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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Jornal Zero Hora acusa o golpe


E agora, José?

Batido pela realidade, o jornal Zero Hora, edição de hoje, obrigou-se a - finalmente - estampar a notícia da condenação da montadora Ford, que deverá indenizar os cofres estaduais com cerca de 134 milhões de reais, não corrigidos. Se corrigidos, os valores da indenização alcançarão a cifra de 1,5 bilhão de reais, mais de 30 dias de arrecadação do ICMS.

O diário da Igreja Universal do Reino de Deus, Correio do Povo, foi mais pragmático: deu a notícia, "esqueceu" de citar a fonte que a divulgou em primeira mão - o jornal eletrônico Sul 21, através da repórter Clarissa Pont -, e apenas comentou aspectos técnicos da sentença judicial lavrada em 15 de dezembro de 2009.

Nem o jornal Zero Hora, nem o Correio do Povo, informam o motivo ou mesmo as suspeitas de terem sido furados por uma publicação web que existe a menos de um mês, tripulada por uma redação reduzidíssima e que não conta com nenhum dos anunciantes tradicionais do estado e do país.

ZH, ao dar a notícia, tratou de logo identificar que a editora-chefe do veículo que deu o furo da condenação da Ford é uma antiga assessora de imprensa do pré-candidato petista ao Piratini. A intenção evidente é a de - desde pronto - insinuar supostas manobras petistas para reacender uma velha polêmica político-eleitoral no estado, desta vez em favor do PT e seus candidatos proporcionais e majoritários.

A coluna da abelhinha-operária da família Sirotsky exala o perfume do ressentimento. A manchete já alerta, e dá a palavra de ordem às milícias eleitorais da direita: "Discurso para o PT". Jamais é cogitado sobre o erro ou acerto da sentença judicial que condena a Ford. Só falta suspeitar que a juíza que exarou a sentença seja uma antiga militante do Partido dos Trabalhadores, tamanha é a preocupação em desfazer a agudeza dos fatos.

Mas um pequeno box no alto da página (fac-símile acima) é imbatível pelo cinismo: cobra do governo yedista e do PT, o fato de não terem sabido (e divulgado) antes a notícia da condenação da Ford.

Afinal, quem é mesmo "a fonte da informação"? - conforme apregoa a propaganda da RBS acerca dos seus próprios veículos.

A direita está doída porque lhe foi subtraído o coração e o pulmão da sua indigente retórica de poder. Nos últimos anos, nunca tiveram um projeto bem estruturado e consistente para o Rio Grande do Sul. Viviam dos rendimentos espúrios da nova versão do anticomunismo, o antipetismo, cujo principal lema político era uma frase sebosa e ao mesmo tempo mentirosa: "derrote o PT, que mandou a Ford embora".

Resta-nos repetir Drummond: E agora, José?/A festa acabou/a luz apagou/o povo sumiu/a noite esfriou/e agora, José Fogaça?

11 comentários:

marcelo disse...

perfeita análise. O anti-petismo, essa espécie de ideologia anti-social, teve nessa história o seu principal argumento. A nossa classe-média levou o prêmio de abacaxi do milênio ao eleger a Sra. Yeda, baseada numa mentira.

Leandro Bierhals disse...

Usando uma expressão extremamente técnica do vocabulário da ciência política: Bingo!!!

Anônimo disse...

Olá Feil. Sugestão de video com a musica Vou deitar e rolar cantada pela Elis Regina após o post sobre a Ford.. Abraços Marcelo Job

Anônimo disse...

Ao fundo do cenário o Bigode sereno esboço um modesto sorriso e a direita raivosa destila o ódio.

Anônimo disse...

É só que o Zeca se foi, com isto atravessado na goela, e no curriculum.

Anônimo disse...

O vestido da mentira sempre é curto, até para atrair mais clientes, e por isto a RBS está com a bunda de fora.

Vergonha?! Que mal tem, se pagar bem.

Enquanto isso foram duas eleições de pura enganação. E como dizia a lei aquela: tem de levar vantagem em tudo...

Claudio dode

Anônimo disse...

Bem feito para esses jornalistas lambe-botas. Coitados!

Anônimo disse...

ontem quando foi dar a notícia, o Felipe Vieira, disse que o Secretário José Luiz, deveria dar entrevistas sobre o assunto, e não o Raul Pnte, que darioa entrevista como presidente do partido. Mas aí começou a chuver mensagem pra ele, dizendo que o Zeca tinha morrido a mais de 1 ano. Isto me faz pensar quem são os¨formadores de opiniãò, se quer tem informção.

Gustavo Schirmer disse...

"(...) o PT, maior interessado, (...)"
Ela NÃO ENTENDEU NADA, ou tem algum problema muito sério. Falamos em uma quantia fabulosa para os cofres do estado -- em franca decadência social, política e econômica e perdendo o bonde do crescimento do resto do Brasil -- e a comentarista só consegue argumentar com essa mentalidadezinha Grenal??? É de se crer mesmo que o grupelho no poder, seus apparatchiks e a nomenklatura vão jogar contra, olho neles.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Se o Brasil quer ser mesmo um país sério suas autoridades devem respeitar os contratos realizados. Por outro lado, vige no Brasil -- e essa é uma evolução -- o princípio universal da função social dos contratos.
Esses princípios -- os contratos devem ser respeitados e eles têm função social -- é que devem ser confrontados numa ação judicial.

A função do Juiz, diante da causa que ele está a decidir, é ponderar, mitigar, verificar na situação concreta e tendo em vista os argumentos da parte, quem tem razão.

Chama a atenção -- diante desse contexto -- a sentença proferida pela Juíza de Porto Alegre que julgou procedente ação promovida pelo Estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2000, contra a Ford. O motivo da ação: prejuízos materiais pela quebra do contrato.

O contrato foi feito, discutido, formatado e assinado no apagar das luzes do governo Britto.
E, então, o Senhor Olívio - não venderei um parafuso do erário público - Dutra toma ganha as eleições com diferença de 1% dos votos e toma posse.

E o que ele faz? Quer rediscutir um contrato feito há dois ou três meses?

Rediscutir o quê, cara pálida? O contrato fora assinado três meses antes. Que argumentos razoáveis e sensatos se utilizou o Estado para não efetuar o pagamento da parcela que se comprometeu? A mudança de governo? Outras prioridades políticas? O dinheiro estava em conta vinculada ao contrato e fora arrecadado tendo em vista as desestatizações da CRT e CEEE. A Assembléia Legislativa aprovou o acordo. No mais, não tem o que discutir, tem de cumprir, tem de efetuar o pagamento comprometido. A obrigação a ser cumprida estava nas mãos do Estado.

Quem quebrou o contrato foi o Estado do Rio Grande do Sul. E a Juíza - servidora pública desse mesmo estado - diz que foi a Ford que quebrou o contrato que, do ponto de vista social, estava perfeito: a montadora iria desembarcar no Rio Grande do Sul gerar zilhões de empregos diretos e indiretos para os trabalhadores, o capital circularia, os impostos devidos seriam depositados no caixa do Estado.

Aliás, a peculiaridade do caso é que a sentença parece ofender dois princípios preponderantes do direito moderno: o do cumprimento do contrato e de sua função social. Inacreditável.

Ora, pombas, a Ford não tinha nenhum motivo para quebrar contrato discutido, formatado e celebrado três meses antes. A medida provisória de FHC, incentivando o nordeste a ter montadoras, foi assinada 9 meses depois.

A necessária alternância no poder não é motivo jurídico para quebrar contratos. A v. sentença parece confundir argumentos políticos com jurídicos. Nas demandas judiciais, os princípios balizadores do direito, os argumentos jurídicos, os pactos celebrados devem sempre prevalecer.

Anônimo disse...

Olha que apareceu o senhor das trevas para defender os negócios sempre suspeitos dos governos da direita.

Quando a Ford rompeu o contrato, mentirosamente os meios de comunicação (PIG) forçaram a barra para jogar, dentro da disputa politica, a culpa nas costas do Governo Olivio.

Agora a justiça tira a mascara dos hipócritas e põe as claras: A Ford rompeu o contrato. Mas eles querem ainda sustentar a mentira.

Tinha motivos sim, seu Maia, com a ajuda dos tucanos, motivados pela vitória do Governador Olivio, votaram a toque de caixa, incentivos para o nordeste que propiciou a Bahia de ACM (aquele que junto com o tucano Arruda teve de renunciar para não perder direitos políticos, já que vergnha nunca tiveram) oferecer mais. E nesta relação, assemelhada a prostituição, a Ford foi para onde pagavam mais. Só isto.

Parem que a mentira foi desmascarada. A Ford não está aí para dar emprego, está aí para dar lucro para os acionistas. Os empregos que gera são "ossos do oficio".

Acabou. A mentira da Ford acabou. Maia vai arrumar outras mentiras, pois só com esta vai ser difícil eleger o José Chirico, ou a Yeda Aracruzius.

Claudio Dode

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