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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mais de metade da população depende dos cofres públicos



A situação é muito precária e pode retroceder com uma volta do conservadorismo ao poder formal

A população brasileira está cada dia mais dependente dos cofres públicos para movimentar a economia, o que explica em parte o bom comportamento do consumo nos últimos meses, segundo revelou sexta-feira passada (7/8) a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli.

De acordo com suas contas, são 11,6 milhões de brasileiros cadastrados no programa Bolsa Família, mais 26,6 milhões de aposentados e pensionistas e cerca de 10 milhões de funcionários públicos nos três níveis de governo.

Ela supõe que uma família média é composta por quatro pessoas, no caso do Bolsa Família, o funcionalismo público atende em média a duas pessoas e os aposentados e pensionistas contam por uma pessoa apenas, num cálculo conservador.

Numa estimativa grosso modo, isso dá em torno de 93 milhões de pessoas, ou mais de 50% da população brasileira, que recebem renda diretamente do governo, segundo Maristella. Por essa razão, os indicadores de vendas no varejo passaram praticamente incólumes nos últimos meses, acrescentou.

É, portanto, um contingente significativo da população “imune aos impactos da crise [financeira internacional] sobre a renda e o emprego, e fica mais fácil entender o bom comportamento do consumo recente”, explicou.

A isso, ela adiciona também os diversos estímulos monetários e fiscais que foram dados ao consumo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de veículos e de material de construção; redução dos juros básicos da economia, de 13,75% para 8,75% ao ano, de janeiro para cá; forte atuação dos bancos públicos na concessão de crédito; e os reajustes de salário mínimo e benefícios acima da inflação.

No seu entender, a combinação dessas medidas tende a manter o consumo em trajetória positiva no curto prazo. “Para o longo prazo, no entanto, ficam as preocupações com relação à sustentabilidade dessas políticas do ponto de vista das contas públicas”, ressaltou.

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Essa condição de refém do Estado como vive metade dos brasileiros é uma situação de heteronomia (o contrário de autonomia).

Não se constrói cidadania com heteronomia dos indivíduos. Deve ser – necessariamente – uma situação transitiva, de breve duração.

Isso não é sustentável, nem a médio prazo, porque não constituem direitos definitivamente conquistados. Pode, sim, retroceder a qualquer momento, caso as oligarquias voltem à presidência da República.

Um governo democrático e popular deve promover estratégias políticas e econômicas que superem em definitivo o estágio de heteronomia e provisoriedade das grandes massas. É preciso avançar, revendo e superando o pacto do lulismo de resultados com o capital financeiro do Brasil.

Esse é o ponto estratégico sensível que desafia a futura candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (foto).

Coisas da vida.

6 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Quem são as oligarquias, cara pálida? Dilma, por acaso, não faz parte dela? O PT, por acaso, não faz parte dela? E que interesses têm as oligarquias? A quem interessa a pobreza? O Brasil vai retroceder enquanto governos continuarem a fazer parcerias com o Brasil feudal de Sarney, Collor e Calheiros que hoje se transformaram em tropa de choque do governo do PT. O povo brasileiro tem que ter sim autonomia em relação ao Estado. O ponto estratátigo é que o brasileiro tem que começar a aprender a pescar e esse aprendizado é de interesse de todos. Não existe nesse ponto estratégico divergências. Qualquer governo que virá, seja Dilma, Serra, Marina ou Ciro tem que continuar a política implementada a partir de 1994, de controle da inflação e fiscal, de melhoria no Estado brasileiro, de parceria com a iniciativa privada, para que tudo funcione, sobretudo, para aqueles que necessitam do Estado. E que o serviço público seja de qualidade. A discussão, cara pálida, não é ideológica, mas de gestão do Estado brasileiro.

edu disse...

maia, vai um compasso ai???

Anônimo disse...

Esse Maia é uma parada. Primeiro despeja sem pêjo uma diarréia ideológica. Depois diz que a discussão não é ideológica. O microcéfalo não entendeu que a "discussão" proposta pelo artigo (muito bom) é sobre a transitoriedade das políticas sociais e a necessidade de outro tipo de mecanismos para o medio e longo prazo. Ora bolas!

Anônimo disse...

oligarquia
s. f.
Estado de uma nação em que a preponderância de alguma família dispõe do governo.

Então fica uma pergunta: qual é a família oligárquica da Dilma?

O pseudônimo esqueceu de ir ao dicionário antes de dar o pitaco.

marcelo disse...

Realmente! Ta ai uma pequena e didática introducao pra se debater o governo Lula (ou Dilma...)

Anônimo disse...

O Maia é o pateta de plantão, como sempre...

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