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quinta-feira, 24 de junho de 2010
A partir de agora você vai comer arroz transgênico, queira ou não
É o que está determinando a CTNBio, e sem ser avisado pelo rótulo no produto
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deve votar hoje ainda a liberação do plantio comercial do arroz transgênico Liberty Link da empresa alemã Bayer. Se aprovada, o Brasil será o primeiro país do mundo a permitir o plantio e comercialização de arroz geneticamente modificado.
O Liberty Link é herbicida de princípio ativo glufosinato de amônio e tem nome comercial Basta ou Finale (ambos da Bayer). Estudos mostram que o glufosinado é nocivo à saúde humana. Para matar as ervas daninhas, o agrotóxico é jogado sobre a lavoura, envenenando o arroz.
O integrante da Via Campesina, Frei Sérgio Görgen, teme essa medida. Ele explica que experiências anteriores já mostraram que os transgênicos são prejudiciais para a população e para o meio ambiente. “O uso de agrotóxicos aumentou depois que os transgênicos entraram no Brasil. Agora querem, com a liberação do arroz, continuar envenenando o meio ambiente e nosso corpo. Devem existir coisas sérias na calada da noite para insistirem nessa liberação. Todo mundo está vendo que isso é crônica de um desastre anunciado” - diz Sérgio.
O Brasil é o país no mundo que mais utiliza agrotóxicos em suas lavouras. Na última safra, o país utilizou mais de 1 milhão de toneladas. A Bayer é a empresa que mais vende agrotóxicos no Brasil e com a liberação do arroz, deve aumentar seu mercado. Para Frei Sérgio, o caso não está sendo tratado com seriedade pela CTNBio.
“Isto é uma desgraça. Uma coisa séria dessa deveria ser tratada com mais cuidado, precaução e seriedade, coisa que não está sendo feita. A CTNBio tem que guardar as atas de suas reuniões para no futuro, mostrar para a população quem está colocando essa desgraça no nosso território.” A informação é da Agência Notícias do Planalto.
...............................
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, é uma instância colegiada multidisciplinar criada em 2005, pelo Governo Federal.
Sua finalidade é prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança.
Biossegurança?
A rigor, a CTNBio está capturada pelas grandes empresas internacionais de sementes e grãos. Contribui para a insegurança alimentar do brasileiro, e não para a segurança alimentar do brasileiro.
Por que ainda não foi exigido dos grandes produtores de óleo e grãos que as embalagens dos produtos transgênicos contenham a letra T, como forma de avisar o consumidor sobre o risco que corre?
Ora, porque a CTNBio não está aí para fazer esse papel. Seu papel, sim, é facilitar a vida comercial dos grandes produtores de alimentos industrializados - venenosos e não venenosos.
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2 comentários:
Bayer retira arroz modificado da pauta da CTNBio
24 de junho de 2010 - 09:55h
Autor: Valor Econômico
A Bayer CropScience comunicou ontem a retirada temporária de seu arroz geneticamente modificado "LibertyLink" da pauta de discussões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em Brasília. Em nota, a multinacional alemã informou que pretende "ampliar o diálogo" com o setor produtivo.
A decisão é uma resposta à polêmica criada com a possibilidade de aprovação do primeiro arroz transgênico no Brasil, que desde o mês passado tem levantado críticas de especialistas sobre a segurança alimentar da nova variedade e dúvidas entre produtores sobre a aceitação do cereal no mercado internacional.
Joga luz também sobre a dificuldade que produtos transgênicos direcionados ao consumo humano enfrentam. Em 2004, a americana Monsanto abandonou as pesquisas com trigo após consultas com compradores no mercado internacional revelarem que eles não tinham intenção de comprar o alimento transgênico.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, "a Bayer CropSciente está empenhada não apenas em obter o apoio de parceiros no processo de aprovação, incluindo os produtores, mas em obter a aceitação ampla do mercado antes de comercializar o LibertyLink". A tecnologia dá resistência ao herbicida glufosinato de amônio, que controla pragas daninhas nas plantações.
"É um direito deles, paciência", disse Edilson Paiva, presidente da CTNBio. "Eles alegaram que precisam de tempo para informar melhor seus possíveis clientes". De acordo com Paiva, o processo do arroz transgênico da empresa, apresentado em 2003, caminhava para a aprovação.
Para o Greenpeace, foi uma boa notícia. "A Bayer fez estudos toxicológicos em frangos, que não digerem arroz. Eram estudos que não falavam muito", afirma Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos no país.
A variedade recebeu sinal verde nos EUA, mas a contaminação de uma carga para a Europa de grão convencional pelo transgênico levou à proibição de embarques do produto americano, provocando prejuízos vultosos ao país. Recentemente, a China emitiu um certificado de biossegurança de uma variedade desenvolvida no país, e espera-se que a comercialização do produto comece em até três anos.
No Brasil, a tecnologia suscitou temores até mesmo dentro da Embrapa, com o alerta de um pesquisador para o dano potencial de contaminação de espécies convencionais e selvagens.
Produtores do Rio Grande do Sul também manifestaram desinteresse pela variedade, temendo fechar janelas no exterior. Tradicionalmente, os arrozeiros brasileiros voltam-se aos mercado internacional para sustentar os preços internos. Essa possibilidade poderia ser anulada já que a Europa é arredia a transgênicos. Em 2009, o Brasil exportou 1 milhão de toneladas do cereal.
Não é bem a garantia da Biossegurança à população brasileira a função que tem exercido a CTNBio, mas a segurança às mega empresas da agricultura e da química de que seus investimentos - não raro feitos às custas de fartos subsídios públicos -, retornarão, em pouco tempo e com pouco esforço, na forma de vultosos e crescentes lucros.
É um dos grandes legados do maravilhoso mundo neoliberal e seu "deus" Mercado.
Pode-se dizer que a CTNBio faz na área agrícola/alimentar o mesmo que as chamadas agências reguladoras fazem nas áreas da energia, da telefonia e outras.
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