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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O filho de Paulo Sant’Ana


Uma das defesas mais bisonhas da ocupação do Afeganistão pelos Estados Unidos e as forças da Otan foi publicada sexta-feira última, nas páginas do jornal Zero Hora (leia aqui).

Não vou citar o nome do indivíduo que a pariu, por dois singelos motivos: não quero que os mecanismos de busca como o Google vinculem este blog ao nome do cara; segundo, o indivíduo é um mero opinionista. O cara que é empregado de uma mídia conservadora periférica – como a RBS – e tem por função diária revender a pauta da mídia central. Neste caso presente, o indivíduo reproduz material ideológico da conservadora revista Time (do grupo estadunidense TimeWarner). Somente no segundo semestre do ano passado, essa revista teve queda de 34% nos índices de leitores. Agora, resta apelar e manipular, como nessa capa, querendo montar um cenário sobre o que aconteceria se os EUA saíssem do Afeganistão – onde já morreram mais de 500 mil civis por efeito da presença assassina das tropas da Otan.

A revista, a serviço do complexo industrial-militar-petroleiro-dinheirista, defende a permanência estadunidense no Afeganistão por razões humanitárias. Repito, por razões humanitárias, mas também, morais e culturais. No que é arremedada pelo opinionista de Zero Hora. Ambos, têm o topete de sustentar que a moça mutilada no nariz e nas orelhas, segundo eles, o foi pelo taleban. Se houvesse um soldadinho do Iowa, por exemplo, ao seu lado para protegê-la do marido energúmeno muçulmano, o dano facial não teria acontecido. Logo, justifica-se a ocupação do país e a consequente razia terrorista/moralizadora dos Estados Unidos no Afeganistão. Só faltou dizer o que pensa de fato: a cultura branca e cristão dos Estados Unidos é mil vezes superior aos hábitos selvagens daqueles muçulmanos asiáticos - feios, sujos e malvados.

A rigor, a matéria de capa da Time cumpre a função de tentar neutralizar a divulgação dos 90 mil documentos pelo portal WikiLeaks, semana passada. [Viva a internet livre!] A Time precisa de suíte para as suas lendas semanais, o desbobramento incessante de uma mentira é o prefácio da verdade, não é mesmo?

Os documentos, entre confidenciais e secretos, revelam as atrocidades cometidas no Iraque e no Afeganistão, em nome da imposição moral e cultural de hábitos e relações sociais que não habilitam um marido a decepar o nariz de sua mulher, em compensação, usa altíssima tecnologia para assassinar civis, saquear as riquezas do subsolo e desorganizar a cultura milenar de um povo.

O problema é que o opinionista periférico, caudatário das usinas de ideologia e manipulação das mídias centrais, como o semanário Time, agasalha veleidades de democrata plural e bom redator.

A genialidade se admira, a ruindade contamina. Por isso, leitores deste blog DG, cuidado. Tenham cautela ao ler certos colunistas de Zero Hora. A absoluta maioria é opinionista bóia-fria. Servem - como se fora fresco e saudável - um texto requentado, trazido na marmita fornecida pelas grandes centrais de mídia, comumente, dos Estados Unidos. Não raro, a vianda nem vem das mídias centrais, mas dos departamentos de marketing e propaganda das grandes empresas. Vide o caso da ex-Ana Amélia Lemos, jornalista da RBS, ora concorrendo a uma cadeira no Senado. Essa senhora retransmite - sem nenhum filtro - todos os releases das papeleiras, dos laboratórios de transgenia e do agronegócio.  

E tem outros riscos colaterais: se alguém ler dezenas de vezes a obra do velho Dostoiévski, ficará iluminado com a genialidade do autor russo, mas jamais será genial como ele. Agora, se o sujeito passar a ler todos os dias o Paulo Sant’Ana ou a Lya Fett Luft, corre o sério risco de se contaminar com a má qualidade dos textos e visões de mundo destes autores periféricos-de-periferia.

O mal secreto do opinionista periférico é que ele, sei lá, talvez tenha lido demais o colunista Paulo Sant’Ana, seu colega de redação. Tanto bebeu do cálice da mediocreira que virou um deles, um dileto filho de Paulo Sant’Ana.

Eis, pois, a ingrata revelação: o opinionista periférico é filho intelectual de Paulo Sant’Ana.

Coisas da vida.

20 comentários:

Anônimo disse...

Haha... quando li esse texto na ZH, na hora pensei: "vai sair em 10 minutos um texto no Diario Gauche babando ódio". Dito e feito.

luciano disse...

é que a indignção é urgente, caro anônimo. a condescendência é que é permissiva, lenta e cega.

Cé S. disse...

Uma pena que pessoas minimamente versadas em história não tenham o mesmo espaço do palpiteiro em tela nesta postagem, pois, se tivessem, nos lembrariam que até pouquíssimas décadas atrás, o Afeganistão era um lugar onde homens e mulheres não eram tão desiguais: mulheres andavam com o rosto descoberto, trabalhavam, etc. Isto mudou, é claro, por causa do imperialismo. Foi o abuso por parte das potências ocidentais, incluindo os EUA, o que deu o poder aos religiosos extremistas mais celerados.

zé bronquinha disse...

Acontece que os adoradores da morte ignoram solenemente as mortes provocadas pelas "invasões bárbaras". Se somássemos os óbitos produzidos pelo ódio imperialista/siionista nos íltimos dez anos, chegaríamos fácil a casa de mais de um milhão de mortos, principalmente civis indefesos.Todavia a procupação do "mundo" é com o Irã, Coréia do Norte, Venezuela e Cuba, países que não se dobram ao capitalismo.

Anônimo disse...

Há anos que o tal Coimbra está sendo cevado para ser o substituto do Paulo Santana. Esta é a garantia que o jornaleco continuará sendo o xinfrim que tem sido. E que tentarão manter o povo do Rio Grande na apatia e na alienação....

Anônimo disse...

anônimo das 9h01, podes me dar os próximos números da Megasena? Afinal, como você é "dito e feito". E você pelo que parece, não "baba ódio", deve apenas "lamber botas". Infeliz.

Anônimo disse...

Ruim para o Brasil e toda a América Latina, é que desembaraçados do Iraque e do Afganistão, os gringos, dentro da regra "cabeça vazia, oficina do diabo", vão poder dedicar a nós a sua atenção especial.
Na verdade o mundo suspira aliviado sabendo que Iraque e Afganistão absorvem as energias destrutivas dos EUA.
Terminadas as guerras atuais, e com uma nova guerra a cada 3 anos, quem será a próxima vítima ?
Venezuela ou Cuba ?
O Pentágono não faz nada que não tenha programado 30 anos antes.
IV Frota reativada, já se concentram em Porto Rico 60 mil efetivos, minha aposta é Venezuela.

Anônimo disse...

Não foi 10 minutos não.
O alvo óbvio seria o Brossard em mais um dia de Regina Duarte.

Anônimo disse...

Dono do Blog:

Li que o "já eleito ex-presidente" será saudado, em nome dos intelectuais gaúchos, pelo... Flávio Tavares.

Será verdade? Tenho acompanhado a coluna dele aos domingos e noto uma caminhada "a direita". Triste não?

Flics

Maria Lucia disse...

Que bom que o Anonimo vem aqui neste blog para sorver um pouco de história. Pode ser que um dia ele faça um comentário mais apropriado. Este blog é uma referência para quem busca informação.

Gustavo disse...

Não é à toa que tal empresa jornalísitca está sediada em frente ao esgoto !

Gilmar da Rosa disse...

E eu, "tolinho", imaginava que o referido "colonista" só escrevesse "contos eróticos".Mais alguns anos e ele será considerado um "intelectual guasca".Vide, Lia Luft, Paulo Brossard e outros.

Anônimo disse...

O que espanta nesse David Coimbra é a audácia de falar sobre assuntos nos quais ele é um completo ignorante (ou seja: todos os assuntos, com exceção, talvez, de futebol). O blogueiro provavelmente dirá, com razão, que isto não é audácia, e sim ignorância de segundo grau, como bem apontou em um dos textos memoráveis deste blog. Mas voltando ao tal Coimbra: nesse texto, em poucas linhas, ele comete inúmeros atropelos históricos, conceituais, etc. E tudo com a maior naturalidade (com a tranquilidade que a ignorância confere ao indivíduo, dirão alguns). Para ele é possível separar, por exemplo, imperialismo de nacionalismo, e os "verdadeiros imperialistas" não seriam nacionalistas (!). Que afirmação surpreendente (para dizer o mínimo)! Mas ele segue. Diz que "a Revolução Francesa tentou implantar o imperialismo". E eu que pensava que tinha sido o Napoleão! Está certo que há uma continuidade entre os dois períodos, mas imputar a um período o que foi característica do outro é brincadeira! Mas tem mais. Ele diz que os alemães aprenderam com as duas guerras a ser "menos nacionalistas". Até é verdade, mas esta foi uma preocupação menor para os alemães (ao menos para os que escreveram livros depois de 1945). A preocupação principal era a volta do nazi-fascismo, e não esse abstrato "nacionalismo" de que fala o nosso filósofo do IAPI. Agora, o mais espantoso é o que tem de gente que lê esse sujeito aí (e provavelmente o leva a sério). O Rio Grande do Sul está no fundo do poço mesmo!
Carlos

Anônimo disse...

Li um texto do paquistanês Tariq Ali, se não me engano no Diplô, onde ele explicava como, na décadas de 1970, o marxismo era uma filosofia que tinha facilidade de penetração entre os povos muçulmanos, devido a sua grande pobreza. Para combater a difusão do marxismo entre os povos árabes, o que os EUA fizeram? Fomentaram o desenvolvimento dessa seita Talibã, que hoje virou o monstrinho que é. Portanto, estão combatendo uma coisa que eles mesmos criaram. (E só uma criança de 5 anos é capaz de acreditar que isso é por motivos humanitários).

Alguém tem que dar essa informação para o idiota do David Coimbra.

Schlomo disse...

Ele sabe, anônimo. Mas é pago para fazer de conta que não sabe.

claudia cardoso disse...

Como bem escreveu o anônimo das 16:49, EUA venderam armas aos talibãs [na época os "amigos mujahidins" - combatentes] para combater os soviéticos, e sabendo a que tipo de seita religiosa estavam ligados.
Aliás, os EUA costumam se aliar com o que há de pior em cada sociedade, é só fazer um levantamento...

giovani montagner disse...

carlos, nem de futebol ele entende, como a maioria por lá é palpiteiro.
alguns dias atrás ele teria feito uma excelente defesa do imperialismo, poderia escolher a data, ou dia 06.08 ou 09.08. mostrar com clareza o conceito humanista por trás do lançamento de uma bomba atômica seria uma enorme contribuição para os imperialistas.

@ZKOliva disse...

Cheguei a esboçar um texto aqui, mas não vale a pena. Este indivíduo é um dos maiores idiotas que já passaram pelas páginas da ZH. E olha que, em se tratando de ZH, a disputa é grande. Este chimpanzé lobotomizado é uma vergonha para os gaúchos, bem como aquela ameba em coma que atende pelo nome de Paulo Santana.

Remindo disse...

Lendo a crônica me passou duas impressões, que se a moça fosse feia a falta do nariz estaria justificada e a outra foi, bombardeiem e torturem americanos. Só estranhei que a moça não estivesse só de calcinhas como é habitual na sua coluna.

Anônimo disse...

de futebol tb. não entende osta nenhuma.

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