A fotografia acima não tem preço
O conservadorismo brasileiro tem que se dar conta de uma realidade que veio para ficar: seu mundo caiu. Todas as justificações que sustentavam o modelo neoliberal agora jazem por terra. Falo justificação para não falar em conceitos e categorias, até mesmo porque estes eram muito débeis para sustentar a ideologia do business, business esse descolado do real, da economia mesmo.
A propósito disto, hoje, a Folha em editorial ("Pacote infeliz") ataca furibunda a Medida Provisória 443, editada para autorizar que o Banco do Brasil e a Caixa Federal intervenham no mercado adquirindo participações ilimitadas em instituições financeiras, públicas ou privadas.
O argumento da Folha é quase ingênuo, se não fosse caviloso, “dissemina a impressão de que, para o governo, os problemas com as finanças domésticas são muito mais graves do que se supunha”. Por fim, chama a MP de carente de democracia e incita ao Congresso Nacional para que não a endosse, “em nome do interesse público”.
Agora, eles lembram das velhas palavras mágicas “democracia”, “interesse público”. Quando mergulharam de cabeça na defesa da hipertrofia capitalista chamada neoliberalismo, lá pelo final da década de 80 – que nega e pulveriza todo o ideário liberal-democrático-burguês – eles jamais hesitaram em atropelar as conquistas e a acumulação começadas no Iluminismo.
O mais grave, entretanto, é que o conservadorismo – do qual a Folha é um dos porta-vozes mais refinados – reclama cataplasmas e remédios que fazem parte dos próprios fundamentos desastrosos que conduziram o mundo para a crise na qual chafurda. Continua a mesma lenga-lenga contra o alegado excesso de gastos públicos e a necessidade de menor intervenção do Estado na economia.
Já se vê que a crise ainda não está sendo suficientemente forte e duradoura para convencê-los que está tudo acabado para a hegemonia quase imperial do capital financeiro e seus aliados de ocasião (ou aposta).
Quarta-feira, depois do depoimento no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles fazia uma cara contrariada ao sair do recinto, no mesmo momento em que estava sendo editada a MP 443. Um fotógrafo da Agência Brasil captou o flagrante (foto acima), aparece Meirelles com cara estomagada (já sabia da MP 443), e Guido Mantega porta o sorriso-monalisa número 4. Essa fotografia não tem preço.
O governo Lula está agindo dentro dos ensinamentos de Lord Keynes. Já é um bom começo de conversa para superar as marcas neoliberais que contaminam o lulismo de resultados. Este, tem aproveitado a oportunidade única da conjuntura favorável para se desvencilhar de velhos medos, talvez, até de alguns compromissos odiosos de colaboração de classes, de reverências cordiais (no sentido buarqueano), e de caronas conciliatórias que lhe impediam o pleno movimento e a total soberania requerida para um chefe de Estado com os altos níveis de popularidade que ele alcança.
Muitas concessões ainda serão feitas – esse estímulo à indústria automobilística, em detrimento de alternativas sustentáveis – e muitos embates a direita interna ainda irá conquistar, mas o combate ao inimigo principal – o capital financeiro – já foi minimamente iniciado.
17 comentários:
O PT lembra o PTB + PSD dos últimos anos antes da redentora.
armando
variações sobre o assunto foi levantado pelo Azenha, lembrando exatamente o diario gauche:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/diario-gauche-a-montagem-de-um-mito-moderno/
Caro blogueiro, quisera eu ter um pouco do seu otimismo em relação às medidas que o governo Lula-Meirelles vai tomar em relação à crise que bate à nossa porta. Creio que muita distancia existe entre essa MP e uma política anticíclica, ou keynesiana de atacar a crise. Lembro que a dita MP busca atender ao sistema financeiro, socorrendo instituições em dificuldade pela compra de seus ativos. Vou acreditar que Lula se desvenciliou das amrras do liberalismo quando:
1- Executar o orçamento na íntegra, sem cortes, mandando às favas o tal de superávit primário.
2-Baixar a taxa de juros substancialmente e rapidamente, de forma a liberar os recursos que existem e estão nas mãos do rentismo.
3-Centralizar o câmbio, não no BC, mas no BB, como operador, fixando metas cambiais implícitas (sem avisar o mercado, como faz com as "metas" de inflação) acabando com essa historinha de cambio flutuante e volátil e taxando pesadamente as opereções com dólar futuro. Também tem que revogar aquela portaria que permite aos exportadores manterem os dólares no exterior. Sem isso, as reservas vão ser queimadas para dar saída para os especuladores.
Essas 3 medidas não tem nada de keynesianas, ainda. Seriam pré- condições para a política anticíclica própriamente dita, que envolveria vultuosos gastos públicos produtivos, com aceleração do PAC e obras de infraestrutura de interesse popular, como habitação e saneamento. Sarkozy declarou que é preciso refundar o capitalismo, e anuncia medidas de estímulo e proteção à indústria francesa. Está, hoje, claramente à esquerda de Lula, que não consegue mais que produzir frases de efeito sobre a responsabilidade dos países ricos pela crise. The only thing we have to fear is fear itself, disse Roosevelt, em 1932, com os EUA mergulhados na maior crise economica da sua história. Mas Lula não tem nada com Roosevelt a mais remota semelhança. Não quer enfrentar o capital financeiro e deixará o ajuste ser feito dentro da lógica do liberalismo. Na minha modesta opinião, Lula vai continuar como sempre foi, cada vez mais merecendo ser chamado pelo Paulo Henrique Amorim de "o presidente que tem medo".
A "grande" mídia brasileira, também conhecida por PIG, apenas cumpre o papel para o qual está sendo paga. Por quem? Pelos bancos. Às vezes publica alguma coisa parecida com contraponto, apenas para legitimar o raciocínio básico.
A "grande" midia brasileira, como a "grande" midia gaucha só quer faturar algum, tipo assim: como um michezinho qualquer. E é claro com alguma pitada de facismo.
Claudio
Ah"
E o Maia e outros cupinchas se contentam com uma rebarbazinha e uma ou outra migalha que caia no chão, e que não precise lçevantar para pegar.
Claudio Dode
Será que haverá uma próxima edição do Fórum da Liberdade. Se revisitarmos as versões anteriores seria cômico (exaltação da previdência privada, privatizações, a Islândia como modelo, etc.). Cadê aqueles iluminados? Agora camuflam o discurso com a maior cara de pau.
Não só o capital financeiro, mas quem especulou também. Vamos pagar a cagada destas corporações. É o velho e medroso Lula em nome do bem comum:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u456401.shtml
Por onde andará o nosso querido Da Maia??O que ele achou da abjurada que o Greenspan fez essa semana,negando o credo monetarista?Aproveito para elogiar a visão do Manolo.
Tem gente que não sabe das diferenças entre partido, governo, estado e poder.
Na linha do que o manolo afirmou (muito bem, diga-se de passagem) vejam a entrevista que o Belluzzo concedeu à Carta Maior, pesquei alguns excertos no blog do Azenha:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/beluzzo-o-brasil-precisa-se-defender-da-crise/
Mas o nosso débil, errático, conciliador e mambembe presidente Luís Inácio prefere ser governado por gente como o meirelles, jobim, lobão e outras crias da ditadura, que o levarão direto ao inferno. E nós todos juntos...
Manolo, fecho contigo.
Abç.
CF
"The central bank is an institution of the most deadly hostility existing against the Principles and form of our Constitution....Bankers are more dangerous than standing armies......(and) if the American people allow private banks to control the issuance of their currency, first by inflation and then by deflation, the banks and CORPORATIONS that will grow up around them will deprive the People of all their property until their children will wake up homeless on the continent their Fathers conquered." (Thomas Jefferson) Quando leio a parte final dessa declaração de Thomas Jefferson(...seus filhos perderão suas casas no continente que seus pais conquistaram) e vejo os americanos morando em estacionamentos,não posso deixar de sinalizar o quão Jefferson foi profético.//Nós,aqui no Brasil,também temos de nos cuidar.Devemos exigir o fim desse modelo de banco central antes que percamos o nosso governo para os banksters(banqueiros gangsters).Fora Meirelles!!!!
É masquino, e as pessoas continuam brincado de burguêses e apostando neste modelo. O que dizer?
Woodrow Wilson disse:
A great industrial nation is controlled by its system of credit. Our system of credit is privately concentrated. The growth of the nation, therefore, and all our activities are in the hands of a few men who, even if their action be honest and intended for the public interest, are necessarily concentrated upon the great undertakings in which their own money is involved and who necessarily, by very reason of their own limitations, chill and check and destroy genuine economic freedom".Wilson fez a merda.Disse que tinha acabado com os EUA,depois de ter assinado a criação da Reserva Federal dando a um grupo de banqueiros privados o poder de imprimir o dinheiro dos EUA cobrando juros por isso.Esse é o projeto deles no Brasil.Explodir a dívida pública,como FHC fez,permitiu tornar esses bandidos sócios dos nossos bolsos.O problema é pesado.Na realidade,Panoramix,devemos exigir que o sistema de crédito seja estatizado definitivamente.O problema é que nem aqui no Piauí existe macho para fazer isso.Kennedy tentou e perdeu a cabeça..
Dá uma olhada sobre como a Reserva Federal foi criada,Panoramix:http://br.youtube.com/watch?v=1s18Y1bLZOU
"...China ha descubierto el diabólico juego financiero bushiano que pretende desplomar el valor del “viejo dólar” para pagar menos deuda y exportar más: “EEUU continúa su objetivo de largo plazo de devaluar el dólar”, según un editorial del People’s Daily (7/10/08) que expresa que el “rescate Paulson sumerge al mundo entero en una ola fresca (sic) de crisis financieras” debido a la “inundación de papel dólar que forzará la inflación en los precios de las principales materias primas”, por lo que aconseja sabiamente la “unificación de los esfuerzos de los gobiernos para combatir la crisis financiera y empujar las reformas en los sistemas financiero y monetario internacionales con el fin de doblegar la hegemonía ejercida por los dólares en la economía mundial”. ¡De acuerdo!" Vejam que interessante.Parece que eles vão dar um golpe e deixar nossos governos com montanhas de papel velho na mão.Querem criar um "novo dólar" chamado AMERO:http://www.voltairenet.org/article158388.html
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