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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Somália ferve


Foto da AP, tirada terça, dia 24/8. A Somália ferve. Não só no sentido figurado, mas por ser o lugar mais quente da Terra, precisamente no chifre da África oriental.

Estes corpos jovens são de vítimas de brigadas armadas em Mogadíscio, o que seria a capital da Somália.

A rigor, o Estado da Somália não existe mais. Se decompôs aos poucos, nestes últimos vinte anos. Um caso, talvez, único no mundo. A guerra civil devasta o país deste 1990.

Há luta por tudo, por terra, por água, por pastos para os animais, por espaços, por armas, por animais, por sombra, por luz, por tudo que está debaixo do sol e sobre o chão.

Se no passado as tribos e clãs lutavam armados de paus e facas, hoje, a guerra civil generalizada é com armamento sofisticado, trazido por mercadores internacionais a serviço dos países produtores de material bélico, inclusive Estados Unidos, França, Inglaterra, Suíça, Israel, Canadá e muitas outras ditas "nações democráticas e civilizadas". Mas permitem que suas armas sejam negociadas e sirvam para matanças étnicas.

O Estado terminou na Somália. Vive-se no "estado de natureza", qualquer coisa localizada entre Hobbes e Locke. Se é possível ainda brincar com uma situação tão regressista dessas, suspeita-se que as pessoas já nem estão comendo alimentos cozidos, comem-nos crus mesmos. Tamanho é o retrocesso civilizatório, repito, tangido pelos interesses comerciais e a cupidez vil dos mercadores de armas e seus governos "democráticos".

3 comentários:

Lucas Jerzy Portela disse...

Feil, nada tem a ver com este post, mas acho que você vai gostar.

http://ultimobaile.com/?p=2740

algumas ponderações minhas sobre similitudes inusitadas entre Salvador e Porto Alegre, a partir do Jupiter Maçã.

Tupamaro disse...

A história recente da Somália tem muitas semelhanças com a do Afeganistão. Como o país asiático, a Somália também sofreu a ação desestabilzadora do império estadunidense que insuflou os "senhores da guerra" somalis contra o governo de Siad Barre, então alinhado a União Soviética.
Em 1991 cai Siad Barre e a Somália é repartida entre os "senhores da guerra", desde então o caos só faz aumentar.
Como aconteceu com Saddam, com os talibãs, com Noriega no Panamá e os generais argentinos e as Malvinas, os "senhores da guerra" somalis criaram asas e fugiram ao controle estadunidense. Em 1993 (governo Clinton) a potência imperialista envia seu exército para capturar dois destes "senhores da guerra" e fracassa redondamente, episódio conhecido como a Batalha de Mogadíscio e relatado brilhantemente
por Ridley Scott (diretor dos clássicos "Alien,o 8º passageiro" e "BladeRunner o caçador de andróides")no filme "Falcão Negro em perigo".
Enfim, é sempre mais do mesmo o que nos tem a oferecer o império estadunidense.

Anônimo disse...

Muitas pessoas malham o Falcão Negro, dizendo q o filme glorifica a ação daqueles típicos comandos fascistóides q os EUA espalham pelo mundo a fora, na sua sanha intervencionista. Até pode ser, mas o filme foge do lugar comum em dois momentos memoráveis: o primeiro, quando o general q comanda a operação, na sua sala de operações impregnada de tecnologia de ponta, olha para os monitores e diz: perdemos a iniciativa. O segundo, ao final do filme, quando o q restou daquele "comando" é perseguido por crianças q ridicularizam os desesperado fodões, pelas ruas de Mogadício. Ao buscarem abrigo num estádio de futebol controlado pelas forças do "bem", os "buanas" são servidos de água em copinhos por um garçom paquistanês fardado. É hilário.
O saldo dessa operação foram 19 mortos do lado ianque e mil do lado somali. Mas mesmo assim, os EUA perderam a "iniciativa". Como perderam no Vietnam, Iraque, Afeganistão e como perderão no Irã, caso resolvam atacar esse país com os seu sócios preferenciais, os israelenses.

Eugênio

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