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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 16 de agosto de 2007


O sistemão e o business da vigarice como regra

O rei dos gangsters, Lucky Luciano (foto), dizia com conhecimento de causa, que ao entrar em qualquer negócio o importante é não ser o morto. Uma moral definitiva sobre o seu negócio e, de resto, sobre o negócio do capitalismo em geral. Um jogo com regra singular: não ser o morto. O resto vale tudo.

Ernst Bloch, por sua vez, considerava que os ideais originais (e revolucionários) da burguesia estão todos falidos ou mortos, e que subsiste tão-somente o capitalismo como business "geralmente colocado sob o signo da vigarice", como causticamente afirmava o filósofo alemão morto em 1977.

O tema da bolha imobiliária norte-americana é um demonstrativo de que o capitalismo só se sustenta ainda por que volta e meia inventa expedientes espertos que vão da trapaça à vigarice – ou a guerra industriada e calculada.

O professor Kenneth Maxwell, que não é nenhum marxista comedor de criancinha, comenta abismado sobre a ilusão do negócio especulativo nos Estados Unidos. Os corretores-picaretas ofereciam crédito fácil para estimular o consumo de massa, para tanto transformavam em ativo as residências de tomadores idiotas. A garantia hipotecária do negócio era o imóvel do iludido e pacato consumidor médio norte-americano. Tacitamente havia a certeza de que esses papéis fossem permanentemente subir e jamais cair. O lastro era a casa da senhora Brown, aquela sessentona gordinha e inocente que circula com seu gatinho a cabresto pelo shopping do bairro gastando os seus dezoito cartões de crédito e, agora, já a própria casa em estilo vitoriano-pobre.

Diz o professor Maxwell: “a maneira mais desavergonhada de divulgar esse tipo de transação foi uma série de comerciais, veiculados em todas as estações locais de TV norte-americanas, nos quais as pessoas removiam o papel de parede de suas casas e, ao fazê-lo, viam que ele se havia transformado em notas de dólar”.

Com o estouro da bolha vigarista e a repercussão negativa em cadeia no mundo todo, cai mais um sustentáculo do sistema, o do capitalismo-cassino (até que inventem outra ilusão trapaceira).
Resta, entretanto, outra saída para a crise estrutural do sistema: estimular uma nova corrida armamentista (que já está em pleno curso), e uma que outra guerra localizada, de preferência longe do Hemisfério Norte, com a finalidade de dinamizar a indústria da guerra e da destruição programada do sistema-mundo.

Mas mesmo neste caso extremo, vale a máxima de Lucky Luciano onde o importante é não ser o morto.

4 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

O capitalismo gera injustiça? É claro que gera. Ninguém pode negar. Mas existe outro sistema que pode se colocado em seu lugar? Essa é a grande questão. O socialismo real foi à bancarrota. Isso também ninguém pode duvidar. Mas ainda existem as poucas viúvas. Mas o capital gera emprega, gera imposto, gera renda e gera picaretas. O que não se pode conceber é pinçar o exemplo dos picaretas para se generalizar e concluir que o capitalismo é lixo. A discussão sobre os rumos do capitalismo e da humanidade estava em todas as pautas das cimeiras realizadas na época do governo Clinton. Essa agenda mais humanista, mais preocupada com o futuro de uma globalização melhor e possível foi retirada de pauta pela doutrina do troglodita do Bush. O mundo em compasso de espera, aguardando o fim de um governo que alimentou a picaretagem.

Anônimo disse...

Bush é filho deste sistema trapaceiro, e não pai disso.

Anônimo disse...

Equação de 1º grau simples e facilmente comprovável em qualquer quadrante do mundo velho de guerra:

canalhas + canlhice + criminosos -sensibilidade = capitalismo selvagem

Eugênio Neves disse...

Sobre outra guerra programada, Cristóvão, leia http://dialogico.blogspot.com/2007/08/crnica-de-uma-guerra-anunciada.html

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