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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Por que uma massa de eleitores fica marginalizada do processo eleitoral?


É preciso atender as demandas cidadãs do voto negativo

Os analistas eleitorais costumam examinar somente os resultados dos votos positivos, que eu chamaria àqueles votos concedidos nominalmente a algum concorrente majoritário. Mas e os votos negativos (abstenções, brancos e nulos) como ficam? Por que não examinar a totalidade mesmo dos votos (ou expressões eleitorais) de um processo eletivo?

Vejamos como foram os votos negativos (expressões cidadãs tão legítimas quanto o voto positivo), ontem, em Porto Alegre.

Abstenções: 184.747 votantes (17,78%)

Brancos: 25.070 votos

Nulos: 30.573 votos

Soma dos votos negativos: 240.390

Como a diferença do vitorioso José para a derrotada Maria alcançou 142.897 votos, pode-se verificar que os votos negativos supririam em muito o déficit da perdedora, caso esta empolgasse mais eleitores a seu favor. Assim sendo, pode-se dizer que Maria perdeu tanto para os votos positivos destinados ao seu oponente, quanto para os votos negativos, que não se sentiram suficientemnte estimulados a sufragá-la com determinação e confiança.

A rigor, Porto Alegre ontem dividiu-se em três partes, e não em apenas duas, como querem os especialistas positivistas:

José Fogaça recebeu 470.696 votos

Maria do Rosário recebeu 327.799 votos

Votos negativos: 240.390 eleitores

Portanto, esses mais de 240 mil eleitores (quase 1/4 do total) revelam um sintoma de que o sistema político-eleitoral não está dando conta da riqueza de demandas da cidadania. Mais: que o formato do processo eleitoral está hipertrofiado, merecendo reparos profundos que sejam capazes de atender um espectro social mais amplo e denso, com situações mais plurais e diversidades maiores dos requerimentos públicos.

A inclusão eleitoral (positiva) de uma enorme parcela da cidadania é tarefa inadiável da sempre adiada reforma política. Mais um débito na contabilidade política do lulismo de resultados.

26 comentários:

Gustavo Schirmer disse...

Grande observação, Cristóvão. Espero que esse problema seja melhor percebido pela esquerda do que pelos seus "marqueteiros" em busca de "nichos".

Uma observação minha, a respeito da batalha bíblica entre Maria e José: acho que ela pode ter perdido mais com a baixa popularidade da governatrix do que o preguiçoso. O apoio dela foi bem escondido pela mídia e pela campanha, enquanto cada aparição na TV da Maria do Rosário, meio destrambelhada, lembrava a doida do Piratini. Isso é secundário em relação a não ter idéias, memória, convicção, agressividade para lembrar o abandono da cidade, visão de futuro, etc, mas pode ter pesado um pouco numa corrida eleitoral em que ninguém falou mesmo nisso. Acredito que as mulheres vão precisar de muito tempo para recuperar o espaço feminino desperdiçado pela doida na política gaúcha.

PS. bela foto! (a principal do blog, não a do post)

Anônimo disse...

Pelos dados é possível ver que o desinteresse do processo eleitoral(abstenção) bateu em quase 18%, um número bastante significativo.
Os votos de protesto(nulo e branco)menos de 5%, um índice aceitável.
Imagina se tivesse feito um tempo bom e o porto-alegrense resolvesse sair para passear na praia ou serra...
Votei 13, mas desde o primeiro turno visualizava a dificuldade de vencer este pleito.
Maria do Rosário até melhorou em suas aparições, mas ficou a meio caminho da contundência necessária para embretar seu oponente.
Vamos aguardar a tal de reforma política e ver se temos algum meio de interceder, realmente, no processo...

Ricardo M.

Anônimo disse...

Gustavo, sem dúvida esse componente anti-Yeda funcionou contra Maria e não contra José, que é do mesmo campo político da governadora trololó.
A identificação é de gênero e não ideológica.
Mas isso é apenas uma parte do problema.
Abç.

CF

Jean Scharlau disse...

Acho que em grande medida é o resultado das barbaridades que se viu a cacicagem de segundo escalão fazer quando o PT fez seu primeiro governo estadual no RS, passando pelo episódio de 1º e 2º escalão Fortunati/Tarso, Tarso peremptório e, claro, muito e mais, pelo visto no governo Lula, em todos os escalões. Responsabilidades próprias, essas, não considerando as ações do adversário PRBS, sempre tão eficiente. Acho que reforma política pode ajudar a consertar os estragos, mas só a reforma ajuda pouco.

Anônimo disse...

Por esta ótica, nunca se poderá banir a obrigatoriedade do voto, pois aí é que se verá "votos negativos". Qual é o problema de haver eleitores que não queiram votar em nenhum dos candidatos?

Anônimo disse...

o jairo jorge, ao fazer a limpeza e desinfecção da prefeitura canoense e livrá-la da podridão tucanalha-petebista (haja creolina), poderá montar dois pacotes com a sujeira e enviá-los ao josé pacífico e à destrambelhada barbitúrica, para que aproveitem nos seus desgovernos...
ps: em qual dos dois endereços o chico picareta fraga vai vigaristear agora?

Gustavo Schirmer disse...

Cristóvão,

certamente é apenas uma parte do problema -- o problema é muito grande. A idéia da irrelevância da política tomou conta do povo do Rio Grande, que só se dá sinal de vida em semana de Grenal mesmo.

A direita tem aqui a situação que sempre quis. Um povo imbecilizado, anestesiado, acrático, comendo na mão da mídia corporativa. Grande parte da culpa por isso é da própria esquerda, que não quis ou soube aproveitar os espaços democráticos oferecidos pela mídia durante a campanha para apresentar qualquer idéia. Quando as candidaturas da esquerda usaram o espaço que a mídia corporativa precisou oferecer para discorrer sobre futilidades, entramos no jogo deles. Como tu vens dizendo faz tempo, os erros dessa campanha são muito anteriores a isso, vêm desde as prévias. Mas a esquerda se pôs voluntariamente numa situação de irrelevância difícil de contornar.

Anônimo disse...

Foi um grenal mesmo!
Os gremistas estão faceiros...
Quem introduziu a bandeira azul no PT?
O vice-prefeito eleito.
Ele declarou: a única tarefa que farei como vice será a organização da COPA...e por tabela deduzo também a construção do Arena.
Dois gremistas na Prefeitura sai o ARENÃO!

Carlos Eduardo da Maia disse...

É interessante, certa esquerda que foi maciçamente derrotada em Porto Alegre vem agora culpar a mídia, como se o povo desta cidade fosse composto de pessoas absolutamente imbecis. São as mesmas pessoas que votaram no PT e que agora resolveram votar no Fogaça. Isso faz parte da vida democrática e da necessária possibilidade de alternância no poder (que é algo que a esquerda nunca recebe com bons olhos). O povo de Porto Alegre sabe muito bem como o PT governa e optou por um outro jeito de governar. O PT tem sim que fazer uma revisão no seu discurso e assumir que é um partido social democrata.

Anônimo disse...

Quem dera que o povo tivesse votado no Fogaça com todo esse conhecimento de causa, abobado!!!
Ficaria até satisfeita.
Votaram porque são um bando de imbecis, sim. Papagaios da RBS, em sua maioria.
Os partidos de esquerda tiveram sua parcela de culpa, mas a construção do anti esquedismo, anti petismo ajudou também a essa descaracterização dos partidos de esquerda. Entraram no engodo da RBS direitinho.

sil

Anônimo disse...

Maia!

Não generaliza!
Está falando de quem?
Da classe média...dos famélicos que vivem das migalhas...da "esquerda purista"...
Na minha família, existem pessoas que votam no PT e não puderam votar: estão fora trabalhando...bem longe daqui!
É a vida meu caro!
Estão fazendo a vida!
A "maioria" escolheu...sou democrática e acatei a "escolha" do Fogaça!
Vou andar em onibus cada vez piores (sou ambientalista), posso pagar lotação, táxi...
Não necessito do SUS...tenho plano privado.
Cumpro o meu papel de cidadã: seleciono lixo, não jogo sujeira nas ruas,valorizo transporte coletivo...
A minha vida individualmente muda pouco!
Só tenho uma certeza:
Aquilo que piorar para os mais necessitados, para a natureza, para a orla do Guaíba, ninguém ficará FORA!
Portanto...
A luta continua!

Carlos Eduardo da Maia disse...

No Blog RS Urgente tem uma tabela dos votos recebidos pelo PT em Porto Alegre nas últimas eleições para governador e prefeito. Se verifica ali uma circunstância a partir da qual o PT deixou de cativar o eleitorado de POA: o governo Olívio. Foi a partir do governo Olívio que o PT começou a amargurar derrotas em POA. Por que será? E o Paradoxal é que quanto mais o PT perde eleição em POA, mais o povo de POA fica 'imbecil'... Contem outra.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Suzie, eu também seleciono lixo, nunca jogo sujeira na rua e chamo atenção de quem joga e também utilizo e priorizo transporte coletivo e quero sim que POA se transforme numa cidade melhor, mas sem ranço. Está na hora de Porto Alegre gerar bons espaços públicos e privados para todos, como a ocupação responsável pelo povo da orla do Guaíba, fazendo ali um imenso calçadão interligando o Gasômetro até a Vila Assunção, como ocorre nas boas cidades dos países socialmente desenvolvidos. Ah, e tem que construir bem mais ciclovias. Por isso votei, consciente, no menos pior.

Anônimo disse...

A derrota do PT é resultado de um conjunto de fatores entre eles destacaria: 1)Estratégia equivocada de não realizar uma crítica forte ao governo medíocre de Fogaça no primeiro turno; 2)Aceitar o discurso da direita do "passado" , com o objetivo de desconstituir os 16 anos do PT; 3)Não apresentar um projeto de cidade capaz de contrapor o projeto privatista do Fogaça; 4)Promessas no varejo,desconectadas e de nítido perfil demagógico;5) Péssimos programas de TV; 6)Falta de carisma da candidata; 7) Falta de capacidade de comunicação da candidata;8) Concepção de política da candidata e seus apoiadores internos baseada no senso-comum pautado pela mídia e pela política do espetáculo.

Anônimo disse...

Só não te cansa Maia, vais esperar sentado pela tua ciclovia e pela tua marina.
Demonstra-se pelo axioma do barão de Itararé, que de onde não se espera algo, é dali que não vem nada mesmo.
Esse empresários que estão lançando mãos de meios obscuros para aumentar a área construída vão se comportar como na hora de construir a área coletiva do empreendimento? Como? Podes esperar sentadinho, que o Fogaça virá a teu socorro.

Anônimo disse...

Ô Maia vagabundo, a tua retórica é uma piada. Penso que até tu ri de ti mesmo dopois que escreves essas babaquices.

Da onde tu tirou "espaços públicos e privados para todos"?

"um imenso calçadão interligando o Gasômetro até a Vila Assunção"...

Sempre com a mesma cantilena de "como ocorre nas boas cidades dos países socialmente desenvolvidos"

ka ka ka ka ka ka...

Tu és uma piada!

Vai te deitar cão sarnento

Anônimo disse...

Maia: você e esse "ranço"... vão pra PQP!!! Que figura desagradável e impertinente! Vá cuidar daquele maldito "armazém", que vive às moscas!

Anônimo disse...

- MALA MAIA!! OLIVIO GANHOU DA "DESTRAMBELHADA"AQUI EM PORTO ALEGRE OU NÃO??? UM DOS FATORES DA REELEIÇÃO DE FOGAÇA SEMPRE FOI E O SERÁ A MIDIA MARRONZISTA. UM CORDÃO SANITÁRIO QUE PROTEGE O SEU (DES)GOVERNO CONTRARIAMENTE A UM BATALHÃO DE JORNALISTAS "MENSALEIROS" COM SUAS COLUNAS E BLOGS BANCADOS POR ÓRGÃOS PÚBLICOS, AFINAL, DEZOITO MILHÕES DE PUBLICIDADE ESTÃO EM JOGO E JÁ JOGADOS.A DIFERENCA COMPORTAMENTAL DA MASS MIDIA PODE-SE VERIFICAR(PARA QUEM TEM UM POUCO DE MEMÓRIA, NÉ MAIA) ERA COMO AGIA A RBS COM OS GOVERNOS DO PT, PRINCIPALEMENTE O DE OLIVIO. TODO O SACROSSANTO DIA, UM REPORTER COM UMA CÂMARA ESNTRVISTAVA ALGUÉM QUESTIONANDO A SEGURANÇA E SE HAVIA VISTO UM BRIGADIANO POR PERTO. EM SEGUIDA, LASIER MARTINS ARREMETIA SUAS CONCLUSÕES EVEIDENTEMENTE NEGATIVISTAS, QUE EM MUITO CONTRIBUIU PARA O AUMENTO DA CRIMINALIDADE PORQUE A BANDIDAGEM COMEÇOU A SER MOTIVADA PELO ESTADO DE ABANDONO DA SEGURANÇA EM POA. CAMIONETES DA CLASSE MÉDIA/ALTA, CIRCULAVA COM ADESIVOS : "CADÊ A SEGURANÇA". O FASCISTA DO CEL LEAL ERA UM DELES. PERGUNTO : CADÊ OS ADESIVOS ?? UM CONHECIDO MEU APÓS SER ASSALTADO UM VEZ, NA SEGUNDA OBSERVANDO QUE ESTAVA SENDO NOVAMENTE ASSEDIANDO EM FRENTE A SUA RESIDÊNCIA, ENTROU NUMA "BLITZ' DA BM, PROPOSITADAMENTE, PARA PEDIR AUXILIO, ENTROU NA RUA ACOMPANHADO POR UMA VIATURA DA BRIGADA. BUENO, O "BUSILIS" DA QUESTÃO É : COMO SE PODE PERDER UMA ELEIÇÃO PARA ALGUÉM QUE NÃO EXISTE ???

Anônimo disse...

a idéia que me ocorre é que para, talvez, melhorar os resultados políticos e em contrapartida oxigenar o mundo político. É QUE PRECISAMOS DE ELEIÇÕES GERAIS. votar em todos os cargos eletivos de uma só vez. com a urna eletrônica é mais smples.e aí essa montueira de deputados e senadores que de sangue doce disputam eleições teriam que finalmente decidir, se preferem legislar ou arriscarem-se a serem prefeitos. isso com certeza, no mínimo, abriria espaços para novas lideranças. pois o deputado(a) que perdesse a elição v oltaria para casa e não para as mordomias do legislativo.
ELEIÇÕES GERAIS JÁ!!!
joão carlos

Anônimo disse...

Concordo com a análise feita, só gostaria de lembrar que no caso das abstenções temos que considerar o dia que amanheceu chuvoso e continuou e boa parte, dificultando a saída de casa, principalmente daqueles que dependem do transporte coletivo, e também a questão do recadastramento, quantas pessoas ja não moram mais na cidade ou vieram a falecer?

Abraços!

Humberto- hpoaazul@hotmail.com

Anônimo disse...

Maia, faz 32 anos que eu não tomo um chá de cartucho. Que tal esse chazinho que você está tomando?

Anônimo disse...

Descobri o apelido do Maia, gente! É "biruta do sul"! Obs: não fique chateado com a piada Maia, afinal, te chamam de coisas piores.

Anônimo disse...

O voto facultativo, a fidelidade partidária, o financiamento público da campanha e as eleições gerais são boas alternativas para começar a discutir o voto ideológico. Por outro lado, controle social da mídia e novo marco regulatório das comunicações.
E torcer, para que, mesmo assim, a marquetagem não conspurque o que se pretende como política partidária.
Feil, concordo contigo: é importantíssimo avaliar os votos negativos no contexto do voto obrigatório. Para mim, voto em branco significa lavar as mãos, os nulos, protesto e a abstenção dialoga com esses dois pontos.
No entanto, eram dois projetos em disputa no 2º turno e, mesmo que a campanha da Rosário tenha sido incompetente, o pano de fundo era política pública X picaretagem. E é inequívoco que o PT dá lastro às políticas públicas, porque tem projeto. O que se viu nos 4 anos de Fogaça não precisa de maiores explicações em relação à picaretagem para o público que chega até aqui.
Abraço!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Fecho com a Cláudia em algumas questões. Acho que o Brasil pode dar um importante impulso se fizermos aqui o voto facultativo, o financiamento público de campanha, mas defendo o voto distrital, que dá transparência e visibilidade ao deputado distrital, como acontece nos EUA.
Sou contra o controle social da mídia. Isso não existe em país algum. E não quero ver a mídia submetida a controles de minorias participativas. Prefiro assim do que assado. Temos sim é que investir em educação para a cidadania e para o mercado e para inserir as pessoas na qualidade de vida e inserção social.

Anônimo disse...

Só o idiota do Maia não viu que cidadania e mercado não são compatíveis.

O que ele defende é que a midia "venda" noticias e informações, que manipula para alcançar seus objetivos de "mercado".

Com estes jornalistazinhos de aluguel, tipo RBS, senão tiver controle social, descamba para esta sacanagem que o mundo está assistindo e sendo mal informado, ou seja manipulado pela informação distorcida para favorecer economicamente a minoria de sempre.

Claudio Dode

Anônimo disse...

http://heliopaz.wordpress.com/2008/10/28/proposta-de-valorizacao-da-politica-partidaria/

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