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terça-feira, 22 de junho de 2010
Sem sequer biblioteca, hospital-escola de Porto Alegre abriga capela católica
Hospital de Clínicas, uma instituição federal, vai acabar com privilégio exclusivo da fé católica em suas dependências
Congratulações (mitigadas) à direção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que determinou o fim da capela católica albergada no interior da instituição pública, segundo informação do jornal Zero Hora, de hoje.
O HCPA é um hospital-escola da União federal.
O artigo 19 da Constituição brasileira veda expressamente, a qualquer ente público, "estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público".
Hoje, o Hospital de Clínicas não tem sequer biblioteca, mesmo se tratando de uma instituição de ensino-aprendizado. Ainda assim, abriga, pelo menos até o final de junho, símbolos e ritos religiosos de uma única fé, a católica, em detrimento do variado leque de opções doutrinárias e seitas cultuadas no Brasil.
De qualquer forma, a decisão da direção do HCPA fica pela metade, já que o local da atual capela será ocupado pelo que estão chamando de "Espaço de Espiritualidade", ainda muito informado pela fé religiosa, embora mais ecumênico, sem dúvida. A rigor, no duro mesmo, o artigo 19 da Constituição continua sendo ignorado. A expressão religiosa é uma dimensão exclusiva da esfera privada. Um Estado republicano plural não pode admitir tais manifestações patrocinadas ou protegidas pela esfera pública.
Enquanto isso, os estudantes das ciências médicas e biológicas que fazem a sua prática educacional no HCPA continuarão tendo que se deslocar para a Faculdade de Medicina da UFRGS a fim de frequentar uma biblioteca compatível com as suas exigências letivas.
Fac-símile parcial da contracapa do jornal ZH, de hoje. Foto de Jefferson Botega/ZH
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12 comentários:
Paz e bem!
Há uma biblioteca no Hospital de Clínicas.
Se oração adiantasse alguma coisa, não precisaríamos formar os médicos nesta instituição.
Caro Eugenio,
Antes de redigir este post, eu me preocupei em verificar se ainda havia biblioteca no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Pedi à telefonista da central do HCPA (tel. 51/3359.8000) que me redirecionasse à Biblioteca.
A moça, muito gentil, me informou que "agora a biblioteca está na Faculdade de Medicina, o senhor tem que ligar para a central da Universidade e pedir o ramal da Faculdade".
Agradeci e desliguei o aparelho.
Paz e bem!
Abç.
CF
Não vejo nada de mais em um hospital, mesmo público, ter um espaço reservado a manifestação religiosa. Temos que ter em conta que ali trata se de um local onde muitas vezes o paciente não tem mais nenhuma esperança, a não ser Deus (ou Buda, ou que quer que seja), e creio que esse é um dos direitos do cidadão. O que o estado não pode fazer é apoiar religião "a" ou "b", mas deixar um local aberto para reflexão religiosa, não vejo impedimento.
laico-chatos xiitas
Feil, sua crítica incorre num equívoco por hipérbole.
É fundamental que hospitais tenham espaços religiosos. Digo isso como psicólogo que trabalha num hospital (do SUS, e que não tem estes espaços) a 4 anos. A relação com a morte, para a larga maioria dos espécimies Homo Sapiens, passa e passará sempre pela religiosidade. Negar isso é idealismo.
De resto o poder público pode sim ter espaços religiosos. Cito, na Bahia, dois exemplos: 1) a Capela da Ascensão do Senhor, ecumênica, no Centro Adminsitrativo da Bahia; uma jóia da arquitetura modernista mundial, por João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé; 2) o Conselho dos Obás de Xangô organizado por Mãe Senhora, no Terreiro da Casa Branca (que então batia nas ruínas da Igreja da Barroquinha, centro de Salvador) foi fundamental para formar gerações seguidas de políticos e intelectuais laicos, que alavancaram o estado a proeminência nacional e internacional entre 1947 e 1970; era um espaço religioso.
Eu sou ateu e anti-cristão. E niilista. Mas sou bahiano, e como Jorge Amado sou filho de Oxossi-Bô, e quero que o Corpo de Bombeiros da Bahia continue dando seu lendário Carurú de Iansã todo dia 6 de dezembro, como vem fazendo desde 1808. Carurú pra quem não sabe é um ritual nagô incorporado pelo catolicismo bahiano.
Eu sou ateu, mas sou do Recôncavo: Deus, este Inexistente, me deu a dádiva de experimentar o ecumenismo desde o berço.
Portela, ok, então, biblioteca é uma bobagem pequeno-burguesa, não?
CF
Paz e bem!
CF:
1 De fato
ambos estamos parcialmente corretos
e assim parcialmente errados:
Como a moça te informou
existe uma biblioteca do HCPA
que hoje está fisicamente
junto com a biblioteca da Medicina da UFRGS.
1.1 De minha parte
o engano parcial
ocorreu pq anos atrás
visitei a biblioteca no hospital.
1.2 Neste caso
me parece que há uma união de esforços:
pois em vez de comprarem obras em duplicata
ou assinarem os mesmos periódicos,
atuam em conjunto para fornecerem
uma maior variedade de material.
1.2.1 E para quem não sabe a Faculdade de Medicina da UFRGS,
onde está a biblioteca conjunta,
localiza-se há 50 metros do Hospital de Clínicas,
no mesmo quarteirão.
2 Quanto à capela,
visitei-a meses atrás
e em minha opinião
é esteticamente feia.
O erro da esquerda será sempre essa negação do humano e suas imperfeições, tentanto transformá-lo em coisa que ele não é.
O erro da esquerda é não ser direita, vc quer dizer né anònimo de merda?
Domingo pela manhã sintonizei a TV Brasil, recém inaugurada, e, lá estava a santa missa!
João Manoel
Penso que é muito importante que se tenha num ambiente hospitalar um lugar reservado para que as pessoas possam manter-se conectadas consigo, através do silêncio, da meditação, do choro por uma perda, para se concentrar para fazer o melhor durante o seu dia ou noite de trabalho, isto é o que hoje acontece no local dispensado para a capela do HCPA. Tenho certeza que a Presidencia do HCPA, vai manter um local, ainda mais aconchegante e respeitoso do que esta área que hoje é dispensada para a capela, que como já foi citado e concordo, é uma área muito mal decorada.
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