Deu na Folha de hoje, seção Painel do Leitor.
Assina Fábio Konder Comparato, advogado, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB federal (São Paulo, SP).
"Na edição de ontem desta Folha, Francisco Dornelles
("Tendências/Debates", pág. A3) denuncia a carga tributária invisível que sufoca
os pobres, e Antônio Ermírio de Moraes (pág. A2) cobra do Estado brasileiro mais
eficiência e menos gastos com despesas de pessoal.
Nenhum dos dois, porém, focaliza o verdadeiro câncer que corrói as finanças
públicas e compromete o futuro do país. Em 2006, a União pagou 158 bilhões de
reais de juros aos bancos e a seus clientes rentistas. Ou seja, 50 bilhões a
mais que o total das despesas de pessoal da União e mais de quatro vezes o
suposto déficit da Previdência Social. É a maior política de transferência de
renda dos pobres para os ricos que este país jamais conheceu."
Assina Fábio Konder Comparato, advogado, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB federal (São Paulo, SP).
3 comentários:
Os valores devolvidos pela União aos bancos e rentistas não são, necessariamente, dinheiro público. Cada centavo que ingressa no banco é depositado compulsioriamente na conta da União, isso se chama depósito compulsório, que repassa aos bancos tais valores corrigidos pela taxa básica de juros interbancária (SELIC). Este repasse é necessário para o banco comercial fazer novos financiamentos. Não se trata, pois, de transferência de dinheiro público propriamente dito, mas de dinheiro captado pelos próprios bancos, dinheiro privado. Não estou aqui (longe disso) defendendo os bancos que têm,inegavelmente, um lucro abusivo e que demonstra anomalia. Mas é bom e importante esclarecer esses pontos que fazem parte da política monetária.
Juros da dívida pública é uma coisa. Depósito compulsório do sistema bancário, outra.
As vezes é melhor calar que sair dizendo bobagens. Quem acha que que tudo sabe... acaba com nariz de palhaço em saguão de aereoporto.
Os malbecs de San Telmo estão te fazendo mal, Felício. Os valores transferidos da União para o mercado financeio tem exatamente a finalidade de fazer novos empréstimos, alimentar o crédito. Ou seja, são recursos que os próprios bancos captaram de seus clientes, são repassados ao Bacen que devolve ao banco -- mediante o pagamento de taxa Selic -- para que estes façam novos empréstimos cobrando o spread. Esse dinheirinho que tanto alarde se faz não é dinheiro público, mas dinheiro captado no sistema financeiro e depois devolvido ao próprio banco (e aos clientes, pois essa graninha é dos correntistas, rentistas, aplicadores e investidores). Captou?
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