Um dos maiores jornais norte-americanos, The Washington Post, publicou editorial ontem apoiando a candidatura do democrata Barack Obama para presidente.
O jornal diz que tem “grande esperança” na eleição do senador negro de Illinois. O Post foi fundado em 1877, pertence a uma empresa que explora a mídia impressa, televisão a cabo e o sistema educacional privado. Tem atualmente cerca de vinte mil empregados e adota uma linha editorial conservadora, embora tenha tido grandes críticas ao governo de George Bush Junior. Apoiou a invasão e a guerra contra o Iraque.
A atitude independente do Post seria inadmissível no Brasil. Não me refiro a apoiar o menos conservador dos candidatos à Casa Branca, Barack Obama, mas declarar mesmo em editorial de forma direta, clara e com argumentos razoáveis a quem de fato deposita confiança eleitoral.
No Brasil, essa mesma imprensa conservadora jamais ousaria manifestar a sua preferência por qualquer candidato a cargo eletivo. O que não consegue expressar de forma clara e desabrida, o faz de maneira indireta e silenciosa. Porque deseja conservar intacto o mito da neutralidade e da indistinção partidário-ideológica. Um mito mesmo, na acepção mais genuína do termo.
Os jornais brasileiros, na sua totalidade, e de resto tevê e rádio, idem, são uma representação do ideal liberal de imprensa livre. E como representação, uma farsa, que narra a nossa vida social segundo uma visão de mundo particular, arcaica, espetacularizada, e moldada pelas mercadorias que nos rodeiam. Mas sempre insistindo que falam em nome do bem comum e da vontade geral. Os jornais brasileiros – como diria Roland Barthes – não mantêm com o mito uma relação de verdade, mas sim de utilização. Para tanto, forjam a cada dia, em cada página, uma realidade invertida, constatando fatos, reconhecendo valores, mas sempre recusando a explicação. A ordem do mundo midiático brasileiro é suficiente ou indescritível, mas nunca significativa, nunca passível de ser mostrada como ela é.
O curioso em tudo isso é que sendo os Estados Unidos o modelo, o paradigma no qual espelham uma realidade ideal e alcançável para todos, e a nossa imprensa sempre tão macaca para copiar as tendências e o modo de vida norte-americano ainda não tenha lhe ocorrido de copiar esse aspecto saudável da imprensa do Norte: uma mídia que não teme proclamar a seus leitores de que lado (eleitoral) está e porquê.
16 comentários:
Aqui no Brasil a lei eleitoral não permite que um jornalista apoie determinado candidato. A ZH, por exemplo, não pode declarar que apoia o Fogaça. É uma hipocrisia, porque de fato os meios de comunicação apoiam determinados candidatos. Quem está certo, os EUA ou o Brasil? Acho que o veículo de mídia deve sim dizer quem apoia. NO meu depósito eu digo expressamente que apoio o Gabeira e o Obama. Lembro que a Veja apoiou o voto contra o desarmamento e foi muito criticada. Deve a grande mídia declarar expressamente seu apoio a tal candidato, como fez o Washington Post? É um bom tema para se pensar...
p.s. em Canoas o PT sensato vai tomar conta do poder e com o meu apoio.
Maia, a lei brasileira proíbe a campanha eleitoral dos e nos órgãos da mídia, mas o apoio editorial pode.
Lá declaram apoio num editorial, tudo claro e aberto. Aqui a mídia envergonhada, apoia disfarçando uma postura cachorra de "magistrado". Têm medo e vergonha de assumir seus candidatos tucanos e demoníacos.
armando
Taí uma postura democrática - a do jornal norte-americano. Empresários da comunicação podem apoiar quem quiserem, só não podem usar a concessão pública que recebem para defender os seus negócios se passando por grandes democratas - o que normalmente não são - ou fingindo isenção - o que nunca tem.
E duvido muito que a RBS queira declarar apoio a quem quer que seja... para quê, se o jogo dela funciona constantemente?!
Alô, acuda!! Acabo de descobrir que o Lobão (o Edson) foi assessor da campanha presidencial de...Sílvio Santos!!! Alguém aí pode acabar com a minha ilusão de que estou dando um "furo" de reportagem? Gente, que mundo é esse? Quem sou eu? Campanha do Sílvio Santos e...Ministério das Minas e Energia!? Acuda, acuda!!!
Pois esse tipinho pintado é instrumento do Jobim pra minar o governo Lula e sacanear a candidatura da ministra Dilma.
O que se assina Carlos Eduardo da Maia recebe dinheiro do contribuinte para surfar em blogs.
Detalhes? Em breve...
Armando, não vejo porquê a grande mídia ter vergonha e medo de apoiar candidatos tucanos e demos. É evidente que a Folha e a Veja querem o Serra no Planalto em 2010. Aliás, grande parte do Brasil quer.
"Grande parte do Brasil" que pode tirar vantagens com Serra na presidência, parcerias público privadas, mas de forma dissimulada, como acontece no RS, MG e SP, com empresários e mídia coordenando as ações de governo tipo "que tal me ceder aquela área perto do centro ou falo bem de tí, mas quero mais publicidade". O mais interessante é que os três estados estão sob domínio do tucanato e aliados e sendo doentemente e imprudentemente blindados pela mídia amansada! Tentem imaginar o "caos na segurança pública" que está acontecendo em São Paulo se fosse um governador do PT. Imaginem a mesma situação no rio grande do sul, não é difícil! O que esta mídia de merda não está contando é com a perda da audiência e principalmente da credibilidade o que, por sinal, já está ocorrendo!
O Estadão declarou apoio a Serra nas eleições de 2002, mas acho que só no segundo turno.
A Carta Capital declarou apoio à Lula em 2006.
É por aí.
Ô Mala, não vais pelo menos te retratar da bobagem? "A ZH, por exemplo, não pode declarar que apoia o Fogaça." E se isso é simplesmeente mentira ou ignorância, como quase tudo o que dizes aqui, as conclusões que tiraste baseado nela deveriam também ser revistas. Mas não, não estás em busca da verdade, claro. Figes que nnca disseste nada.
Tua boquinha vai ser exposta em breve e vais meter teus patrocinadores num rolo considerável.
Se o Maia é pago para acabar se convertendo, deixa né?
Podemos considerar uma bolsa de estudo.
Como todos nós o Maia hoje não é mais o o Maia de dois anos atrás.
Aliás é verdade ou lenda que os revolucionários de Portugal foram os jovens oficiais capturados em Angola e que aprenderam política no cativeiro e no retorno detonaram com o Salazar?
Amém!!!!!
Gracias!!!!!!!
:-)
Anônimo, esse episódio aparece no filme "Capitães de abril", aliás, muito bom. Mas no filme, eles não passam por nenhum cativeiro não, ao menos os protagonistas. O que o filme deixa bem claro é que a barbárie nas colônias foi bestial, o pá.
Até 2010, Serra vai ter que explicar muita coisa, inclusive o porquê da falência da polícia paulista. E mais a incompetência que gera mortes de incocentes. E mais a persistente falência do ensino público. E mais, muito mais.
A sorte desses caras-de-pau é que SP restou um eleitorado conservador e que vota pela direita. A propósito, num dos jornalões de hoje, não lembro se folha ou estadão, tem uma excelente entrevista com o sociólogo Chico de Oliveira. Vale ler.
armando
O MAIA É UM ENGANADOR FALCATRUA !!
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