Cumprimentando com o chapéu alheio
Esse texto de Zero Hora, abre uma matéria sobre o pintor Iberê Camargo, falecido em 1994:
“Jorge Gerdau Johannpeter, 71 anos, é dos homens mais incomuns que se conhece, um dos mais respeitados do país e um dos mais invejados, líder empresarial de sucesso e projeção internacional. Comenta-se que o presidente Lula, desde o primeiro mandato, gostaria de tê-lo como ministro”.
Se o empresário Jorge Gerdau é diabético, hoje certamente passará mal com tanto açúcar. Mas e Iberê? Ora, Iberê. Quem mandou ser gauche na vida!
O negócio é usar recursos públicos para financiar um museu com nome de um "comunista" (como diziam) para satisfazer o ego narcísico da burguesia guasca. E que ainda vampirizam a obra de um artista que sempre repudiou (como classe) aqueles que interessadamente hoje o adulam.
Falando sério: o Museu Iberê Camargo de Porto Alegre, que estará aberto à visitação pública a partir de sábado, foi totalmente construído com recursos públicos.
Me explico: mais da metade dos recursos foram investidos pela estatal Petrobras, e o restante resulta de incentivos fiscais aproveitados pela iniciativa privada para investir em arte/cultura. Ou seja, o Estado faz uma renúncia fiscal com o objetivo de estimular o pseudo-mecenato de empresários como o senhor Jorge Gerdau Johannpeter, que nos olha sorrindo da capa de ZH (fac-símile), supondo que acreditemos na sua inexcedível generosidade.
Assim, se você – ilustre leitor, amável leitora – enxergar sábado em algum canto do museu uma lista de empresas privadas fazendo parte do rol de patrocinadores do projeto da construção do prédio projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza, saiba que esses recursos de patrocínio foram impostos não-pagos e não-recolhidos pelo Tesouro federal – portanto, objeto de renúncia fiscal, repetimos – e aplicados na edificação de cada molécula do Museu Iberê Camargo – um dos maiores artistas plásticos do Brasil, nascido
Jorge Gerdau – com diabetes ou sem diabetes – hoje está pingando narcisismo glicosado e nos saudando com o chapéu de cada contribuinte deste Estado.
29 comentários:
Porto Alegre vai ganhar um grande espaço. O projeto do português Alvaro Sisa é muito interessante e está localizado em região privilegiada, onde antes não havia nada. Hoje existe algo. E tem gente que tem nostalgia do nada. Se não houvesse incentivos fiscais, o nada habitaria o local da Fundação Iberê. Entre o ser e o nada, como diria Sartre, eu fico com o ser. Em outras palavras: melhor assim do que assado. Melhor dinheiro público e privado para a construção de uma interessante obra cultural que vai trazer divisas, cultura, divertimento, fazer circular capital, atrair turismo e fotografias para concursos japoneses do que ver o dinheiro público indo para o ralo das operações Detran, Mensalão, CGTEE e outras picaretagens. Qualquer grande empreendimento cultural -- vejam o Gugenheim de Bilbao feito pelo Sisa, como é que foi???? -- funciona exatamente como o Museu Iberê. O resto, o resto é preconceito de quem acha que capital é sempre ruim para a tosse.
Homem incomum? Faça-me o favor, explorador não tem nada de incomum, sendo comuníssimo no mundo dos que se aproveitam do trabalho alheio.
armando
Capital de quem, cara pálida?
Capital público, diga bem, complete se for honesto.
Gerdau é um impostor posando de mecenas das artes. Isso tem nome: picaretagem cultural. Ele toma dinheiro público e posa de benfeitor da cultura e dos artistas.
Já que copiam tanto dos EUA, porque não copiam o mecenato da grande burguesia norte-americana? Aquilo sim que foi mecenato e proteção da cultura. Pega somente a família Rockfeller e vc tem mais mecenato que toda TODA a burguesia do Brasil em TODOS os tempos.
O Gerdau além de ser um impostor é um ignorante em artes e culturalmente é um débil mental.
Experimentem conversar com ele a fundo sobre a arte contemporânea. Façam esse teste. Que a Zero Hora paute esse tema e entreviste o senhor-aço naqueles cadernos inúteis de domingo.
Esse cara é uma anedota como conhecedor de arte.
Ah, Maia, o nome do arquiteto é Álvaro Siza (Siza, viu?) Vieira.
Respeite o nome das pessoas.
Gustavo, Jorge Gerdau não tem nada de ignorante e é colecionador de artes há muiiito tempo. Gerdau era muito amigo de Iberê. Certa esquerda convencionou que o sujeito que tem cultura e sabe tudo na vida é somente aquele que é expert na religião do materialismo histórico. Conversa para boi dormir. Outra coisa, não é verdade, como disse o Feil, que o prédio do Museu Iberê foi construído totalmente com recurso público. Negativo, foi parcialmente construído com incentivos fiscais, como ocorre em qualquer grande empreendimento cultural do mundo socialmente desenvolvido. Repito, veja como foi a construção do Gugenheim de Bilbao na Espanha, projeto do Alvaro Siza, com "z", thanks!!
Incentivos fiscais SÃO recursos públicos.
Maia, não fuja da questão, como sempre.
Que tal o mecenato dos barões do petróleo nos Estados Unidos? A maioria dos museus de Nova York são obra de mecenato cultural e artístico da grande burguesia ianque. Me diga apenas um museu brasileiro que tenha sido montado e bancado com obras por algum burguês do Brasil. Apenas um. Mas não vale o Chatô, esse se sabe como ele montou o MASP, está contado, muito bem contado no livro do Fernando Morais. Foi um cara que se interessava por arte e passou a usar o seu prestígio e o seu desaforamento pra extorquir recursos e obras de arte de ricos brasileiros.
Quanto ao Gerdau ter, possuir, colecionar obras de arte não significa que ele as conheça. Ele é um entesourador de obras artísticas. O que é bem diferente de um conhecedor da história da arte e de um verdadeiro amante das beaux arts.
Maia, faz o seguinte, vá estudar um pouco mais e depois volte aqui, mas seja educado, não aborreça ninguém, nem ponha o dedo no nariz nem nas partes baixas.
Mentira que Gerdau era amigo de Iberê. Iberê não gostava desses tipos aduladores. Iberê era um sujeito turrão, mau humorado, porém justo e comedido.
Detestava esses nouveau riches, exibidores de cultura postiça, comprada no botequim da esquina. Iberê se envolveu numa briga de casal, na rua em Copacabana em 1980. Ele defendeu a mulher que estava sendo injuriada publicamente pelo marido na rua. O valentão empurrou o pintor e este, armado, deu um tiro mortal no fdp. Foi absolvido por legítima defesa.
Iberê pagava para um cara ficar sentado atrás de sua cadeira no cinema. Ele detestava que ficassem batendo com o pezinho na sua cadeira.
E agora me diz se um sujeito desses vai ser amigo de um boçal como o Gerdau?
O Gerdau mente que foi seu amigo., para auferir prestígio junto a boçais como ele, que desconhecem arte e os artistas verdadeiros como Iberê.
Maia, essa gentalha é lixo social e humano.
Este magnata, cujo sotaque (dizem que desde os tempos de criança)reforça toscamente algo que lembraria os Krupp (cuja finesse não os impediu de apoiar o fascismo e explorar trabalho escravo), um Krupp guasca cuja carreira iniciou-se com um casamento bem sucedido,desde o início viveu de subsídios estatais, em particular da CEEE.Tornou-se liberal apenas quando necessitou expandir-se para fora.Agora com as encomendas de navios e obras de infraestrutura defenderá a independência brasileira.Sua participação no Conselho de Desenvolvimento Social e Econônmico tem sido decisiva. Mas não se trata apenas de um mecenas com chapéu alheio, também é um benemérito na caridade, afinal tem que ascender aos céus com a alma tranquila.Um lembrete:também é um mecenas das letras, paga de seu próprio bolso edições de livros espíritas com pitadas de física avançada. Um erudito!Sua participação é essencial no Parceiros Voluntários, evidentemente com descontos no Imposto de Renda.Talvez agora conquistada a respeitabilidade plena esta magnata guasca pague mais impostos como pessoa física, pois , recordo-me , em reportagem da antiga Veja na década de oitenta sobre o imposto de renda no Brasil e os ricos, este digno senhor teria declarado de seu apenas um apartamento e um Passat. Um vencedor!
Gustavo,tens razao. Gerdau conheceu o mestre Iberê quase no fim de sua vida.
Um adendo:de seu, como pessoa física. Não criemos confusões com a honra alheia.Elisões tributárias existem para que?
Caro Franz: Veja se consegue essa Veja aí! Um apartamento e um Passat!
E hoje talvez esteja lavando dinheiro em obras de arte!!!
Hahahahaha!
Perolas do Maia:
"Outra coisa, não é verdade, como disse o Feil, que o prédio do Museu Iberê foi construído totalmente com recurso público. Negativo, foi parcialmente construído com incentivos fiscais"
Quem não gosta da verdade é o Maia.
Tanto que ninguém visita o blog dele para ler as bobagens e mentiras que escreve.
Pois o gajo diz que "não é verdade, como disse o Feil..."
É verdade sim senhor! quem faltou com a verdade foi o Maia, porque mesmo não sabendo o que diz, até ele deve saber que INCENTIVO FISCAL É DINHEIRO PÚBLICO.
Então, mesmo este "parcialmente" é dinheiro público!
Claudio Dode
Da série Pérolas do Maia:
"Certa esquerda convencionou que o sujeito que tem cultura e sabe tudo na vida..."
Um cara que tem cultura e SABE TUDO NA VIDA...
Vai ser puxa saco lá deserto verde.
Claudio Dode
MAIA ALIENADO CAI FORA !! CORRE PARA O COLO DO DONO DA CARRETA DE AÇO QUE PAGA MEIA NOTA PARA SECRETARIA DA FAZENDA DO RS!!!! UMA VERGONHA!!!!
Incentivo fiscal é dinheiro público sim, mas pode ser - e geralmente é - dinheiro público bem investido. Em qualquer lugar do mundo socialmente desenvolvido funciona exatamente como no Brasil. Ou vocês acham que o governo espanhol não deu incentivo fiscal para o Museu Gugenhaim Bilbao ser instalado naquela cidade basca? Incentivo fiscal é dinheiro publico que não vem para gerar investimento, o qual vai gerar mais recursos fiscais para o Estado. É uma burrice imensa ser contra incentivos fiscais como esse do Museu Iberê. Se não houvesse esse incentivo, não haveria nada no local. Essa que é a verdade... Então, como diria a Marta, relaxem e gozem...
Feil, informe-se. Praticamente metade da coisa foi construída com grana direto do bolso do tio Gerda. O resto foi via LIC. O cara foi amigo de Iberê, nada mais justo que homenageie o artista.
O "captador" de recursos do projeto foi o Fernando Schüller, intelectual preferido da Governadora Yeda.
"Captador" ou não seria melhor "catador"? Lumpen por Lumpen... com a ressalva de que ao menos os humilhados e ofendidos deste mundo estão no último elo.Candidatos à lumpenburguesia são simplesmente socialmente nefastos.
O tio Gerda não ponhou bijuja nenhuma, anônimo.
É 100% grana pública. Metade Petrobras, metade LIC.
Titio Gerda é um aproveitador, um surfista prateado, não, dourado.
O Iberê nunca foi amigo dessa bisca. Hoje, ele se diz amigo do Iberê. Esse cara é empresário do aço? Então, fica na sua, no aço. De arte ele "aça" que entende.
Ah, ele entende também de kardecismo.
Eu achava que ele fosse honesto, mas depois que fiquei sabendo que o operador dele é o Fernando Xiler, não digo mais niente.
Kardecismo com pinceladas (já q estamos falando de arte) de alta física. Que lambança...
Eugênio
boa relança feil. não havia me dado conta de que incentivos fiscais é igual a dinheiro publico. ingenuidade minha.
como estudante de arquitetura me orgulha ter um obra qualificada de um prestigiado profissional próxima a mim. a idéia das rampas soltas é espetacular. mas cabe uma ressalva, como diz o professor da faculdade de arquitetura e urbanismo da ufrgs edson mahfuz, ela em nada representa a arquitetura brasileira. é uma obra importada, européia feita no brasil.
corrigindo a informação do maia, o museu guggenheim de bilbao não é do português alvaro siza, mas sim do arquiteto estadunidense frank gehry. museu, na minha opinião, de qualidade discutível.
Ok,Giovanni, a pergunta fundamental a ser posta é: se não houvesse incentivo fiscal, o que haveria hoje no local onde foi construída a obra de Siza? Capim molhado ou terra batida?
Isso é o q dá quando o estado abre mão do seu papel e cria esses espaços pra picaretas, ocips, ongs, pseudo-mecenas e trolls cretinos. Era só cobrar os impostos devidos, q o governo poderia assumir sua função como instituição fomentadora e reguladora da vida nacional.
Mas este é um estágio superior de civilização q infelizmente ainda estamos muito longe de atingir. Precisaremos d muitos detrans pra massa entender o q é picaretagem privada e interesse público.
Eugênio
Eugênio, deixa de ser ingênuo. Nenhum Estado do mundo tem condições hoje de bancar uma obra dessas. Não temos estrutura, não temos aparelhagem, não temos qualidade de gestão. O Estado tem dificuldade de construir presídios decentes e agora quer construir e gerenciar uma obra extremamente complicada como essa que a população de Porto Alegre vai ganhar? O Estado tem que focalizar sua atuação na educação, na saúde e na segurança, bem como fazer gestão do serviço público e do patrimônio público e ponto final. O resto que ele faça a necessária e fundamental parceria com a iniciativa privada. Essa é a linguagem do desenvolvimento de qualquer país que queira ser moderno. O Estado, qualquer Estado, não tem condições por si só de fazer isso. E geralmente o dinheiro vai para o ralo do caixa 2, da corrupção, dos Detrans e mensalões da vida, da picaretagem, da ineficiência e da burocracia da máquina estatal. Muito melhor, mas muito melhor mesmo, o Estado fazer parceria com a iniciativa privada e ela se responsabiliza - com recursos próprios - que depois serão deduzidos via isenção fiscal -- pela construção do empreenedimento. É assim que ocorre em todos os países socialmente desenvolvidos e é exatamente esse o estágio superior da civilização que temos de almejar. É exatamente assim que se respira nos países socialmente desenvolvidos. Leia, Eugênio, aprenda, veja como ocorrem nos outros países mais desenvolvidos.
MAIA!! JÁ DISSE QUE O TEU LUGAR É NO COLO DO HOMEM !! VAI PRÁ LÁ AGORA AVESTRUZ!!!!!
Ô Maia,
Eu não critiquei a utilização do incentivo fiscal para a construção do museu, o que eu tentei foi desmentir o que dissestOutra coisa, não é verdade, como disse o Feil, que o prédio do Museu Iberê foi construído totalmente com recurso público. Negativo, foi parcialmente construído com incentivos fiscais".
Querendo dizer que recurso de incentivo fiscal não fosse publico, querendo privatizar o mecenato publico.
Claudio Dode
"
Quem tem q ler é tu, quadrúpede mal intensionado.
Isso é o q dá quando o estado abre mão do seu papel e cria esses espaços pra picaretas, ocips, ongs, pseudo-mecenas e trolls cretinos. Era só cobrar os impostos devidos, q o governo poderia assumir sua função como instituição fomentadora e reguladora da vida nacional.
Mas este é um estágio superior de civilização q infelizmente ainda estamos muito longe de atingir. Precisaremos d muitos detrans pra massa entender o q é picaretagem privada e interesse público.
Eugênio
Cristovão,
Com relação a generosidade do Sr. Gerdau, gostaria de reforçar essa visão do mundo corporativo, refrescando a memória com dois posts de pouco mais de um ano, um do PHA e outro da "Carta Capital" que mostram o carater "altruísta ?(com chapéu dos outros) e nada predatório" de nossa elite: a fuga de coleções de arte para museus em BAs e Houston e a vergonhosa situação do MASP. Este último, vale ressaltar que nunca foi público e sim uma "entidade privada" que funcionava no famoso predio projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, que é da Prfeitura de São Paulo e estava "emprestado" a tal fundação!! Curioso é que o MASP torna-se mais um a somar-se a longa lista de casos em que se desmonta o grande dogma da teologia neoliberal (que é repetido como um mantra no PIG): o peso, e a corrupção patológica levam a essa inépcia do poder público que só a derradeira e salvadora privatização pode nos salvar!
Abs.
Robson
Notícias
22/03/2007 09:50h
ONDE ESTÁ A BURGUESIA PAULISTA ? EM HOUSTON - II
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 238
. Estes são os homens e mulheres mais ricos do Brasil, em 2007, segundo a revista americana Forbes:
Joseph Safra
Jorge Paulo Lemann
Aloysio de Andrade Faria
Antonio Ermirio de Moraes
Moise Safra
Marcel Herrmann Telles
Carlos Alberto Sicupira
Rubens Ometto Silveira Mello
Julio Bozano
Abilio dos Santos Diniz
Dorothéa Steinbruch
Elie Horn (da Cyrela)
Guilherme Peirao Leal (da Natura)
Eliezer Steinbruch (CSN)
Constantino de Oliveira (Gol)
. É claro que outros nomes poderiam estar aí – como, por exemplo, nomes da família Setúbal (Itaú), Moreira Salles (Unibanco), outros usineiros de açúcar; e "new money", como os que se fizeram na privatização de Fernando Henrique Cardoso, como Daniel Dantas e André Lara Rezende.
. Nenhum deles impediu que a fantástica coleção de arte construtiva brasileira de Adolpho Leirner fosse vendida a um museu de Houston, no Texas.
. Nenhum museu de São Paulo - um deles, por exemplo, dirigido por Milú Villela, do grupo controlador do Banco Itaú - se interessou pela coleção.
. (Um dos museus estava fora de cogitação, porque não tinha dinheiro para pagar a conta da luz...)
. Não é a primeira vez que São Paulo se vê diante de situação igualmente constrangedora: quer ir ver o "Abapuru", de Tarsila do Amaral? Dê um pulo ao Malba, em Buenos Aires...
. Nos anos 90, um banqueiro argentino arrematou o "Abapuru" numa casa de leilões em Nova York, já que o vendedor brasileiro não conseguiu interessar nenhum milionário brasileiro...
. Leirner procurou todos os museus. Ofereceu a coleção a todos eles.
. A coleção Leirner, digamos, custava US$ 30 milhões.
. US$ 30 milhões? Mixaria.
. É o preço de duas coberturas desses prédios horrorosos em que moram os milionários paulistas de estilo (?) "neoclássico francês" – com aquelas "mansardas" no alto - e que, em Nova York, os construtores espertalhões chamam de "Polish Renaissance"...
. Ah, isso é culpa do poder público, dirão alguns. Federal, estadual e municipal, que não sabe gastar dinheiro com cultura.
. Talvez seja.
. Mas, em Nova York, milionários como Rockefeller, Guggenheim, Morgan, Frick, Carnegie e Lehman tiraram dinheiro do bolso para dar à cidade museus e coleções inigualáveis.
. E quem sabe o que fez o Sr. Frick, que deixou à cidade a maior coleção de Vermeers fora da Holanda? (*) E o Sr. Lehman? Nada tão relevante quanto financiar uma ala do Metropolitan Museum...
. (O Lemman brasileiro – que vendeu a Brahma aos belgas – acaba de doar US$ 1 milhão à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde estudou. Mas, pergunta se ele ganhou um tostão vendendo Brahma em Boston???)
. Os milionários daqui não pensam nem em como gostariam de ser lembrados... Porque, provavelmente, pouco se lhes dá o que "os outros" pensam sobre qualquer coisa.
. A burguesia de São Paulo destruiu a Avenida Paulista e foi incapaz de construir uma catedral.
(A Sé só não é mais anacrônica do que a Catedral de Saint Patrick, em Nova York. Lá, um gótico em frente ao Rockefeller Center, que perde para o Saks em imponência. Aqui, um prédio gótico numa cidade cortada pelo Trópico de Capricórnio...)
. A burguesia de São Paulo não mudou nada.
. Só sabe tirar. Não sabe botar.
. Tem dezoito seguranças na porta do prédio, mas é incapaz de dar um tostão para cuidar do jardim da praça pública em frente ao prédio.
. O prédio é da burguesia. O jardim é do publico, dos outros.
. Dentro dos apartamentos, a coleção de arte tem peças fabulosas.
. E o acervo dos museus?
. Que falta fazem o Chateaubriand e o Pietro Maria Bardi, que sabiam tomar grana dos ricos para construir um museu que pagava a conta de luz...
. Que saudades do governador que espinafrava a "elite branca".
(*) Na virada do século XIX para o século XX, o Sr. Frick era um dos reis do carvão, que se notabilizou por mandar matar operários grevistas. Fazia parte daquele conjunto conhecido como "robber barons". O problema é que, aqui, os "robber barons" preferem entrar para a história como "robber barons" e não como colecionadores de Vermeers...
Em tempo: Uma amiga brasileira, professora de História da Arte, leu este texto sobre a fuga da maravilhosa coleção de Leirner para Houston. Ela acabou de assistir em Nova York à peça de Tom Stoppard "The coast of Utopia" (A costa da Utopia), uma trilogia sobre a vida intelectual na Rússia no inicio do Século XX. Ela selecionou, a propósito da inação dos burgueses de São Paulo, essa frase fantástica de Stoppard: "It takes wit and courage to make our way while our way is making us, with no consolation to count on but art and the summer lightning of personal happiness". (É preciso ter sabedoria e coragem para traçar o nosso caminho, enquanto o nosso caminho nos faz, já que só há consolo na arte e no breve raio de verão da nossa felicidade).
(A tradução é minha – e vocês, leitores, mereciam uma melhor).
Poder público quer dar um basta à má administração do Masp
DEMOROU. MAS O PODER PÚBLICO RESOLVEU DIZER "CHEGA" À LAMENTÁVEL ADMINISTRAÇÃO DO MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO (Masp).
O pedido de interdição, apesar de ancorado em irrefutáveis argumentos técnicos (falta de extintores de incêndio e de alvará do Corpo de Bombeiros, por exemplo), é também uma ação política. Ministério Público, governos federal, estadual e municipal decidiram se unir na tentativa de tornar mais transparente a gestão desse patrimônio cultural do País.
Museu é refém de egos empresariais
Na tarde da quarta-feira 16, na sede da Procuradoria-Geral da Justiça de São Paulo, o staff cultural do estado reuniu-se a portas fechadas. O secretário de Cultura, João Sayad, seu adjunto, Ronaldo Bianchi, e o secretário-adjunto do município, José Roberto Sadek, sentaram-se na sala da promotora Mariza Schiavo Tucunduva e foram informados de que, à 1 da tarde daquele dia, havia sido protocolada na Justiça a ação civil pública que pede a interdição do Museu da Arte de São Paulo, o Masp.
O encontro, para o qual havia sido convidado também o responsável pelo setor de museus do Ministério da Cultura (MinC), José do Nascimento Junior, não só serviu de amparo à medida como deixou claro que, neste momento, está em curso uma ação política conjugada que pretende pôr fim ao modelo de administração do Masp.
Se para a opinião pública o roubo dos quadros de Portinari e Picasso, em dezembro de 2007, foi o grande alerta sobre o caos administrativo, no setor cultural o alarme soa há um par de anos. Foi a própria Secretaria de Estado da Cultura que, em agosto de 2007, informou ao Ministério Público que oferecera ajuda ao Masp, mas não tivera resultado. "Fizemos isso para nos eximirmos da acusação de prevaricação, que é saber dos problemas e não fazer nada", diz Bianchi. "Articulamos com a Fiesp uma ajuda para o museu, mas não obtivemos sequer resposta."
Não foram os únicos a ouvir o silêncio do presidente do Masp, Julio Neves. "Desde 2004, oferecemos apoio financeiro, mas pedimos, em contrapartida, uma gestão mais transparente. Nunca recebemos resposta", informa Nascimento, diretor de museus do Iphan. Feito jogral, Sadek completa: "O Masp é a única instituição que recebe dinheiro da prefeitura e não apresenta um programa de gastos. É nossa obrigação zelar pelo dinheiro público, mas, no caso do Masp, a prestação de contas é meramente contábil. Eles mandam um monte de notas fiscais e pronto".
A pergunta imediata que ocorreria a qualquer pessoa de bom senso seria "por que os governos aceitam isso?" A resposta é, a um só tempo, simples e surreal. O Masp é uma associação civil sem fins lucrativos que remonta aos tempos de seu criador, Assis Chateaubriand, e tem um quê de intocável. "A associação foi criada para salvaguardar o Masp das dívidas dos Diários Associados, para impedir que os credores do Chateaubriand se apropriassem dos quadros", explica Luiz Marques, professor da Unicamp, ex-curador do Masp na gestão Neves e líder do abaixo-assinado SOS Masp ( www.sosmasp.com.br).
É essa associação privada que elege, a cada dois anos, o presidente do museu. Ninguém sabe ao certo quem compõe a sociedade de amigos, pois o próprio estatuto prevê o sigilo. "Os sócios que votam integram uma espécie de sociedade secreta", define Sadek. Há ainda o conselho, de função consultiva.
Entre os 65 sócios, sabe-se que estão Paulo Neves, filho do presidente, os médicos Adib Jatene e José Aristodemo Pinotti, o publicitário Nizan Guanaes, Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, o banqueiro Pedro Moreira Salles, o agropecuarista Jovelino Mineiro, amigo de longa data de FHC, e Manoel Pires da Costa, presidente da Bienal, outra instituição que amarga desastres administrativos.
Cabe a esse grupo fechado, sem artistas ou críticos, gerir o acervo e reconduzir Neves ao cargo. Foram sete vitórias desde 1994, quando, representando o grupo de Roberto Costa de Abreu Sodré, Neves bateu o empresário José Mindlin por um voto de diferença. No último pleito, em 2006, concorreu sozinho. As duas principais características de sua gestão são o personalismo e o alto nível de endividamento. Cabe lembrar, porém, que ele não está sozinho na gestão.
"Como são pessoas ocupadas, os sócios talvez não estejam prestando atenção no que está acontecendo, mas eles também são responsáveis pelo desastre. É sempre uma posição de destaque e honra participar de um museu como esse, mas quem quer a honra deveria assumir a responsabilidade", observa Sadek.
CartaCapital tentou entrevistar Pinotti, Jatene, Guanaes – que chegou a se apresentar como candidato à presidência, mas desistiu –, Mineiro e o ex-secretário dos Direitos Humanos José Gregori, integrante do conselho. De cirurgias a viagens à Europa, tudo serviu de justificativa para a falta de retorno das ligações.
Mas, após a recuperação dos quadros, tratada como "vitória" pelo Masp, algumas dessas pessoas deram declarações aos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Jatene, por exemplo, disse que "tratam o museu como um órgão público e ele não é". Será?
Para compreender esse ponto, é imprescindível a marcha à ré histórica. Chateaubriand, no afã de erguer um grande museu, contraiu uma dívida de cerca de 4 milhões de dólares (em valores da época) com um galerista francês. Contra esse dinheiro, adquiriu o núcleo de pintura impressionista, guiado pelo conhecimento de Pietro Maria Bardi (leia texto abaixo). Entre 1956 e 1957, pagou metade da dívida, muito à custa da venda avançada de publicidade dos Diários Associados.
O galerista, desconfiado de que não veria a cor do resto do dinheiro, transferiu a dívida para um banco americano. Por um triz, as obras não foram seqüestradas. Na biografia Chatô, Fernando Morais relata o desespero do empresário, que se arrojou aos pés do presidente Juscelino Kubitschek e conseguiu fazer com que o governo quitasse o débito. Foi Jarbas Passarinho, ministro da Educação do governo Médici, quem perdoou a dívida de Chateaubriand com o governo brasileiro.
"Isso significa que metade da coleção foi paga por empresários e a outra metade pelo Estado brasileiro. Não tem sentido essa associação atual, que não tem mais vínculo com aqueles antigos empresários, se considerar dona do acervo", observa Luiz Marques.
Há mais. O prédio da avenida Paulista pertence à prefeitura e o acervo, desde 1969, é tombado pelo patrimônio histórico. "É uma situação sem similar, complicada. Mas é um impasse que tem de ser resolvido com cautela sob pena de agravar ainda mais a situação do museu. Uma briga judicial, pelo tempo que levaria, não seria boa para ninguém e colocaria o acervo em risco", pondera Nacimento Junior.
E é justamente isso que está acontecendo. Os governos, ao que tudo indica, decidiram pressionar o Masp para, enfim, conseguir ao menos um assento no conselho. À frente da batalha legal, na área civil, está a promotora Marisa Tucunduva. "Verificamos a situação financeira, as questões de segurança do prédio e a conservação das obras", enumera.
Após a abertura do inquérito civil, em agosto de 2007, o Procurador-Geral, Rodrigo Pinho, reuniu-se com Neves, Jatene, Pinotti e Pires da Costa para entender a situação do museu. "Eles prometeram mandar documentos para que tivéssemos uma noção exata da dívida, mas não chegou nada até agora", anota a promotora.
Após o furto, o MP promoveu outra reunião, com Neves e Bianchi, para tentar um acordo. "Vimos que não havia qualquer possibilidade porque o presidente do museu apresenta muitos obstáculos", diz Mariza. Ela solicitou laudos sobre o estado de conservação das obras e um contador do MP está debruçado sobre as contas disponíveis.
Como se vê, o pedido de interdição, que deve ser avaliado pelo juiz por estes dias, é apenas uma ponta do processo. "Há uma norma constitucional que diz que cabe à Justiça proteger o patrimônio cultural", argumenta a promotora. "E, no caso desta ação, a interdição foi pedida para proteger a vida dos funcionários e freqüentadores e também os quadros."
Outro foco de pressão vem da Prefeitura, que promete usar o prédio como moeda de troca, já que o comodato, em vigor desde 1968, vence em 2008. "Vamos fazer exigências para a renovação", informa Sadek.
Outra pendenga imobiliária diz respeito à Galeria Prestes Maia, no Centro de São Paulo, cedida há dez anos para o Masp pela Prefeitura. Neves jamais cumpriu as promessas de reforma e abertura de uma escola de artes. "É um lugar vazio e eles não deixam a Prefeitura ocupá-lo. Queríamos colocar naquele espaço de 400 metros quadrados a coleção de arte municipal", prossegue Sadek.
Na quinta-feira 17, o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) pediu à Subprefeitura da Sé o embargo imediato das obras que foram realizadas no local pela falta de autorização do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio (Conpresp).
Somado esse laudo àqueles que mostram que o museu funciona sem alvará do Corpo de Bombeiros e não possui, entre outras coisas, hidrantes, portas corta-fogo ou brigada de incêndio, é difícil levar a sério o novo projeto de segurança que inclui "câmeras robotizadas com sistema de voz" e "identificadores de face". Também é impossível não pensar na profissão de seu presidente: arquiteto.
"O principal museu do País está nas mãos do homem que fez a Daslu e difundiu as colunas neoclássicas por São Paulo", observa, não sem espanto, o sociólogo Carlos Alberto Dória, estudioso das políticas culturais brasileiras. E Neves fez mais.
Em 2005, decidiu construir uma torre de 120 metros de altura, apelidada de "pirocão", com patrocínio da Vivo, para arrecadar dinheiro. Poético, o arquiteto chegou a dizer que, da torre, daria para ver o mar em dias claros. O projeto foi barrado pela Prefeitura.
"Ele quis apagar o trabalho do Bardi, da Lina e do Chatô", diz o arquiteto Marcelo Ferraz, que trabalhou com Lina Bo Bardi. "Com relação à Lina, basta falar que ele tirou os cavaletes de vidro, trocou as pedras do piso por granito, como se o museu fosse uma agência bancária, eliminou os espelhos d'água e coloca luzes de Natal na fachada como qualquer loja de departamento. Há dez anos, até sala vip, com tapete persa, ele fez."
Isso tudo, observa Ferraz, vai contra a concepção de Lina e Bardi. "Hoje, ninguém lembra, mas o Bardi pôs a mão no bolso para pagar funcionários, almoçava no restaurante do museu com todo mundo. A arquitetura da Lina também refletia esse modo de ver o mundo. O fato de o banheiro da diretoria ser igual ao dos freqüentadores é ideológico, não é casual. Mas imagina como o criador da Daslu se sente num prédio assim."
Ferraz toca num ponto importante. Ver o destino do Masp é ver o sonho de Chatô, Bardi, Lina e dos empresários que contribuíram para a coleção virar pó. "A burguesia paulista teve um projeto cultural de âmbito nacional, que passou por Cicillo Matarazzo, Prado, Álvares Penteado e outros. Esse projeto está em crise. Os filhos dessa burguesia estão mais interessados na área ambiental ou social do que na cultura", diz Nascimento, do Iphan.
"A velha burguesia paulistana, que gosta de museu e música clássica, detém o passe do principal museu do País", diz Dória. "Cultura se faz com espírito público, dinheiro e vaidade. Aqui, sobrou só a vaidade." Mas a vaidade é apenas a do cargo. Ninguém tentou, por exemplo, impedir que duas obras fossem penhoradas em razão da dívida de cerca de 4 milhões de reais com o INSS. Nem de pagar em dia o 13º dos funcionários. Nem de impedir o corte de luz, por falta de pagamento.
CartaCapital pediu uma entrevista a Julio Neves que, por meio da assessoria de imprensa, informou que só poderia responder por e-mail, por problemas de agenda. Como o amigo de infância Paulo Maluf, o arquiteto parece cultivar o hábito de responder de forma evasiva ou, simplesmente, não responder. Ele diz que a proposta da Fiesp está em "negociação", que a dívida com o INSS "tramita na Justiça" e que "o Masp tem total interesse em desenvolver um modelo de gestão que inclua as três instâncias de governo no conselho e que sirva de exemplo para todo o País".
O que seria esse novo modelo de gestão, no entanto, é outro mistério. "A estatização do acervo do Masp é a única saída para se redefinir seu modelo de gestão com responsabilidades compartilhadas entre o Estado e uma organização social autônoma", defende Marques. A OS tem se tornado prática comum na cultura. Engendrada pelos governos tucanos, essas organizações, em linhas gerais, firmam um contrato com os órgãos públicos e saem à cata de recursos para as instituições.
"Esse modelo está em experimentação na Secretaria de Cultura. É um caminho que ainda precisa ser testado, detalhado", observa a crítica Ana Maria Belluzzo. De acordo com ela, a Pinacoteca, desde que a OS foi implantada, está funcionando sem o conselho de administração artística. "Museu não é só captação de recursos. É preciso indagar sobre os agentes envolvidos na gestão desses patrimônios erguidos por gente que acreditava nos bens públicos."
Se, de um lado, empresários com pouca – ou nenhuma – ligação com as artes se apropriam da gestão de patrimônios que necessitam de um cuidado altamente especializado, de outro, o poder público, com as conhecidas carências, também não dá conta de sustentá-los sozinho.
"Prefeitura e governo do estado demonstram boa vontade no caso do Masp. Mas não custa lembrar que nem um nem outro resolvem, por exemplo, o problema do painel do Clóvis Graciano, na avenida Ruben Berta, que está destruído", lembra Dória. "Acho que faltou, nas três instâncias de governo, uma política para essa área", diz Nascimento, do Iphan. Mas ele faz questão de lembrar que está pronto para ser votado no Congresso um estatuto que regulamenta a atividade museológica no Brasil. "O governo tem de participar ativamente desse setor."
É fato que não há lugar no mundo em que os museus importantes vivam sem a participação do poder público. É fato também que os consecutivos episódios do Masp evidenciam um desastre administrativo. Como bem diz a promotora Mariza Tucunduva, "a situação do edifício, que põe em risco pessoas e quadros, é simbólica da gestão". Que assim não é possível continuar, parece ser um consenso. As opções para o futuro, no entanto, ainda merecem maior discussão.
O criador do acervo
Coube a Bardi a compra das obras hoje avaliadas em 2 bilhões de dólares
O jornalista, crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), confessadamente mau aluno, foi reprovado quatro vezes na terceira série do ensino fundamental. Mas jamais perdeu o interesse pela leitura e pelos estudos de arte.
E foi como curador e marchand que, em 1946, desembarcou na Argentina, para participar de uma exposição. Nesse momento, ao saber da proximidade geográfica, Assis Chateaubriand ligou para Bardi e pediu que viesse a São Paulo.
Em dezembro de 1946, Bardi passou a noite de Natal na casa de amigos brasileiros e, na mesma semana, aceitou o convite de Chatô para erguer um museu de contornos ambiciosos. Em março de 1947, acompanhado da esposa, a arquiteta Lina Bo Bardi, ele desembarcou no Brasil. Veio num navio cargueiro alugado para transportar também seu grandioso acervo, composto de livros, artesanato e telas. Boa parte dos trabalhos ganharia, no ano seguinte, as paredes do recém-criado Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
O olhar e o tino de Bardi constituíram esse acervo calculado em 2 bilhões de dólares, o mais importante do Hemisfério Sul. Ele trouxe, para São Paulo, uma significativa coleção, que inclui obras de Monet, Degas, Van Gogh, Velásquez, Cézanne, Renoir, Tiziano, Goya e Rubens, entre tantas outras.
A despeito dos feitos, Bardi atravessou os anos sob ataques ferozes. Recebia, em parte, os respingos dos ataques a Chateaubriand. Mas fora também acusado de ser fascista – o que de resto é verdade, mas não se falava que rompera com Mussolini quando iniciou-se a perseguição aos judeus – e de trazer obras falsas, como A Ressurreição de Cristo (1501-1502), um painel de 52 x 44 cm de Rafael (1483-1520).
"Fui apontado como organizador de um museu de obras falsas", escreveu, sem disfarçar a mágoa, nas memórias. Pressionado pelo vendedor e por Chateaubriand, Bardi comprou o quadro no domingo de Páscoa de 1954, na Galeria Knoedler, em Nova York. O problema é que a obra não possuía qualquer documento que comprovasse a autenticidade. A Ressurreição só viria a ser aceito como trabalho de Rafael em 2003 e consagrado durante a exposição Rafael – De Urbino a Roma, na National Gallery de Londres, em 2004.
Bardi não viu o reconhecimento. O fundador do Masp morrera no dia 10 de outubro de 1999, vítima de uma parada cardiorrespiratória enquanto dormia. – Por Ana Luísa Vieira e Ana Paula Sousa.
Fonte: CartaCapital
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=31278
Taí a nossa iniciativa privada mostrando ao q veio.
E depois dizem q o estado ñ funciona. Tanto funciona, q ainda consegue atuar, mesmo q precariamente e a despeito dos maias e seus amigos ladrões.
Eugênio
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