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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 1 de maio de 2008


Primeiro de maio

Frases que nunca mais ouviremos: "Madame, sua liteira chegou", "Quem será o center-forward do scratch?" e "Trabalhadores do mundo, uni-vos". Os trabalhadores do mundo são vítimas da globalização perversa que aboliu as fronteiras para empregadores atrás de mão-de-obra barata e desregulada mas não para eles. Trabalhadores do mundo rico são prisioneiros das vantagens que conquistaram, que os impedem de competir com os trabalhadores do mundo pobre. Estes não podem ser solidários com suas reivindicações de tarifas altas para proteger seus empregos pois perderiam os seus. Nenhuma solidariedade proletária é possível num mundo em que o capital vai atrás do lucro onde quiser e o único internacionalismo permitido ao trabalho é a migração ilegal e o tráfego tétrico de empregos exportados cruzando com desemprego importado.

Economistas neoclássicos dizem que o exercício continuado do livre comércio dará razão ao ur-clássico David Ricardo, que no século 18 teorizou que Estados nacionais explorando suas respectivas vantagens em recursos naturais, capacidade industrial e mão-de-obra acabariam se complementando e todos ganhariam com isto, inclusive os trabalhadores, no melhor de todos os modelos econômicos possíveis. Mas o Ricardão tinha outra teoria, que chamava de "a lei férrea dos salários". Para ele, mesmo no melhor dos mundos teóricos, os salários tenderiam a se estabilizar ao nível da subexistência mínima, já que o trabalho é um recurso universalmente disponível e infinitamente substituível.

A organização do trabalho a partir do século 19 e o crescimento dos sindicatos parecia desmentir esse fatalismo de Ricardo, pois os trabalhadores aos poucos deixaram de ser o lado indefeso do modelo ideal. A legislação social, em maior ou menor grau, nos países industrializados - ou em países como o Brasil, em que a legislação precedeu a industrialização - prevenia a teoria de Ricardo, pelo menos em teoria, e as condições para a confirmação da sua lei férrea. A globalização restaurou estas condições. O trabalho organizado perde a sua força até em países como a França e a Alemanha, onde sindicatos e movimentos sociais sempre tiveram grande participação política, e a receita para "responsabilidade" econômica passa pela flexibilização de leis trabalhistas e outros eufemismos para roubar do trabalho o seu poder de barganha. Trabalhadores do mundo inteiro hoje não têm nada a perder a não ser uns 200 anos de luta, mais ou menos. O pensamento de David Ricardo estava tristemente certo. Só foi um pouco prematuro.

Artigo do escritor Luis Fernando Veríssimo, publicado hoje em vários jornais brasileiros.

Imagem: Pintura mural a afresco de Cândido Portinari (1903-1962), realizada em 1938. Dimensões: 280 x 248 cm

Clique na imagem para ampliá-la.

18 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Bom o artigo do LFV. Mas será mesmo que Ricardão tinha razão ao afirmar que a tendência do salário ( e do seu equivalente, o trabalho) é mesmo se estabilzar ao nível de subexistência? Paradoxalmente, todos os países mundiais vêm melhorando seu IDH, a taxa de longevidade vem aumentando e decrescendo a taxa de analfabetismo e mortalidade infantil. Enfim, vem melhorando a qualidade de vida da população mundial, mas muito falta ainda a fazer.

Anônimo disse...

vais correr hj bonecamaia? vais calçar seu pênis ASSIS?
acho que vc usa mesmo é sandália franciscana, aquelas do Strassburguer.

entendeu? ASSIS -> franciscano -> tudo a ver

glorinha

Anônimo disse...

Em pleno 1o de maio, lembro de palestra que assisti em 2005 no famigerado e ridículo "Fórum da Liberdade" na PUCRS. Um dos "gênios", indiano, afirmou que não havia problema no trabalho infantil e que certas ações eram melhores se realizadas por crianças. Ao menos estamos livres por aqui do Olavo de Carvalho por algum tempo, pois brigou e pegou pesado contra ZH/RBS!

Anônimo disse...

"Paradoxalmente, todos os países mundiais vêm melhorando seu IDH, a taxa de longevidade vem aumentando e decrescendo a taxa de analfabetismo e mortalidade infantil. Enfim, vem melhorando a qualidade de vida da população mundial, mas muito falta ainda a fazer".

Dados sem comprovação e discutíveis sob inúmeros aspectos, jogados no comentário para desviar o foco da postagem. Argumento falacioso, em outros termos.

Se fosses alfabetizado em economia, saberias que não só Ricardo tinha razão como Marx sofisticou o referido argumento. Esqueças, por alguns segundos, que existem meia dúzia de países onde o "salário de subsistência" é proporcional ao seu custo de vida, o que diminui significativamente a desigualdade social, e lembres que todo o continente africano, todas as Américas, quase toda a Ásia e boa parte da Europa e da Oceania não vivem tal situação.

Ou tu és completamente ignorante ou te fazes de louco para passares bem.

Anônimo disse...

É óbvio que houve melhorias gerais de condições de vida para o conjunto das populações.
A riqueza - como disse Marx - é social.
Mas é apropriada pelos capitalistas, que se apropriam do produto do trabalho.
Se se produz muito mais hoje do que em 1860, se explora hoje muito mais do que em 1860.

É isso que Ricardão quis dizer. O nível de subsistência no século 19 era infinitamente menor que hoje.

Portanto, mesmo que o salário hoje seja maior em termos nominais, acaba sendo bem menor em termos relativos aos primórdios do capitalismo.

Quer dizer (o que LFV deixou de citar para não parecer comuna demais): a taxa de exploração (mais-valia) em nossos dias é infinitamente maior que nos tempos de Ricardão ou Silva (Smith).

Sacou?

Juarez Prieb

Anônimo disse...

Legal lembrar do Portinari. É um dos artistas universais do Brasil. Essa obra dele eu desconhecia.
Muito bom. Ganhei o dia hoje.

Affonso Sobrosa

Anônimo disse...

Assisti ao "La Zona" (Zona do Crime no Brasil). Está bem demonstrado o que é o capitalismo em tempos neoliberais... Aliás, fiquei me perguntando, se alguns daqueles trabalhadores, do xópin, saberiam me dizer o que significava o "feriado" de hoje...

Carlos Eduardo da Maia disse...

msilvaduarte coloca dúvida no induvidável. É só ir no site da ONU e comparar as taxas do IDH. O Brasil de hoje - graça a uma política econômica adotada desde 1994 -- está muiiiito melhor do que há 30 anos. Em todos os sentidos, inclusive na conquista da cidadania. Muita coisa tem que ser feita, mas estamos indo na direção certa.
Juarez Prieb - essa história de que riqueza é apropriada pelos capitalistas que exploram os tadinhos dos trabalhadores é conversa de década de 60 ou 70. O professor Boaventura, no 1º FSM que assisti, colocou nos pingos nos is, o problema hoje não é a exploração do explorado, mas a inclusão do excluído. É essa exclusão que devemos lutar.
Cláudia, o que fazias no shopping no dia do trabalho? Os trabalhadores do shopping trabalham no dia primeiro porque tem gente que consome os serviços do shopping. Entendeu ou quer que soletre?

Anônimo disse...

Bonecamaia tá nervosa?

Noooooooooosssssssaaaaaaaaaa!!!!!!!!

Anônimo disse...

Aqui em Sampa, hoje dia chuvoso, tem um monte de crianças dormindo nas ruas. Dormindo drogadas, para espantar a fome. Realmente, esse tal do IDH, citado pelo Maia, é f...

armando

Anônimo disse...

Cláudia, o que fazias no shopping no dia do trabalho? Os trabalhadores do shopping trabalham no dia primeiro porque tem gente que consome os serviços do shopping. Entendeu ou quer que soletre?

02 Maio, 2008 11:07
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Dislexia Intelectual...
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Levem as suas crianças ao neurologista,porque depois de certa idade não adianta nenhuma terapia cognitiva ou medicamentosa que reverta a síndrome.
Doença terrível,pois as pessoas falam uma coisa e o doente entende outra!

Anônimo disse...

Marcelo,a minha avó ,muito sábia e analfabeta, dizia :
" Tá se fazendo de LOCO prá andar de Ambulância" !

Anônimo disse...

Putz, cara. Esse blog está se tornando "espaço de discussão com o Maia". Por favor, parem com isso, vamos tentar usar essa ferramenta para construir!

Anônimo disse...

Putz...vai prá coluna.Esse blog não é teu cara...vai fazer e construir o que quer que seja no teu!

Ou vai querer pautar o blog dos outros? Capaz...

Anônimo disse...

Ferramenta...isso é coisa de operário
pedreiro...entendeu?
Pô Cris,tu tá ficando famoso,até os ferramenteiros tão opinando !

Não estou afirmando,mas pode ser que sim ou não,sei lá!
O mundo não é justo e é muito complexo.Te cuida.

Anônimo disse...

Bem, se vocês ao invés de discutirem algo interessante preferem discutir as opiniões do tal de Maia não tá mais aqui quem falou. Só não entendi o porquê do tom jocoso e do preconceito com pedreiros. Tentei propor algo, acho que os blogs podem ser usados para discussões construtivas - mesmo que sejam apenas para nós mesmos - mas se vocês preferem utilizar para picuinhas tudo bem.

Anônimo disse...

Não foi minha intenção querer pautar o blog, se pareceu isso me expressei mal. Acho muito bom o blog, admiro o trabalho do Cristóvão Feil - a quem não conheço pessoalmente. Só que tem alguém pautando ele em todos os tópicos, e aí sempre há alguém para mandar alguém não sei pra onde, se aproveitando que está na frente de um computador, e não se debate mais nada. Lamento profundamente isso.

Anônimo disse...

Prestes,meu filho, coloca no google
pedreiros e maçonaria.

abraço sincero prá ti

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cfeil@ymail.com

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