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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Os stalinistas escondiam as obras de Marx


Em 1967, Georg Lukács (foto) conversando com alguns intelectuais, em Hamburgo, Alemanha, criticou duramente o stalinismo por negligenciar deliberadamente a publicação dos textos disponíveis de Marx, que se achavam no Instituto Marx-Engels, em Moscou.

Dizia Lukács: "Riazânov me disse uma vez, no começo dos anos trinta, que manuscrito integral d’O Capital daria dez grossos volumes – que nunca foram publicados. Vimos, depois da publicação dos chamados “primeiros projetos” [ele se referia aos Grundrisse], quanta coisa nova pudemos aprender com o marxismo. Pois bem: nem sequer a publicação do resto do material o stalinismo soube promover", completou o filósofo húngaro.

Lukács foi um dos maiores epígonos de Marx. Morreu em 4 de junho de 1971, aos 85 anos. Pouco antes de morrer, proferiu uma sentença alvissareira sobre o futuro, não o seu futuro biológico, que já estava no entardecer da existência, mas de toda a humanidade, dizendo:

- Sou otimista, para o século 21.

12 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente, mesmo torcendo para que seja verdade que existisse material para 10 volumes do Das Kapital, penso que precisamos ir com calma ao pote. Após 1953, o mundo tomou conhecimento dos Grundrisse e um ou outro texto, mas não 10 volumes. Existia sim, muito material na Alemanha nazista, que por milagre foi salvo. Provavelmente, um exagêro do burocrata Riazanov.

Anônimo disse...

erro: exagero!

Anônimo disse...

Todos os textos do "jovem Marx" foram negligenciados, ignorados, ocultados pelo estalinismo.

Carlos Eduardo da Maia disse...

No ano de 1984, quando eu era gauche, tive a oportunidade de visitar Berlim Oriental na extinta DDR. Comprei, em edição portuguesa, o Capital do Marx que emprestei a um picareta que não me devolveu. O meu sonho gauche começou a esfacelar exatamente naquela visita ao socialismo real e ver como funciona uma sociedade refém o monopólio estatal que limita (e como limita) as opções.

Carlos Eduardo da Maia disse...

errata na última frase: O meu sonho gauche começou a se esfacelar naquela visita ao socialismo real, pois vi (meninos, eu vi) como funciona uma sociedade refém do monopólio estatal que limita (e como limita!) as opções.

Anônimo disse...

De marx a gonçalves dias, o Maia foi vítima de um picareta que alienou dele a chance de ser um marxista culto. Eis o motivo de tanto ressentimento.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não tenho, Juarez, nenhum ressentimento com a esquerda. Aliás, devo muito a esquerda e me orgulho de ter sido um militante gauche. Bons tempos aqueles de alienação ideológica. Apenas não considero cultura e marxismo como sinônimos.

Anônimo disse...

O Maia considera o Olavo de Carvalho como sinônimo de cultura.

Anônimo disse...

Essa história de esquerdista arrependido, lembra alguém na maturidade entender que ser "curintiano" é ruim, e tornar-se sãopaulino. Falta de caráter e infantilidade, no mínimo. Pois a coerência e a ombridade mandariam que se brigasse para mudar o "curintians", e não virar casaca. Política e ideologia é o mesmo, pois ser esquerda requer aptidão para dar, dividir, lutar pelos outros, ser sensível, não tolerar exploração, etc, etc. Isso não se trata de mudar ao ver a antiga RDD. Muitos são socialistas apesar de terem visto todos os países do socialismo real. O sonho não é destruido por uma imagem ou contrariedade.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, é exatamente esse engessamento do caráter e da moral que questiono. A esquerda NÃO TEM o monopólio da dar, dividir, lutar pelos outros, ser sensivel, não tolerar exploração. Não é preciso ser marxista para pensar assim e entender o mundo dessa forma. Não é preciso ser esquerdista para defender um mundo melhor e possível. Existe picaretagem na direita, no centro e na esquerda. Olavo de Carvalho é tão picareta como Emir Sader.

Anônimo disse...

V. consegue confundir o que é simples: esquerda e direita não antecederam comportamentos. São nomenclaturas que nomeiam posições políticas, comportamentais, sexuais, etc. Conheço inúmeros burgueses de esquerda, assim como conheço classes médias e lupens de direita, ou, por vezes, até fascistas. Nada a ver o c... com as calças. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Questão de bom senso.

Se o vivente atua ou pratica ações e fatos do tipo "x", normalmente, convencionou-se que é de esquerda, sendo que a recíproca é verdadeira.

Não confunda militância partidária com o que estamos discutindo. Claro, na atuação num partido, o sujeito está afeito aos compromissos e progamas que essa "parte" de partido, defende.

Precisa desenhar?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, eu te acho um conservador de esquerda. Falando sério, eu te acho flor de reacionário. E vc é de esquerda. Uma esquerda que não admite flexibilização, que não entende e nem faz questão de entender o mundo que está embutido e que está perdida no labirinto de uma ideologia que já faliu. Pardon!

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