Para compensar, está determinando um novo recadastramento eleitoral e foto no título
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou ontem projeto que determina que os títulos de eleitor devem conter foto e impressão digital. A proposta também determina o recadastramento de todos eleitores brasileiros no prazo de dois anos após a sanção da lei. Pelo projeto, durante o recadastramento todos os títulos deverão ser substituídos pelo novo modelo.
O projeto será agora encaminhado à apreciação do plenário da Câmara e se for aprovado seguirá para votação no Senado Federal. A proposta determina também que no título deverão constar dados de identificação como data de nascimento, filiação, número do CPF e da carteira de identidade. A informação é da Agência Brasil.
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É hilário e trágico, ao mesmo tempo. O País precisando de uma radical reforma política e a Câmara de Deputados aprovando mudanças no penteado da perua. Por que mudar o formato do título de eleitor? Por que submeter os brasileiros a uma penosa (e onerosa) mobilização nacional para proceder um novo recadastramento?
Isso não tem relevância alguma, convenhamos. Certamente uma modificação estimulada por algum fornecedor de equipamento de confecção de cédulas de identidade ou algo do gênero. Alguém irá tirar vantagem dessa tolice, aparentemente sem sentido.
O Brasil vai este ano, para mais uma eleição geral, onde cerca de 135 milhões de brasileiros estarão aptos a eleger parlamentares e chefes do Executivo, e no entanto vamos fazê-lo com regras eleitorais arcaicas e que propiciam deformações na representação popular saída das urnas.
Cito apenas uma deformação: o voto nominal no indivíduo e não em programas políticos e plataformas administrativas que tenham sido objeto de debate popular intenso.
O voto no Zé das Couves ao invés do voto num corpo programático conhecido e reconhecido pelo cidadão é um processo viciado que não conduz a mais democracia. Conduz sim à facilidades para que o Zé das Couves tenha sua consciência comprada pelos lobbyes das grandes empresas e dos monopólios econômicos que controlam a nossa sociedade de mercado.
Grande parte da Câmara e do Senado, hoje, está loteado na defesa dos bancos, das empreiteiras, das papeleiras, do agronegócio, das sementeiras internacionais, das montadoras de automóveis, da indústria farmaceutica, etc. Defender o interesse republicano dos eleitores que os escolheram é o último item da agenda de grande parte dos nossos parlamentares.
Enquanto, isso vamos para um novo recadastramento eleitoral.
Enquanto, isso vamos para um novo recadastramento eleitoral.
Um comentário:
A Dep. Luiza Erundina disse, em conversa na semana passada, que o Legislativo, a cada eleição, fica cada vez pior. Veremos se os blogues políticos conseguirão mudar esse quadro, quer dizer, ao denunciar essa política que beneficia Zé das Couves [ótimo!], provoque alguma reação positiva para quem lê esse tipo de mídia. Como afirmou Ciro Gomes em entrevista para a TV, não bastaria elegê-lo, mas seria necessário votar em base parlamentar que sustentasse seu governo, senão, teria que fazer alianças com que fosse eleito para poder governar. Ou seja, o povo precisa ser protagonista de um legislativo mais preicupado com o bem comum, não apenas com o seu próprio bolso.
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