José Serra é tão higienista quanto Carlos Lacerda

Mas por enquanto ainda não está eliminando os mendigos, só espantando

O padre Júlio Lancellotti, ativista ligado à população em situação de rua, acusa o pré-candidato à presidência da República, José Serra, de ser um dos pais do higienismo na cidade de São Paulo. Políticas que retiram moradores de rua com recursos como rampas antimendigo.

"O José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo", disse Lancellotti. "O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade", criticou. Ele lembrou que, além de construir rampas com piso que impedia que alguém permanecesse sentado ou deitado no local, instalou-se um regime de perseguição à pessoas que vivem nas ruas.

"Agentes da Prefeitura começaram a perseguir o povo da rua, jogar água em cima deles. Era uma ação corriqueira, cotidiana. Depois teve aquele banco feito para a pessoa de rua ficar só sentada. Várias entidades denunciaram o descaso, as aberrações", critica.

Ele afirma ainda que o PSDB têm, como padrão, reagir a críticas de modo pouco democrático. "Como todo expoente do PSDB, sua especialidade é a desqualificação do interlocutor. Eles são doutorados nesse assunto. É interessante que essa violência para desqualificar o interlocutor seja uma característica do pessoal do PSDB", criticou.

Para Lancellotti, o discuros tucano é "teatral" ao se apropriar de ideias pretensamente "humanistas". A informação é da Rede Brasil Atual.

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Observa-se que a direita brasileira ficou - vamos dizer assim - "menos desumana" com relação ao método de tratamento de mendigos e sem-tetos das grandes cidades.

Hoje, eles apenas jogam bacias de água nos moradores de rua (alguns jovens de classe média radicalizam com o fogo), mas quando Carlos Lacerda (o "Corvo") foi governador do antigo estado da Guanabara (1960-65) a solução era de extermínio mesmo.

Havia uma brigada policial responsável por recolher os mendigos, imobilizá-los e jogá-los do alto de uma ponte no rio da Guarda, para que morressem afogados e deixassem de constituir desconforto para a consciência pesada da classe média lacerdista, além de desorganizarem a estética da paisagem urbana carioca. Mas há controvérsias: não se sabe se os párias de Lacerda eram assassinados antes ou se eram jogados vivos nas águas profundas do rio fluminense.