no Estadão.

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Como se pode notar houve um pulo na produtividade da agricultura brasileira – o maior do mundo. Em alguns casos triplicou de 1975 para cá.

Entretanto para efeito de reforma agrária, o Incra, faz uso de índices relativos ao longínquo ano de 1975, quando a produtividade era mínima.

No andar dessa carruagem lulista, a reforma agrária no Brasil jamais será completa. Para alegria das oligarquias, do latifúndio e do agronegócio.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Orgulho G


Charge do Bier (ou Pía, como dizem em Picada Café... uma vez).

"Especialistas" esqueceram o governo Yeda


Ex-colegas da governadora estão com amnésia estratégica

Um detalhe chama atenção na formação do governo do Estado do Rio Grande do Sul: a quantidade de cargos de governo preenchidos por professores ou (ex) alunos do curso de pós-graduação em Economia Aplicada da Ufrgs (PPGE), na qual a atual governadora Yeda e seu marido Carlos Crusius ministraram aula durante um bom período.

A pós-graduação em Desenvolvimento Econômico, da mesma faculdade de Economia, não tem professores no governo do Estado.

O fato dá uma idéia do perfil do primeiro curso, como é de conhecimento público e notório, o atual governo estadual tem um claro viés liberal, apesar de não conseguir avançar na aplicação dessa agenda (a exemplo dos acordos com o Banco Mundial) pela total falta de unidade em sua base de governo decorrente da crise política.

O curso de mestrado em Economia Aplicada reúne um grupo de professores de orientação econômica liberal e, que via de regra, tem como conclusão de seus trabalhos a defesa da redução do Estado na economia, a desregulamentação dos mercados (a exemplo do financeiro) e as privatizações como solução econômica, inclusive para a corrupção.

O estranho é que o PPGE, que reúne os dois cursos de mestrado em Economia da UFRGS, e tem sempre por hábito discutir temas relevantes nos cenários internacional e nacional em seus seminários quinzenais, esqueceu que existe um governo de Estado no RS.

Curiosamente, até o momento, não escutamos a opinião dos “especialistas” sobre o governo Yeda e seus reflexos sobre a economia do Estado. O mesmo pós que vem discutindo em diversos seminários a crise internacional e seus desdobramentos no Brasil é totalmente mudo em relação ao tema “Governo Yeda”.

Pescado do blog Partisan RS.

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O jornal Zero Hora, na última edição dominical, dedicou um longo editorial ao exame do governo Yeda, um texto com críticas tímidas, mãos frias e voz trêmula. Ora, por que o jornal da RBS não faz uma série de reportagens com os seus "especialistas" favoritos para desvendar o motivo da bancarrota política e moral do governo capitaneado por Yeda?

Os "especialistas" adorariam! De quebra, poderia trazer a douta palavra de dois ícones da direita guasca: o senador Pedro Simon e Paulo Pinto, o pecuarista de Bagé.

Direita quer embananar 2010


A oposição não tem discurso, não tem projeto, está desarticulada e vai tentar tumultuar as eleições”.

Do ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social, em sua intervenção na reunião ministerial de ontem, conforme informação de O Globo, de hoje.

Ganhando dinheiro com notícia ruim




De como uma informação negativa pode turbinar o faturamento de uma empresa midiática

Todo mundo sabe que no Brasil é proibido fazer propaganda de cigarro na mídia impressa e outras mídias. Mas é possível – a lei não veda – publicar matéria paga da indústria fumageira, seja motivada por informações do setor, seja por fatos relevantes que exijam divulgação oficial tendo em vista cumprimento de normas da Comissão de Valores Mobiliários e outras instituições de regulação corporativa.

Me acompanhem. Na última terça-feira, dia 7, o jornal Zero Hora publicou uma pequena nota (ver acima) informando sobre a contaminação de 33 agricultores de Candelária (RS) pela doença chamada Folha Verde do Tabaco. Ainda não existe tratamento para a enfermidade causada pelo simples manuseio das folhas de fumo, por isso ela assume uma certa gravidade, principalmente na região fumicultora do Vale do Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Venâncio Aires, Candelária, etc.

Depois disso, nada mais foi divulgado pelos órgãos da RBS, em que pese a apreensão que causou à região fumicultora do Estado e ao setor fumageiro em geral, especialmente às famílias de agricultores envolvidos com o tabaco, hoje, estimado em mais de 100 mil pessoas, somente no RS.

Muito bem. No dia 12, domingo passado, o mesmo jornal Zero Hora estampou um fato relevante da transnacional fumageira Universal Leaf Tabacos, fora dos padrões usuais. Para tão-somente informar a aposentadoria de um cacique da empresa, a Universal Leaf (doadora da campanha eleitoral da então candidata Yeda Rorato Crusius, sendo que esta não declarou o fato ao TRE) comprou meia página de ZH, e mais um quarto na página seguinte (ver acima), somando 75% de página da edição dominical, onde o espaço é mais caro.

A doença Folha Verde do Tabaco foi erradicada, pelo menos dos órgãos da RBS. Se houver reincidência da moléstia, certamente a indústria fumageira tratará de fazer novos comunicados relevantíssimos à sociedade sul-rio-grandense. Afinal, algum motorista da frota de veículos da Souza Cruz, por exemplo, pode estar em vias de também se aposentar. Nunca se sabe.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Yeda e os seus mortos


Esse é um lema gaúcho: não me bote como testemunha uma pessoa morta”.
Governadora Yeda Rorato Crusius (PSDB-RS). Ontem, em entrevista à rede Record.

Foto: Carla Ruas/CP

RBS vende neve, mas não entrega




Evite o turismo pega-ratão

Sexta, sábado e domingo o jornal Zero Hora anunciou neve no Estado. Mas ela não veio. Nos últimos anos tem acontecido esse fenômeno. Não o da neve. Mas uma espécie de pajelança profana, promovida pela mídia (para a RBS, quase uma obsessão), com o objetivo de beneficiar o turismo basbaque da classe média branca, obesa e proprietária de pequenos automóveis adquiridos por financiamento em uma centena de meses. Cria-se assim, pouco a pouco, um novo mito no Rio Grande, que vem se juntar às demais fabulações e tradições inventadas.

A manipulação de alegorias é uma prática recorrente no RS. A maior delas, o mito superlativo, reside no que se convencionou chamar de “Revolução Farroupilha”, uma revolução que jamais existiu, naqueles termos. Outra alegoria é a do “gaúcho”, uma idealização que se esquece de cumprir o que promete, além de reduzir a nossa rica pluralidade étnico-cultural à unidimensionalidade forjada de um tipo humano primário - o patrão do latifúndio.

Agora, é a vez da neve abstrata. Outra promessa que nunca se cumpre. Quem não consegue garantir o frio, como pode prometer a neve? E não se trata de qualquer neve, é a “neve” de Gramadocanela, dos hotéis com tarifas de Aspen e serviços de casa da sogra, de restaurantes com preços londrinos e comida nível paradouro-de-caminhoneiro.

Gramadocanela é um pega-ratão que urge ser evitado. Quer ir à Serra? Vá a destinos alternativos, não contaminados pela esperteza de alguns e outros. Vá, por exemplo, ao interior de Flores da Cunha, conheça as pequenas cantinas de vinho, a gastronomia colonial autêntica e a graça original dos descendentes de imigrantes europeus. Mas vá rápido, antes que sejam corrompidos pelos camelôs de neve em pacote turístico fake.

domingo, 12 de julho de 2009

Grande Lou Reed!

Dia perfeito, hoje. Seco, sol brilhante, temperatura agradável. Não nevou como queria o jornal Zero Hora (que há três dias faz vudu pra neve), junto com a hotelaria (caríssima e metida) de Gramadocanela e os restaurantes (ruins, fake) de Gramadocanela.

Amanhã, vou falar sobre isso, aqui. Não deixem de ler o editorial de ZH, de hoje. Uma coisa mimosa. “É impositivo que a governadora se posicione com mais clareza e com menos metáforas”. Uau!

Mentira agora se chama "metáfora".

Caiu a ficha, ou caiu a imposição do Serra sobre a direção da firma midiática?

sábado, 11 de julho de 2009

Governo Yeda se defende com nota apócrifa


Documento traz assinatura falsificada de Lair Ferst

Uma atitude incomum chamou a atenção de jornalistas que cobriam o dia a dia do Palácio Piratini. Por volta das 18h30 de ontem, um funcionário do Palácio Piratini se dirigiu ao grupo e distribuiu, na entrada da sede do governo, cópias de uma suposta declaração de Lair Ferst (pivô da crise no Detran gaúcho e da Operação Rodin). A informação é do Correio do Povo, de hoje.

O documento, que apresentava o número da carteira de identidade e o CPF do empresário, elenca oito supostas declarações de Lair e nega a entrega de um dossiê ao Ministério Público Federal (MPF) no RS. Ao tomarem conhecimento de que o documento estava sendo distribuído no Piratini, o advogado Lúcio de Constantino e Lair Ferst negaram veementemente, ontem à noite, a autoria do material e prometeram adotar medidas para apurar o caso.

Em nota, Lair se defendeu dizendo que 'a declaração é uma grosseira falsificação, caracterizando-se, perfeitamente, em ilícito previsto no Código Penal'. Disse que a carta apócrifa jamais foi escrita ou endossada por ele e que a declaração se trata de manobra a fim de confundir a opinião pública e agradar 'interesses escusos e contrariados'.

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Será essa a “veemente resposta aos que nos caluniam” prometida pela governadora Yeda em reunião do Conselho Político, ontem, no Piratini?

A “veemente resposta” é uma nota apócrifa e covarde?

Foto de Carla Ruas/CP.

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

Arquivo do Diário Gauche

Perfil do blogueiro:

Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo