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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A política internacional de Serra é a mesma de Sarah Palin


Serra faz campanha em Washington?

O que José Serra tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, "eleito" sob uma ditadura.

Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela "abriga" as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.

Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.

A única "prova" de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.

Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito da mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas - organização [estatal] que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.

Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.

Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico - deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor -, a estratégia "Serra Palin" faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.

O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.

Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.

Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o "quintal" dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.

Artigo do economista estadunidense Mark Weisbrot, que escreve artigos regularmente para o The Guardian e The Nation. Com Tariq Ali e Oliver Stone ele escreveu o roteiro do documentário de Stone, South of the Border, sobre os governos progressistas da América do Sul. Publicado hoje na Folha.

10 comentários:

Anônimo disse...

Não conheço a política internacional do Serra. Mas conhecendo o Serra acredito que ao menos ele não apoiará ditadores, principalmente aqueles que apedrejam mulheres apenas porque tiveram relações sexuas após a morte do marido, nem daqueles que mandam suas brigadas calar a pauladas seus opositores.

Anônimo disse...

Essa hist´poria da mulher é mais um factóide, criado para iludir os tolos. Vi ontem no jornal da Band, que um dos amantes da mulher é acusado de matar o marido dela. E agora José? Já pensou se o Irã ou qualquer outro país viesse dar pitaco nos milhares de crimes que se cometem por aqui???

Carlos Eduardo da Maia disse...

Estou quase "marinando", mas um dos motivos pelos quais eu pretendo votar no Serra é exatamente a política internacional. Acho que o Brasil tem de modificar sua política externa e não ser parceiros de ditaduras ou pseudo ditaduras do tipo que apedrejam mulheres infiéis.

Anônimo disse...

Claro, Mala, deve ser parceiro de países que roubam outros, invadem sem respeitar o direito internacional nem resoluções da ONU, colonizam terras de outros, derrubam presidentes eleitos democraticamente, aplicam no exterior critérios que não querem para si, etc. Antes de Lula, o Brasil não era parceiro de ninguém, era capacho, o cocô do cavalo do bandido. Agora existe na arena internacional. Tem muitos ajustes a fazer, claro, mas está no rumo certo. E, pleo desejo democrático dos eleitores, vai continuar.

GUERRILHEIROS VIRTU@IS disse...

Pelo q conheço da atual situação de Serra não é em Washington e sim no Alaska que irá fazer campanha!

Nelson disse...

Isso, isso, isso. Como diria o Chaves (assim, com s e não com z e sem o acento agudo no a).
O Brasil tem é que ser parceiro e amigo das democracias. Aquela, por exempo, considerada por muitos como o exemplo a ser seguido.
A democracia que despejou 4,5 milhões de toneladas de bombas e dezenas de milhões de litros de agente laranja sobre um pequeno país asiático e que mandou para o cemitério 3 milhões de habitantes desse mesmo país, sem falar nos milhões que continuam a sofrer os impactos danosos da exposição a tantos venenos.
A democracia que já provocou a morte de mais de 1,2 milhões de iraquianos, o despejo de seus lares de outros 4 milhões, mais de um milhão de viúvas e quase três milhões de órfãos com sua invasão/ocupação que completou 7 anos em março e que fez disparar a incidência de casos de câncer, de tumores vários e de nascimentos com má-formação no país árabe por conta do urânio empobrecido contido na munição de seus armamentos.

guima disse...

madame Palin dá um caldo, dos gordos

jogos da memoria disse...

e as bombas atômicas no Japão, que mataram milhares de inocentes em segundos? Como já dizia o Michael Jackson: " all i wanna say is that they dont really care about us".

entenda-se o "us" como o povo, inclusive o deles, que também paga o preço, se for necessário.

Anônimo disse...

a sarah palin não parece mal de tudo...

Anônimo disse...

sarah palin não é de todo má, afinal. quem dentre as nossas...vou parar por aqui, minha mulher comprou um rolo de macarrão novo...nem mesmo de madeira é mas de um desses minerais pesados...

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