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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Gravataí foi cenário de um velho imbróglio petista


O tamanho de um homem

Já que o jornal ZH se dispôs a querer contar o imbróglio de Gravataí, e o faz pela metade ou menos, vamos refrescar a memória sobre o assunto.

Ao mesmo tempo, estranhamos que o correto e respeitado deputado Raul Pont (PT) tenha ido à Gravataí e chorado copiosamente (apareceu na TV, em lágrimas cadentes) junto com o candidato Daniel Bordignon por este ter sido impedido judicialmente de concorrer à Prefeitura local.

Para quem desconhece ou está esquecido, Daniel Bordignon, quando prefeito da cidade, fez uma maciça contratação de pessoal, onde a condição para ser barnabé da prefeitura local era assinar ficha no PT e comprometer-se a votar em Tarso Genro nas prévias estaduais que apontariam o candidato a governador que sucederia a administração Olívio Dutra (PT).

A disputa interna no PT, naquele ano de 2002, foi entre o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro e o governador Olívio Dutra. O resultado das prévias apontou Tarso como candidato à sucessão de Olívio (depois, Tarso perde para Rigotto). A diferença foi de cerca de mil votos, em favor de Tarso Genro. Nas prévias de Gravataí, Tarso fez uma diferença coincidentemente de mil votos, mais ou menos.

Portanto, deduz-se que aqueles barnabés contratados emergencialmente por Bordignon fizeram a diferença em favor de Tarso – o que acabou definindo o quadro sucessório ao Piratini. O PT majoritariamente repelia – de forma insana e autofágica – a própria administração Olívio, em favor do prefeito Tarso, que por sua vez cometia o cego desatino de abandonar o Paço Municipal de Porto Alegre, na metade de sua gestão. Um evidente processo fordista de insensatez e imprudência político-eleitoral coletiva.

Ano de 2002: Tarso, candidato do PT ao Piratini, perde as eleições para Germano Rigotto (PMDB) no Estado, mas em especial, é derrotado no município do prefeito Bordignon.

Ano de 2006: PT perde novamente as eleições para a direita em Gravataí. Bordignon se elege deputado estadual com mais de 50 mil votos.

Este é o tamanho de Daniel Bordignon, ora alijado pela Justiça Eleitoral, por irregularidades na sua primeira gestão como prefeito de Gravataí.

10 comentários:

Anônimo disse...

Este é o partido que quer ganhar sozinho as eleições em POA! É lamentável, mas o PT continua com as mesmas picuinhas internas que sempre o caracterizaram, os adversários não precisam fazer força!

Anônimo disse...

Este fato eu lembro bem!
Bem ou mal - estes processos -sempre foram ricos em aprendizado democrático.
A cabeça dos(as) eleitores(as) ficam atrapalhadas , com certeza!
O quê mais me preocupa é a tendência mundial: caminhamos para a bipolarização política.
Esta pulverização de partidos tendem a desaparecer.
Novos processos virão e uma parte da "humanidade" sempre em busca do novo e fragmentados.
O quê realmente existe é a DISPUTA DE PODER!
Nada é desinteressado, neutro e por acaso.
Andei lendo por aí(midia guasca) : Tarso está articulando com Zambiasi a próxima eleição para governador.
Minhas barbas estão de molho!
Assim como: o OBJETO do PSB e PCdoB é candidato para a Presidência da República em 2010!
O alvo é retirar o PT da disputa.
Não me enganam!

Anônimo disse...

Faltou dizer que, nas prévias, RBS/ZH estimulou as prévias e apostou em Tarso. Depois...

Carlos Eduardo da Maia disse...

TEm que ver o contexto da época. O PT fazia um governo horroroso e impopular no RS... Tanto isso é verdade que de lá para cá nunca mais ganhou nenhuma eleição importante no RS. É fato, depois do governo Olívio o PT perdeu eleição nas principais cidades do RS e duas eleições no Estado e agora corre o risco de ficar de fora do segundo turno na capital. Mas acho que Rosário vai para o segundo turno com Fogaça, porque a militância paga do petismo está direto nas ruas.

Anônimo disse...

Governo bonito e popular tem que no comando a Yeda, o Fogaça, e secundando os brilhantes Busatto, Fernandes, Culau................

E o Gabeira com um bom "baseado", que ninguém é de ferro.....

Anônimo disse...

Que comentário "chinelão", Maia!

Anônimo disse...

Mas o Raul Pont mais uma vez tem plena e total razão:

"É de chorar..."

Anônimo disse...

Feil, parabéns, mais uma vez de forma muito sintética, vc resumiu e resgatou o processo que vem sendo construído no PT. Na verdade teve inicio na prévia de 2000 para a prefeitura de Porto Alegre, quando Tarso derrotou Raul, que até então tinha altos índices de aprovação na prefeitura. Novamente em 2002, a mesma turma ( TArso, Rosário , Bordignon, Vilaverde, Stilac)derrotam Olívio ( Bordignon foi decisivo com seu fisiologismo)Essas duas prévias foram a inauguração no PT do RS da prática política do que é hoje o "novo PT". A candidatura de Maria do Rosário é consequencia direta desse processo. Por isso para compreender o que significa o que vivemos hoje no PT é importante conhecer esse passado recente, seus protagonistas, seus projetos e concepções de política. Assim podemos tirar nossas conclusões do que estamos vivendo hoje na política gaúcha e em especial no PT do RS, que um dia já foi referencia pra esquerda em várias partes do mundo.

Ccesarbento disse...

É triste que o patrimônio político do PT tenha que ser empenhado para pagar a conta de figuras como Daniel Bordignon. Não vi o processo, algubns dizem que a punição foi exagerada, mas há muito tempo o cheiro do poder em Gravataí não é bom.
É de chorar

Anônimo disse...

Pode ter certeza de que se o réu for petista o peso da caneta é dobrado.
Especialmente na justiça estadual e no TCE. Vide DETRAN.
Muito me admira um político experiente do partido não saber disso.
Agora se for compadre, não dá nem inquérito.
Aos inimigos a lei. Toooda ela e mais um pouco.

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