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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Coronel é considerado “torturador” pela Justiça


Impunidade ainda não acabou

Era 28 de dezembro de 1972 quando César Augusto Teles e Maria Amélia Almeida Teles foram presos em São Paulo pelos militares. No dia seguinte, os filhos do casal, Edson e Janaína, então com 4 e 5 anos, respectivamente, foram tirados de sua casa, em Cidade Ademar, zona leste de São Paulo, e levados para o prédio do DOI-Codi junto com Criméia Alice Schmidt de Almeida, grávida de sete meses, irmã de Amélia.

Militantes do movimento de esquerda contra a ditadura militar, o casal foi torturado na frente das crianças em uma operação liderada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (foto). Hoje, 36 anos depois, Ustra foi considerado torturador pela Justiça do Estado de São Paulo após a sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro. A decisão em primeira instância do processo de ação declaratória ajuizado é comemorada por toda a família Teles.

"É um sinal de que a impunidade está acabando neste país", acredita Criméia, espancada pelo próprio coronel Ustra na prisão. Ela, a irmã Amélia, o cunhado César, e os dois sobrinhos Edson e Janaína ajuízaram a ação sem pedir qualquer indenização. "A intenção era reconhecer que houve tortura e torturadores no Brasil", disse.

No que diz respeito às crianças, o juiz julgou a ação improcedente porque "a prova testemunhal ficou muito vaga quanto aos autores Janaina de Almeida Teles e Edson Luis de Almeida Teles". "Me considero vitoriosa mesmo que a decisão não contemple a mim e o meu irmão. Eu ouvi os gritos, vi minha mãe sendo torturada, fiquei seis meses sequestrada. Isso é tortura sim, tortura psicológica", diz.

O advogado da família, Anibal Castro de Souza, explica que a ação declaratória é um grande avanço para a democracia brasileira. "Estamos pedindo o direito à verdade. É a prova de que os tempos estão mudando, que hoje conseguimos o que antes era impossível".

A atriz e ex-deputada federal Bete Mendes foi a primeira a denunciar publicamente o coronel Ustra por tê-la torturado enquanto estava presa. A informação é da Agência Brasil.

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O caso é inédito, mas só no Brasil. Em países vizinhos como Uruguai, Argentina e Chile, onde também houve ditaduras militares (sempre com apoio civil, especialmente da grande mídia) que prenderam de forma arbitrária, fizeram desaparecer pessoas, torturaram e assassinaram cidadãos e cidadãs, a punição de militares e agentes da repressão do Estado já está bem mais adiantada que no Brasil.

Fazemos votos de que o caso do coronel-torturador Brilhante Ustra seja apenas o primeiro de uma longa série de militares que serão considerados responsáveis judicialmente pelos atos que cometeram mas que insistem covardemente em negar, ou se ocultar atrás de argumentos patrioteiros ou abertamente cínicos.

Esta é apenas uma ação declaratória, o coronel que torturou – por ora – não sofrerá nenhuma sanção penal, mas de qualquer forma, para um país que sempre escondeu suas chagas históricas com os panos rotos da conciliação pelo alto, já é alguma coisa.


4 comentários:

Anônimo disse...

Ainda que seja apenas responsabilização, ou seja o reconhecimento da "relação" entre algoz e vítima, é um avanço considerável.

Os canalhas covardes (que pleonasmo!) nos devem a agonia.

armando

Anônimo disse...

Esses fascistas confundem sadismo com patriotismo.
São é doentes mentais, com pinta de valentes.
Covardes fantasiados de milicos.
Isso é crime comum, deveriam ser julgados como marginais comuns que são. Esses não tem direito à Anistia, que é para crimes considerados como políticos contra o Estado. Mas esses covardões faziam maldades contra pessoas civis, em nome do Governo com farda oficial e salário do Estado.

Anônimo disse...

A democracia no Brasil sempre será uma farsa, enquanto monstros como este brilhante ustra estiverem impunes e soltos por aí.

Anônimo disse...

Eos o "Dr. Tibiriça", denunciado no jornal Em Tempo, de 1978 (ver listão dos torturadores).

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