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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

RBS serrista já está em plena campanha eleitoral


Enquanto Serra "expõe cotidiano", Dilma se oculta na blindagem, segundo ZH

Se o jornal Zero Hora estampar um editorial proclamando o seu apoio ao candidato da direita José Serra à presidência da Republica em 2010 nós aplaudiremos. O que não pode é fazer campanha eleitoral a favor de Serra - e contra a pré-candidata Dilma - ocultando a condição de cabo eleitoral serrista e passando uma imagem de neutralidade e equidistância política.

A edição de hoje é flagrante. Zero Hora afirma que Dilma será blindada pelo Planalto. Mas não informa qual o motivo da sugerida proteção à ministra-chefe da Casa Civil. Que falta grave, ou mesmo crime, teria cometido Dilma para exigir tantos cuidados extras do governo federal?

Já o governador José Serra (PSDB) é objeto dos maiores elogios. Serra - segundo ZH - faz sucesso na internet. Imaginem, mais de 73 mil seguidores no seu microblog da web.

Enquanto Serra "expõe cotidiano" no microblog (como isso é feito, não é informado), Dilma se oculta - segundo o jornal da RBS, o principal sustentáculo do governo-pântano instalado no Palácio Piratini, não por acaso do mesmo partido do governador José Serra.

Surpreende que os editores de ZH não tenham ilustrado a matéria com uma fotografia do governador tucano. Talvez tenham evitado para não ficar parecendo que aderiram à candidatura serrista. Pegaria mal...

12 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente contigo. Se a ZH assumisse claramente sua posição, com um editorial em favor de Serra, eu também aplaudiria. Afinal, se trataria de uma posição honesta. Agora, ficar posando de imparcial e "sem cor partidária", como adoram dizer, e fazendo esse tipo de campanha descarada, é de uma canalhice própria dos partidos do PIG.

Alice Mann disse...

A eleição que reelegeu Lula demonstrou que o eleitorado brasileiro aprendeu diferenciar entre um Projeto Político para o Brasil e os Factóides da PIG da Cental de Difamação e Calúnia dos Antidemocráticos do PSDB,DEMOS, etc. etc.

Hélio Sassen Paz disse...

A função mais importante do Twitter é disseminar manchetes e endereços de sites para as pessoas que te seguem. No meu caso, prefiro acompanhar um monte de twitteiros que falam sobre política, esporte e sustentabilidade com um viés de esquerda do que blogar.

No Twitter, tenho muito mais contato com uma rede social bem diferente daquela formada pelos links recomendados no meu blog (blogroll) e não oriento minhas escolhas de informação pela agenda da mídia corporativa.

Dependendo de quantos te seguem, quantos tu segues e - mais importante - A QUEM tu segues, pode multiplicar a audiência do teu blog.

No caso do Serra (já o segui apenas pra tirar uma febre), ele só diz "fui em tal lugar. Discutimos, isso e aquilo" ou, então "Fui até Pindamonhangaba inaugurar a escola tal"... Enfim, não tem valor nenhum de multiplicação, de crítica, de formação de opinião: Serra usa o Twitter como um contraproducente serviço de relações Públicas.

[]'s,
Hélio

Anônimo disse...

Pois é... Será que se deve dar tanta importancia a essa fina flor do PIG gaúcho? Afinal, não era ela interessada no espólio do Estaleiro So? Seus tambores defendiam o que a população estrondosamente optou pelo contrário. Fiquei sabendo também que essa coisa zh está dando gratuitamente nas segundas-feiras aqueles que assinaram sua gazeta só para sábados e domingos. Acho que estamos assintindo um maravilhoso começo.
Carlos

Norberto disse...

Hélio, não te parece que o tuíter é um instrumento da direita?
Como comunicar em 140 palavras? Essa fragmentação é própria da não comunicação. Onde o conceito não tem vez, só a tagarelice e a abobrinha. "O meio é a mensagem" como dizia o canadense McLuhan.

Anônimo disse...

A RBS não pode assumir de frente a candidatura do Serra pois contraria a sua estratégia que é a dissimulação.

A dissimulação pode ser para esconder alguma colheita que possa fazer por traz da desgastada imagem de neutro, pela frente e por traz.

Claudio Dode

Hélio Sassen Paz disse...

Norberto,

O pensmento moderno de compartimentar a vida (lugar e hora de comer, de trabalhar e de se divertir - todos diferentes) acabou se naturalizando. Com a internet, as ferramentas de CMC (Comunicação Mediada por Computador) tem diferentes apropriações que são todas complementares - e são amalgamadas com a mídia de massa.

Após a digitalização dos suportes da informação: o que é TV? O que é rádio? O que é revista? Tudo isso pode ser encontrado dentro de um blog.

O que muda tudo é a ubiquidade (estar em um lugar é estar em todos ao mesmo tempo) e a colaboração, isto é, aquela informação é apropriada de diferentes maneiras, reelaborada e republicada.

A militância antiga costuma pensar que o jovem é egoísta e alienado e crê na democracia representativa e no estado democrático de direito à brasileira.

A mídia de massa é menos importante do que já foi. As mídias digitais são mídias sociais: quando ocorre o desapego momentâneo do tempo e do espaço no momento de compartilhar a informação e de estabelecer conversações remotas de diversos níveis (síncronas como no MSN ou no Skype; assíncronas como em um blog que aceita comentários ou no Twitter), não estamos nos desprendendo do mundo presencial mas, sim, partilhando de um ambiente digital que permite uma série de trocas que ocorrem de forma diferente nas interações face a face.

O mesmo MacLuhan cuja frase mais clássica citaste (o meio é a mensagem) tem um livro ainda melhor e mais atual do que o que originou essa frase, chamado OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM. Dessa premissa baseada na eletricidade e não no computador ou na digitalização da informação, Pierre Lèvy e Domenico De Masi hoje falam em inteligência coletiva:

- O meu cérebro é o teu cérebro, o cérebro do Feil, o cérebro dos autores que a gente lê e comenta por aqui e o cérebro dos FDPs que produziram as matérias dessas páginas de jornal que o nosso sociólogo e blogueiro escaneia para todos comentarmos aqui.

A apropriação e a forma como se reelabora essa informação é mais importante do que o letramento. Creio que a produção de qualquer aparato tecnológico segue a visão desenvolvimentista relacionada ao contexto socioeconomico do lugar e da época. No entanto, hoje, a dissociação entre tempo e espaço proporcionada pela ubiquidade e pela velocidade da informação é mais determinada do que determinante do uso da técnica.

Repito o que já escrevi em vários lugares: a mídia de massa é hegemônica, é concentrada, produz uma série de ilegalidades e não cumpre com o papel social do direito à informação. Mesmo em países altamente conectados, ricos e com baixo índice de pobreza, não é todo mundo que vai aderir à internet. Todavia, o que conta mais é a classe média urbana, pois ela já é maioria.

CONTINUA...

Hélio Sassen Paz disse...

...Essa classe média urbana prefere montar quebra-cabeças de peças relativamente fáceis de encontrar com os encaixes mais ou menos ordenados. Ela vive sob a linguagem da mídia: ela conhece as deixas simbólicas, intui mentalmente os processos de narrativa e edição. É por isso que é tão fácil subir um vídeo para o You Tube ou baixar uma música.

Se estamos em uma sociedade consumista e conectada, tudo é descentralizado. Logo, não cabe mais tentar evangelizar, doutrinar ideologicamente. Ao mesmo tempo, a falta de participação ocorre mais por uma omissão geral acerca da linguagem adequada para falar com esta geração do que pelas distorções da mídia de massa.

O Brasil ainda está muito atrasado no uso da blogosfera como um suporte de bombardeio constante das contradições políticas, sociais e econômicas capazes de fazer com que as pessoas se mobilizem no ambiente online para intervir diretamente no offline. As coisas acontecem, só que lentamente.

As ações precisam ser desierarquizadas, horizontalizadas, buscando envolver a todos a partir do compartilhamento, da economia do mérito (quanto mais eu dou, mais eu ganho). Isso mobiliza a gurizada. Obama fez isso.

Portanto, o sistema não é efetivamente nem de direita nem de esquerda: depende de quem se apropria dele, como, quando, aonde e por que. Porém, as ações são pontuais e não massivas.

Hoje, as pessoas não querem, não podem e sequer precisam se mobilizar sempre da mesma maneira. Nem tampouco precisam participar de todas as causas ao mesmo tempo. E elas não precisam de um chefe nem de uma institucionalização qualquer pra resistirem a favor de uma demanda pontual.

A MULTIDÃO faz volume em ondas: ora interessa participar, ora não. E também não é luta mas, sim, RESISTÊNCIA. Afinal de contas, se luta para agredir, para chocar. Às vezes, é necessário. E eu concordo que a mídia corporativa agride e precisa ser combatida. No entanto, o poder, seja de esquerda, seja de direita, assim que sai da periferia para se tornar hegemônico, torna-se totalitário e excludente.

Se a esquerda partidária ortodoxa tivesse dinheiro e fosse inteligente para estabelecer redes sociais com quem não pensa 100% como ela, tenho a mais absoluta certeza de que faria tudo igualzinho à direita: clientelismo, corporativismo e concentração dos meios nas mãos de poucos.

[]'s,
Hélio

Klaus disse...

Não adianta atacar apenas a RBS! O Correio do Povo está junto nessa campanha, faz muito tempo!

Leia a edição dehoje e verás matéria parecida!

Há tempos, primeiro com Rigotto e agora com Fogaça, o Correio adotou uma linha editorial "complicada".

ACORDA ESQUERDA GAÚCHA!

Verinha disse...

A estratégia da Zero Hora é atacar veladamente as esquerdas e todo e qualquer movimento de origem popular, procurando gerar descrédito, isso, mesmo veladamente, é ataque. Portanto, Claudio Dode, não é dissimulação. Dissimular tá mais pra diversionista do que atitude de confronto que é o que ZH tem feito diariamente. Basta se ter um pouquinho de visão estratégica que isso fica claro. Mas, sob o ponto de vista da falta de ética e vergonha, sem dúvida, são muito dissimulados. Aliás, como todo profeta do apocalipse.

Anônimo disse...

O Correio do Povo publicou hoje a mesma manchete com relação a Dilma, não dá para levar ninguem pra cumpadre. vander

Anônimo disse...

Verinha,

Concordo plenamente contigo: qualquer coisa que tenha um viés popular vai sofrer ataques ferozes da PBRS.

A dissimulação que me refiro é com relação ao Serra e caterva. Ela se coloca como se fosse uma coisa neutra sem interesse nas manifestações que produz para alavancar a direita.

Claudio Dode

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