As relações perigosas do deputado Vieirinha
Os doadores da campanha eleitoral de 2006 do deputado federal Carlos Eduardo Vieira da Cunha (PDT-RS), conhecido como Vieirinha, são empresas poderosas e pessoas físicas influentes. Vejam no fac-símile acima: grupo Gerdau, as papeleiras Aracruz e Stora Enso, a Coca-Cola (grupo Vonpar), a fábrica de munição CBC, a fábrica de armamento Taurus, e o mega advogado de São Paulo, Ricardo Tosto de Oliveira Carvalho (CPF 046194588), entre outros.
Ricardo Tosto está diariamente nos jornais brasileiros, porque protagoniza, junto com o deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), a presença involuntária no caso que a Polícia Federal chama de Operação Santa Teresa, que investiga um suposto desvio de verbas oriundas do BNDES.
A Operação Santa Teresa começou com uma investigação da PF, iniciada em 2007, sobre a casa de prostituição conhecida como WE, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, para apurar denúncias de que os responsáveis pelo estabelecimento, além de explorar a prostituição, estariam também envolvidos com o tráfico de pessoas interno e externo. No curso das interceptações autorizadas judicialmente surgiram entre os investigados - que eram monitorados - conversas sobre financiamentos públicos, reuniões com políticos e pagamentos de comissões. Com isso, a investigação passou a se focar em uma quadrilha que atuava em duas diferentes modalidades de crime: o crime financeiro e a prostituição e tráfico de mulheres e pessoas.
Segunda aponta a Denúncia do Ministério Público Federal, a quadrilha "apresentava nítida divisão de tarefas entre os membros, cumprindo cada qual uma função", que abrangia as seguintes etapas, articuladas pelo dono do WE:
a) liberação dos financiamentos junto ao BNDES por meio da exploração de prestígio político;
b) acompanhamento da liberação dos recursos às beneficiárias;
c) dissimulação dos recursos desviados por meio de expedientes fraudulentos, como a emissão de notas fiscais falsas por serviços jamais realizados e o depósito na conta de outras empresas; e
d) repartição do produto criminoso entre os membros da quadrilha.
Quanto às doações recebidas de papeleiras, chama a atenção a dedicação do deputado federal, atualmente presidente nacional da sigla PDT, para com os interesses de seus doadores. Tramita no Congresso um projeto de lei de autoria do deputado Mateo Chiarelli (DEM-RS) que encolhe a faixa de fronteira no RS para 50 km (atualmente é de 150 km). Uma manobra legal com evidente propósito de regularizar a propriedade de terras no Estado, por parte da empresa transnacional Stora Enso, por exemplo. Mas o deputado Vieirinha, achando que 50 km é muito, ofereceu um substitutivo que encolhe a faixa para dez quilômetros, o que deixa confortável a Stora Enso em terras adquiridas ilegalmente no Rio Grande do Sul para fins de plantio e exploração extensiva da monocultura do eucalipto.
Como Clark Kent, dublê de repórter do Planeta Diário e Superman, Vieirinha é dublê de deputado e paladino da justiça e da moralidade pública. No RS, já foi protagonista principal de jornadas moralistas memoráveis. Nunca deram em nada, mas ele tirou a sua casquinha. Pois, agora, o deputado justiceiro & vingador, como homem público zelador da moral pública e guardião dos bons costumes (do outro) que é, deve explicações de natureza ética aos seus eleitores e à comunidade sul-rio-grandense. Seja sobre o doador Tosto, seja sobre as doadoras papeleiras – beneficiárias diretas de proposições parlamentares suas.
Aliás, sobre o envolvimento direto (ainda como suspeito, é verdade) do deputado pedetista Paulinho da Força na Operação Santa Teresa ainda não ouvimos “niente” do presidente nacional da sigla PDT.
Nossos ouvidos vibram para ouvir o deputado Vieirinha. Aguardaremos atentos.
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