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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Nem Che salvaria o PT


José, Maria, e a vitória do indiferenciado

Petistas sinceros – mas fetichizados e nostálgicos de uma organização partidária fantasmagórica que já se desmanchou no ar – insistem no voto em Maria do Rosário.

Tais militantes supõem que o PT é um partido-minhoca (a classe de anelídeos que reconstitui suas células a partir de apenas um segmento vivo). O Partido dos Trabalhadores perdeu completamente suas estruturas orgânicas e por conseguinte a original capacidade de intervenção na realidade política, econômica e social. Como está reduzido a uma dimensão meramente eleitoral (onde não raro é igualmente derrotado), esses petistas, repito, sinceros (porém, enfeitiçados e ingênuos) imaginam que este cotoco amputado da antiga vida orgânica possa se reproduzir por geração espontânea e mágica. Uma vitória eleitoral – sonham eles – vai recompor celular e organicamente, como que por encantamento, os saudosos predicados de combatividade política do ex-PT de lutas.

Isso não ocorreria nem que – hipoteticamente – Ernesto Guevara de la Serna, El Che, fosse o candidato ao Paço Municipal de Porto Alegre, nesta corrida de 2008. Agora, imaginemos – ou caiamos na real – que a candidata é a melíflua, risonha e conciliadora Maria do Rosário. De onde menos se espera, é daí que não sai nada mesmo, diria o menos humorado dos realistas.

Ainda assim, eu admito que os projetos que disputam o pleito de 2008 em Porto Alegre sejam distintos. Até dou de barato que há mesmo duas concepções diversas de administração pública em competição aberta. Mas os seus protagonistas – José e Maria – não diferem em nada. Ambos são os responsáveis pela sonegação da política e a exaltação da espuma, da bolha, do nadismo neste pleito que chega ao fim domingo próximo.

De qualquer forma, as duas concepções administrativas em disputa (eu diria, hipóteses de trabalho oferecidas ao mercado local), acabam ficando em abstrato face à materialidade e unipessoalidade delegada a quem é chefe do Poder Executivo no Brasil. Para o bem ou para o mal, o titular do Executivo é quem manda na sua administração. É ele quem dá o tom e a direção do seu governo ou do seu desgoverno.

Logo, não importam que as concepções e os projetos sejam completamente distintos, uma vez que acaba prevalecendo sempre a personalidade do chefe ou da chefa. Então, se José e Maria são indissociáveis na mediocridade e indiferenciados na política, não há como negar que ambos se merecem.

Só quem não merece é a população de Porto Alegre.

Ilustração: no segundo turno, José e Maria fazem jogos cordiais e negaças de boa vizinhança. A mídia local se delicia com o expurgo da política da cena do "debate" eleitoral 2008.

44 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Se o Che Guevara fosse candidato ao paço municipal ele empataria com a Vera Guasso.

Anônimo disse...

olha, tenho dúvidas se a população de Porto Alegre realmente não merece, já que é parte integrante desta cena insólita e árida do deserto político que vivemos na cidade.
Alice, (ausente do país das maravilhas)

Anônimo disse...

Feil!

Plac...plac...plac...
Parece "pensamento" de ressentido!
Contextualiza!
Aconselho trocar a graduação/cor das lentes!
Para prefeito: Feil e seu partido ideal.

Anônimo disse...

Por motivos diferentes, concordo com você Maia. A diferença entre Che e Vera é que o primeiro foi um revolucionário e a segunda é uma revoltada. Fui.

Anônimo disse...

Merece, merece sim, Alice, tanto na prefeitura quanto no piratini! Somos extremamentes politizados, diferentes e "éticos", pelo menos aqueles que tem o privilégio de serem catequizados pela RBS e associadas!

Anônimo disse...

Não bastasse ter que responder aos blogs da direita, agora é preciso acumular forças para rebater os da esquerda. Me recuso.

Anônimo disse...

Qué moleza Ary?
Vc acha que fazer política é facinho? É só atirar pros lados dos russos brancos e votar no menos ruim?
As coisas são um poquinho mais complicadas do que parecem, meu tovarich.

Anônimo disse...

Nos resta largar a carreta lomba abaixo...

Anônimo disse...

O comentário que saiu anônimo das 13:12 é meu.

Anônimo disse...

na foto, fogaxa tá dizendo: vem cá, guria, que vou te dar um beijo na boca!

este é o nível político doutor feil, este é o pulitizado povo de porto alegre.

Anônimo disse...

Então tá, nadismo por nadismo, vamos deixar como está. Para quê mudar? Dá muito trabalho, toda aquela troca de CCs e remanejo de secretarias não vale a pena. É isso aí! Fogaça mais quatro anos.

Anônimo disse...

Feil, vc não pode pensar nada além do PT. O PT é o ponto mais alto e bem sucedido da esquerda mundial. Pensar contra isso é pecado. É como atirar pedra na cruz.
A realidade objetiva não existe, só existe o seu "ressentimento", meu prezado Feil.
O pensamento único dos petistas está interditando vc, blogueiro.
Vc tem que ficar quieto no seu canto, e domingo resignadamente votar em Maria.
Quem não fizer isso é pecador e "ressentido".
A realidade objetiva não existe, é uma ilusão de ótica dos invejosos.

Anônimo disse...

Nossa, a cara de tarado desse Fogaça é demais. Maria do Rosário feveria ter ido à Delegacia da Mulher fazer queixa. Seria menos envergonhoso, estimularia outras mulheres que realmente sofrem violência e daria uma mídia para a candidata.


flávia dias

Anônimo disse...

Sei que estao brotando os "eu falei, eu disse e eu sabia, eu estudei na faculdade a crise"...

Fui voz solitaria quando afirmei que a unica alternativa, embasada e capacitada, era a de Rossetto.

E voz digo, se nao nos organizarmos desde ja, em 2010 eles trapaceiam de novo...eles ja estao preparando 2010, desde a prévia do PT pra prefeito de POA.

DS no Governo outra X, Raul, Olivio, Rossetto, Dilma, Hoffman, Augustin temos tantos grandes homens publicos que possuem capacidade e honestidade para serem nossos lideres. O RIO GRANDE MERECE!!!

Anônimo disse...

Quando até os bons consentem, é pq o barco afundou mesmo. Legal: PT é quase igual Fogaça. Grande análise. Qual o caminho? Revolução? Sim, pois atirar pedra sem dar rumo é muito fácil.

Anônimo disse...

Quer rumos anônimo? Consulta o Google Mapas.

Anônimo disse...

Preciso me repetir porque acho importante, até porque, se tem coisa que não sou, é nostálgico...

Por trás da candidatura da Maria do Rosário há uma imensidão de políticas públicas que foram revertidas na administração Fogaça, para muito além dos evidentes simbolismos que também acompanhariam a sua vitória.
A eleição do Estagiário em 2004 retroagiu a vida pública municipal para os anos 80 em muitos aspectos, e fez uma modernização conservadora em outros... triste POA, que espero que largue de vez dessa "onda" retrógrada.
Quem é de esquerda e não consegue enxergar isto pode ser muito sincero, mas precisa se inserir melhor no contexto, na vida real, até porque um dos desafios urgentes das esquerdas é lutar contra o sectarismo, tanto quanto contra políticas "vazias".

De leve: a Yeda, por exemplo, teria menos do que a Vera Guasso, em Cuba e em muitos países da América Latina... e teria quanto, hoje, no RGS...?!

Anônimo disse...

Concordo que a esquerda, em boa parte, deixou de lado seus pressupostos internacionalistas, revolucionários e utópicos.
Com o PT em Poa, se deu o fenômeno do atendimento pontual às demandas dos excluídos, via Orçamento Participativo e políticas públicas de inclusão diversas.
A discussão dos grandes temas, a solidariedade às causas maiores, o pensamento holista e sistêmico, deram espaço a uma atuação mais pragmática e dirigida ao cotidiano.
Isso, de certa forma, é uma perda, mas como fazer política atualmente. Queremos voltar às intermináveis plenárias e questões de ordem, idem...
Acho que estamos no momento da refundação e votar no projeto de esquerda, representado por Maria do Rosário, é o melhor que temos.
Se deixarem Fogaça mais quatro anos, ele privatiza o DMAE, DMLU, Carris,DEP e a SMOV-Iluminação Pública. abre a PROCEMPA para atuação preferencial às empresas, faz vistas grossas ao Plano DIretor e loteia a zona urbana entre as construtoras e por aí vai...
Falo com o conhecimento de viver dentro deste processo como um servidor consciente.

Ricardo

Fagner Garcia Vicente disse...

Feil, respeito demais tuas opiniões desde os tempos de zip.net, portanto, não há neste comentário qualquer tentativa de "enquadramento". Contudo, creio que tua análise está sendo superficial. Por mais personalista que o Executiva possa ser - e não o é tanto quanto afirmas -, há muita diferença entre os projetos postulantes e os partidos que os patrocinam.

Além disso, estranho que tu resumas o embate político à disputa eleitoral. A briga por um projeto de cidade não se dá apenas a cada quadriênio, nas urnas, mas diariamente, nas ruas, nos movimentos, nas associações de bairro, no Conselho da Cidade... Quero que me digas: qual governo proporcionará mais espaços para essa disputa?

É preciso compreender que eleger o PT - mesmo com Rosário - é uma vitória, sim, mas é apenas a primeira vitória. Primeiro, lutamos eleger um governo popular e democrático, depois para que esse governo seja, de fato, popular e democrático. Mas a segunda luta depende da vitória na primeira.

Somente os intelectuais podem se dar ao luxo da indiferença. O povo das vilas, das ocupações irregulares, das ruas sem saneamento, sabe reconhecer o valor do "menos pior".

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o último parágrafo do che! não me cosidero uma intelectual, longe disso, mas terminei a graduação em sociais e vivi um pouco do encantamento de estar intelectual, olhando tudo de longe (de dentro de uma sala de bolsista, por ex.). Hj moro em uma Vila da capital que teve, em 2007, 80 famílias ameaçadas de despejo pela PUC com o apoio total da PMPA. Nos organizamos como nunca via associação de moradores. Articulamos com deputados petistas e comunistas, com ongs e entidades do movimento popular. Vencemos. Derrotamos a atual gestão da
PMPA e a PUC.

Mas, se o fogaça se eleger, tenho certeza que farão nova tentativa de limpar o entorno da PUC.

Esta diferença é fundamental para nós!!

Por isso, se vcs forem dar uma volta na nossa Vila (ao lado da PUC, pode entrar pela rua que corta a Ipiranga e a Bento) vão ver que 99% das casas tem uma bandeira vermelha com a estrela 13!

É isso que queremos agora, eleger o PT de novo e voltar ao que era!

Manteremos nossa organização comuntária forte de qq forma, e sabemos que com o PT, além de não corrermos o risco de termos 80 famílias despejadas ainda teremos mais chance de conquistar uma creche, mais pavimentação, mais cultura e geração de renda.

Abs para quem quer transformar nossa sociedade,
Dani

Anônimo disse...

Nem vou tão longe. Moro há 20 anos ao lado de uma sede do PMDB, que durante 0s 4 mandatos do PT tentava cortar uma paineira de uns 50, 60 anos, da altura de 6 andares. Nunca conseguiram licença. Até que a prefeitura do Fogaça disse que realmente, a árvore sujava muito. Foi-se. Uma árvore daquele porte, no centro de Porto Alegre...

Só um detalhe bobo.

Anônimo disse...

A Dani dá um ótimo testemunho, pra quem tá se afogando, pau podre é bote salva-vidas. Mas não atravessamos o grande desafio transatlântico da transformação social com pau podre.

Anônimo disse...

Esse grande desafio transatlântico pressupõe continuarmos vivos...?!

Anônimo disse...

Boa Che! O que estamos lendo nese blog é a 'Ira de Toiovsky e Prieb'! Transformação social já! Então tá! Mefistófeles (eu sou o espírito que nega tudo...)

Anônimo disse...

Meu deus, como essa esquerdalha não tem senso de humor.

"expurgo da política da cena do debate" só porque a Maria do Rosário não faz cara de má nem baba de ódio? Voltem para 1914, por favor.

Anônimo disse...

Está bem, o PT não é mais o mesmo de 30 anos atrás. Não houve formação política que deixasse a esquerda mais robusta e os mais pragmáticos, digamos assim, são maioria no partido. Era mais fácil ser esquerda nos anos 80, do que permanecer esquerda nos 90, pós-URSS, pós-muro, e com a 1º crise do capitalismo, cuja reação foi o neoliberalismo.
Bom, mas não se pode dizer que a mudança partidária prejudicou a vida. Está provado que governos petistas e da Frente Popular são muito mais competentes e inclusivos que qualquer partido antigo que esteve no poder pós-abertura política.
Acho que, com essa nova crise capitalista, pode ser a chance de emergir uma esquerda combativa, com o protagonismo dos movimentos sociais. Por exemplo, ainda não vi, nos blogues, nada a respeito da MP que permite à CEF e ao BB comprarem títulos de empresas privadas falidas. A população deixará isso barato? Mesmo não se sabendo de "esquerda", qualquer mobilização que dê freio ao capital especulativo, já é um passo nessa direção.
Abraço de uma petista sincera, que nem filiada é. :-)

Anônimo disse...

Pelas minhas contas, falta um comentário meu nesse blog. Cadê o bichinho?

Anônimo disse...

O Che disse uma parte e a Claudia foi lá(ou veio cá) e PIMBA!,complementou. Muito Boa!
Pra mim, hoje, é totalmente insuportável ver que a oposição raivosa(incluindo aí ex-petistas) sabe detonar os petistas e os petistas não sabem detonar a oposição, porque resolveram TODOS virarem bons rapazes e boas moças, todos muito fracos e muito frágeise muito politicamente corretos. Não tem ninguém mais com cacife para os enfrentamentos politicos duríssimos que temos hoje no Brasil. Ou o PT detona os salafrários ou 'se' detona, e aí tamo FU de vez, porque não restará ninguém pra nos defender. E aí babaus emprego, educação, saúde, linha de crédito para estudar, saneamento básico, e muiiiito mais coisas.

Não deu Rossetto, AZAR!,não vou ficar chorando nem lamentando pelo leite derramado, vou de Maria!

Abraço,

Verinha

Anônimo disse...

O problema é que a Rosário não se reivindica herdeira do patrimônio do PT no paço municipal. Só se ouve o Arruaça metendo o pau nos governos da frente popular e não se vê ela defender. Além disso, não vincula o Desgraça com a Yeda, o Bussato e cia, nem fala dos escândalos do governo Fumaça (licitação da iluminação pública, DMLU, Zachia, Pró-jovem, etc.). Será por medo do contra ataque? Será que não sabemos de alguma coisa além das relações da escapulário do Zé Dirceu?
Pobre Porto Alegre. Em 2010 vou de Yeda só para ver o circo pegar fogo.

Anônimo disse...

Tá que nem um determinado blog do ZH: reclamamos a não-inclusão de um comentário e o responsável publica a reclamação apenas. Pode? Claro! Tanto que é.

Anônimo disse...

Tá que nem um determinado blog do ZH: reclamamos a não-inclusão de um comentário e o responsável publica a reclamação apenas. Pode? Claro! Tanto que é.

Anônimo disse...

Obiovoslaine... o CHE MORREU ! e a Méris quer continuar viva!

O Mal de Parkinson é um
Problema Tremendo .

Anônimo disse...

Feil , sou filiado no PT ainda , voto na mulher, mas assino embaixo seu artículo.

Anônimo disse...

ARTÍCULO !?!

Bá... acho que é ataque,crítica a gente guenta! artículonada... Me tapei !
blogueiro sofre...

sueli F

Anônimo disse...

Feil, desculpe! O que está acontecendo? Alguma crise existencial?
A crise traz sempre no mínimo duas situações:oportunidade ou perigo. Espero por um acontecimento, talvez uma DOBRA de Foucault ou de Deleuze ou uma REVOLUÇÃO MOLECULAR de Guattari...
Talvez, um reencontro com Agnes Heller no livro "Para Mudar a Vida: felicidade, liberdade e democracia" que inspira uma revolução não aquela macro de Marx, mas a micro, da vida cotidiana. O livro termina com a pergunta de Adornato à Heller:

"Creio, no fundo, que teu retrato saiu muito bem. Mas o que tu mesma pensas? Tu te sentes mais próxima de um modelo de mulher intelectual, como Simone de Beauvoir, ou de um modelo politico mais passional, mais empenhado?"

Agnes Heller: "A mulher de quem me sinto mais próxima é Rosa Luxemburg. Mas isso não quer dizer que eu pareça com ela: significa que gostaria de parecer. Rosa foi uma cassandra do socialismo, por que sempre advertia contra o que ia dar errado. Tinha um infalível sexto sentido por tudo o que era falsidade, fraude ou traição. jamais se deixou desviar pela autocomplacência dos "heróis" e líderes do socialismo. Era uma revolucionária, uma representante do iluminismo e uma democrata: acreditava no bom senso de todo ser humano, estava profundamente convencida de que ninguém podia libertar as massas sem depois voltar a subjugá-las e, por isso, a libertação devia ser um produto das próprias massas. Sempre participou das ações revolucionárias quando isso foi possível, mas recusou toda crueldade ou terror: matar, na realidade, é uma coisa de homens. Era corajosa e sensível. Cumpria o seu dever, mas não se deixava jamais absorver completamente pela política ou pelas questões do "espírito". Gostava das alegrias da vida, como ver crescer as árvores, conversar com os amigos ou ficar junto com os seus semelhantes a quem amava, fossem homens ou mulheres. Mesmo nos piores momentos, mesmo na prisão, foi capaz de ser feliz. Seus prazeres eram simples, mas ela era capaz de encontrá-los em qualquer circunstância. Não vivia no futuro, mas no presente. É o que também nós devemos fazer."

Penso que é hora de buscar referências no pensamento filosófico feminino... Que tal?
Nelly

Anônimo disse...

e dá-lhe ignorância!
nessa altura do campeonato bancar a virgem inocente e igualar os candidatos é muita estupidez, uma barbaridade. êta "gauche" mais infantil, imatura e ressentida...

Andre Passos disse...

Senhor@s,

Brilhante Cristóvão.
O essencial aqui, para mim, é a passagem:

"O Partido dos Trabalhadores perdeu completamente suas estruturas orgânicas e por conseguinte a original capacidade de intervenção na realidade política, econômica e social. Como está reduzido a uma dimensão meramente eleitoral (onde não raro é igualmente derrotado), esses petistas, repito, sinceros (porém, enfeitiçados e ingênuos) imaginam que este cotoco amputado da antiga vida orgânica possa se reproduzir por geração espontânea e mágica. Uma vitória eleitoral – sonham eles – vai recompor celular e organicamente, como que por encantamento, os saudosos predicados de combatividade política do ex-PT de lutas."

Isto é o ajuda a explicar, conceitual e praticamente, as derrotas eleitorais do PT no último período. Não é a ausência - como nesta eleição de 2008 - ou a abundância - como na eleição de 2004 em Porto Alegre - de referências ao que o PT já fez nos seus governos que explica as derrotas. Não é a conjuntura específica, que piora ou melhora a situação, mas é variável dependente. É a incapacidade do PT de produzir e unificar seus atores políticos em torno de uma compreensão coletiva da realidade política. Depois, ainda teria a imensa tarefa de produzir-se como representação desta realidade, isto é, ser um projeto capaz de ir além da simples agragação aritmética de demandas setoriais. Isto exigiria um grau de debate e desarmamento nas disputas internas por poder que, sincera e infelizmente, acho que o PT não tem mais capacidade de produzir. Então, o mais provável hoje é que o PT fique preso no pendular movimento entre o saudosismo e o futurismo como soluções estratégicas. Ou, como os outros partidos, passe a fazer disputas políticas organizadas em torno de uma racionalidade exclusivamente orientada para os meios, rendendo-se a tese de que só ganha eleições quem rende-se a lógica de oferta e demanda de preferencias - estabelecidas ex-ante - no mercado eleitoral da vez. Aliás, os outros levam uma grande vantagem neste cenário: seus aliados (ou donos), os mass-midia, conformam a demanda antes...
O PT fazia isso, quando era direção/vanguarda dos movimentos sociais... Formava opinião. Hoje não forma, porque não tem opinião política, tem critério de seleção de demandas...
Se isto é melhor do que o Fogaça? Sem dúvida. Mas é insuficiente.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pessoal, a crise é de discurso. Os antigos discursos petistas não cativam mais a população das cidades do centro sul do Brasil. O PT tem um teto que está caindo, por enquanto esse teto é de 37%.

Anônimo disse...

Sueli F, "artículo" quer dizer "artigo de fundo" em Espanhol ( Dicionário Larrouse), lingua que vc deve conhcer menos do que o "nigreis", afinal estamos de costas para a América Latina não é mesmo. Talvez se estivéssemos de frente nossa esquerda seria um pouco melhor do é hoje. Abraços Sueli

Anônimo disse...

Os petistas sinceros são enfeitiçados e ingênuos?
talve não, feil, talvez só tenham uma perspectiva não autoritária do que seja o momento político.

compreender que o momento é de crise e que o partido vem sendo deteriorado por dentro e combatido violentamente por fora, gerando sim recuos e capitulações, não impede que petistas, como eu, continuem tentando contruir ações pelo PT, defendendo aquilo que não é justo, inclusive cotra o PT.

Qual é a alternativa? ficar bradando de lugares puros? esperar que a saída de outra ditadura nos unifique?

Não há nesse país partido ou organização que seja refrencia maior pra classe trabalhadora e para os grupos oprimidos que o partido dos trabalhadores. Desculpem, os intelectuais vanguardistas, mas o povo não vive só de ilusão.

Abraço.

Anônimo disse...

Vejo que a crítica é fundamental para qualquer avanço que se queira, principalmente a auto-crítica. A falta desse processo é o que paralisa a esquerda. Que os erros de hoje ( e são muitos) possam contribuir para a esperança de uma esquerda que seja realmente esquerda.

Anônimo disse...

Fiz um comentário no início da semana e não ficou registrado. Ignez (Martinha).

Anônimo disse...

Prezada Ignez,

Tenha a certeza que não foi este blogueiro que prejudicou o teu comentário.

Abç.

CF

Anônimo disse...

Nao existe partido, SOZINHO, que tenha maior representatividade em eleiçóes do que o PT. Na grande maioria das cidades do RS, para vencer o PT a direita se una Toda e vence com 10 %..sozinha, seriam derrotadas sempre. Devem dar graças a deus pelo segundo turno (que foram contra no inicio)

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