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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Rio Grande marcha veloz para o passado


Cordialidade e esquecimento

A dama de traços germânicos da foto acima é amiga da governadora Yeda, privam relações de simpatia e amizade imorredoura. O cavalheiro com ar de ho-ho-ho é diretor-geral do Daer. O Daer é o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (esse "Autônomo" é pura retórica, não vá atrás), autarquia (idem) estadual responsável pela gestão do transporte rodoviário do Estado do Rio Grande do Sul, vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Logística.

O diretor-geral do Daer, Vicente de Britto Pereira, recebeu na terça-feira passada (22), às 18h30, em solenidade no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa, a Medalha do Mérito Farroupilha. A honraria máxima do Poder Legislativo foi concedida por proposição do presidente do Legislativo, Giovani Cherini (PDT), em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao Estado. “Queremos homenagear o engenheiro, que desde julho de 2008 desenvolve um grande trabalho à frente da autarquia, voltado à recuperação e manutenção de rodovias no Rio Grande do Sul”, disse Cherini na ocasião solene.

Corte rápido.

No dia 5 de janeiro de 2010, portanto a menos de seis meses, caiu uma ponte no rio Jacuí, município de Agudo (foto). Morreram no desastre - que não foi natural - sete pessoas. Constatou-se que o Daer não fazia inspeção na estrutura da ponte há mais de quatro anos. Houve descaso da direção do Daer, deste mesmo senhor que ora está sendo premiado com a mais alta honraria do Legislativo estadual.

Esse conjunto de fatos conexos ilustra bem aquilo que Sérgio Buarque de Holanda chamou de "mentalidade cordial" nas relações sociais brasileiras. O senhor ho-ho-ho comeu do fruto sem plantar árvore alguma. E o  presidente do Legislativo estadual bebeu o goró do esquecimento.

Desfrutam, portanto, da ética promíscua do familismo e da simpatia com os que monopolizam o poder.

Na disputa entre a esfera da afetividade e a esfera dura da norma, venceu o amiguismo com a governadora. O "mérito" da medalha no peito vem daquilo que Buarque chamou de "viver nos outros", por isso, agora, o mérito vira o seu contrário.

Isso sim que é cultuar as tradições! Relações sociais dos séculos 17, 18, 19, 20, antes da revolução de 1930, em pleno século 21.

O Rio Grande marcha veloz para o passado.

7 comentários:

Stringhini disse...

belíssimo texto, dr. Feil

pa-ra-béns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

o RS cresce como rabo de cavalo

Anônimo disse...

Qual será o segredo dessa figura para ter tantos casos no outono da vida?

Anônimo disse...

Segredo? Inteligência.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Como se na esfera federal, no governo petista, nada disso acontecesse. O Lula criou a ANAC e quem colocou lá? A amiga charuteira de Zé Dirceu. E na administração federal tem muito amiguinho do Sarney, do Barbalho, do Collor, dessas pessoas comprometidas com o pensamento medieval, que refletem o Brasil mais atrasado e alienado que estão -- hoje -- apoiando a Dilma.

Anônimo disse...

Nada mais medieval que um comentário do Maia, tanto do Carlos Eduardo, como o Cesar, como o Rodrigo.

Mas tem uma lógica medieval, e no fundo identidade ideológica, da familia reacionária que recebeu o mimo político e a defesa do Maia.

Só faço repetir o pedido que a população do Rio fez quando do casamento do filho do Cesar casou com a filha de outro político carioca, e que estendo ao Carlos Eduardo Maia:

-Por favor não reproduza.

Gilmar Antonio Crestani disse...

A senhora Lya roubou o sobrenome do Celso e vive da "imparcialidade ativa", enquanto seu atual marido tem o mérito da "atividade passiva" no DAER que provoca mortes. O que devem estar pensando os familiares das vítimas de Agudo a respeito dos "méritos" do "seu" Vicente Britto Pereira?

Anônimo disse...

Onde está o trenó dessa versão carioca do Santa Claus? Um dos hábitos do engenheiro São Nicolau é "solicitar" que sua secretária amarre os cordões dos seus sapatos ... Isso mostra que ele não é muito chegado ao serviço. É só observar o estado das estradas. Ainda bem que só sabe fazer "puxadinhos" rodoviários.No total, fizeram 150 km de estrada (0,1% da malha do RS). Piada.

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