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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Airbus, privatização e desastre

Ontem o Jornal Nacional desfocou a objetiva da pista de Congonhas e focou-a em possíveis falhas mecânicas e/ou humana.

Horas depois da tragédia de Congonhas, chegaram a São Paulo, técnicos e engenheiros da Airbus, o maior fabricante de aviões de passageiros do mundo. A notícia foi dada pela mídia corporativa, mas sem nenhum destaque, passou quase imperceptível. Ora, essa informação – cada vez mais – adquire importância no contexto geral da tragédia. O procedimento do pessoal da Airbus não é exclusivo, em todos os acidentes aéreos graves ou não, eles comparecem para verificar causas e comprometimento dos seus equipamentos.

A partir de ontem, portanto, a mídia corporativa precisa procurar o fabricante do A320 da TAM. Ontem, a Globo trouxe uma matéria produzida em Paris com um especialista em desastres aéreos. Uma matéria inútil. Por que a Globo não procura a própria Airbus? Por que o silêncio obsequioso da empresa Airbus? Que conclusões tiveram os seus engenheiros no próprio local da tragédia de Congonhas?

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A origem da empresa fabricante de aviões de grande porte, Airbus, é estatal. Eram duas empresas estatais, uma francesa e outra alemã. Foram fundidas e depois, privatizadas, naquela febre neoliberal dos anos 80. Mais adiante o consórcio passou por todas esses neologismos da gestão neoliberal “muderna”: reengenharia, downsizing, migração do fordismo para o toyotismo, just-in-time, e culminou com a famigerada deslocalização, que nada mais é do que submeter uma empresa produtiva a uma lógica financeira brutal, cortes de custos, corte de pessoal (estão demitindo no momento cerca de 10 mil empregados), otimização de investimentos, aumento insano de produtividade, foco no lucro financeiro (não-operacional), retalhamento de unidades produtivas para obter vantagens comparativas com mão-de-obra a preços vis, etc. Um figurino tão conhecido quanto odioso.

Resumo da ópera: a Airbus é um dos modelos mais acabados de empresa financeirizada. Sem contar os escândalos no qual seus dirigentes e executivos estiveram e estão envolvidos na Europa, os governos neoliberais da França, da Alemanha, Sarkozy, Helmuth Kohl, esquerda liberal, executivos milionários, etc. Daria um belo livro do ótimo escritor John Le Carré.

Tem um artigo sobre a Airbus no Le Monde Diplomatique de maio último, que pode ser lido (já traduzido) na íntegra aqui.

Vale a pena ler. Depois da leitura, você certamente dirá: “Mas esses caras precisam ser ouvidos. Devem ter explicações a dar ao governo brasileiro, às autoridades, aos familiares das vítimas, e à Justiça!”

Um comentário:

Anônimo disse...

perfeito

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