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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Atrevido, Meirelles avisa: juros não cairão!


“É importante que a sociedade saiba disso” – alerta o maroto presidente do BC

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (foto), afirmou ontem que, apesar da crise financeira, o BC continuará cumprindo com as metas estabelecidas para inflação. A meta estabelecida para a inflação de 2008, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 4,5%, podendo variar dois pontos percentuais para cima ou para baixo. A informação é da Agência Brasil.

Em discurso realizado em São Paulo, na posse da diretoria da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Meirelles disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá sua estratégia e avaliará os efeitos da crise para melhor se decidir sobre os juros.

“Engana-se quem vê uma manobra de estratégia na nossa atuação. Temos um compromisso com as metas de inflação. E é importante que a sociedade saiba disso ”, afirmou. De acordo com o presidente do BC, as decisões do Copom sobre a taxa de juros levam em conta as projeções de inflação e os riscos que a taxa pode trazer para a economia nacional.

A próxima reunião do Copom será realizada nos próximos dias 28 e 29. A taxa básica de juros (Selic) está, atualmente, em 13,75% ao ano.

Semanalmente, o BC elabora o boletim Focus, com estimativas de analistas do mercado sobre os principais indicadores da economia e, na publicação de ontem (20), a projeção dos analistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 6,20% para 6,23%. O IPCA é o índice oficial que mede a inflação.

Para 2009, os analistas mudaram a expectativa de inflação de 4,80% para 4,90%. A meta oficial de inflação para 2009 também é de 4,5%. Já as projeções dos analistas registradas pelo boletim Focus para a Selic é de que a taxa esteja, até o final deste ano, em 14,50%. No boletim anterior, a previsão era de 14,75%.

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Que leitura pode ser feita destas declarações marotas do presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles?

Esta leitura. Não importa a possível recessão econômico-produtiva mundial. Aqui no Brasil, as metas continuam sendo o combate à inflação. As medidas continuarão inspiradas em políticas monetaristas e ponto final. Keynes é um demônio que não pode ser invocado, jamais. Para o Banco Central nada – absolutamente nada – irá mudar a altíssima taxa básica de juros praticada no Brasil. Assim, o Banco Central do Brasil continuará na contramão das políticas salvacionistas implantadas por outros BC’s e por outros governos de economias centrais, como Europa e Japão.

Perseguir unicamente metas inflacionárias (em meio a uma ameaça recessiva mundial profunda e prolongada) com o remédio singular dos juros altos é a justificação mais cômoda para a reafirmação da hegemonia política e econômica do sistema financeiro no Brasil.

A insolência de Henrique Meirelles (É importante que a sociedade saiba disso!) é um recado direto para o centro de governo: a política é esta, e continuará sendo está, enquanto os bancos brasileiros quiserem que assim seja. Ponto final.

Fica cada vez mais claro que urge ao presidente Lula fazer valer a condição singular de sua altíssima popularidade retomando a soberania sobre a integralidade de seu governo, especialmente no que se refere à área econômico-financeira. Os bancos, enfraquecidos conjunturalmente no mundo inteiro, não podem fazer do Brasil uma ilha da fantasia em meio ao oceano de turbulências estruturais.

Soberania, já!

16 comentários:

Anônimo disse...

Parabés, Feil, no olho do minotauro financeiro que nos tiraniza há 30 anos.

MASQUINO disse...

Esse modelo com banco central independente está falido.Se isso aqui ocorrer:"Crise sistémica global:
Cessação de pagamentos do governo americano no Verão de 2009"-http://resistir.info/crise/geab_28.html vamos fazer o quê com os dólares que temos?Queimar para fazer tijolo?Esse Meirelles quer garantir o Bolsa Fartura para os banqueiros que recebem dinheiro para dar crédito às empresas e empoçam esse mesmo dinheiro aplicando em títulos da dívida pública,ganhando enormes lucros com os juros do Meirelles.Se Lula não acabar com isso,eles é quem vão acabar com Lula.Sempre residiu nisso a grande fraqueza do governo.Não temos dinheiro para infra-estrutura porque esses parasitas da economia real sugam o Orçamento Geral da União por meio dessa farra que FHC criou ao explodir a dívida pública interna.Foram parasitas desse naipe que tomaram o governo dos EUA do povo de lá.A dívida total deles está em mais de 300% do PIB.Se não mudarmos isso,aqui,vamos ser escravos por meio da dívida em nosso próprio país.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Lula tem alta popularidade porque a economia do Brasil está indo bem. Quando a economia vai bem a politica corre junto. Lula não é louco de mexer onde está dando certo. Não se sabe quais serão os rumos da crise e, portanto, não é hora de mexer. Por fim, é simplorice imaginar que a política de juros altos serve apenas para engordar a pança gorda do banqueiro.

Anônimo disse...

A ditadura do capital financeiro no Brasil é um cancro social. Essas políticas alijam milhões de pessoas do acesso aos direitos mais básicos para financiar 15 mil famílias que vivem como se estivessem na Europa Tropical.

Anônimo disse...

O Meirelles é parte da negociação do Lula com os banqueiros ainda em2001, seus principais financiadores. Não vai mudar nada, infelizmente. Continuaremos pagando a conta da concentração da renda nacional.

Anônimo disse...

Economistas são assim: a catástrofe virá. Se vier dirão: eu avisei. Se não vier: A conjuntura se alterou. Este professor Gonçalves prevê o fim do mundo do governo Lula para depois de amanhã às 09 horas, desde o primeiro minuto do governo Lula. Dá um tempo!!!
Claro que a taxa SELIC é um absurdo, quanto a isto não há divergência, mas não é o deus mercado quem manda? Com certeza não será este governo que romperá com isto, acomodou-se faz tempo.
Abraços
Horacio

Anônimo disse...

Caro Feil, apenas uma discordância quanto ao Afeganistão: essa guerra não acelerou, nem desacelerou nada. O fim da URSS começou bem antes e o que acelerou foi o (des)governo do pseudo-marxista Gorbachev.

armando

Anônimo disse...

Quanto ao Meirelles, o que esperar de um banqueiro oriundo das hostes tucanas?

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, o que acelerou a extinção da URSS foi a Revolução Científico Tecnológica, a chamada RCT.

Anônimo disse...

Que teoria.. "o que acelerou..." é tipo assim, "sei lá, quem sabe, mil coisas..."

O "Maia" recebe para dar pitaco e incomodar em blogs de como ela chama "certa esquerda" - a esquerda errada ele deixa em paz - e ainda dizer que as pessoas não devem falar mal da ZH. "É só não ler, ora."

Recebe dinheiro público para outra coisa e faz isso.

detalhes, em breve.

Anônimo disse...

http://www.bbc.co.uk:80/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081021_hobsbawncrise_fp.shtml
Crise expõe perigo de fortalecimento da direita, diz Hobsbawm
O britânico Eric Hobsbawm, considerado um dos historiadores mais influentes do século 20, disse à BBC nesta terça-feira que o maior perigo da atual crise financeira mundial é o fortalecimento da direita.

Anônimo disse...

É o apocalipse chegando, o fim, os quatro cavaleiros! Evidente que se eles cairem vão querer levar muita gente junto, o maia vai ser um dos primeiros! By the way, não sabes se fostes grampeado maia? Tem gente no teu calcanhar, não pra fazer mal, mas pra desmascarar o pitaqueiro que se diz ex-petista e que muitas vezes aporrinha paca!

Anônimo disse...

O apocalipse é somente para os petralhas.

Anônimo disse...

Pra ti também direitoso anônimo e covarde. Tu não foge a regra da tua laia, sempre por trás dos panos!

Anônimo disse...

Eu gostei mesmo foi do título: "Atrevido, ..." Sensacional. Nem a imprensa burguesa conseguiria aliviar tanto. Só faltou algo do tipo..."este menino sapeca!"

Anônimo disse...

Feil, Feil. não deite tão facilmente no colo de Keynes. sim, é ceto que temos que flexibilizar, mas não seja inocente de compra-lo assim, de olhos fechados.

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