Horário eleitoral na TV e rádio - em São Paulo - não terá candidatos petistas a deputado
O PT de São Paulo decidiu que o espaço reservado na propaganda eleitoral a candidatos a deputado federal e estadual será usado para pedir votos na legenda. A informação é da Folha de hoje.
Com isso, os petistas explorarão ao máximo o potencial do maior puxador de votos da sigla -o presidente Lula- e reforçarão as campanhas de Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante e Marta Suplicy, candidatos à Presidência, ao governo e ao Senado, respectivamente.
O eleitor assistirá a Lula, Dilma, Mercadante e Marta pedindo votos para o número do PT no horário reservado a políticos que disputam vagas na Câmara e na Assembleia.
A mudança, inédita na estratégia de propaganda eleitoral no Estado, foi aprovada ontem em assembleia do partido e teve Edinho Silva, presidente estadual da sigla, como principal articulador.
O PT de São Paulo estima que conseguirá dois milhões de votos na legenda. "É melhor Lula e Dilma pedindo votos na legenda que o [espaço] pingadinho de 25 segundos", defendeu o deputado José Genoino (PT-SP).
O voto na legenda alimenta o potencial das coligações de conseguir cadeiras no Legislativo. A mudança ajudará ainda as campanhas de Mercadante e Dilma.
Lula não aparecerá ao lado deles no horário dos proporcionais, mas pedirá votos para o 13, número de campanha dos dois candidatos.
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A decisão é inteligente e corajosa. Confesso que estou positivamente surpreso. Na prática, faz uma espécie de mini-reforma eleitoral dentro de casa, privilegiando a legenda partidária, ou seja, ao programa do partido, em detrimento dos indivíduos - candidatos e candidatas proporcionais - que concorrem pelo PT-SP. Isso não impede que o eleitor prossiga votando no seu candidato preferencial.
O voto no indivíduo, e não na lista partidária ou coligação de partidos, é um atraso. O indivíduo singular pode mudar de ideias e programa, fato corriqueiro nos dias atuais, quando parlamentares viram subitamente defensores de bandeiras muitas vezes contrárias ao partido que os elegeram, vide o exemplo do deputado "comunista" Aldo Rebelo, hoje um convicto aliado do ideário pseudoverde do agronegócio. Já o voto na legenda, ou na lista (se houvesse), mitiga a chance de frustração do eleitor, uma vez que ele escolhe - não o volúvel indivíduo, passível da vil sedução pecuniária -, mas a plataforma eleitoral e o programa do partido, estável, conhecido e menos afeito ao balcão das trocas de favores e mimos.
Bem que essa decisão dos paulistas poderia ser replicada pelos petistas dos demais estados brasileiros. Seria um considerável avanço, sem dúvida.
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Em tempo: Como diz o nosso leitor Callado, a decisão dos petistas paulistas é eleitoralmente vantajosa, porque "a legenda PT é a que mais popularidade agrega em todo o Brasil", em especial em SP. "Nem o mais popular candidato consegue superar a preferência pela legenda em São Paulo" e nos demais estados. A decisão, acima de tudo, dá votos.
10 comentários:
A ideia é excelente, mas, no fim, quem vai assumir a cadeira não são os mesmo indivíduos passíveis de "sedução"?
É algo que tem que se refletir melhor, mas o passo é importante.
Na teoria a ideia parece interessante.
Por outro lado, não podemos deixar de apontar que ela beneficia diretamente os caciques do partido que tem acesso fácil aos "recursos não contabilizados" e conseguem contratar centenas, às vezes milhares de "militantes" e com isso obter expressivas votações.
Nosso sistema não é parlamentarista, logo a votação em lista vai servir aos interesses daqueles agraciados com uma boa "estrutura" de campanha.
Diga-se de passagem, a mesma estratégia utilizada desde sempre pela direita e atualmente replicada pela "nomenklatura".
Para se fazer isto no MT teria que se acabar com a coligação para proporcionais. Infelizmente feita com o PMDB e o PR no estado.
Mas acho uma boa idéia.
Muito boa a idéia. Parabéns.
Há algum tempo apreciaria a proposta, pois desestimula o personalismo e fortalece o partido. Mas, hoje, diante dos últimos desonvolvimetos do PT, vejo como mais uma esperteza eleitoral. Quem votaria nesta eleição em certos nomes como Vacareza, Genoíno e afins, com interesses totalmente dissociados da sociedade? Sem falar nos coligados, como o PCdoB. Quem votaria, em são paulo, no ruralista Aldo Rebelo? Foi uma idéia para livrar esses "companheiros" da repulsa do eleitorado.
eleitoralmente é positivo, dá votos, uma vez que a legenda PT é a que tem mais popularidade no País e mais popularidade que o melhor nome do PT de SP.
o diretório do PT foi esperto, inteligente. essa medida dá votos.
Eleitoralmente eficaz, mas nota zero em transparência. Mesmo no caso da adoção de lista fechada a lista deveria ser publicizada. Ou candidatos com trajetórias inidôneas não deveriam ser censurados nas urnas? Como pode o eleitor fazer correto juízo do seu voto se não sabe em quem está votando, tornando o sistema ainda mais opaco do que é no atual sistema de lsita aberta? Essa tática funciona num determinado contexto (um presidente anormal, como Lula), mas não necessariamente é melhor para a democracia. Antes de importar instituições isoladas (velho costume) deveríamos ao menos importar outros mecanismos adotados juntamente. Voto em lista fechada seria bom no caso de partidos fortes e coesos ideologicamente. Isso existe no Brasil? Para o bem, ou para o mal, o fato é que todos os partidos, incluindo o PT, mudaram de programa rapidamente nos últimos anos.
Hulk lê de novo que tu não entendeu da primeira vez.
Tudo é publicizado. Só não terá propaganda no rádio e televisão.
Mesmo a lista fechado como tem no Uruguai não significa que ela é secreta.
Abre a cabeça seu Ulk.
Já iria votar na legenda como sempre faço, mas agora com mais motivação. Aqui em SP é fundamental grande votação na legenda.
armando do prado
Feil, tu podia criar um post sobre as suas idéias sobre o voto na legenda em vez do voto na pessoa, pq tenho receios, como já comentados, de que beneficie caciques do partido e impeça a renovação (por outro lado, tbm impediria que figuras alheias ao funcionamento da política ocupem cargos de importância). Sou mais do voto distrital, acho que representaria melhor as regiões, sobretudo aquelas mais desfavorecidas. Pensa na idéia!
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