Há três dias o jornal oligárquico Clarín, de Buenos Aires, publicou a declaração de um personagem que visa atenuar a grave situação da mídia conservadora argentina no tão rumoroso quanto misterioso caso Graiver/Papel Prensa. Trata-se de Isidoro Graiver, irmão de David Graiver, ex-controlador da empresa Papel Prensa S/A, morto em um obscuro acidente aéreo em 1976, meses depois do golpe-gorila do general Jorge Rafael Videla e do oligarca civil Joe Martínez de Hoz. Segundo a suspeita do jornalista Juan Gasparini, a morte prematura do multibanqueiro Graiver pode ter sido sabotagem da CIA (ver post abaixo).
Ocorre que Isidoro Graiver garantiu ao jornal conservador que a venda da empresa papeleira em 1976/77 foi por livre e espontânea vontade de sua cunhada, a viúva Lidia Papaleo de Graiver (na foto acima, com o seu irmão Osvaldo Papaleo, quinta-feira, 26, saindo do tribunal em La Plata, onde depuseram durante cinco horas).
Hoje, o diário portenho Página/12 publica uma declaração de Lidia Papaleo feita ante os membros da Unidade Fiscal de Seguimento das causas por violações aos direitos humanos cometidos pelo terrorismo de Estado da cidade de La Plata, capital da provîncia de Buenos Aires. Lidia se manifestou perante este tribunal ontem, quinta-feira, portanto depois de saber das falsas palavras do cunhado Isidoro Graiver.
E o que disse Lidia, a viúva de David Graiver?
Segundo Página/12, a situação é a seguinte: "Fontes judiciais asseguraram que a mulher [Lidia] ratificou que se desfez da empresa sob pressões e que afirmou que o seu cunhado, Isidoro Graiver, tinha péssima relação com a família porque havia sido afastado na partilha de bens".
Segue a informação: "Papaleo de Graiver falou durante cinco horas ante o fiscal Marcelo Molina" em La Plata. Lidia relatou que foi a uma reunião na redação do La Nación, em novembro de 1976, onde estavam os diretores deste jornal e mais o editor Héctor Magnetto, do Clarín. Nesta oportunidade, Lidia foi apresentada a uma proposta de compra e venda, sobre a qual jamais pôde opinar, nem sobre o preço, nem sobre os termos da mesma, nem mesmo sobre a forma de pagamento.
Agora o mais grave, conforme a notícia de Página/12.
"A viúva de David Graiver assinalou que Pedro Jorge Martínez Segovia, que era presidente de Papel Prensa, lhe disse por ocasião de um jantar, que representava o [então] ministro da Economia, José Alfredo Martínez de Hoz, e que devia vender as ações de Papel Prensa a pessoas que não fossem judias e nem estrangeiras".
"Papaleo de Graiver foi sequestrada em 14 de março de 1977. A mulher foi introduzida à força em um carro e levada ao que depois soube que era o centro clandestino de detenção Posto Vasco, onde foi torturada. Depois de quatro dias ali, soube que neste lugar também se encontravam seu sogro, Juan Graiver, seu cunhado, Isidoro Graiver, e outras pessoas de sua família ou que tinham vínculos com os negócios de seu marido. Alberto Rousse e Beto Cozzani foram alguns dos torturadores que a maltrataram. Em 4 de abril de 1977 foi levada para o Poço Banfield, onde foi interrogada pelo coronel (Oscar) Gallino, que lhe perguntou sobre os bens de seu marido", conforme noticiou hoje o diário Página/12.
2 comentários:
Acho legal que finalmente o Diario Gauche resolveu parar de disfarçar e assumiu que é a favor do fim da imprensa livre em toda a América Latina. Acho bem mais honesto assim. Parabéns.
Obterão sucesso no Brasil dos próximos quatro anos.
Anônimo das 17:47
Tu poderias seguir o exemplo do Feil e tbém assumir publicamnete, colocando o teu nome desse comentário imbecil, que és a favor do golpismo, do roubo e da tortura. Lê os textos sobre esse tema, publicados até aqui e verás q é disso q se trata. A não ser, é claro, que roubar, dar quarteladas, torturar e matar sejam, agora, sinônimos de democracia e imprensa livre.
Eugênio
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